AVALIAÇÃO DA SATISFAÇÃO DE DISCENTES DE ENFERMAGEM NA PRÁTICA CLÍNICA SEM EXPERIÊNCIA PRÉVIA COM SIMULAÇÃO

 

ASSESSMENT OF SATISFACTION OF NURSING STUDENTS IN CLINICAL PRACTICE WITHOUT PREVIOUS EXPERIENCE WITH SIMULATION

 

EVALUACIÓN DE LA SATISFACCIÓN DE ESTUDIANTES DE ENFERMERÍA EN LA PRÁCTICA CLÍNICA SIN EXPERIENCIA PREVIA CON SIMULACIÓN

 


1Laleska Carvalho Santos
2Akaciane Mota Souza

3Maria Nadia Craveiro de Oliveira

4Iellen Dantas Campos Verdes Rodrigues

 

1Enfermeira. Pós-graduanda em Saúde da Família e Pediatria. Graduada em Enfermagem pela UFS, Lagarto, Sergipe, Brasil. Orcid: https://orcid.org/

0000-0002-4243-6799.

2Enfermeira. Residente em Enfermagem Obstétrica pelo Hospital Universitário da UFS – filial EBSERH. Graduada em Enfermagem pela UFS, Lagarto, Sergipe, Brasil. Orcid: https://orcid.org/

0000-0001-7900-4976.

3Enfermeira. Pós-graduanda em Enfermagem Obstétrica e Neonatal. Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário UNINTA, Sobral, Ceará, Brasil. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3137-4038

 

4Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente em Enfermagem na Universidade Federal de Sergipe e Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. Graduada em Enfermagem pela UFPI, Teresina, Piauí, Brasil. Orcid: https://orcid.org/

0000-0002-5593-4172.

 

Autor correspondente

Akaciane Mota Souza

Rua Pedro Siqueira Mendes, 21, Conjunto Centenário – SE – Brasil. CEP 49480-000.

Telefone: +55(79) 99605-3761. E-mail: akaciane.souza@hotmail.com

 

 

RESUMO

Objetivo: Avaliar a satisfação dos discentes de enfermagem na prática clínica sem a experiência prévia com prática simulada. Métodos: Estudo descritivo com abordagem quantitativa, desenvolvido no período de agosto de 2019 a julho de 2020. A coleta de dados foi realizada por meio da aplicação de uma escala Likert contendo 11 itens, com aplicação do teste estatístico de análise da probabilidade de significância. Resultados: A amostra foi composta por 22 alunos acadêmicos do 5º ciclo de enfermagem, destes 86.36% referem estar satisfeitos com a aquisição das habilidades durante a prática clínica, 81.81% referem que oportuniza o desenvolvimento da autoconfiança. Conclusões: Constatou-se que embora algumas situações da prática clínica apresentem questões estruturais e de recursos humanos insatisfatórios, é inegável as inúmeras contribuições na formação acadêmica, no controle emocional, na autoconfiança e na autossatisfação do desempenho. Destaca-se a relevância do papel do docente na satisfação com a aquisição das características profissionais específicas obtidas com a prática clínica que contribuem suprindo as lacunas emocionais que poderiam ser minimizadas com a vivencia da estratégia de ensino simulado.

Palavras-chave: Estágio Clínico; Internato e Residência; Simulação; Enfermagem; Ensino.

 

ABSTRACT

Objective: To evaluate the satisfaction of nursing students in clinical practice without previous experience with simulated practice. Methods: Descriptive study with quantitative approach, developed from August 2019 to July 2020. Data collection was performed by applying a Likert scale containing 11 items, with application of the statistical test of significance probability analysis. Results: The sample consisted of 22 academic students from the 5th nursing cycle, these 86.36% reported being satisfied with the acquisition of skills during clinical practice, 81.81% reported that it provides opportunities for the development of self-confidence. Conclusions: It was found that although some situations of clinical practice present structural and unsatisfactory human resources issues, the numerous contributions to academic education, emotional control, self-confidence and self-satisfaction of performance are undeniable. We highlight the relevance of the role of teachers in the satisfaction with the acquisition of specific professional characteristics obtained with clinical practice which contribute by supplying the emotional gaps that could be minimized with the experience of the simulated teaching strategy.

Keywords: Clinical Clerkship; Internship and Residency; Simulation Technique; High Fidelity Simulation Training; Nursing; Teaching.

 

RESUMEN

Objetivo: Evaluar la satisfacción de los estudiantes de enfermería en la práctica clínica sin experiencia previa con la práctica simulada. Métodos: Estudio descriptivo con enfoque cuantitativo, desarrollado de agosto de 2019 a julio de 2020. La recolección de datos se realizó mediante la aplicación de una escala de Likert que contiene 11 ítems, con la aplicación de la prueba estadística de análisis de probabilidad de significancia. Resultados: La muestra estuvo conformada por 22 estudiantes académicos del 5to ciclo de enfermería, de estos 86,36% refirió estar satisfecho con la adquisición de habilidades durante la práctica clínica, el 81,81% refirió que le brindó oportunidades para el desarrollo de la confianza en sí mismo. Conclusiones: Se constató que aunque algunas situaciones de la práctica clínica presenten problemas estructurales y de recursos humanos insatisfactorios, son innegables las numerosas contribuciones en la formación académica, el control emocional, la autoconfianza y la autosatisfacción por el desempeño. Se destaca la importancia del papel del profesor en la satisfacción con la adquisición de características profesionales específicas obtenidas con la práctica clínica que contribuyen a llenar los vacíos emocionales que podrían ser minimizados con la experiencia de la estrategia docente simulada.

Palabras clave: Prácticas Clínicas; Internado y Residencia; Simulación; Enfermería; Enseñanza.


 


INTRODUÇÃO

 

A Constituição Federal (1988), no Art. nº 200 define que é competência do Sistema Único de Saúde (SUS), “ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde” do mesmo modo que o estágio curricular obrigatório, conforme o projeto político pedagógico do curso de enfermagem (PPP) é um ato educativo que visa fornecer meios tanto para a aquisição das características profissionais, quanto uma formação para a vida cidadã, através da vivência em um ambiente de trabalho(1-2).

Esta visão de estágio curricular vai ao encontro do processo de globalização que provocou uma reestruturação da sociedade em diversos aspectos, tornando-a mais ativa em vários segmentos, como a saúde. Hoje, têm-se um mercado exigente e ávido por profissionais qualificados que atendam às demandas da população. Tal fato repercute diretamente no processo de formação desses profissionais, visto que se exige que desde a saída da universidade, já disponham de habilidades específicas que os capacite a atuar no Sistema Único de Saúde (SUS)(3).

Para tanto, é imprescindível a inserção do acadêmico nos diversos segmentos da assistência à saúde, dessa maneira, o Art. 16 da lei orgânica da saúde (Lei nº 8.080/90) define que compete ao SUS promover a articulação dos órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem como das entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde(4).

Neste seguimento, as diretrizes curriculares para os cursos da área da saúde indicam que a formação do profissional deve contemplar o sistema de saúde vigente no país, o trabalho em equipe e a atenção integral, de tal forma que durante a graduação o acadêmico desenvolva as seguintes habilidades e competências: atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, liderança, administração e gerenciamento e educação permanente(5).

Para o êxito da experiência na prática clínica é essencial que todos os envolvidos na formação, cumpram seus respectivos deveres, a instituição concedente do campo de práticas deve garantir condições adequadas às atividades de aprendizagem. Conforme descrito no art. 9º da Lei do estágio (2008), a mesma prevê a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho aplica-se ao estagiário, sendo sua implementação de responsabilidade da parte concedente do estágio, que imbuído dos recursos necessários, torna-se responsável por sua saúde e segurança no trabalho(2).

Dessa forma, durante a prática clínica os acadêmicos treinam as competências pertinentes à assistência de enfermagem e realizam uma autoavaliação do seu crescimento, além de aprender a valorizar sua classe profissional, notando sua importância no contexto de prevenção, manutenção e recuperação da saúde dos seus clientes, porém, observa-se que muitas vezes a realidade do ensino prático distancia-se do ideal, o que torna a experiência clínica menos satisfatória para o acadêmico que se depara com problemas estruturais e materiais na instituição concedente, deficiência de recursos humanos para supervisão e ausência de acolhimento empático por parte dos profissionais(3,6).

Tendo em vista essas questões que envolvem a edificação de uma formação de qualidade, atualmente vem sendo intensificado o uso da estratégia de ensino simulado e consequentemente o desenvolvimento de pesquisas evidenciando seus benefícios. Sabe-se que a simulação clínica é o mimetizar da realidade, permitindo que o aluno aprenda com seus erros em um ambiente seguro, igual ou semelhante à realidade e são essas características que permitem a redução ou resolutividade dos apontamentos elencados pelos alunos que de algum modo prejudicam sua atuação na prática clínica(7).

Nesse sentido, a pesquisa justifica-se pela necessidade de atualização dos estudos que avaliem em que proporção às tecnologias educacionais, em específico a simulação, podem contribuir para a satisfação discente com o processo de ensino-aprendizagem de enfermagem. Diante disso, o objetivo do estudo é avaliar a satisfação dos discentes na prática clínica sem a experiência prévia com prática simulada.

 

MÉTODOS

Tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa para avaliação da satisfação de discentes na prática clínica sem a experiência prévia com prática simulada.

 

Local do estudo

O estudo teve início em agosto de 2019 e foi desenvolvido até julho de 2020, na Universidade Federal de Sergipe - Campus Universitário Professor Antônio Garcia Filho, localizado no município de Lagarto/SE, o qual tem sua grade pedagógica-curricular pautada no uso de metodologias ativas e dispõe de um centro de simulações de enfermagem já em uso de algumas disciplinas do curso.

 

População e amostra

A população do estudo foi composta pelos estudantes do 5º ciclo de enfermagem, correspondente ao 9º e 10º período do ensino tradicional, a amostragem se deu por conveniência entre os discentes que durante os ciclos anteriores não vivenciaram a experiência da metodologia simulada, perfazendo um total de 22 alunos, onde todos aceitaram participar desta pesquisa.

 

Coleta de dados

A coleta de dados foi realizada em outubro e novembro de 2019, no laboratório de enfermagem do centro de simulações supracitado, por meio da aplicação de uma escala Likert, onde o participante deveria assinalar os itens conforme a opção correspondente, com os seguintes valores: (1) Totalmente insatisfeito, (2) Insatisfeito, (3) Indiferente, (4) Satisfeito e (5) Totalmente Satisfeito.

Os itens contidos no instrumento de avaliação foram elencados após revisão integrativa, a qual definiu os critérios relevantes ao ensino-aprendizagem na prática clínica de enfermagem, abordando questionamentos sobre a percepção do discente sobre as contribuições da prática clínica em sua formação, como o desenvolvimento de habilidades e atitudes, aquisição de novos conhecimentos, construção de pensamento crítico, melhoria da autoconfiança, controle da ansiedade e reflexão do próprio desempenho.

 

Análise dos dados

Os dados sociodemográficos foram organizados em planilha no Microsoft Office Excel 2010®, expressos por médias e desvios-padrões (estatística descritiva simples).

Para análise da probabilidade de significância (p-valor) dos dados, foi utilizado o programa Statistical Package for the Social Science (SPSS), versão 20.0. Para interpretação desta significância foi adotado o p-valor 0,05, o que significa que, em menos de 5% das vezes há diferença na relação entre as variáveis abordadas no instrumento deste estudo, portanto, o p-valor nos intervalos > 5 é considerado não significante, entre 0,01 e 0,005 significante e de 0,001 e 0,01 muito significante.

 

Considerações éticas

Com o intuito de assegurar e eficácia dos aspectos éticos, o presente estudo respeitou os preceitos da Resolução de Pesquisa envolvendo Seres Humanos nº 466/2012, do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP). Dessa forma, após a obtida autorização do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Sergipe (UFS), o estudo foi enviado ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da referida instituição com Parecer nº 3.509.846.

Destaca-se que aos sujeitos da pesquisa, somente efetivaram sua participação após a leitura e concordância do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) elaborado conforme a supracitada resolução, de modo a garantir o sigilo das informações, confidencialidade de dados pessoais e demais considerações éticas normatizadas.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

Caracterização dos participantes

 

            A amostra do estudo foi composta por 22 acadêmicos do 5º ciclo de enfermagem, que durante os ciclos anteriores não vivenciaram a experiência da metodologia simulada. Na tabela apresentada abaixo é descrita a caracterização dos envolvidos neste estudo.


 

(continua)

 
Tabela 1 - Caracterização sociodemográfica dos acadêmicos participantes da pesquisa. Lagarto (SE), junho de 2020. n=22

Caracterização dos participantes

Frequência absoluta

%

Sexo

Feminino

15

68,18

Masculino

 

7

31,82

Idade

20 – 25

17

77,27

26 – 30

 

5

22,73

Religião

Católica

12

50

Evangélica

2

9,09

Outra

 

8

36,36

Procedência

Grande Aracaju

4

18,18

Interior de Sergipe

15

68,18

Outro estado

 

3

13,63

Cor/Raça

Branca

6

27,27

Parda

14

63,63

Negra

 

2

9,09

Estado civil

Solteiro

20

90,90

União estável

1

4,54

Outra

 

1

4,54

Renda familiar (em salários mínimos – SM)

 

< 1

4

18,18

1 a 3

13

59,09

4 a 6

1

4,54

7a 9

3

13,63

Não declarado

1

4,54

Total

22

Fonte: Os autores

        


Entre os participantes, houve predomínio do sexo feminino, 68.18%. Sobre a faixa etária, 77.27% têm entre 20 e 25 anos e 22.72% apresentam de 26 a 30 anos. Em relação a religião, 50% referem ser católicos, 36.36% de outras religiões, 9.09% são evangélicos. Sobre a procedência, 68.18% são do interior de Sergipe, 18.18% da grande Aracaju, 13.63% de outro estado. São declarados pardos 63.63% dos participantes, 27.27% são brancos, 9.09% são negros. No que se refere ao estado civil, 90.90% são solteiros, 4.54% vivem em união estável e o mesmo ocorre com quem declara-se em outro estado civil.

A literatura tem mostrado que existe diferença na aprendizagem relacionada ao sexo dos sujeitos em diferentes cursos, em geral as mulheres apresentam um desempenho superior aos homens nos mesmos cursos de até 70%(8). Na enfermagem essa variável desse ver considerada visto o predomínio feminino nos cursos, o que corrobora com os achados dessa pesquisa, na qual houve uma menção significativa entre os participantes quanto à satisfação com a prática clínica.

Quanto ao estado civil pode-se inferir que ser solteiro favorece a satisfação com a aprendizagem a medida que o indivíduo não apresenta a responsabilidade por chefiar uma família, o que lhe confere maior tempo de dedicação aos estudos, oportunizando-o uma imersão nos campos de prática que favorecem o desempenho e ganho de habilidades, culminando com uma maior satisfação com a aprendizagem.

            Em relação a renda familiar, 4.54% referem ter entre 4 a 6 salários mínimos, 9.09% apresentam renda entre 7 e 9 salários mínimos, 59.09% de 1 a 3 salários, 18.18% vivem com menos que 1 salário mínimo e outro não declarou a renda. Sobre os dados acadêmicos, 81.81% não possuem atividade acadêmica com bolsa remunerada, 68.18% deles não realizam atividade de monitoria, como se observa na tabela 2.

Uma renda familiar capaz de suprir as necessidade básicas do indivíduo contribui para o aumento da satisfação com a aprendizagem a medida que deixa o aprendiz livre para cumprir suas metas educacionais, sem haver a necessidade de uma inserção precoce no mercado de trabalho, muitas vezes em áreas que não condizem com o curso em formação, o que dificultaria o processo de ensino-aprendizagem e consequente satisfação dos sujeitos.


 

Tabela 2 - Perfil acadêmico dos participantes da pesquisa. Lagarto (SE), junho de 2020. n=22

Perfil acadêmico

Frequência absoluta

%

Possui alguma atividade acadêmica com bolsa remunerada

Sim

4

18,18

Não

 

18

81.81

Realiza atividade de monitoria

Sim

7

31,81

Não

15

68.18

Total

22

Fonte: Os autores

 


Avaliação da satisfação de discentes no desenvolvimento das habilidades e atitudes de enfermagem com a prática clínica

 

A avaliação da satisfação de discentes com a prática clínica sem experiência prévia com a simulação foi realizada por meio da aplicação de uma escala do tipo Likert, como exposto na tabela 3. O intuito da aplicação deste instrumento foi identificar a percepção do discente sobre as contribuições da prática clínica em sua formação, para o aperfeiçoamento e aquisição de habilidades e atitudes de enfermagem.


 

(continua)

 
Tabela 3 - Avaliação da Satisfação de discentes com a prática clínica sem experiência prévia com a simulação para o ensino-aprendizagem em enfermagem. Lagarto (SE), junho de 2020.

Satisfação de discentes com a prática clínica

Frequência absoluta

%

Aquisição das habilidades necessárias à sua formação

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

-

-

Indiferente

1

4,54

Satisfeito

19

86,36

Totalmente satisfeito

 

2

9,09

Desenvolvimento do pensamento crítico

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

-

-

Indiferente

-

-

Satisfeito

19

86,36

Totalmente satisfeito

 

3

13,63

Desenvolvimento da autoconfiança

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

-

-

Indiferente

2

9,09

Satisfeito

18

81,81

Totalmente satisfeito

 

2

9,09

Nível de preparo acadêmico, após as aulas teóricas e práticas em laboratórios para o ingresso na prática clínica

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

3

13,63

Indiferente

2

9,09

Satisfeito

16

72,72

Totalmente satisfeito

 

1

4,54

Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos com a prática clínica

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

-

-

Indiferente

-

-

Satisfeito

18

81,81

Totalmente satisfeito

 

 

4

18,18

Desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem como você se sente em relação à prática clínica

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

-

-

Indiferente

2

9,09

Satisfeito

18

81,81

Totalmente satisfeito

 

2

9,09

Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

-

-

Indiferente

4

18,18

Satisfeito

15

68,18

Totalmente satisfeito

 

3

13,63

Desempenho na prática clínica

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

-

-

Indiferente

-

-

Satisfeito

19

86,36

Totalmente satisfeito

 

3

13,63

Controle da ansiedade frente a assistência de enfermagem

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

3

13,63

Indiferente

5

22,72

Satisfeito

13

59,09

Totalmente satisfeito

 

 

1

4,54

Controle de danos e riscos inerentes à assistência fornecida ao paciente

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

3

13,63

Indiferente

4

18,18

Satisfeito

13

59,09

Totalmente satisfeito

 

2

9,09

Apoio fornecido pelo docente durante as aulas teóricas e práticas no processo de aprendizagem para a prática clínica

Totalmente insatisfeito

-

-

Insatisfeito

3

13,63

Indiferente

2

9,09

Satisfeito

16

72,72

Totalmente satisfeito

1

4,54

Total

22

Fonte: Os autores

 


A análise da satisfação dos estudantes na prática clínica resultou em dados positivos, sendo majoritariamente satisfeitos quanto a aquisição de conhecimento, habilidades e atitudes em saúde, ao seu desempenho na prática clínica, bem como frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem como recursos humanos, comunicação e recursos materiais.

A escolha por discentes que iniciaram a prática clínica sem a experiência anterior com prática simulada ocorreu mediante o pressuposto que a simulação, assim como outras metodologias ativas de ensino, são ferramentas eficazes para complementar a prática clínica, o que pode interferir na percepção do acadêmico quanto à satisfação com a aprendizagem proporcionada pela atuação em campo de prática, uma vez que já são inseridos nesses ambiente com a experiência prévia da simulação.

O que pode ser corroborado com o estudo que mostra que ao serem questionados sobre como se sentem quanto à prática clínica para a aquisição das habilidades necessárias à sua formação, 86.36% referem estar satisfeitos, 9.09% totalmente satisfeitos e 4.54% consideram que para este propósito, a prática é indiferente. Sobre o sentimento em relação à prática clínica para o desenvolvimento do pensamento crítico, 86.36% estão satisfeitos e 13.63% estão totalmente satisfeitos. Sabe-se que para a formação de profissionais que exercem o cuidado à saúde se torna imprescindível o desenvolvimento de habilidades e atitudes fundamentais para atuar com o paciente, família e comunidade de forma integral e humanizada(9).

Para o meio acadêmico, é notório que a vivência do estágio proporciona ao discente desenvolver habilidades profissionais que o capacitem a assumir responsabilidades inerentes à prática clínica, as quais serão primordiais em sua formação. Assim, surge a discussão a respeito do ensino-aprendizagem em campo de prática, o qual deve estar pautado na construção do pensamento crítico-reflexivo para o desempenho das atribuições de enfermagem, em detrimento da execução de procedimentos técnicos e instrumentais dissonantes de um modelo assistencial sistematizado e fundamentado em preceitos teórico-científicos(10).

Assim, a prática clínica visa o preparo do discente para exercer a sua profissão com oportunidades de desenvolver conhecimentos, condutas e aprimorar o uso de técnicas de enfermagem de forma satisfatória, adotando condições para relacionar a teoria e a prática e a vivência de diversos casos clínicos simultaneamente com a orientação adequada do preceptor que quanto mais autônomo do local de prática auxilia a desenvolver a aprendizagem com maior propriedade, desenvolvendo competências gerenciais como a liderança tão significativa nos espaços de saúde e relacionada à gestão de pessoas e negociação(3).

No que tange à percepção dos participantes em relação a contribuição da prática clínica para o desenvolvimento da autoconfiança 81.81% se mostraram satisfeitos, 9.09% totalmente satisfeitos, a mesma porcentagem se considera indiferente para este fim. Vale mencionar que a abordagem curricular da instituição de ensino, contribui em suma para a aquisição de autoconfiança com a aprendizagem, sendo observado que os acadêmicos que apresentam experiências clínicas prévias, antes mesmo do estágio supervisionado, tendem a ser mais autoconfiantes na execução de atividades profissionais(11). Este fato pode ser explicado pela inserção precoce em atividades práticas de campo, visto que quanto mais cedo o aprendiz é inserido em um contexto de ensino prático real, maior a chance de vivenciar experiências significativas à sua aprendizagem. O que irá favorecer a aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes indispensáveis à formação profissional, o que repercute de modo positivo na aquisição de autoconfiança.

No nível de preparo acadêmico, após as aulas teóricas e práticas em laboratórios para o ingresso na prática clínica predominou a satisfação entre os discentes, 72.72% estão satisfeitos e 4.54% totalmente satisfeitos, um resultado importante que predispõe maior envolvimento no processo e maior motivação para a aprendizagem, no entanto, se observa discordância na minora que apresenta insatisfação (9.09%) e 13.63% indiferentes, o que pode ser atrelado ao fato dos estudantes demonstrarem-se menos preparados em habilidades afetivas que se referem às atitudes, valores e sentimentos, como a comunicação e relação com o paciente(12).

Apesar dos conflitos reais que podem ser vivenciados pelo acadêmico como a falta de manejo em determinadas situações conflitantes que envolvem o paciente e fogem ao seu controle, imprevistos decorridos da ausência do paciente agendado ou recusa em ser atendido por um acadêmico mesmo na presença do professor/supervisor(7), sabe-se que a exposição do discente ao cotidiano do profissional de enfermagem tende a fortalecê-lo em seu processo de formação e aprendizagem, impulsionando-o a transpor seus limites, a construir autonomia no enfrentamento e superação da sua transição de ensino e prática profissional(13).

            Entre os participantes, 81.81% estão satisfeitos e 18.18% totalmente satisfeitos quanto a aquisição de conhecimento, habilidades e atitudes a partir da prática clínica. Sobre o desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem, 90.90% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos e apenas 9.09% declaram ser indiferente. Na execução das atividades, 81.81% consideram-se satisfeitos ou totalmente satisfeitos com a capacitação para as avaliações e os cuidados de enfermagem e 18.18% referem ser indiferente. Todos os discentes (68.18%) sentem-se satisfeitos ou totalmente satisfeitos com o seu desempenho na prática clínica.

No que diz respeito ao controle de ansiedade entre os estudantes frente à assistência de enfermagem, houve predomínio de um alto nível de satisfação na prática clínica (68.18%), no entanto, vale destacar que houve, ainda, um índice de insatisfação em tal quesito, onde 31.81% consideram indiferentes ou estão insatisfeitos para este fim. Tal fato pode estar relacionado aos sentimentos de ansiedade desenvolvidos com as problemáticas apresentadas pelos acadêmicos como a percepção de divergência entre a teoria e prática, insegurança na realização de procedimentos, atuação em procedimentos nunca realizados, resistência dos funcionários da instituição de saúde e dificuldades com o seu supervisor(12).

Resultado semelhante ao serem questionados sobre a contribuição da prática clínica para o controle de danos e riscos inerentes à assistência fornecida ao paciente, onde 68.18% estão satisfeitos ou totalmente satisfeitos para este fim, 18.18% consideram ser indiferente e 13.63% estão insatisfeitos. Apesar da grande parcela dos participantes do estudo referir satisfação com a contribuição da prática clínica para o controle de danos e riscos inerentes à assistência fornecida ao paciente, é preciso destacar que não se trata de uma unanimidade entre os discentes, visto que alguns manifestam insatisfação com a prática clínica para este fim.

Tal fato pode estar relacionado à inexperiência frente a determinadas situações, que postas diante do acadêmico o levam a experimentar insegurança, medo e despreparo na condução desses eventos, a exemplo de situações que o colocam em risco direto como o contato com materiais contaminados e a passibilidade de acidentes envolvendo tais elementos. Destaca-se, ainda, as situações que podem acarretar risco ao paciente, tais como erros de medicação, execução incorreta de procedimentos, preenchimento inadequado de informações, dentre outros.

Dessa forma, é importante que o discente esteja apto em habilidades técnicas e conhecimento científico adequados às atividades que irá executar durante sua atuação nos campos de prática clínica, no entanto, sendo indispensável a supervisão direta de um docente/preceptor, o que não elimina os riscos envolvidos nesse processo de ensino-aprendizagem, mas traz segurança ao aprendiz em seu processo de aprendizagem.

 

Fatores associados no processo de ensino-aprendizagem e na satisfação dos discentes na prática clínica

 

A tabela 4 expõe a probabilidade de significância (p-valor) dos dados, onde se verifica que em menos de 5% das vezes houve diferença na relação entre as variáveis abordadas no instrumento deste estudo, de modo que entre as 11 variáveis elencadas, 9 obtiveram um p-valor significativo ou muito significativo, 1 item perfez o p-valor fora do ponto de corte e apenas o item “Desenvolvimento do pensamento crítico” foi insignificante para todas as variáveis testadas. Ressaltamos que por questão organizacional, os dados apresentados nesta tabela correspondem aos itens que obtiveram significância.


 

(continua)

 
Tabela 4 - Nível de significância na correlação simples de Pearson entre as variáveis de satisfação na prática clínica. Lagarto (SE), junho de 2020.

Associação entre as variáveis

Correlação de Pearson

P-valor

Controle da ansiedade frente a assistência de enfermagem

 

Controle de danos e riscos inerentes à assistência fornecida ao paciente

 

0,797

0,000**

Desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem

Desempenho na prática clínica

0,621

0,002**

Apoio fornecido pelo docente durante as aulas teóricas e práticas no processo de aprendizagem

Aquisição das habilidades necessárias à sua formação

0,599

0,003**

Aquisição das habilidades necessárias à sua formação

Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica

0,585

0,004**

Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica

 

Apoio fornecido pelo docente durante as aulas teóricas e práticas no processo de aprendizagem

 

0, 576

0,005**

Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem

Desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem

0,569

0,006**

 

Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica

 

Desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem

0,553

0,008**

Desempenho na prática clínica

 

Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem

0,503

0,017*

Desenvolvimento da autoconfiança

 

Desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem

0,500

0,018*

Nível de preparo acadêmico, após as aulas teóricas e práticas em laboratórios

 

Controle de danos e riscos inerentes à assistência fornecida ao paciente

 

0,465

0,029*

Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem

 

Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica

 

0,457

0,032*

Aquisição das habilidades necessárias à sua formação

 

Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem

 

0,451

0,035*

(conclusão)

 

(conclusão)

 
** P-valor: Muito significativo com intervalo de confiança de 95%; * P- valor: Significativo com intervalo de confiança de 95%.

Fonte: Os autores

 


Foi notório que a satisfação na aquisição das habilidades necessárias à formação discente está atrelada à aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica. Assim, o estágio supervisionado se mostra como uma importante atividade curricular e instrumento para a formação dos profissionais de enfermagem, desenvolvendo habilidades profissionais e aperfeiçoando técnicas e procedimentos realizados diariamente no exercício da profissão(15).  Ao ser inserido na prática clínica, o estudante estimula o desenvolvimento da autonomia, responsabilidade, liberdade, criatividade, compromisso, domínio da prática e de seu papel social, aprofundamento e contextualização dos conhecimentos de forma transformadora(16).

Quanto à análise da correlação entre o controle da ansiedade frente à assistência de enfermagem e o controle de danos e riscos inerentes à assistência fornecida ao paciente houve resultado muito significativo, ou seja, a satisfação dos discentes no controle da ansiedade é proporcional à satisfação no controle de danos e riscos ao paciente. Para a atuação como profissional de saúde é necessário que o estudante desenvolva a habilidade técnica e a capacidade de solucionar problemáticas, diante disso, a autoconfiança e o controle de ansiedade auxiliam a desenvolver o cuidado de forma adequada, sem ocorrer atrasos e falhas, visto que maiores níveis de ansiedade estão relacionados a um maior número de erros na assistência(17).

Por tanto, constituindo papel fundamental da enfermagem garantir a segurança dos pacientes, sendo esses profissionais que passam mais tempo interagindo através do cuidado prestado, as atitudes de enfermagem desenvolvidas na prática clínica pelos discentes podem determinar a qualidade da interação terapêutica entre paciente e futuro profissional, através da sua disponibilidade para prestar cuidados, empatia e comunicação(9).

Destaca-se que, ao realizar a análise de significância e de significância entre os itens, separadamente, observou-se que 3 variáveis: a) Aquisição das habilidades necessárias à sua formação; b) Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica; e c) Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem, alcançaram probabilidade de significância para 2 itens, cada um.

A satisfação com seu o desempenho na prática clínica está associada de forma muito significativa ao desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes à assistência de enfermagem, sendo esta correlacionada com o conhecimento, habilidades e atitudes adquiridas na prática clínica. Sabe-se que a prática clínica abrange os fatores relacionados aos recursos humanos disponíveis para prestar a assistência de saúde, a comunicação da equipe interdisciplinar e o recurso material disponível necessário para desenvolver as atividades de atenção ao paciente, exigindo do indivíduo a capacidade de se comunicar, interagir, aprender, transferir conhecimentos e saber agir de maneira responsável(18).

O item “Aquisição das habilidades necessárias à sua formação” foi significante, p-valor 0,035 em relação a “Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem” e muito significante, p-valor 0,004 ao se relacionar com “Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica”. Este mesmo item demonstrou ser muito significativo para os itens “Apoio fornecido pelo docente durante as aulas teóricas e práticas no processo de aprendizagem” e “Desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes a assistência de enfermagem”, p-valor 0,005 e 0,008, respectivamente.

Desse modo, o apoio fornecido pelo docente durante as aulas teóricas e práticas no processo de aprendizagem para a prática clínica apresenta associação muito significativa com a aquisição das habilidades necessárias à sua formação e conhecimentos, habilidades e atitudes de enfermagem adquiridos, o que reforça a importância do apoio emocional e da didática fornecida pelo docente na satisfação dos discentes. Os estudantes identificam que docente supervisor possui papel influente e relevante no seu desenvolvimento durante o estágio supervisionado, sendo alicerce na aprendizagem ao esclarecer dúvidas, corrigir falhas, desenvolver a autonomia e segurança na sua atuação e perante dificuldades na prática assistencial(18).

O feedback dos discentes sobre o apoio e didática ofertado pelos docentes, os fazem repensar suas práticas e adotar mudanças em seus métodos de ensino para a sua melhoria como facilitadores do processo de ensino-aprendizagem, assim o docente deve se adequar aos novos níveis tecnológicos, compreendendo as transformações também apresentadas nos estudantes com o avanço do conhecimento e suas necessidades apontadas no contexto da prática clínica(15).

O estudo demonstrou forte associação entre as variáveis de desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes à assistência de enfermagem na prática clínica e de capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem, o que pressupõe que os estudantes se sentem aptos para a abordagem de diversos problemas de saúde, considerando seus fatores de riscos e determinantes sociais, e que as capacitações apresentam contribuição significativa no aperfeiçoamento profissional, refletindo em sua prática clínica e na melhor qualidade do serviço conforme a percepção de profissionais de saúde(18).

Neste seguimento, o item “Capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem”, foi significativo p-valor 0,032 com o item “Conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica” e muito significativo p-valor 0,006, para “Desempenho frente aos fatores, situações e variáveis inerentes à assistência de enfermagem”.

Dessa forma, os fatores associados apontados nessa discussão demonstram influência significativa no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem no desenvolvimento de conhecimentos, habilidades e atitudes em saúde e na percepção de satisfação dos discentes, sendo apontados resultados positivos para a sua atuação na prática clínica. Logo, se torna imprescindível que a instituição de ensino ofereça os recursos necessários para que o discente vivencie o estágio supervisionado de forma a construir e fortalecer sua identidade profissional, oferecendo campos de prática que favoreçam oportunidades e ressaltem a importância dessa reflexão para que atuem de maneira positiva na carreira acadêmica do estudante e na sua prática profissional(2). A avaliação dos estudantes sobre a instituição de ensino permite expressar suas opiniões sobre o curso, fornecendo informações importantes aos gestores para identificar se os objetivos propostos no plano do curso estão sendo alcançados e quais mudanças e melhorias são necessárias(9).

Assim, o estudo demonstra que a prática clínica no estágio supervisionado é um momento determinante para o estudante em seu aprendizado, ao entrar em maior contato com o exercício da sua profissão, aprimorar a sua reflexão crítica nos problemas de saúde da comunidade e abrir oportunidades no âmbito do mercado de trabalho.

 

CONCLUSÕES

 

O estudo buscou avaliar a satisfação de discentes de enfermagem na prática clínica sem a experiência prévia com prática simulada, constatou-se que embora algumas situações da prática clínica apresentem questões estruturais e de recursos humanos insatisfatórios, conclui-se que é inegável as inúmeras contribuições na formação acadêmica, no controle emocional, na autoconfiança e na autossatisfação do desempenho, como demonstrado neste estudo.

Dessa forma, ao realizar a análise de significância foram destacados a aquisição das habilidades necessárias à sua formação, conhecimento, habilidades e atitudes adquiridos na prática clínica e a capacitação quanto às prioridades das avaliações e dos cuidados de enfermagem, por estarem intimamente correlacionados estes itens são a matriz que refletem o êxito dos demais dados, evidenciando a importância da prática clínica e que estas são suas maiores contribuições na formação acadêmica.

Desse modo, o objetivo do estudo foi contemplado, revelando a satisfação dos acadêmicos com a prática clínica, mesmo sem a experiência prévia com atividade simulada. Porém, levando em consideração os benefícios da estratégia do ensino simulado, é necessário que pesquisas sejam feitas para avaliar como simulação pode minimizar ou extinguir as variáveis de insatisfação e indiferença constatadas na pesquisa, possibilitando que o aluno adentre no campo de prática com níveis mínimos de ansiedade e insegurança e máxima aptidão técnica e cognitiva.

Verificou-se também a suma importância da valorização dada ao papel do docente, que atua como formador e transformador de realidades, através do ensino mais humanizado fornece o apoio cientifico e psicológico necessários aos seus acadêmicos, que sentem-se seguros e reduzem a carga de estresse e ansiedade enfrentada diante das atividades clínicas, consequentemente apresentando melhor desempenho no cuidado.

 

REFERÊNCIAS

 

1.  Brasil. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal; 1988.

 

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4.  Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União 19 set 1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/D7508.htm.

 

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18.  Belém JM, Alves MJH, Quirino GS, Maia ER, Lopes MSV, Machado MFAS. Avaliação da aprendizagem no estágio supervisionado de enfermagem em saúde coletiva. Trab. educ. saúde. [Internet] 2018 [Acesso em 22 nov 2021];16(3):849-67. Disponível em: https://www.scielo.br/j/tes/a/rTvdc6bk5zMJ6rwpTvFCQMR/?format=pdf&lang=pt.

 

Submissão: 2022-02-13

Aprovado: 2022-05-20