TRAUMA MAMILAR EM MULHERES NO PERÍODO LACTACIONAL

 

BREAST TRAUMA IN WOMEN IN THE LACTATION PERIOD

 

TRAUMA DEL PEZÓN EN MUJERES EN PERÍODO DE LACTANCIA

 


 

1Allyne Dantas Matias

2 Brenda Kelly Pontes Soares

3 Isabela de Lima da Silva

4 Ravana Amália Ribeiro Barreto

5 Ilisdayne Thallita Soares da Silva

6 Francisca Marta de Lima Costa Souza

 

1Graduanda em enfermagem. Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-FACISA/UFRN, Santa Cruz-RN, Brasil. ORCID: 0000-0003-2888-9465.

 

2Graduanda em enfermagem. Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-FACISA/UFRN, Santa Cruz-RN, Brasil. ORCID:  0000-0001-7873-1653.

 

3Graduanda em enfermagem. Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-FACISA/UFRN, Santa Cruz-RN, Brasil. ORCID: 0000-0002-7207-8072.

 

4Graduanda em enfermagem. Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí-FACISA/UFRN, Santa Cruz-RN, Brasil. ORCID: 0000-0003-2677-8198.

 

5Mestre em Enfermagem. Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi/Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Santa Cruz-RN, Brasil. ORCID: 0000-0003-2421-8090 .

 

6Doutora em Enfermagem na Atenção à Saúde. Faculdade de Ciências da saúde do Trairí/Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal/RN, Brasil. ORCID: 0000-0002-2442-9499.

 

 

Autor correspondente

Allyne Dantas Matias

Rua Padre João Maria, 92- Currais Novos/RN - Brasil (CEP: 59380-000).

Tel: +55(84) 99917-2481

E-mail: allynedantasmatias@hotmail.com

 

 

RESUMO

Objetivo: revisar a produção científica acerca dos fatores que predispõem o surgimento dos traumas mamilares em nutrizes que possa vir a comprometer a continuidade do aleitamento materno exclusivo. Método: trata-se de uma revisão integrativa. O levantamento das publicações ocorreu no período de outubro e novembro de 2020, utilizando os descritores “Breastfeeding”, “Weaning”, “Postpartum Period”, “Puerperium”, além da palavra-chave: “nipple trauma” nas bases de dados da Scopus, PubMed Central: PMC, EMBASE e CINAHL. Nove artigos foram selecionados para a amostra final. Resultados: Após análise dos dados, constituíram 4 eixos temáticos intitulados: “Educação no pré-natal”, “Fatores preditores para o desenvolvimento de trauma mamilar”, “Fatores associados à mama” e “Influência da inserção de mamadeiras e chupetas na pega”. Conclusão: A maioria dos estudos apresentam a falta de informação e o posicionamento inadequado do bebê como preditores de traumas mamilares, assim como a cirurgia cesárea, a fisiologia da mama, uso de mamadeira e/ou chupetas.

Palavras-chave: Aleitamento Materno; Período Pós-Parto; Desmame; Enfermagem; Saúde da Mulher.

 

ABSTRACT

Objetivo: revisar a produção científica acerca dos fatores que predispõem o surgimento dos traumas mamilares em nutrizes que possa vir a comprometer a continuidade do aleitamento materno exclusivo. Método: trata-se de uma revisão integrativa. O levantamento das publicações ocorreu no período de outubro e novembro de 2020, utilizando os descritores “Breastfeeding”, “Weaning”, “Postpartum Period”, “Puerperium”, além da palavra-chave: “nipple trauma” nas bases de dados da Scopus, PubMed Central: PMC, EMBASE e CINAHL. Nove artigos foram selecionados para a amostra final. Resultados: Após análise dos dados, constituíram 4 eixos temáticos intitulados: “Educação no pré-natal”, “Fatores preditores para o desenvolvimento de trauma mamilar”, “Fatores associados à mama” e “Influência da inserção de mamadeiras e chupetas na pega”. Conclusão: A maioria dos estudos apresentam a falta de informação e o posicionamento inadequado do bebê como preditores de traumas mamilares, assim como a cirurgia cesárea, a fisiologia da mama, uso de mamadeira e/ou chupetas.

Keywords: Breast Feeding; Weaning; Nursing; Women's Health.

 

RESUMEN

Objetivo: revisar la producción científica sobre los factores que predisponen a la aparición de traumatismos en los pezones en madres lactantes que pueden comprometer la continuidad de la lactancia materna exclusiva. Método: se trata de una revisión integradora. El relevamiento de publicaciones se realizó entre octubre y noviembre de 2020, utilizando los descriptores “Lactancia Materna”, “Destete”, “Período Posparto”, “Puerperio”, además de la palabra clave: “traumatismo del pezón” en las bases de datos de Scopus, PubMed Central. : PMC, EMBASE y CINAHL. Nueve artículos fueron seleccionados para la muestra final. Resultados: Luego del análisis de los datos, se constituyeron 4 ejes temáticos, titulados: “Educación en el control prenatal”, “Factores predictivos para el desarrollo de trauma del pezón”, “Factores asociados a la mama” e “Influencia de la inserción de biberones y chupetes en el mango”. Conclusión: La mayoría de los estudios presentan falta de información y posicionamiento inadecuado del bebé como predictores de trauma del pezón, así como cirugía cesárea, fisiología mamaria, uso de biberón y/o chupete.

Palavras-chave: Lactancia Materna; Periodo Posparto; Destete; Enfermería; Salud de la Mujer.


 


INTRODUÇÃO

O leite materno é reconhecidamente o melhor alimento nos primeiros anos de vida da criança, pois contribui para o seu desenvolvimento, proteção e nutrição, sendo o aleitamento materno a estratégia mais eficiente de intervenção na redução da morbimortalidade infantil, além de beneficiar a díade mãe/filho(1,2).

A Organização Mundial de Saúde e Ministério da Saúde recomendam o aleitamento materno exclusivo (AME) até os seis meses de vida do bebê, após esse tempo mesmo com a introdução alimentar, aconselha-se o prolongamento do aleitamento materno (AM) até os dois anos ou mais(3).

O período gravídico-puerperal é um momento de mudanças para a mãe e recém-nascido(4). Todavia, a continuidade do AM pode ser dificultada ou interrompida por diversos fatores singulares, como emocionais, socioeconômicos e ambientais(5).

O trauma mamilar é uma das causas de interrupção do AM logo no primeiro mês de vida do neonato, caracterizando-se como uma alteração do tecido normal da pele, derme e epiderme, mais frequentemente ao redor e na base do mamilo, gerando dores intensas, total desconforto à mulher na hora de amamentar chegando a comprometer a integridade do mamilo(1, 3, 5, 6).

Os traumas são classificados em lesões elementares primárias, que abrangem eritema, equimose, hematoma, vesícula e bolha; e lesões elementares secundárias das quais se encontram o edema, fissura, rachadura, erosão, escoriação e a ulceração(7).

Sabendo que o comprometimento da amamentação pode gerar danos na saúde do binômio mãe/filho, torna-se necessário aprofundar o conhecimento acerca do assunto e buscar alternativas para solucionar esse problema de saúde pública(2,3). Posto isso, o objetivo do estudo foi revisar a produção científica acerca dos fatores que predispõem o surgimento de traumas mamilares em nutrizes, que possam comprometer a continuidade do aleitamento materno exclusivo.

 

MÉTODOS

Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, estruturada em seis etapas: elaboração da pergunta norteadora; busca ou amostragem; coleta de dados; análise dos estudos incluídos; discussão dos resultados e a apresentação da revisão integrativa(8).

A questão norteadora foi desenvolvida a partir da estratégia de População Interesse Contexto (PICO)(9,10): “P” - mulheres com traumas mamilares; “I” artigos da literatura científica; “C” - não se aplica; e “O” – desmame precoce. Dessa forma, elaborou-se a seguinte questão: “quais as evidências científicas acerca dos fatores que predispõem o surgimento de traumas mamilares no período lactacional, que possam comprometer a continuidade do aleitamento materno exclusivo?”.

O levantamento dos dados ocorreu entre os meses de outubro e novembro de 2020, a partir das bases de dados: SciVerse Scopus (Scopus), PubMed Central: PMC, EMBASE (Elsevier) e Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL).

Adotaram-se critérios de inclusão: artigos de pesquisa originais, que a temática respondesse à pergunta norteadora, open access, dentro do intervalo de 2015 a 2020. Como critérios de exclusão: estudos que não tinham metodologia de pesquisa (relatos de caso, reflexões, recomendações), revisões e literatura cinzenta (teses, dissertações, documento, relatos de caso, carta e livros).

Utilizaram-se, como descritores, identificados nos Descritores em Ciência da Saúde (DeCS), e seus equivalentes no Medical Subject Headings (MESH) e Embase subject headings (Emtree): Breastfeeding”, Weaning”, Postpartum Period”, Obstetric Nursing”, além da palavra-chave: “nipple trauma”. A estratégia de busca foi mediante o operador booleano AND e OR foi: "Nipple trauma" AND ("Postpartum Period OR Postpartum Period") AND ("Weaning" OR "Breast Feeding").

Foi utilizado um formulário de busca avançada criado pelos pesquisadores durante a coleta da amostra, atentando-se as particularidades de cada base de dados. A estratégia seguiu o protocolo apresentado no Quadro 1.


 

Quadro 1 – Estratégia de busca nas bases de dados. Santa Cruz, Rio Grande do Norte, Brasil, 2020.

 

Base de dados

Estratégia de busca

Resultado dos estudos

Base de dados

PubMed Central: PMC

Nipple trauma”[All Fields] AND (“Postpartum Period”[All Fields] OR Puerperium”[All Fields])AND (“Weaning”[All Fields] OR Breast Feedinf”[All Fields])

35

PubMed Central: PMC

 

CINAHL

Nipple traumaAND (“Postpartum Period OR Puerperium) AND (“WeaningOR Breast Feedinf”)

2

CINAHL

SCOPUS

Nipple traumaAND (“Postpartum PeriodORPuerperium”) AND (“WeaningORBreast Feeding”)

36

SCOPUS

EMBASE (Elsevier)

nipple traumaAND (‘Postpartum period’/exp ORPostpartum periodORpuerperium’/exp ORpuerperium’) AND (‘weaning’/exp ORweaningORbreast feeding’/exp ORbreast feeding’)

12

EMBASE (Elsevier)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.

 


Realizou-se a leitura dos títulos e dos resumos, selecionando-os após a leitura na íntegra.

Foi realizada a classificação do nível de evidência de acordo com abordagem metodológica do estudo. Dessa forma atribuiu-se ao: Nível I - Revisão Sistemática ou Metanálise de Ensaios Clínicos Controlados e Randomizados, nível II - Ensaio Clínico Controlado e Randomizado com Intervalo de Confiança Estreito, nível III – resultados terapêuticos e ensaios clínicos não randomizados, nível IV - Estudos de caso-controle e estudos de coorte, nível V – revisão sistemática de estudos qualitativos, descritivos e filosóficos, nível VI – estudo individual de caráter descritivo e qualitativo, nível VII - opiniões de comitês de especialistas e autoridades (11).

Após seleção dos textos nas bases de dados, seguiu-se a recomendação do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) disponível no Equator Network(12) conforme apresenta na Figura 1.


 

Figura 1 Fluxograma de seleção dos estudos recomendação PRISMA.

Fonte: Adaptado de Moher(12), 2015.

 


RESULTADOS

Na análise dos nove artigos elegidos para a avaliação, em relação a amostra e local da pesquisa, a aplicação dos estudos remetia-se a mulheres e aos recém-nascidos nos serviços de assistência, dividindo-se nas categorias de puérperas (4), puérperas e bebê (2), puérperas com fissuras ou dores mamilar (2) e nulíparas (1). Quanto ao níveis de evidência, identificou-se que cinco estudos apontam nível IV. Os níveis, II e III também foram identificados, sendo dois estudos de cada nível. A Tabela 1 exibe a síntese dos artigos incluídos.


 

Tabela 1 Artigos segundo autoria, revista/ano, objetivo e método de pesquisa/nível de evidência. Santa Cruz, Rio Grande do Norte, Brasil, 2020.

AUTOR

REVISTA/ ANO

OBJETIVO

MÉTODO/ NÍVEL DE EVIDÊNCIA

JACKSON; O’KEEFE-MCCARTHY; MANTLER.

Journal Of Psychosomatic Obstetrics & Gynecology/ 2018

Obter uma descrição abrangente e compreensão da dor relacionada à amamentação entre mulheres no pós-parto.

Métodos mistos com abordagem qualitativa descritiva-interpretativa/IV

BARBOSA et al.

Revista Brasileira de Saúde Materno Infantil/ 2018

Avaliar a influência das dificuldades iniciais da amamentação na duração do aleitamento materno exclusivo.

Estudo prospectivo/ IV

SOUSA et al.

Journal Of Tropical Pediatrics/ 2015

Avaliar os fatores associados ao desenvolvimento de lesões mamilares em puérperas

Estudo transversal retrospectivo/ IV

SANTOS et al.

Bmc Pregnancy And Childbirth/ 2016

Avaliar a prevalência e os fatores associados à ocorrência de fissura mamilar no primeiro mês pós-parto.

Estudo transversal aninhado em uma coorte/ III

YIN et al.

Bioscience Reports/ 2020

Identificar fatores de risco potenciais para mastite aguda durante a lactação. Posteriormente, para avaliar o modelo de regressão logística na predição do risco de mastite lactacional em mulheres chinesas por meio da aplicação da curva ROC (receiver Operating Characteristic).

Estudo caso-controle/ II

CULLINANE et al.

Bmc Fam Pract/ 2015

Descreve os fatores relacionados à mastite e investiga a presença de Staphylococcus aureus em mulheres que participaram do estudo CASTLE (Candida and Staphylococcus Transmission: Longitudinal Evaluation)

Estudo de coorte prospectivo/ III

CUNHA, et al.

Esc. Anna Nery/ 2019

Estimar a prevalência de traumas mamilares e correlacionar essa ocorrência com fatores sociodemográficos e obstétricos em uma amostra de pacientes pós-parto assistidas em um hospital universitário

Estudo transversal quantitativo/ IV

CAMPOS, et al.

Revista Medicine/ 2018

Avaliar a eficácia da terapia LED para o tratamento de fissuras mamilares em puérperas

Ensaio Clínico controlado/ II

THOMPSON, et al.

Women and Birth/ 2016

Caracterizar um grupo de mulheres que foram encaminhadas ao serviço de amamentação domiciliar, para explorar fatores de risco potenciais para trauma mamilar e ingurgitamento mamário, e ilustrar as implicações para mulheres que amamentam, parteiras e Prática de enfermagem SMI.

Estudo Transversal retrospectivo/IV

Fonte: Elaborado pelos autores, 2021.

 


DISCUSSÃO

Conforme a análise dos nove artigos na íntegra, observaram-se alguns fatores pertinentes associados ao surgimento de traumas mamilares relacionados entre si, portanto, organizou-se quatro eixos temáticos: “Educação no pré-natal”, “Fatores preditores para o desenvolvimento de trauma mamilar”, “Fatores associados à mama” e “Influência da inserção de mamadeiras e chupetas na pega”.

 

Educação no pré-natal

Um estudo desenvolvido no Brasil apontou que puérperas que apresentaram traumas mamilares não tiveram acesso às informações sobre amamentação durante o pré-natal, uma vez que das 76 mães analisadas, 97,26% realizaram as consultas, porém 80,82% delas não receberam orientação acerca do tema(13).

Uma pesquisa realizada com 653 pacientes nos Centros de Saúde Materna e Infantil na região da Austrália demonstrou que 77,8% avaliaram sua educação e autopreparação para amamentar como ruim, 17,6% não foram informados e apenas 4,6% como boa(14). Outro estudo evidencia a relação direta da má técnica de amamentação com o surgimento de fissuras, porém o mesmo aponta que as lesões estão mais associadas ao parto e pós-parto do que ao pré-natal(15).

Pode-se afirmar que o fato de receber orientações nas consultas de pré-natal não significa que a puérpera foi esclarecida sobre o assunto, contudo as orientações passadas antecipadamente antes do parto podem auxiliar as mulheres a lidarem com essa problemática das fissuras e amamentação(16,18,20).

Os autores ressaltam que nas consultas sejam avaliados todos os aspectos relacionados à mulher e a amamentação, sendo eles, fatores físicos: relacionados a anatomia, fisiologia ou patologias; aspectos sociais: como rede de apoio, histórico de amamentação, postura e condições socioeconômicas; e, fatores emocionais: como distúrbios mentais, sofrimento, desejo ou não de amamentar. Ainda no livro, os autores evidenciam que o profissional tenha o raciocínio clínico para avaliar e encaminhar para outros serviços, se necessário(21).

 

Fatores preditores para o desenvolvimento de trauma mamilar

A baixa escolaridade da mãe e a falta de entendimento sobre as orientações da técnica correta para amamentar são os principais preditores para os traumas mamários, uma vez que mulheres com maior nível de escolaridade mantêm o aleitamento materno exclusivo por mais tempo(14,17).

Pesquisa desenvolvida na Austrália evidenciou que 72,6% das mulheres que apresentaram trauma mamilar eram primíparas, associando a falta de experiência como um fator preditor, além disso, mulheres brancas e amarelas são mais suscetíveis a desenvolverem lesões(17).

A cesariana, também contribui para algumas consequências, tendo em vista o desconforto pós-cirúrgico que dificulta o posicionamento do recém-nascido e da puérpera durante a amamentação (13,14,18,19). Em discussão, os autores Amaro, Simão e Bernardes apontam que a cirurgia cesárea é uma barreira no processo do aleitamento materno, tendo em vista a dor na ferida operatória que impede o conforto da mãe e bebê e culmina na dificuldade em exercer o processo da lactação(22).

Tais fatores reforçam a importância de trabalhar na atenção em saúde os benefícios e complicações de cada tipo de parto, visando também a garantia da integralidade da assistência a essas gestantes.

 

 

Fatores associados à mama

Algumas possíveis condições na mama da mãe, como dor, edema, eritema e o ingurgitamento mamário, estimulam o surgimento de traumas mamilares que consequentemente dificultam a amamentação(1,13,14,15,20).

Estudo realizado de outubro de 2016 a janeiro de 2017 com cinquenta mulheres japonesas mostrou as principais alterações mamilares em mulheres que amamentam, destacando o eritema como a principal delas, tornando-se assim, um dos sinais mais graves para o desenvolvimento do trauma mamilar(20). A dificuldade do reconhecimento e diagnóstico de lesões mamilares contribuem para o agravamento do problema, culminando em danos ainda maiores à saúde da mulher. 

 

Influência da inserção de mamadeiras e chupetas na pega

A inserção de chupetas e o uso de mamadeiras no período da amamentação influenciam negativamente na pega ao seio, contribuindo para a formação dos traumas mamilares(13), pois a técnica de sucção exigida pelos bicos das mamadeiras e chupetas é diferente que a do peito(20).

Crianças em uso de mamadeira que não estão em amamentação exclusiva, pode controlar com a língua o fluxo do leite pelo bico, porém o uso do mesmo movimento na mama pode resultar em trauma mamilar. Essa variável pode estar relacionada aos maus hábitos disseminados no senso comum, como oferecer chás e água antes dos seis meses, a inserção precoce de chupetas ao bebê, bem como o mito da existência de leite fraco(16).

Em 1990 houve uma parceria da Organização Mundial de Saúde e Fundo das Nações Unidas para a Infância para a criação da iniciativa Hospital Amigo da Criança, ensinando e incentivando às mulheres técnicas corretas de amamentação com o objetivo principal de promover melhor qualidade de vida materno-infantil e diminuir a mortalidade materna. Contudo, até os dias atuais as mulheres ainda apresentam grandes dificuldades de amamentar, seja por falta de apoio profissional, familiar ou aspectos mencionados anteriormente(23).

No tocante às limitações do estudo, foram identificados poucos estudos relacionados diretamente com o tema e o período proposto, o que dificultou na elaboração de resultados mais abrangentes sobre os traumas mamilares. Apesar da limitação, foi possível realizar a pesquisa e descrever os resultados referentes ao objetivo do estudo.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O leite materno é a principal fonte de desenvolvimento, prevenção e nutrição para o bebê, sua continuidade promove a formação de vinculo materno-infantil e benefícios à saúde da mulher. O presente estudo propôs destacar os principais tipos de lesões mamilares que acometem as mulheres no período da amamentação, assim como apontou que a falta de informação prejudica a execução do procedimento correto. Destaca-se ainda que a cirurgia cesárea, a fisiologia da mama, uso de bicos de mamadeira e/ou chupetas e o posicionamento inadequado do bebê podem facilitar o desenvolvimento de traumas mamilares.

A disseminação desses fatores deve prevalecer principalmente por parte dos profissionais de saúde que atuam na assistência materno-infantil, fazendo parte do processo de prevenção e vigilância contínua para evitar o desmame precoce. Vale ressaltar que o acompanhamento rigoroso das puérperas no primeiro mês de lactação contribuirá para manutenção da saúde das mamas com o propósito da oferta adequada de leite a fim da redução da morbimortalidade infantil.

 

REFERÊNCIAS

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Submissão: 2021-10-28

Aprovado: 2022-04-29