O PROTAGONISMO DA ENFERMAGEM EM URGÊNCIA E EMERGÊNCIA DIANTE DA PANDEMIA DA COVID-19
THE PROTAGONISM OF NURSING IN URGENCY AND EMERGENCY FACING THE COVID-19 PANDEMIC
EL PROTAGONISMO DE LA EMERGENCIA Y LA ENFERMERÍA DE EMERGENCIA ANTE LA PANDEMIA DEL COVID-19
Ianny Ferreira Raiol Sousa1
Marina Pereira Queiroz dos Santos2
Juliana Conceição Dias Garcez3
Karoline Garcez Torres4
Ana Gracinda Ignácio da Silva5
1Enfermeira pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia, Belém, Pará. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7776-723X
2Enfermeira pelo Centro Universitário Metropolitano da Amazônia, Belém, Pará. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2596-1241
3Enfermeira e Coordenadora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia, Belém, Pará. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5849-1573
4Farmacêutica pela Escola Superior da Amazônia, Belém, Pará. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0489-2507
5Enfermeira e Docente do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia, Belém, Pará. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6000-2521
Autor correspondente
Ianny
Ferreira Raiol Sousa
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Vinte e Oito de Setembro, 1160/ Casa 11 – Campina - Belém – PA. CEP 66053-355
Telefone:
+55(91) 99107-0687
E-mail: raiolianny@hotmail.com
RESUMO
Descrever o protagonismo da enfermagem no enfrentamento da pandemia da COVID-19 em uma unidade de urgência e emergência no município de Belém- Pará. Métodos: Pesquisa de campo, descritiva, realizada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), localizada no município de Belém-Pará. Participaram da pesquisa, 19 enfermeiros do turno da manhã, tarde e noite, sendo 13 mulheres e seis homens. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada e a análise de conteúdo de forma qualitativa. Resultados: Emergiram dos dados quatro categorias temáticas: os enfermeiros da linha de frente da pandemia covid-19 em uma unidade de pronto atendimento Belém- Pará; o protagonismo da enfermagem na linha de frente ao combate a covid-19; a valorização da enfermagem na pandemia e o papel das mídias sociais: herói ou escravo? Desafios dos enfermeiros na linha de frente da pandemia da covid-19, por meio das quais os resultados foram descritos. Considerações Finais: O presente estudo evidenciou o cuidado de enfermagem como a base do protagonismo dos enfermeiros na linha de frente do atendimento ao paciente com COVID-19.
Palavras-chave: Covid-19; Enfermagem; Pandemia; Infecções por Coronavírus.
ABSTRACT
To describe the role of nursing in facing the COVID-19 pandemic in an urgency and emergency unit in the city of Belém- Pará. Methods: Descriptive field research, carried out in an Emergency Care Unit (UPA), located in the city of Belém-Pará. 19 nurses from the morning, afternoon and night shifts participated in the research, being 13 women and six men. Data collection was carried out through semi-structured interviews and content analysis was performed qualitatively. Results: Four thematic categories emerged from the data: nurses on the front line of the covid-19 pandemic in an emergency care unit in Belém-Pará; the role of nursing in the front line in the fight against covid-19; the valuation of nursing in the pandemic and the role of social media: hero or slave? Challenges for nurses on the front lines of the covid-19 pandemic, through which the results were described. Final considerations: The present study evidenced nursing care as the basis for nurses' protagonism in the front line of patient care with COVID-19.
Key-words: Covid-19; Nursing; Pandemic; Coronavirus Infections.
RESUMEN
Describir el papel de la enfermería frente a la pandemia de COVID-19 en una unidad de urgencia y emergencia de la ciudad de Belém-Pará. Métodos: Investigación descriptiva de campo, realizada en una Unidad de Atención de Emergencia (UPA), ubicada en la ciudad de Belém-Pará. Participaron de la investigación 19 enfermeros de los turnos de mañana, tarde y noche, siendo 13 mujeres y seis hombres. La recolección de datos se realizó a través de entrevistas semiestructuradas y el análisis de contenido se realizó de forma cualitativa. Resultados: De los datos surgieron cuatro categorías temáticas: enfermeros en la primera línea de la pandemia de covid-19 en una unidad de atención de emergencia en Belém-Pará; el papel de la enfermería en primera línea en la lucha contra el covid-19; la valoración de la enfermería en la pandemia y el papel de las redes sociales: ¿héroe o esclavo? Desafíos para las enfermeras en la primera línea de la pandemia de covid-19, a través del cual se describieron los resultados. Consideraciones finales: El presente estudio evidenció el cuidado de enfermería como base para el protagonismo del enfermero en la primera línea de atención al paciente con COVID-19.
Palabras clave: Covid-19; Enfermería; Pandemia; Infecciones por Coronavirus.
INTRODUÇÃO
Em dezembro de 2019, em Wuhan, na China surgiu um novo agente do Coronavírus (SARS-CoV-2), responsável pela doença COVID-19, com a transmissibilidade maior dos anteriores. A COVID-19 é uma síndrome respiratória disseminada por um vírus, no qual é transmitida por gotículas provindos de tosse ou espirro do indivíduo infectado ou por superfícies e utensílios infectados, podendo haver manifestações moderadas, similares a um quadro gripal, ou graves, que resultam em síndromes respiratórias com necessidade de uma assistência especializada1.
Diante disso, em janeiro de 2020 a Organização Mundial de Saúde (OMS) reportou o vírus como emergência de saúde pública mundial e, em março de 2020, decretou situação de Pandemia global, devido ao aumento de pessoas infectadas em todo o mundo, inclusive no Brasil2.
O SARS-CoV-2 infectou 120.000 indivíduos em todo o mundo, com taxa de mortalidade de 2,9% em 109 pessoas até meados de 19 de março de 2020. No Brasil, o primeiro caso confirmado de COVID-19 ocorreu em fevereiro de 20202,3.
A região Norte retratou os maiores coeficientes de incidência dentre todas as regiões, com (2.734,9 casos/100 mil habitantes) e mortalidade (70,8 óbitos/100 mil habitantes) 4.
Nesse contexto, os profissionais de enfermagem representam a maior categoria atuante na área da saúde, seja em instituições públicas ou privadas, visto que, estão na linha de frente nos cuidados de controle da infecção pela COVID-195.
Ressalta-se que, a enfermagem sempre esteve na linha de frente nos cuidados com o paciente e com o advento da pandemia e o seu avanço em 2020, os profissionais de enfermagem ganharam destaque no mundo inteiro5.
No entanto, a enfermagem tem vivenciado muitos problemas nesta pandemia, o autor6 aponta, que além das longas jornadas e baixa remuneração, esses profissionais, enfrentam problemas decorrentes da exposição frequentemente com o vírus SARS-CoV-2, falta de infraestrutura, e consequentemente, a enfermagem está adoecendo nos serviços.
Nesse sentido, este estudo partiu do seguinte questionamento: Como a enfermagem se protagonizou diante de tantos desafios e dificuldades experienciados na pandemia da COVID-19 em uma unidade de urgência e emergência no município de Belém? Teve como objetivo principal, descrever o protagonismo da enfermagem no enfrentamento da pandemia da COVID-19 em uma unidade de urgência e emergência no município de Belém- Pará.
MÉTODOS
Pesquisa de campo, descritiva, com abordagem
qualitativa, realizada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas – no
município de Belém do Pará, responsável por
atender as demandas de saúde de média complexidade.
Participaram da pesquisa 19 enfermeiros do turno da manhã, tarde e noite que trabalham UPA pesquisada. Como critérios de inclusão: enfermeiros de ambos os gêneros que excutam/exercem suas atividades nos períodos manhã, tarde e noite desde o período da pandemia na unidade de pronto atendimento. E como critérios de exclusão: profissionais que não são da área da enfermagem, enfermeiros que estiverem de férias ou afastados por qualquer tipo de licença durante o período da coleta dos dados da pesquisa, e que não atuaram durante o período de pandemia.
Para o levantamento dos dados foi utilizado uma entrevista semiestruturada guiada com um roteiro e gravadas. Posteriormente, foram transcritos na íntegra pelas pesquisadoras; os participantes foram codificados de forma sequencial: Enfermeiro número 1 (E1), Enfermeiro número 2 (E2), ...E19, com o intuito de garantir o anonimato.
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa do Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) sob parecer CAAE: 46096921.2.0000.5701. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE.
Para análise das informações produzidas, utilizou-se a técnica simplificada de análise de conteúdo, que consiste na leitura detalhada de todo o material transcrito, na identificação de palavras e conjuntos de palavras que tenham sentido para a pesquisa, assim como, na classificação em categorias ou temas que tenham semelhança quanto ao critério sintático ou semântico7. De acordo com autor8, essa técnica engloba 3 fases: I- pré-análise; II- Exploração do material; III- Codificação: Categorização.
Na fase de pré-análise realizou-se a transcrição das entrevistas na íntegra, onde se procedeu à leitura flutuante do material produzido, para perceber seu conteúdo em relação aos objetivos propostos no estudo. Na 2ª fase, exploração do material, foi realizado a imersão no material transcrito para identificar nas unidades de registros, ideias semelhantes ou divergentes indicativas de categorização temática. Foram construídos quadros sínteses direcionadas pelas perguntas que nortearam as entrevistas, para apreender as ideias principais nas transcrições das entrevistas8.
Na última fase, foi identificado categorias temáticas, que emergiram das falas dos participantes, obtendo-se quatro (4) categorias temáticas: Os enfermeiros da linha de frente da pandemia COVID-19 em uma UPAM de Belém-Pará; O protagonismo da enfermagem na linha de frente ao combate a COVID-19; A valorização da enfermagem na pandemia e o papel das mídias sociais: herói ou escravo? Desafios dos enfermeiros na linha de frente da pandemia da covid-19. Por meio das quais os resultados da pesquisa são descritos.
RESULTADOS
3.1 Os enfermeiros da linha de frente da pandemia da COVID-19 em uma unidade de pronto atendimento Belém- Pará
Os enfermeiros participantes do estudo são predominantemente, mulheres jovens, com idade entre 30 e 39 anos, e solteiras, conforme representado no quadro 1 a seguir:
QUADRO 1 – Dados Pessoais
IDADE |
Nº |
SEXO |
Nº |
ESTADO CIVIL |
Nº |
20-29 anos |
05 |
Feminino |
13 |
Solteiro |
10 |
30-39 anos |
10 |
Masculino |
06 |
Casado |
06 |
40-49 anos |
04 |
|
|
União estável |
01 |
+50 anos |
00 |
|
|
Viúvo(a) |
01 |
|
|
|
|
Divorciada |
01 |
Fonte: Pesquisa dos autores
Ressalta-se, que dois enfermeiros (as) tinham de dezesseis a vinte anos de formação, porém, com tempo de atuação de até cinco (5) anos. A maior parte dos entrevistados possuem pós-graduação, porém, apenas um entrevistado tem pós-graduação em urgência e emergência e dois estão cursando esse tipo de pós-graduação; cinco tem pós-graduação em UTI adulto e dois cursando esse tipo de pós-graduação.
3.2 O protagonismo da enfermagem na linha de frente ao combate a COVID-19
Diante da pandemia, os enfermeiros encontraram novas formas de organização para o atendimento de pacientes, definindo, novos métodos e prioridades para a rotina, iniciando pela reestruturação do ambiente físico da unidade, possibilitando o isolamento de enfermarias; a construção de uma tenda para o atendimento fora da unidade; a estruturação de um fluxo de atendimento, para priorizar os pacientes mais graves, bem como, distinguir os pacientes com suspeitas de COVID-19; triagem na porta da unidade; classificação de risco; classificação pelo nível de saturação dos pacientes, como relatados nas falas abaixo:
Nós tivemos que fazer uma reestruturação física na unidade, criando uma espécie de isolamento, de um local que servia como enfermaria, onde tivemos que isolar esse local para atendimento exclusivo de paciente de COVID, e fazer uma reestrutura dentro da própria unidade para que o fluxo desse paciente fosse contínuo, sem entrar em contato com os outros pacientes que são de perfis de urgência totalmente diferente do COVID, assim como, foi criado também as tendas de triagem a parte, onde era atendido os pacientes leves e moderados que recebiam sua receita e não necessitariam ficar em leito ou observação que era só para pacientes mais graves. E1
Foi criado um fluxo, que na classificação de risco já era sinalizado os pacientes com suspeita de COVID. Esses pacientes já eram sinalizados desde a classificação de risco pelo enfermeiro, [...], ser logo atendido pelo médico, e direcionado pro isolamento de COVID, pra que evitasse ficar entrando em contato com outras pessoas. E10
Utilizamos várias tentativas de estratégias para tentar fazer um fluxo na UPA toda durante a pandemia, fizemos um isolamento de PVC para COVID[...] fazia um jeito, mas não dava certo e íamos mudando e por fim foi feito uma tenda aqui fora, [...] tentando mandar para os hospitais de retaguarda de COVID [...], mas enquanto não tinha leito, era aqui, e cada um segurava os seus e fechava as portas. E12
Outro ponto destacado pelos entrevistados, foram as próprias ações que eram realizadas diretamente com os pacientes atendidos na unidade, como: intubação; monitorização; sondagem; isolamento; oxigenoterapia; orientação e esclarecimento aos familiares; troca de EPIs; acolhimento; ações de higienização; transporte do paciente e medicações; anamnese, diálogo e apoio ao paciente que se sentia sozinho e ansioso, que podem ser evidenciados nos relatos a seguir:
Eu trabalho na UR, então foi intubação, a gente só recebia aqui os pacientes que estavam com queda de saturação, rebaixamento do nível de consciência e o que a gente fazia era intubar, monitorizar, realizar sondagem, esses procedimentos de pacientes críticos, teve isolamento, só que a questão de isolamento é complicada, porque eram muitos pacientes com patologias, então não suportava, ficava tudo sobrecarregado. E4
Na verdade, a gente acabava recebendo os pacientes mais graves, então, dávamos toda a assistência ao paciente, geralmente ele já precisava de intubação, toda assistência de enfermagem, orientação para família [...] como não tínhamos visitas, a gente que dava esse esclarecimento para família de como o paciente estava. Tivemos que fazer algumas adaptações [...] restringiu o número de pessoas que iam lá pra dentro para intubação, tentar restringir o contato aos outros pacientes, tínhamos que trocar todos os EPIs para ter esse maior cuidado. E14
A contribuição da enfermagem no enfrentamento da pandemia da COVID-19, foi o cuidado prestado pela enfermagem nas 24 horas nos sete dias por semana e diuturnamente. O cuidado, foi uma das palavras mais citadas pelos profissionais entrevistados para definir o seu protagonismo na pandemia da COVID- 19, desde a higiene, até os cuidados mais complexos. No entanto, segundo esses profissionais, sentiam-se desvalorizado pelo próprio paciente, que reconheciam apenas a atuação médica. Evidenciada nos relatos abaixo:
É o cuidado né [...] é a preocupação com o paciente, é a qualidade deles pós- COVID, é o reconhecimento. As vezes o que falta pra enfermagem, eu falo que são vários reconhecimentos [...] porque as vezes você passa 24 horas ali com o paciente e a atenção toda vai pro médico não vai pra enfermagem, então a enfermagem ela precisa de vários reconhecimentos tanto financeiro, como social [...] então isso que tá faltando também pra enfermagem, ser reconhecida e respeitada, então a gente tem que buscar isso!. E5
Eu acho que cuidar, do paciente na íntegra, que a partir do momento que ele chega numa unidade de urgência, precisando de todo um cuidado, de uma assistência, e como eu já havia falado, a enfermagem, a profissão que tá 24 horas com o paciente. Então, a principal contribuição, é justamente o cuidado desse paciente 24 horas [...]. E10
Outro ponto destacado no relato dos enfermeiros, foi a imprescindível atuação da equipe de enfermagem como profissão que liderou e sustentou os serviços de saúde, quando não havia mais profissionais médicos para atender a população. Ademais, ressaltam, que a enfermagem foi a profissão que mais trabalhou e a que mais adoeceu, como observa-se nas falar a seguir:
A principal contribuição foi que a enfermagem que sustentou a assistência de saúde de todos os pacientes. A enfermagem como sempre, que manteve como linha de frente [...] todas as assistências, todos os procedimentos, desde os mais simples como higienização até os mais complexos, como o processo de intubação [...]. E4
Tudo! Assistência, o vínculo com a família e paciente, orientações quanto ao autocuidado que é muito importante e prestar a assistência da melhor forma possível, mesmo com todas essas limitações, que foi ruim para geral [...] tínhamos dias que não tinha droga para sedar o paciente e fazíamos com outra com a que tinha, então, a gente acabou se virando nos trinta, fazendo o que dava para fazer, acho que a palavra foi adaptação, tudo pela assistência do paciente. E14
Todo esse protagonismo, aconteceu em um contexto de visibilidade dos profissionais de saúde, e a mídia evidenciou esse protagonismo denominando-os de heróis, o que levou os enfermeiros a se questionarem, se realmente eram heróis ou escravos.
3.2 A valorização da enfermagem na pandemia e o papel das mídias sociais: Herói ou Escravo?
Durante a pandemia da COVID-19 a enfermagem ganhou destaque e protagonismo nas mídias sociais e jornais televisivos. No entanto, nota-se, a partir dos relatos dos enfermeiros entrevistados, que a valorização do trabalho da enfermagem durante a pandemia, ocorreu de forma aguda e momentânea no pico da pandemia. Ademias, observou- se, que à medida que houve a diminuição dos casos, a enfermagem também foi começando a ser esquecida pelos gestores e pela população. Conforme relatados abaixo:
A valorização da enfermagem foi de forma aguda no início da pandemia, só começou a ter a valorização da enfermagem, quando foi percebido por todo processo de gestão que só a enfermagem que ficou segurando maior parte dos grandes problemas que existiam durante a pandemia, e assim como continua tendo um grande papel na vacinação. E1
Olha pra te falar a verdade, a valorização acredito que não teve (risos) [...]. Muito pelo contrário, eu vi hospitais, escravizando o funcionário, tipo, se você não fosse, você era demitido, isso é uma ameaça, entendeu [...], vi salários dos médicos dobrarem, de mil pra dois mil reais, enquanto a enfermagem, era duzentos, outros de quatrocentos, alguns hospitais davam de quatrocentos reais, então tipo, isso não é nada, isso não dá nem pra ti comprar teu remédio. E8
Sendo sincero, os pacientes reconhecem como linha de frente [...] foram coisas que vieram, porém já passaram, agora ficou meio que esquecido. E18
Os enfermeiros revelaram, que tiveram uma bonificação como incentivo ao trabalho na pandemia, no entanto, houve maior sobrecarga de trabalho, o que culminou em aumento na desvalorização do enfermeiro, expressadas nas falas a seguir:
Olha, eu acredito que a pandemia diminuiu bastante agora esses últimos dois três meses, mas a valorização profissional eu acredito que não teve não, assim, teve durante os três meses mesmo da pandemia que teve um incentivo COVID, mas depois, eu acredito que aqui na UPA não teve, não teve nenhum tipo de reconhecimento. E2
Bem, houve uma euforia, mas nenhum momento eu me senti valorizada, [...], porque nenhum momento a enfermagem foi valorizado. Pelo contrário, ela foi muito mais massacrada, muito mais escravizada, desvalorizada, porque ela teve que se desdobrar, uma carga horária que eu faço hoje, eu fazia três, quatro, porque eu tinha que trabalhar pelos colegas que estavam de licença, sendo que não repuseram o suficiente, prometeram pagar quarenta porcento e não pagaram [...] !. E9
Alguns enfermeiros pontuaram, que a desvalorização da enfermagem é consequência das condutas da própria classe, como a realização do trabalho de outros profissionais; falta de respeito e união da categoria para lutar pelos direitos; ausência de uma articulação política para conseguir seus direitos, como a aprovação do Projeto de Lei (PL), observado nos relatos abaixo:
Na verdade, a gente não tem ninguém atuando para valorizar a enfermagem, o nosso conselho não faz nada pela enfermagem [...] a gente não tem uma pessoa padrão para divulgar ou colocar algo positivo para lutar, não conseguimos ninguém para agregar na nossa categoria. E16
Nesse contexto, as mídias sociais exercem um papel fundamental para compartilhar informações e proporcionar disseminação de saberes. Nota-se, que para alguns enfermeiros, as mídias exerceram um papel importante para a visibilidade da categoria, proporcionando uma repercussão do trabalho desenvolvido pelo profissional de enfermagem, porém, essa repercussão não foi o suficiente para que houvesse mudanças nas condições de trabalho. Exemplificado nas falas a seguir:
Eu avalio que as redes sociais é uma coisa boa, porém, tem que complementar de fato né, com as 30 horas, com o aumento de salário, enfim [...] As redes sociais é uma coisa boa pra divulgar, a enfermagem ficou conhecida mundialmente, as pessoas perceberam que, nós, a enfermagem somos superimportantes para a saúde de todas as pessoas, para os hospitais, pra todo serviço. Mas, de fato, estamos da mesma forma do que aconteceu antes da pandemia. Não teve mudança nenhuma. E4
Em contrapartida, outros enfermeiros mencionaram que as mídias sociais foram na verdade aproveitadores da situação da pandemia, para propagar uma imagem da enfermagem que não é real, por exemplo, a imagem de heroísmo, que não houve incentivo nenhum acerca da valorização da enfermagem, pois, não divulgavam de fato a necessidade da profissão para sua valorização, como a aprovação da PL e do piso salarial. Como exemplificado abaixo:
Muita conversa e pouca ação [...] o que adianta mostrar que nós somos heróis, se não é real, a gente continua trabalhando do mesmo jeito, com cargas horarias difíceis, a gente tem que ter vários empregos para se sustentar [...] a gente não tem vida social, familiar [...] a gente trabalha, trabalha, trabalha para dá boas condições para família, a gente também tem uma condição melhor, mas de certa forma nem usufrui porque a gente trabalha muito (risos). E19
Nesse sentido, o protagonismo dos enfermeiros, aconteceu em um contexto de muita diversidade, sofrimento, que afetaram sobremaneira, a sua saúde física e mental, levando a desafios sobre como lidar com todo esse cenário, como observa-se a seguir.
3.3 Desafios dos enfermeiros na linha de frente da pandemia da COVID-19
O trabalho de enfermagem durante a pandemia da COVID-19 trouxe aos enfermeiros diversos sentimentos que afetaram sua saúde física e mental. Entre essas alterações, as mais frequentes foram: preocupação com a saúde de familiares; medo de transmitir a doença e o desgaste físico.
O medo de infectar-se e transmitir a doença a seus familiares, foi um grande desafio para os enfermeiros e está relacionado a fatores, como por exemplo, as condições de trabalho; a falta de conhecimento sobre a doença, principalmente, no início da pandemia; a alta letalidade da doença; a proximidade com filhos e pais idosos, ocasionando mudança da rotina, fazendo com que alguns enfermeiros, passassem a residir em outros lugares, conforme exemplificado na fala a seguir:
Sim, o medo de transmitir a doença sim, logo no começo, pra família principalmente. Eu chegava e tinha que passar álcool em tudo, passar álcool na mochila, deixar o sapato fora de casa, o medo logo no começo, depois foi diminuindo essa tensão, principalmente quando tinha a tenda COVID, eu sempre atendia nessa tenda lá fora, é [...] então as pessoas que iam lá eram suspeita, praticamente 90% de COVID, então o medo de transmitir pro meu filho e pra minha mãe e é isso [...] (risos). E2
Diante disso, alguns profissionais utilizaram estratégias para reduzir a infecção entre seus familiares, como por exemplo, uso de tecnologia de comunicação; residir em outros lugares, até mesmo no próprio carro, conforme evidenciado nos relatos abaixo:
Cheguei em um momento que eu tava dormindo no meu carro, alguns dias, porque não podia ir pra minha casa. Quando eu adquiri a doença do COVID fiquei isolado totalmente, não sabia o que fazer, se eu ia pra minha casa ou se eu ficava na rua, tive colegas que rachavam kit net comigo, mas não sabia se a doença que ele tinha era mais grave ou se era menos grave do que a minha , não sabia se um podia infectar um ou o outro, acabei dormindo alguns dias no carro, aluguei um kit net e fiquei em um curto período de tempo, mas teve colegas que viveram durante quase todo tempo, acho que quase um mês ou dois meses dentro do carro, tomava banho no hospital e voltava pra dentro do carro, comia na rua. E8
Eu fiz um grupo com minha família (choro), coloquei todo mundo e mandei um áudio explicando tudo sobre a pandemia e disse que precisava vim pra cá e eles precisavam ficar bem [...] orientei toda uma rotina que eles deveriam seguir [...] essa foi minha escolha e que eu queria vir, independente se fosse morrer ou não. E12
Esse cotidiano levou ao desgaste físico e emocional, no entanto, o desgaste físico se sobressaiu diante do desgaste mental, devido ao excesso de trabalho e plantões exaustivos nos quais tornaram-se potencializados na pandemia, evidenciadas nas falas abaixo:
Dentro dos plantões, então, eu ficava muito exausto e cansado, porque eu chegava em casa só era pra dormir, só era pra dormir e comer e tomar banho e sair [...] então aí, foi essencial [...] esse desgaste físico, acho que pra mim nem tão mental, mas físico sim! E5
Afetou mais minha saúde física, de forma que peguei COVID e fiquei com problemas respiratórios, quando faço muito esforço físico fico demais cansado [...]. E19
Já, o desgaste mental está relacionado a responsabilidade diante das condutas realizadas; de ser suporte familiar; do próprio adoecimento pela COVID-19; pela grande quantidade de pacientes necessitando de assistência e muitos evoluindo a óbito.
Presenciar a angústia dos pacientes, como por exemplo, com problemas respiratórios, que, muitas vezes evoluíam para intubação; presenciar famílias inteiras adoecendo e muitas vezes indo a óbito; trouxe sentimentos de fragilidade e impotência nesses profissionais, que buscaram conforto, pensando nas vidas que ajudavam salvar, conforme exemplificado no relato a seguir:
A questão emocional ficava realmente abalada, porque eram muitos pacientes ao mesmo tempo, precisando de auxílio, de assistência médica e de enfermagem, precisando de oxigenoterapia, a maioria evoluindo pra intubação, precisando de um ventilador mecânico, e a triste realidade é que a gente não tinha [...]. E10
Além disso, alguns desses enfermeiros foram acometidos pela COVID-19, desenvolvendo depressão; medo de morrer; ansiedade; insônia; sentimento de abandono e injustiça por parte da instituição de trabalho; sequelas como dor torácica; problemas respiratórios, conforme exemplificando a seguir:
E foi assim, uma sensação horrorosa, porque você trabalha em um hospital de média e alta complexidade, e você não ter suporte de autocuidado [...] Tive todas as alterações possíveis e até hoje tenho sequelas, tenho uma dor, não chega a ser na coluna, mas é nessa região torácica, tóraco-posterior, uma possível retração intercostal, a qualquer ameaça de eu sinto logo essa dor aqui, é como se estivesse enfiando uma faca na minha intercostais, principalmente aqui próximo da axila. E9
Depressão não digo, mas ansiedade com certeza... em quesito ansiedade, tive insônia [...] eu não conseguia dormir, [...] por estar longe da minha área de atuação que era obstetrícia. E11
Outro desafio que enfrentaram está relacionado a condições de trabalho, na linha de frente da pandemia, destacando-se com maior frequência: a sobrecarga de trabalho; escassez de profissionais e escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs).
A sobrecarga de trabalho, está relacionada a escassez de profissionais para atuar no contexto que se apresentava, com o aumento da procura de serviço de saúde por parte da população, assim como, pelo afastamento de profissionais devido problemas de saúde e a permanência de equipes fixas só para atendimento dos pacientes com COVID-19, gerando nos profissionais, sentimentos de insatisfação para com a gestão, como exemplificado a seguir:
Sobrecarga de trabalho em decorrência de muitos colegas de trabalhos terem se afastado por doenças [...] por terem problemas crônicos, assim como colegas de outras classes dentro da área da saúde que abandonaram suas escalas, fazendo com que outras pessoas trabalhassem duplicado, triplicado. E1
Para suprir essa escassez, foram contratados mais profissionais para auxiliar no serviço, no entanto, a maioria não tinha preparo e conhecimento suficiente para lidar com as situações vivenciadas, pois, a grande parte deles eram recém-formados e não passaram por nenhum treinamento, como por exemplo, expressada nas falas a seguir:
Treinamento né, porque muitos entravam e assumiam seus cargos sem ter uma qualificação adequada, sem ter um treinamento, sem ter segurança, que isso é essencial pra qualquer profissional, então muitos entraram, até recém-formados, muitos, muitos, entraram assim nessa época, então, sem nenhum tipo de treinamento ou qualidade assistencial. E5
Alguns enfermeiros relataram, ainda, o distanciamento de familiares e amigos como um grande desafio e a partir disso, houve a aproximação com colegas de trabalho para compensar a ausência da família. Além do mais, a perda de familiares e pessoas próximas, como colegas de trabalho, também, foi uma realidade que afetou esses profissionais e aflorou neles diferentes sentimentos, como exemplificado a seguir:
Eu não perdi nenhum familiar, mas minha maior dificuldade durante a pandemia foi ficar longe da minha família, meu núcleo familiar (pai, mãe e irmãos), mas em compensação, eu estava longe deles, mas comecei me aproximar muito mais dos meus amigos, porque a maioria dos meus amigos são enfermeiros ou da área da saúde [...] e foi o que não me deixou ficar tão só. E11
Ressalta-se que, o trabalho em equipe foi a estratégia mais utilizada pelos enfermeiros, para organizar o trabalho e para cuidar um do outro, no enfrentamento dos inúmeros desafios.
Diante dessas dificuldades, eles buscaram formas de superação, como por exemplo, focar no paciente; estudar; trabalhar; trabalho em equipe; religiosidade e aproveitar suas poucas folgas com a família, conforme os relatos a seguir:
Olha, foi através do trabalho, procurando não pensar na situação e sendo profissional. Estudando mesmo pra mim superar tudo e querer ser sempre melhor. E3
Espiritualidade, porque com a fragilidade, que ninguém tinha certeza de nada, eu tenho um direcionamento espiritual. E9
Portanto, esses enfermeiros utilizaram a determinação, foco e resiliência para enfrentar o dia a dia do trabalho; uso do conhecimento acerca das questões de saúde para se proteger; apoio entre colegas de trabalho; autocuidado e religiosidade, como maneiras de superar os desafios enfrentados.
DISCUSSÃO
4.1. Os enfermeiros da linha de frente da pandemia da COVID-19 em uma unidade de pronto atendimento Belém - Pará
Observa-se, que a grande maioria dos profissionais atuantes na pandemia, no local pesquisado, eram mulheres e não obtinham especialização para atender pacientes críticos e em emergência, isso demonstra, que na situação de contingência ocasionada pela pandemia, muitos profissionais foram contratados para suprir as necessidades dos serviços de saúde sem desenvolver conhecimento na prática.
Sobre isso, o estudo4 ressalta, que a pandemia resultou em um aumento do fluxo de pessoas dentro das instituições de saúde, principalmente, nos serviços de urgência e emergência, promovendo desordem na estrutura organizacional e na assistência prestada pela equipe de saúde.
Outrossim, o estudo9, ressalta, essa realidade trazendo alguns questionamentos: se o atendimento a pacientes com COVID-19 requer profissionais qualificados, como exigir de novos trabalhadores competência técnica, se não possuem especialização para exercer o cargo? Se profissionais com mais tempo de formação deparam-se com a morte a todo instante e, muitos ficam com a saúde física e mental comprometida, como esperar de recém-formados esse preparo? Como ampará-los?
4.2 O protagonismo da enfermagem na linha de frente ao combate a COVID-19: o cuidado
Esta categoria, aborda o protagonismo de enfermagem no cuidado aos pacientes com COVID-19 e traz tanto a gestão da unidade, assim como, o cuidado, desde sua forma mais simples até o cuidado mais complexo, como forma de protagonizar sua atuação na pandemia.
Sobre isso, o estudo9 destaca, que 2020, foi considerado o ano da Enfermagem, quando líderes de todo o mundo recomendaram que a profissão se torne central nas políticas de saúde, com estabelecimento de programas para o desenvolvimento de líderes da enfermagem, como a campanha Nursing Now. A enfermagem ganha destaque pelo trabalho e por ser quem está mais próximo do paciente realizando um cuidado assistencial mais prolongado10.
No enfrentamento dessa pandemia, o papel da enfermagem destaca-se na prevenção, controle na transmissão do vírus, ações de vigilância, pesquisas sobre o coronavírus, orientações à população, e pela própria característica da profissão, que envolve o cuidado com o ser humano, ambiente, família e comunidade5.
4.3 A valorização da enfermagem na pandemia e o papel das mídias sociais: Herói ou Escravo?
Esta categoria, destaca o papel das mídias sociais na valorização do protagonismo da enfermagem, mas, ao mesmo tempo, evidencia como os enfermeiros se sentiram em relação a toda essa visibilidade.
No Brasil e no mundo, a equipe de enfermagem faz parte da linha de frente no enfrentamento ao Coronavírus e possui importante função em todos os níveis de atenção, tornando imprescindível sua presença no combate e no cuidado ao paciente com COVID-1911.
Segundo o estudo11,12, a situação desencadeada pelo avanço da COVID-19 no Brasil e no mundo, evidenciou a importância dos profissionais de saúde, em que proporcionou maior visibilidade, principalmente, dos profissionais de enfermagem.
4.4 Desafios dos enfermeiros na linha de frente da pandemia da COVID-19
Esta categoria evidencia os desafios que os enfermeiros enfrentaram e que afetaram sua saúde física e mental, assim como, as estratégias que utilizaram para vencer esses desafios. Sobre isso, destaca-se que, no trabalho dentro de um hospital o profissional de enfermagem é exposto a riscos, nos quais envolvem acidentes e doenças de trabalho, atuando em um ambiente de intenso ritmo de trabalho, simultaneamente, vivenciando situações de sofrimento e morte13.
Somado a isso, o estudo5 ressalta que, a pandemia da COVID-19 provocou intenso dinamismo na atuação dos profissionais de enfermagem na linha de frente e consequentemente, estão diariamente expostos à carga viral, aumentando a sobrecarga de trabalho, afetando os aspectos psicológicos e a qualidade de vida desses profissionais.
Além disso, de acordo com estudo14, a enfermagem por estar na linha de frente do combate ao coronavírus acabou se tornando a comunidade mais atingida pela COVID-19, não apenas na sua forma física por meio da exposição, contaminação e adoecimento, mas, também, na forma psicológica, pois, devido sua elevada taxa de transmissibilidade, esses profissionais se sentem fonte de transmissão para familiares ou pessoas próximas.
Esses profissionais têm maior pressão psicológica na alta complexidade, devido os EPIs serem obrigatórios e poderiam ser tirados pouquíssimas vezes e apenas nos momentos de descanso durante a noite e durante as refeições. Em vista disso, durante a pandemia muitos profissionais tinham que reprimir suas necessidades básicas de eliminação e hidratação, por exemplo, devido ao uso dos EPIs para evitar contaminação do vírus15,16.
Embora que a maioria dos profissionais desenvolvam estratégias para o enfrentamento da situação, quando expostos a situações altamente desafiadoras e traumáticas, acabam manifestando transtornos de ansiedade, depressão, alterações na qualidade do sono, ataques de pânico, síndrome de Burnout, e entre outros problemas17,18,19.
O estudo20, destaca que, até em junho de 2020 mais de 19 mil profissionais de enfermagem foram contaminados devido à falta de condições dignas de trabalho, e escassez dos EPI adequados e mais de 200 profissionais de enfermagem faleceram vítimas da COVID-19.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo, evidenciou o cuidado de enfermagem como a base do protagonismo dos enfermeiros na linha de frente do atendimento ao paciente com COVID-19. Esse cuidado, aconteceu desde a atividades de higiene e conforto; monitorização; sondagem; isolamento; oxigenoterapia; orientação e esclarecimento aos familiares; gestão da unidade, atuando na restruturação física; classificação de risco; fluxo de pacientes entre outros.
Esse protagonismo, foi exaltado pelas mídias sociais, que reconheceu os valiosos e importante trabalho da enfermagem no atendimento aos pacientes acometidos da COVID-19, no entanto, ao mesmo tempo que esses profissionais, reconhecem essa visibilidade, não sentiram reflexo dessa valorização, nas condições e jornadas de trabalho, nem na remuneração mais justa.
Além do que, são inúmeros os desafios que esses profissionais enfrentam no atendimento hospitalar, que se agravaram no período da pandemia, devido ao aumento da demanda de pacientes; a deficiência de estrutura física e de materiais e equipamentos; intensas jornadas de trabalhos, entre outros, resultando em pressão física e psicológica dos enfermeiros.
Portanto, enquanto, ainda se buscava vacinas contra a doença; medicamentos para tratamento; com a população em isolamento social, assombrado por incertezas e medos; a enfermagem se fez presente na prestação dos cuidados, aplicando seus saberes técnicos e científicos, assumindo um papel fundamental na equipe de saúde, mostrando competências e habilidades, desde a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação.
Contudo, é necessário que os profissionais de enfermagem obtenham reconhecimento profissional. Para tal, faz-se necessário, que pesquisas nesse sentido possam dar voz a esses heróis do século XXI.
REFERÊNCIAS
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Submissão: 24-03-2022
Aprovado: 05-08-2022