ATUAÇÃO DAS ENFERMEIRAS NA PROMOÇÃO E APOIO AO ALEITAMENTO MATERNO NO PRÉ-NATAL: REVISÃO INTEGRATIVA
NURSES' ROLE IN PROMOTING AND SUPPORTING BREASTFEEDING DURING PRENATAL CARE: AN INTEGRATIVE REVIEW
EL PAPEL DE LAS ENFERMERAS EN LA PROMOCIÓN Y APOYO DE LA LACTANCIA MATERNA DURANTE LA ATENCIÓN PRENATAL: UNA REVISIÓN INTEGRADORA
1Mariana Marques Costa
2Elaine Lutz Martins
3Tarciso Feijó da Silva
4Laís Antunes Wilhelm
5Juliana Amaral Prata
6Ricardo José Oliveira Mouta
1Enfermeira Obstétrica. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ - Brasil. E-mail: mariana.enfermagem95@gmail.com. Orcid: 0000-0003-3494-2306
2Enfermeira Obstétrica. Doutora em Enfermagem. Professora Assistente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ - Brasil. E-mail: elainelutzmartins@yahoo.com.br. Orcid: 0000-0002-6596-6477
3Enfermeiro. Doutor em Enfermagem. Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro - RJ - Brasil. E-mail: tarcisofeijo@gmail.com. Orcid: 0000-0002-5623-7475
4Enfermeira Obstétrica. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis – SC - Brasil. E-mail: lais.wilhelm@ufsc.br. Orcid: 0000-0001-6708-821X
5Enfermeira Obstétrica. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ - Brasil. E-mail: juaprata@gmail.com. Orcid: 0000-0003-1315-7595
6Enfermeiro Obstétrico. Doutor em Enfermagem. Professor Adjunto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro - RJ - Brasil. E-mail: ricardomoutta@gmail.com. Orcid: 0000-0002-1284-971X
Autor correspondente
Tarciso Feijó da Silva
Estrada Adhemar Bebiano nº 257, Bloco 3, Apto 1009, Del Castilho – RJ – Brasil. CEP: 21051-071, contato: +55(21) 982552818, E-mail: tarcisofeijo@yahoo.com.br.
RESUMO
Objetivo: discutir, com base na literatura científica, a atuação das enfermeiras na promoção e apoio ao aleitamento materno no pré-natal. Método: revisão integrativa de literatura, desenvolvida em junho de 2021, com os descritores: gestantes, enfermagem, educação em saúde, cuidado de pré-natal, educação pré-natal e aleitamento materno. Resultados: das 749 publicações identificadas, nove atendiam aos critérios de elegibilidade. As enfermeiras utilizam diversas estratégias nas práticas educativas de promoção e apoio ao aleitamento, apresentando repercussões positivas, o que facilita a adesão ao ato de amamentar. Todavia, existem lacunas nas práticas educativas durante o pré-natal, podendo levar ao desmame precoce. Conclusão: estratégias educacionais são utilizadas pelas enfermeiras, que orientam as gestantes acerca do aleitamento materno, porém novas abordagens educativas e temáticas precisam ser discutidas visando a integralidade que a amamentação representa para a mulher, o bebê e a família.
Palavras-chave: Enfermagem; Educação em Saúde; Cuidado de Pré-Natal; Aleitamento Materno; Gestantes.
ABSTRACT
Objective: to discuss, based on the scientific literature, the role of nurses in promoting and supporting breastfeeding during prenatal care. Method: integrative literature review, developed in June 2021, with the descriptors: pregnant women, nursing, health education, prenatal care, prenatal education and breastfeeding. Results: of the 749 publications identified, nine met the eligibility criteria. Nurses use different strategies in educational practices to promote and support breastfeeding, with positive repercussions, which facilitates adherence to the act of breastfeeding. However, there are gaps in educational practices during prenatal care, which may lead to early weaning. Conclusion: educational strategies are used by nurses, who guide pregnant women about breastfeeding, but new educational and thematic approaches need to be discussed, aiming at the integrality that breastfeeding represents for the woman, the baby and the family.
Keywords: Nursing; Health Education; Prenatal Care; Breastfeeding; Pregnant Women.
RESUMEN
Objetivo: discutir, con base en la literatura científica, el papel del enfermero en la promoción y apoyo a la lactancia materna durante el prenatal. Método: revisión integrativa de la literatura, desarrollada en junio de 2021, con los descriptores: gestante, enfermería, educación en salud, atención prenatal, educación prenatal y lactancia materna. Resultados: de las 749 publicaciones identificadas, nueve cumplieron con los criterios de elegibilidad. Los enfermeros utilizan diferentes estrategias en las prácticas educativas para promover y apoyar la lactancia materna, con repercusiones positivas, lo que facilita la adhesión al acto de amamantar. Sin embargo, existen lagunas en las prácticas educativas durante el prenatal, lo que puede conducir al destete precoz. Conclusión: las estrategias educativas son utilizadas por los enfermeros, que orientan a las gestantes sobre la lactancia materna, pero es necesario discutir nuevos abordajes educativos y temáticos, visando la integralidad que representa la lactancia materna para la mujer, el bebé y la familia.
Palabras clave: Enfermería; Educación para la Salud; Cuidado Prenatal; Amamantamiento; Mujeres Embarazadas.
Submissão: 26-03-2023
Aprovado: 21-09-2023
INTRODUÇÃO
O aleitamento materno (AM) apresenta inúmeros benefícios à saúde da mulher e da criança, dentre eles, a prevenção da morbimortalidade materna e infantil. De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), o aumento das taxas de AM exclusivo poderia salvar, por ano, a vida de 20 mil mulheres e também de 820 mil crianças com menos de cinco anos de idade. A OPAS, em 2018, alertou que somente 38% dos bebês de até seis meses são alimentados exclusivamente com leite materno e só 32% continuam sendo amamentados até os 24 meses(1).
Nas últimas três décadas, o Brasil tem promovido ações de promoção, proteção e apoio ao AM, a fim de aumentar os índices de aleitamento exclusivo e evitar o desmame precoce. Essas iniciativas resultam de políticas públicas, tais como: o Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno (PNIAM), criado em 1981; a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC); e a Iniciativa Unidade Básica Amiga da Amamentação (IUBAAM)(2).
O incentivo à amamentação deve ser um cuidado transversal da assistência à gestação, ao parto e ao puerpério. Neste sentido, as consultas de enfermagem na atenção pré-natal se configuram como espaços privilegiados para o desenvolvimento de práticas educativas, as quais requerem habilidades relacionais e conhecimentos técnico-científicos para uma abordagem problematizadora de práticas e saberes que permeiam as construções sociais relacionadas ao AM(3).
Os profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF), especialmente as enfermeiras, têm potencial para motivar e orientar as mulheres e suas famílias sobre a prática e os benefícios do AM, desde que sejam capacitados e sensíveis ao tema(4). Para tanto, é preciso considerar o contexto sociocultural no qual as mulheres estão inseridas, conhecendo suas opiniões e crenças, acolhendo suas subjetividades e identificando suas necessidades de saúde, com o intuito de apoiá-las no manejo da amamentação por meio de cuidados culturalmente apropriados(5).
A despeito da relevância da ESF neste âmbito assistencial, evidenciam-se fragilidades nas ações de enfermagem relacionadas à promoção e ao apoio da amamentação(4). Neste sentido, cabe ponderar os desafios brasileiros no alcance dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, com destaque para as metas pactuadas referentes à melhoria da saúde de mulheres e crianças, onde a proteção, a promoção e o apoio ao AM é mundialmente reconhecido como uma estratégia eficiente para reduzir a mortalidade materna, neonatal e infantil(6).
Diante do exposto, este estudo tem como objetivo discutir, com base na literatura científica, a atuação das enfermeiras na promoção e apoio ao aleitamento materno no pré-natal.
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, do tipo revisão integrativa de literatura, com abordagem qualitativa, desenvolvida em seis etapas(7).
Na primeira etapa, o tema foi definido e, por meio da estratégia PICo (População: gestantes; Intervenção: atuação das enfermeiras no pré-natal; Contexto: promoção e apoio ao aleitamento materno), elaborou-se a seguinte pergunta de revisão: Quais são as evidências científicas disponíveis sobre a atuação das enfermeiras na promoção e apoio ao aleitamento materno no pré-natal?
Como parte da segunda etapa foram estabelecidos os critérios de elegibilidade, a partir deste foram incluídos artigos originais, nos idiomas português, inglês ou espanhol, publicados no período de 2010 a 2020. Esse recorte temporal se justifica pela possibilidade de busca de evidências atuais que sustem estratégias de melhoria na atuação das enfermeiras acerca do AM no pré-natal. Para a exclusão, considerou-se publicações no formato de editoriais, artigos de reflexão, capítulos de livro, estudos repetidos e a não abordagem da atuação de enfermeiras na promoção e apoio ao AM em cenários assistenciais distintos da atenção primária em saúde ou do pré-natal.
Para a busca na literatura, foram definidos os descritores, utilizando-se Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e MeSH Database, nos idiomas português e inglês, utilizando operadores booleanos AND entre os descritores exatos e OR entre as palavras chaves, constituindo a estratégia de busca, a seguir: (gestantes OR grávidas OR "Mulher Grávida" OR "Mulheres Grávidas" OR parturiente OR parturientes) AND (enfermagem OR "Educação em Saúde" OR "Educar para a Saúde" OR "Educação Sanitária" OR "Educação para a Saúde" OR "Educação para a Saúde Comunitária" OR "Cuidado Pré-Natal" OR "Assistência Antenatal" OR "Assistência Pré-Natal" OR "Pré-Natal" OR "Educação Pré-Natal" OR "Educação Antenatal") AND ("Aleitamento Materno" OR aleitamento OR "Alimentado ao Peito" OR "Alimentado no Peito" OR "Alimentação ao Peito" OR amamentado OR amamentação). O levantamento ocorreu no mês de junho de 2021, por dois revisores independentes, nas bases de dados Medicine National Institutes of Health (PubMed), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL) e no portal eletrônico da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), considerando as bases de dados Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Base de Dados em Enfermagem (BDENF). Neste processo, as divergências foram resolvidas com a inclusão de um terceiro revisor.
Concernente à terceira etapa, procedeu-se com a extração dos dados de interesse e categorização das informações extraídas dos artigos, considerou-se: a bases de dados; o periódico; o ano de produção; o estado/país, o título; os autores; o delineamento da pesquisa; a população; o cenário de estudo; análise dos dados e principais achados.
Na quarta etapa ocorreu a classificação hierárquica dos estudos de acordo com o nível de evidência (NE), tendo em vista o tipo de questão clínica de cada estudo primário. Utilizou-se a pirâmide dos sete níveis de evidência, a saber: NE 1 - revisões sistemáticas ou metanálise; NE 2 - ensaios clínicos randomizados; NE 3 - ensaio clínico controlado não randomizado; NE 4 - casos-controle e coorte; NE 5 - revisões sistemáticas de estudos descritivos e estudos qualitativos; NE 6 - evidência de um único estudo descritivo ou qualitativo; e NE 7 - relatórios de opiniões de especialistas(8). Ressalta-se que este momento foi realizado em pares, buscando o consenso das informações e discutidas entre os pesquisadores.
A etapa seguinte envolveu a interpretação e descrição dos resultados, que culminaram na construção de duas categorias. Por fim, a sexta etapa consistiu na apresentação de uma síntese dos achados mais relevantes.
RESULTADOS
A busca nas bases de dados recuperou, inicialmente, 749 estudos. Os estudos duplicados foram contabilizados uma única vez. Do total de estudos, 379 foram excluídos por não serem da temática, 34 por não responderem à questão de revisão e 30 por não se tratarem de pesquisas originais. Assim, foram selecionados 21 estudos para leitura na íntegra e avaliação da elegibilidade. Destes artigos, nove responderam à questão da revisão e foram selecionados para o presente estudo, conforme a figura 1 a seguir.
Figura 1 - Fluxograma do processo de busca, seleção e elegibilidade de artigos na revisão integrativa de literatura, 2021.
No Quadro 1 é possível observar as principais características dos artigos incluídos na revisão, a saber: nome do periódico, autores, ano e país de publicação, título, principais resultados e nível de evidência (NE).
Quadro 1 – Principais características dos artigos analisados, 2021.
Nome do periódico |
Autores, ano, local de publicação |
Título |
Principais resultados |
NE |
Revista enfermagem UFPE |
Souza EVA de, Bassler TC, Taveira AG.2019; Brasil. |
Educação em saúde no empoderamento da gestante (9) |
Nas ações em saúde a enfermeira realizada simulação em bonecos e, com isso, as gestantes demonstraram satisfação e uma maior segurança com os cuidados com o recém-nascido, como banho, cuidados com o coto umbilical e amamentação. |
N4 |
Revista Brasileira Em Promoção Da Saúde |
Maia AK, da Costa Silva, BY, Jário Moreira, LC. 2019; Brasil. |
Eficácia de intervenções educativas com gestantes sobre o grau de conhecimento em aleitamento materno (10) |
As enfermeiras que realizam as consultas de pré-natal aplicaram um questionário para as suas gestantes, antes e após as atividades educativas, abordando questões acerca do AM para avaliar o grau de conhecimento delas. As intervenções sobre amamentação, por meio de educação em saúde, foram eficazes para melhorar o grau de conhecimento das gestantes, sendo adequada e permanentemente realizada durante todo o pré-natal poderá refletir na melhoria dos números de adesão associados à prática do aleitamento materno. |
N6 |
Revista mineira de enfermagem - REME |
Silva DD, Schmitt IM, Costa R, Zampieri MFM, Bohn IE, Lima MM. 2018; Brasil. |
Promoção do aleitamento materno no pré-natal: discurso das gestantes e dos profissionais de saúde (11) |
Entre as orientações fornecidas durante o pré-natal destacam-se aquelas relativas ao preparo das mamas, vantagens da amamentação e importância do aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida. Percebe-se que as orientações sobre o AM fazem parte da assistência pré-natal, os mesmos relataram que já na primeira consulta de pré-natal abordam a preparação das mamas e orientam os cuidados com as mamas ao longo da gestação, e a partir das consultas do último trimestre reforçam a importância e as vantagens do aleitamento materno para a mãe e para o bebê, e o manejo da amamentação. Porém algumas gestantes relataram não terem recebido nenhum tipo de orientação envolvendo a amamentação. As gestantes recorrem à busca por informações na mídia digital e nas redes de apoio. |
N6 |
Revista de enfermagem escola Anna Nery |
Barbosa LN, Santos NC, Moraes MAM, Rizzardi SD, Corrêa EC. 2015; Brasil. |
Prevalência de práticas educativas acerca do aleitamento materno exclusivo (AME) em Cuiabá – MT (12) |
Do total de mulheres que participaram do estudo, 48,9% referiram ter recebido orientações por algum profissional durante o acompanhamento de pré-natal, sendo que apenas 20,3% do total das mulheres referiu terem participado de alguma prática educativa como rodas de conversa e palestras. Já em relação ao profissional que abordou o tema AME o médico foi o que mais se destacou com 38,2% do total. Com isso, o profissional enfermeiro deve despertar-se para a importância da educação em saúde durante o pré-natal de forma eficaz e continuada, com a finalidade de desenvolver uma consciência crítica nas gestantes. |
N6 |
BMC Pediatrics |
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Effect of breastfeeding education and support intervention (BFESI) versus routine care on timely initiation and exclusive breastfeeding in southwest Ethiopia: study protocol for a cluster randomized controlled trial (13) |
As(os) enfermeiras(os) buscam intervenções educacionais fornecidas durante o pré-natal onde elaboram questionários sobre amamentação com abordagem em conhecimentos gerais, colostro, vantagens para mães e bebês, duração do aleitamento materno, ordenha, armazenamento, alimentação complementar e problemas com a amamentação para que a gestantes possam entender todo o processo de aleitamento materno e esclarecer suas dúvidas, e com isso aumentar as taxas de aleitamento materno na Etiópia e reduzir a mortalidade infantil. |
N2 |
Revista Brasileira Saúde Materno Infantil |
Nascimento VC, Oliveira MIC de, Alves VH, Silva KS. 2013; Brasil. |
Associação entre as orientações pré-natais em aleitamento materno e a satisfação com o apoio para amamentar (14) |
As orientações sobre como colocar o bebê para mamar, e sobre livre demanda, relativas ao manejo da amamentação, foram as que geraram maior satisfação entre as gestantes, seguidas das orientações sobre os malefícios do uso de mamadeiras, chupetas, ou outros leites. As gestantes que receberam mais orientações sobre AM foram as que estavam sendo atendidas nos Hospitais Amigos da Criança. |
N6 |
Revista brasileira de epidemiologia |
Cruz SH da, Germano JA, Tomasi E, Facchini LA, Piccini RX, Thumé E. 2010; Brasil.
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Orientações sobre amamentação: a vantagem do Programa de Saúde da Família em municípios gaúchos com mais de 100.000 habitantes no âmbito do PROESF (15) |
Durante as consultas de pré-natal 18% das mães não receberam nenhuma orientação sobre AM, 39% receberam pelo menos uma orientação e 43% receberam todas as orientações pertinentes à prática da amamentação. As informações que mais foram fornecidas pelos profissionais foram sobre o início da amamentação na primeira hora de vida, vantagens da amamentação exclusiva até os seis meses de vida do bebê, a importância da sucção para a produção de leite e da amamentação em livre demanda. Com frequências mais baixas, as informações que menos foram passadas para as gestantes foram sobre as técnicas de extração de leite, posições da criança e da mãe, amamentação até os dois anos ou mais, e prejuízo do uso de chupetas e de mamadeiras. |
N6 |
BMC Womens Health |
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The effect of prenatal counseling of breastfeeding self-efficacy and frequency of breastfeeding problems in mothers with previous unsuccessful breastfeeding: a randomized controlled clinical trial (16) |
40% das mães que não foram orientadas pelas enfermeiras durante o pré-natal apresentaram problemas com a amamentação e a maioria dos problemas estavam relacionados à posição incorreta em colocar o recém-nascido no seio materno, no qual mães apresentaram fissuras e dores nos mamilos. O aconselhamento pré-natal pode aumentar a autoeficácia da amamentação e resolver a maioria dos problemas de amamentação durante o período pós-parto. |
N2 |
Revista Pesquisa brasileita odontopediatria clínica integral |
Moimaz SAS, Orlando S, Borges HC, Rocha NB, Saliba NA. 2013; Brasil. |
Desmame precoce: falta de conhecimento ou de acompanhamento? (17) |
O maior número de mães recebeu orientações sobre a amamentação, pela equipe de saúde, apenas após os bebês terem nascido (83,4%) do que durante o período de pré-natal (39,3%). As orientações foram transmitidas principalmente pelos médicos (68,5%) durante a gravidez e pelas enfermeiras (77,2%) após o nascimento dos bebês. Dezessete (20,2%) mães relataram dificuldades em amamentar seu bebê. As principais dificuldades relatadas pelas mães durante a amamentação foram: o bebê não sugava ou não pegava o peito (10,5%); problemas no bico do seio como rachaduras, sangramentos, mamas invertidas e falta de bico (63,1%); dificuldades em amamentar (15,8%); falta de leite ou leite fraco (10,5%), e essas dificuldades acarretam um desmame precoce. |
N4 |
Com relação a caracterização dos resultados, seis (66,6%) foram publicados no período de 2015 a 2020 e três (33,3%) artigos foram publicados entre 2010 a 2014. No que se refere ao país de realização do estudo, sete (77,7%) artigos foram desenvolvidos no Brasil, um (11,1%) na Etiópia e um (11,1%) no Irã.
Sobre o delineamento metodológico dos estudos, predominou a abordagem descritiva, em seis (66,6%) artigos, seguida de dois (22,2%) ensaios clínicos randomizados e um (11,1%) com desenho longitudinal. No tocante à população estudada, cinco (55,5%) artigos foram desenvolvidos apenas com gestantes, um (11,1%) com gestantes e enfermeiras e três (33,3%) com mulheres (gestantes e puérperas). Referente à classificação dos níveis de evidências dos artigos, seis (66,6%) trata-se de nível 6, dois estudos (22,2%) de nível 2 e um (11,1%) de nível 4.
Além disso, visando responder à questão de revisão, o Quadro 2 destaca os principais achados frente à atuação das enfermeiras durante o pré-natal, acerca da promoção e apoio ao AM.
Quadro 2 - Compilado de resultados e categorias sobre a atuação das enfermeiras durante o pré-natal, acerca da promoção e apoio ao aleitamento materno, 2021.
Estratégias utilizadas nas práticas educativas em prol da promoção e apoio ao aleitamento |
Práticas educativas por meio de palestras e nos consultórios de enfermagem durante o pré-natal (9,10,11,12) Aplicação de questionários antes, durante e após as práticas educativas (10, 13) Atividades educativas com a rede de apoio das gestantes (11) Utilização de simulação com bonecos nas práticas educativas (9) Necessidade de implementação de metodologias ativas nas práticas educativas, por meio de redes sociais e mídias (11) |
Principais assuntos debatidos nas práticas educativas |
Benefícios/vantagens do aleitamento materno para mãe e criança (10,11,12,13,14,15) Fisiologia da amamentação (10,13) Técnica correta da amamentação (10,12,13,14,15,16) Técnica de extração de leite (13,15) Malefícios do uso de bicos artificiais (15) |
Efeitos das práticas educativas percebidas por gestantes durante o pré-natal |
Melhora na adesão ao aleitamento materno (9, 10) Desenvolvimento de consciência crítica sobre amamentação (12) Superação de inseguranças e dificuldades (11, 12) |
Lacunas nas práticas educativas e o desfecho na amamentação |
Falta de conhecimento pelas gestantes (12) Desfecho do desmame precoce (11, 16, 17) Problemas no manejo da amamentação (16, 17) |
DISCUSSÃO
Estratégias utilizadas nas práticas educativas em prol da promoção e apoio ao aleitamento
O pré-natal é um momento oportuno para dialogar com as gestantes sobre as práticas da amamentação, realizando estratégias de educação em saúde para que assim favoreça a promoção e apoio ao AM, e reduza as chances de ocorrer um desmame precoce. Os resultados deste estudo apontam que, em sua maioria, essa educação em saúde acaba ocorrendo em forma de palestras ou até mesmo no consultório durante as consultas de pré-natal, com métodos tradicionais, desestimulando a participação das mulheres(9-12).
Visando a ruptura do método tradicional de atenção, enfermeiras brasileiras e africanas utilizaram a aplicação de questionários com as gestantes antes, durante e após as consultas de pré-natais e nas atividades educativas com questões acerca do AM para avaliar o conhecimento das mulheres. Notou-se no final que houve um aumento significativo no grau de conhecimento das gestantes(10,13).
Corroborando com práticas inovadoras, um estudo de revisão integrativa sobre amamentação identificou a utilização de redes sociais como alternativa à abordagem em consultório, desde que as informações sejam pautadas na ciência e clinicamente sólidas. As redes sociais emergiram como meio para a disseminação de informações, como forma de partilhar as experiências, sendo um meio de fácil acesso de informação, de socialização com outras mulheres envolvendo desde ajuda emocional até encorajamento(18).
Ainda, o estabelecimento de atividades educativas não só com a gestante, mas com sua rede de apoio (mãe, sogra, irmã, etc) emergiu como relevante, devido serem fontes de influência sobre a adesão ao AM(18). Nesta mesma linha observa-se a partir dos achados deste estudo incremento de práticas de educação ampliada com envolvimento da gestante e rede de apoio que culminaram no esclarecimento de dúvidas, na desconstrução de mitos e crenças sobre amamentação(11). Ressalta-se que as enfermeiras necessitam considerar no plano de cuidados os aspectos socioculturais da mulher e sua rede de apoio visando uma assistência integral e humanizada.
Além disso, a atuação das enfermeiras no cuidado às gestantes deve ter como prerrogativa fornecer fontes seguras de informação, considerando a influência que a mídia pode exercer na prática da amamentação. Evidenciou-se que independente da modalidade (presencial ou virtual) que faz necessário o estabelecimento de metodologias ativas nas práticas educativas, com apresentação de informações técnico-científicas e linguagem clara, para favorecer a promoção e aumentar a prevalência do AM(11).
Os profissionais se destacam na utilização e no desenvolvimento de novas tecnologias educativas e o uso desses recursos na área materno-infantil pode mobilizar a mulher ao desejo de amamentar(19). A literatura aponta a importância do papel da enfermeira na criação e uso de tecnologias de informação, como ferramenta de educação em saúde, contribuindo efetivamente no aumento das taxas de AM(20,21).
A prática educativa por meio de simulações com bonecos foi vista como uma possibilidade de inovação. Após as participantes terem assistido as simulações, elas colocaram em prática o conhecimento adquirido e relataram que se sentiram mais seguras e confiantes para manutenção da amamentação(9). Neste sentido, observa-se que as gestantes que receberam as orientações sobre o manejo da amamentação obtiveram sucesso durante esse processo e quando houve uma deficiência nas práticas educativas, o AM exclusivo foi interrompido antes dos três meses de vida do RN(22).
A enfermeira é um elo importante no desenvolvimento de práticas educativas em prol da promoção do AM. Para isso, faz-se necessário o acolhimento da gestante e sua rede de apoio durante as consultas de pré-natal e atenção aos mitos e as crenças que permeiam a prática da amamentação, dando ênfase para os benefícios e as vantagens dessa prática e seu estímulo constante(23). Nesta ótica, para a enfermeira solucionar os problemas que englobam a prática da amamentação sugere-se a construção de estratégias que envolva um plano de amamentação, visando direcionar as atividades educativas e atender todas as subjetivas da amamentação para as mulheres e suas famílias.
Principais assuntos debatidos nas práticas educativas
Um dos temas mais debatidos durante as consultas de pré-natal foi sobre as vantagens e benefícios do AM(10-15). Tendo isso como ponto de partida, as enfermeiras questionaram se as mães possuíam conhecimento sobre a fisiologia da lactação(10,13), as técnicas adequadas da amamentação(10,12-16), as técnicas de extração de leite(13,15) e malefícios do uso de bicos artificiais(15).
Os resultados permitem observar que o tema mais abordado nas práticas educativas são as vantagens e os benefícios do AM para o binômio mãe-bebê. As enfermeiras enfatizaram que para o bebê, a amamentação exclusiva até os seis meses de vida, auxilia no crescimento e desenvolvimento(10,12-15), fortalece o sistema imunológico (10-11,13-14), reduz os riscos de doenças respiratórias e alergias(10-13,15), reduz as chances de desenvolver diabetes (10,12) e obesidade(10,11).
E para a mãe, favorece a involução uterina mais precoce devido a liberação de ocitocina evitando hemorragia (12,13), reduz as chances de câncer de mama e de ovário(10,12-13) e de desenvolver obesidade(10,12,13), diabetes (13) e hipertensão arterial(10).
Quanto às técnicas de amamentação, as enfermeiras orientam o posicionamento adequado do bebê e a pega na região mamilo-areolar, proporcionando uma mamada efetiva, prevenindo o aparecimento de complicações como fissuras mamilares(10,14-15). A técnica de extração de leite também foi um assunto abordado, para que possa ser realizado quando necessário e assim prevenir o ingurgitamento mamário, a mastite e entre outras infecções/intercorrências mamárias(13,15). Além disso, os resultados deste estudo apontam que as enfermeiras explicaram sobre a importância de evitar mamadeiras e chupetas, para que não ocorra uma confusão entre o bico materno e os artificiais e assim não ocasione um desmame precoce(15).
Evidenciou-se que a abordagem acerca da fisiologia da lactação nas práticas educativas versa sobre a composição do leite materno e do colostro, além da duração do AM exclusivo até os seis meses e complementado até dois anos ou mais(13). Esta prática é relevante já que uma das causas do desmame precoce é a falta de conhecimento da mãe a respeito da qualidade do seu leite e da importância deste para o desenvolvimento do bebê(14-15). O manejo e os benefícios da amamentação são assuntos importantes e predominantes nas práticas educativas. Porém necessitam ser expandidos visando não só a integralidade e subjetividade que a amamentação representa para a mulher, o bebê e sua família, mas como um processo singular vivenciado pela mulher e pelo bebê.
Efeitos das práticas educativas percebidas por gestantes durante o pré-natal
A educação em saúde durante o pré-natal é fundamental para a mulher se preparar para a chegada do seu bebê e conhecer todas as etapas da gestação, parto e puerpério. Os estudos mostram que quando ocorre uma educação satisfatória, as mulheres tornam-se mais empoderadas durante o ciclo gravídico-puerperal, o que facilita a adesão à prática do AM(9,10).
É importante que a enfermeira promova a educação em saúde de forma eficaz com a finalidade de desenvolver uma consciência crítica nas gestantes, fazendo com que assim elas reflitam sobre suas atitudes e obtenham o empoderamento em relação a duração recomendada pelo MS para o AM(12).
As enfermeiras que atuam na ESF precisam desenvolver técnicas que tragam relevo para a amamentação, seu manejo e as possíveis intercorrências, tendo uma visão ampliada do contexto sociocultural e familiar da mulher. Para isso, é necessário ajudar as gestantes a superar suas inseguranças e dificuldades, reconhecendo-as como principais protagonistas no processo de lactação(11,12). Ressalta-se que os grupos de promoção da saúde realizados para gestantes são considerados como dinamizadores e integradores da assistência ao pré-natal, pois permitem utilização de diferentes metodologias e possibilitam discutir diferentes temáticas, suprindo lacunas deixadas durante a consulta individual(20).
Dessa maneira, sabe-se que as ações educativas possibilitaram a construção de conhecimentos acerca da amamentação por meio do compartilhamento de saberes e troca de experiências entre as gestantes, sendo possível reverter o déficit de saber tornando-as detentoras e multiplicadoras de conhecimentos no seu coletivo(24). Assim, o papel da enfermeira se faz muito importante nesta fase, preparando a mulher para todas as adversidades e auxiliando no estabelecimento da amamentação e preservando a durabilidade do aleitamento(25).
Lacunas nas práticas educativas e o desfecho na amamentação
Os resultados deste estudo apontam que existem falhas nas ações educativas durante o pré-natal, pois as mulheres, em sua grande maioria, chegam ao último mês de gestação demonstrando falta de conhecimento sobre a gravidez, o parto, o puerpério e a amamentação. Esse fato reforça a preocupação no que diz respeito à forma com que as ações educativas nas consultas de pré-natal estão sendo realizadas(12). Como consequência, observa-se no período puerperal que existe a necessidade de maiores informações, orientações e apoio dos profissionais quanto ao AM, pois mesmo com a realização do pré-natal completo não lhes foi assegurado o acesso a orientações sobre amamentação(26).
Neste sentido, evidencia-se lacunas nas práticas educativas realizadas pelas enfermeiras na assistência ao pré-natal da gestante que podem ter como desfecho o desmame precoce, ou seja, a introdução alimentar do filho antes dos seis meses de vida(11,16). Percebe-se que existe um déficit por parte dos profissionais no fornecimento de informações acerca do AM. A literatura sinaliza que gestantes não orientadas adequadamente durante o pré-natal apresentaram problemas com o manejo da amamentação referentes à posição correta em colocar o RN no seio materno que podem causar fissuras, dores nos mamilos e, por vezes, o desmame precoce(16).
Essa problemática pode ser percebida na visão das mulheres que vivenciam o processo da amamentação, principalmente as primíparas. Dessa maneira as orientações ofertadas por profissionais de saúde têm um impacto considerável sobre o aleitamento materno, podendo determinar inclusive a continuidade do tempo de amamentação e a superação dos desafios sentidos no processo do amamentar(26).
A limitação do estudo refere-se por ser uma pesquisa restrita à fonte de estudos primários não podendo ser generalizada, sendo oportuno novos estudos a fim de fundamentar a prática educativa de enfermagem acerca da amamentação durante todo o período gravídico-puerperal.
As contribuições deste estudo visa incentivar os profissionais de enfermagem a buscarem novos métodos e estratégias educacionais para orientar as mulheres durante todo o ciclo gravídico-puerperal, acerca da promoção e apoio ao AM, para que assim, a atuação das enfermeiras durante as consultas de pré-natal torne-se efetivas no combate ao desmame precoce.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A atuação da enfermeira durante o pré-natal acerca da promoção e apoio ao AM, ocorre por meio de práticas educativas destacando-se para palestras realizadas em salas de espera, educação em saúde nas consultas individuais e com a rede de apoio da gestante, aplicação de questionários antes e após atividades educativas e simulações realizadas com bonecos. Os principais assuntos abordados foram sobre os benefícios e vantagens do AM, a fisiologia da lactação, técnicas adequadas de amamentação, de extração de leite e os malefícios do uso de bicos artificiais. Essas ações educativas auxiliaram para o empoderamento das gestantes.
No entanto, os resultados apontam que existem lacunas no cuidado de enfermagem durante o pré-natal acerca da promoção e apoio ao AM, causando insegurança nas mulheres e a introdução de fórmulas desnecessárias, acarretando o desmame precoce. Neste sentido, é primordial construir novas estratégias de atuação das enfermeiras inserindo metodologias ativas, como o uso de redes sociais e mídias, a fim de transmitir informações corretas e claras, conforme as necessidades individuais de cada mulher e família.
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Contribuição dos autores
Mariana Marques Costa. Concepção e desenho da pesquisa, coleta de dados, análise dos dados e redação do manuscrito.
Elaine Lutz Martins. Concepção e desenho da pesquisa, coleta de dados, análise e discussão dos dados e revisão crítica.
Tarciso Feijó da Silva. Concepção e desenho da pesquisa, coleta de dados, análise e discussão dos dados e revisão crítica.
Laís Antunes Wilhelm. Redação do manuscrito, formatação e revisão crítica
Juliana Amaral Prata. Redação do manuscrito, formatação e revisão crítica
Ricardo José Oliveira Mouta. Redação do manuscrito, formatação e revisão crítica
Fomento e Agradecimento: Manuscrito não obteve fomento