PENSAMENTO COMPLEXO E FORMA��O EM ENFERMAGEM: POSSIBILIDADES DA EXTENS�O UNIVERSIT�RIA
COMPLEX THINKING AND EDUCATION IN NURSING: POSSIBILITIES OF UNIVERSITY EXTENSION
PENSAMIENTO COMPLEJO Y EDUCACI�N EN ENFERMER�A: POSIBILIDADES DE EXTENSI�N UNIVERSITARIA
1Emanuelly Vieira Pereira
2Samyra Paula Lustoza Xavier
3Ana Virg�nia de Melo Fialho
4Karla Corr�a Lima Miranda
5L�cia de F�tima da Silva
6Maria Vilani Cavalcante Guedes
7Maria C�lia de Freitas
1https://orcid.org/0000-0003-1457-6281
2https://orcid.org/0000-0002-5295-7627
3 https://orcid.org/0000-0002-4471-1758
4 https://orcid.org/0000-0001-6738-473X
5https://orcid.org/0000-0002-3217-3681
6https://orcid.org/0000-0002-6766-4376
7https://orcid.org/0000-0003-4487-1193
RESUMO
Objetivo: Objetivou-se discutir � luz do Pensamento Complexo as possibilidades da extens�o universit�ria na forma��o do Enfermeiro. M�todo: Trata-se de estudo te�rico reflexivo com base referencial do pensamento complexo proposto por Edgar Morin em articula��o com as cinco diretrizes da extens�o universit�ria.� Para articular o conceito proposto pelo autor a tem�tica em estudo, foram realizadas buscas eletr�nicas n�o sistem�tica sobre o tema, realizando-se leitura cr�tica de suas obras e de outros estudiosos. Resultados: As discuss�es utilizaram o referencial do pensamento complexo de Edgar Morin e as cinco diretrizes da extens�o universit�ria: Intera��o Dial�gica; Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade; Indissociabilidade Ensino- Pesquisa- Extens�o; Impactos na Forma��o dos estudantes e Impacto e Transforma��o social, no ensino superior em Enfermagem. Evidenciaram-se contribui��es e possibilidades das pr�ticas extensionistas para a forma��o do enfermeiro direcionadas ao desenvolvimento do pensamento complexo, cr�tico, reflexivo, humano e cidad�o. Considera��es finais: Conclui-se que (re)pensar as pr�ticas pedag�gicas e curriculares da extens�o na forma��o em Enfermagem em articula��o com o pensamento complexo � imprescind�vel para uma pr�xis emancipat�ria e transdisciplinar.
Palavras-chave: Enfermagem; Educa��o em Enfermagem; Rela��es Comunidade-Institui��o; Capacita��o de Recursos Humanos em Sa�de.
ABSTRACT
Objective: The objective was to discuss, in the light of Complex Thinking, the possibilities of university extension in the training of nurses. Method: This is a reflective theoretical study based on the complex thinking proposed by Edgar Morin in conjunction with the five guidelines of university extension. In order to articulate the concept proposed by the author to the subject under study, non-systematic electronic searches were carried out on the subject, carrying out a critical reading of his works and those of other scholars. Results: The discussions used Edgar Morin's complex thinking framework and the five university extension guidelines: Dialogical Interaction; Interdisciplinarity and Interprofessionality; Inseparability Teaching-Research-Extension; Impacts on Student Training and Impact and Social Transformation in Nursing Higher Education. Contributions and possibilities of extension practices were evidenced for the training of nurses aimed at the development of complex, critical, reflective, human and citizen thinking. Final considerations: It is concluded that (re)thinking the pedagogical and curricular practices of extension in Nursing education in conjunction with complex thinking is essential for an emancipatory and transdisciplinary praxis.
Keywords: Nursing; Education, Nursing; Community-Institutional Relations; Health Human Resource Training.
RESUMEN
Objetivo: El objetivo fue discutir, a la luz del Pensamiento Complejo, las posibilidades de la extensi�n universitaria en la formaci�n de enfermeros. M�todo: Se trata de un estudio te�rico reflexivo basado en el pensamiento complejo propuesto por Edgar Morin en conjunto con los cinco lineamientos de la extensi�n universitaria. Para articular el concepto propuesto por el autor al tema en estudio, se realizaron b�squedas electr�nicas no sistem�ticas sobre el tema, efectuando una lectura cr�tica de sus obras y de las de otros estudiosos. Resultados: Las discusiones utilizaron el marco de pensamiento complejo de Edgar Morin y las cinco directrices de la extensi�n universitaria: Interacci�n Dial�gica; Interdisciplinariedad e Interprofesionalidad; Inseparabilidad Docencia-Investigaci�n-Extensi�n; Impactos en la Formaci�n de Estudiantes e Impacto y Transformaci�n Social en la Educaci�n Superior de Enfermer�a. Se evidenciaron aportes y posibilidades de pr�cticas extensionistas para la formaci�n de enfermeros encaminados al desarrollo del pensamiento complejo, cr�tico, reflexivo, humano y ciudadano. Consideraciones finales: Se concluye que (re)pensar las pr�cticas pedag�gicas y curriculares de extensi�n en la formaci�n de Enfermer�a en conjunto con el pensamiento complejo es fundamental para una praxis emancipatoria y transdisciplinar.
Palabras clave: enfermer�a; Educaci�n en Enfermer�a; Community-Institutional Relations; Capacitaci�n de Recursos Humanos en Salud.
INTRODU��O
O pensamento complexo constitui referencial te�rico-filos�fico que contempla a multidimensionalidade do sujeito enquanto ser social, biol�gico, pol�tico, afetivo, mitol�gico e, considerando aspectos que comp�em o cen�rio em que ele est� inserido, reconhece a complexidade como a uni�o entre as partes e o todo1.
Pensar a complexidade � um novo modo de ver, constituir, apreender e contextualizar o real sob a influ�ncia do acaso2.� Na perspectiva educacional, o pensamento complexo deve promover a �intelig�ncia geral�, favorecendo a aptid�o natural da mente humana em resolver problemas, contextualizando os saberes de modo cr�tico, criativo e cont�nuo1.�
A educa��o deve fomentar a compreens�o de que a sociedade est� em constante transforma��o3, reconhecendo a complexidade da vida cotidiana, integrando os diferentes saberes e modos de pensar4.
Embora reconhe�a-se a import�ncia dos pressupostos filos�ficos sinalizados por Edgar Morin1-2 como paradigma (re)orientador dos processos formativos, sabe-se que ainda h� uma cultura educacional enraizada nas pr�ticas tradicionais com supervaloriza��o e superfragmenta��o de conte�dos e disciplinas em compara��o a outros saberes, fortemente assentados nos preceitos do positivismo e do reducionismo4. Isso refor�a a l�gica da segmenta��o do conhecimento e limita a capacidade de compreens�o do todo.
Desde a cria��o do Sistema �nico de Sa�de (SUS) ampliaram-se discuss�es acerca da import�ncia de uma forma��o profissional cr�tico-reflexiva que coadune com as atuais exig�ncias sociais, econ�micas, pol�ticas e de sa�de no cen�rio brasileiro5. Enfatiza-se, assim, o trip� �ensino, pesquisa e extens�o� enquanto componentes curriculares capazes de promover no discente o desenvolvimento de compet�ncias essenciais para atuarem �junto � e para� a comunidade6.
Retomando a l�gica discursiva do pensamento complexo, a extens�o universit�ria se manifesta como um l�cus privilegiado que o cen�rio educacional oferece, capaz de favorecer ao aluno novas possibilidades para conhecer um dado territ�rio e, a partir da integra��o de saberes, experi�ncias e pr�ticas, compreender e modificar a realidade local.
Mediante o exposto, a relev�ncia deste estudo fundamenta-se em suscitar reflex�es que interligam pressupostos te�ricos �s pr�ticas educacionais reais, fornecendo, a partir do arcabou�o filos�fico de Morin2 uma vis�o ampliada acerca das possibilidades da extens�o universit�ria para a forma��o do Enfermeiro � luz da complexidade.�
Ademais, conforme apontado em revis�o de literatura6 evidenciou-se incipientes publica��es direcionadas ao impacto da extens�o universit�ria na forma��o profissional. Nesta senda, objetivou-se discutir � luz do Pensamento Complexo as possibilidades da extens�o universit�ria na forma��o do Enfermeiro.
M�TODOS
Trata-se de estudo te�rico reflexivo desenvolvido no segundo semestre de 2021 durante a disciplina An�lise Cr�tica dos Cuidados Cl�nicos em Enfermagem em Sa�de vinculada ao Programa de P�s-Gradua��o em Cuidados Cl�nicos em Enfermagem e Sa�de (PPCLIS) da Universidade Estadual� (UECE) com base referencial do pensamento complexo proposto por Edgar Morin2 em articula��o com as cinco diretrizes da extens�o universit�ria: Intera��o Dial�gica; Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade; Indissociabilidade Ensino-Pesquisa- Extens�o; Impactos na Forma��o dos estudantes e Impacto e Transforma��o social, no ensino superior em Enfermagem.�
Para articular o conceito proposto pelo autor a tem�tica em estudo, foram realizadas buscas eletr�nicas n�o sistem�tica no m�s de novembro de 2021 acerca de pesquisas que tratassem sobre a tem�tica. Realizou-se leitura cr�tica das obras �Os setes saberes necess�rios � educa��o do futuro�, �Introdu��o ao pensamento complexo� e �A religa��o dos saberes: o desafio do s�culo XXI�, das diretrizes da Extens�o Universit�ria e de pesquisas realizadas relacionadas a forma��o do enfermeiro. �
RESULTADOS E DISCUSS�O
Desde a elabora��o das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) a extens�o universit�ria surgiu como proposta para reorientar a forma��o em Enfermagem, conforme a Resolu��o n� 1.133 do Conselho Nacional de Educa��o (CNE), de 7 de novembro de 2001, em seu artigo 5� par�grafo 3, est� entre as compet�ncias espec�ficas �estabelecer novas rela��es com o contexto social, reconhecendo a estrutura e as formas de organiza��o social, suas transforma��es e express�es�7.
Vislumbra-se que essa compet�ncia apontada como essencial para a forma��o do Enfermeiro, aproxima-se, conceitualmente, da ideia de Morin2 quando estabelece a necessidade de se reconhecer as m�ltiplas quest�es que envolvem a vida cotidiana dos indiv�duos para ent�o modificar a realidade em n�veis cada vez mais profundos e complexos.
O exerc�cio profissional da Enfermagem, enquanto ci�ncia do cuidado, possui o compromisso de oportunizar e protagonizar novas possibilidades de interven��o social, a partir de pr�ticas proativas e comprometidas com as necessidades e demandas locais8. Reconhece-se, assim, esse como campo de saberes e cuidados complexos, multifacetado que requer do profissional um conjunto de compet�ncias para atua��o.
Mediante os desafios enfrentados pelas Institui��es de Ensino Superior (IES), relacionados �s quest�es pol�ticas, econ�micas, de gest�o e pedag�gicas que moldam os processos formativos, tem-se, ainda lacunas quanto ao �saber-fazer-ser� relacionado �s a��es de extens�o e como elas devem ser integradas nos curr�culos.
Com vistas a direcionar as IES no tocante a implementa��o das a��es de extens�o nos curr�culos dos cursos da sa�de, o FORPROEX criou em 2013, as diretrizes para a extens�o universit�ria fundamentadas em: Intera��o Dial�gica; Interdisciplinaridade e Interprofissionalidade; Indissociabilidade Ensino-Pesquisa- Extens�o; Impactos na Forma��o dos estudantes e Impacto e Transforma��o social 9-11.
A tessitura entre as atividades de extens�o e o processo formativo do Enfermeiro perpassam pela compreens�o de que o movimento dial�tico, a historicidade e as media��es subsidiam o envolvimento dos pares, sua concep��o em rela��o � extens�o universit�ria e o processo avaliativo12.
Neste sentido, a realiza��o de pr�ticas extensionistas requer do discente o desenvolvimento da comunica��o �tica, dial�gica e coparticipativa com os usu�rios11-13, reconhecendo a indissociabilidade entre sujeito e objeto (cuidado), articulando teoria e pr�tica a alta complexidade do ser 2.
Entretanto, a literatura11-13 aponta atividades extensionistas ainda restritas a pr�ticas assistenciais com transmiss�o de conhecimentos planejados a partir da percep��o dos discentes, o que n�o necessariamente condiz com a necessidade do p�blico em quest�o.
Tal aspecto aproxima-se da l�gica da educa��o banc�ria � medida que os discentes n�o reconhecem/consideram o protagonismo e autonomia comunit�ria ou apresentam limita��es quanto ao desenvolvimento da comunica��o11-13 e da literacia em sa�de14 como marcas da forte influ�ncia do modelo hegem�nico ainda presente na forma��o t�cnico-cient�fica13.
Pensar a complexidade de Morin2 reitera a premissa de que � preciso integrar saberes, considerar o todo, olhando para as particularidades que o circundam. As a��es assistenciais em sa�de se d�o, inicialmente, a partir de trocas no processo de comunica��o, e esta deve favorecer uma rela��o horizontalizada entre profissional e o usu�rio, o que possibilita o alcance das metas tra�adas para a melhoria da qualidade de vida e sa�de15.
Neste sentido, tem-se um desafio na forma��o que � o de elencar estrat�gias educativas que permitam mediar o desenvolvimento de compet�ncias para a comunica��o em sa�de, de modo a transpor a cientificidade, considerando e integrando os saberes e demandas populares nas a��es extensionistas realizadas por acad�micos de enfermagem, bem como articular saberes disciplinares na elabora��o de cuidados individualizados e/ou coletivos.
����������� A viv�ncia extensionista contribui para ampliar conhecimentos, forma��o t�cnico-cient�fica humanizada e experimenta��o do trabalho interdisciplinar cont�guo ao aprimorar habilidades t�cnicas necess�rias � pr�tica interprofissional e oferta de cuidados que considerem o contexto s�cio-hist�rico-cultural dos usu�rios16. Essas possibilidades corroboram com a ideia do cuidado complexo e distanciam tais pr�ticas da l�gica reducionista e simplificadora do sujeito2-17.
A imers�o comunit�ria ao permitir acesso � complexidade do viver em sociedade contribui para o desenvolvimento cognitivo do acad�mico e ado��o de postura cidad� que contribua para a forma��o humanista, cr�tica e reflexiva13. Assim, a partir da integra��o interprofissional, percebe-se o usu�rio/fam�lia/comunidade sob diferentes pontos de vista, de modo que as ci�ncias possam �juntar-se e desconjuntar-se�17 para constru��o de planos de cuidados colaborativos, articulados e resolutivos18.
A forma��o em Enfermagem est� em processo de reorienta��o e t�m estimulado o desenvolvimento e a ado��o do seu papel profissional enquanto atores e agentes de transforma��o social15.
Entretanto, para al�m das mudan�as pedag�gicas e institucionais, a efetiva��o da inter e transdisciplinaridade no ensino e nas pr�ticas de sa�de requer que o docente possua viv�ncias e experi�ncias acerca da tem�tica, mobilize-se e elenque diferentes estrat�gias de ensino-aprendizagem17. Tal aspecto, constitui desafio emergente para a modifica��o da pr�xis no ensino em sa�de.
Pensar o conceito de sa�de em sua perspectiva macroconceitual abre possibilidade para (re)pensar a forma��o e oportuniza a compreens�o da necessidade de articula��o entre ensino-pesquisa-extens�o6. Tem-se, portanto, a oportunidade de desenvolver compet�ncias para o cuidado pela integra��o de conhecimentos te�rico-pr�ticos no fazer extensionista.
A estrutura curricular quando alinha o perfil do egresso as demandas e realidades locais, d� possibilidade para que a forma��o instigue nos discentes (futuros enfermeiros) a capacidade de reconhecer que a extens�o universit�ria, ao descentralizar as a��es do cen�rio acad�mico, vislumbra outros espa�os e cen�rios para a produ��o e fortalecimento do conhecimento.
O agir da Enfermagem est� constantemente associado a favorecer mudan�as e melhorias nas condi��es de vida e sa�de da popula��o, sendo assim, n�o h� sentido que a produ��o de tal conhecimento aconte�a distante dessa realidade. O saber-fazer-ser do enfermeiro est� intimamente ligado � produ��o do seu pr�prio campo de conhecimentos, o qual �emerge de e se volta para� a promo��o da sa�de e bem-estar dos indiv�duos/fam�lia/comunidade.
O diagn�stico comunit�rio oportunizado pelas reflex�es provenientes das singularidades e complexidades identificadas nas viv�ncias comunit�rias19 permitem ao acad�mico de enfermagem compreender e aplicar o conhecimento ao se defrontar com dilemas quanto �s incertezas, ordem e desordem nos cen�rios de pr�tica de cuidado, (re)analisar suas perspectivas epistemol�gicas frente a hipercomplexidade humana e (re)construir concep��es quanto a ambiguidade e a resolubilidade por meios �nicos e est�ticos evidenciados cientificamente2.
Reconhece-se que a indissociabilidade entre as pr�ticas de ensino-pesquisa-extens�o constituem eixos estruturantes para a forma��o no ensino superior e, nas premissas do pensamento completo reafirmam a necessidade dial�gica ao articular saberes disciplinares, reconhecer as altera��es constantes da realidade e a ininteligibilidade do conhecimento complexo1,2.
Ademais, a observa��o da realidade suscita novos olhares quanto �s problem�ticas reais, permitindo ampliar ou propor novas perspectivas de investiga��o cient�fica de modo a evidenciar a necessidade de (re)pensar pr�ticas, reconhecer a efemeridade da produ��o de conhecimentos e a inesgotabilidade investigativa relacionada � complexidade enquanto fen�meno antropol�gico.
Tem-se, portanto, a extens�o universit�ria como proposi��o que permite ao acad�mico essa aproxima��o e triangula��o �servi�o de sa�de - comunidade - universidade�, ampliando o olhar sobre suas pr�ticas11 e desvelando as rela��es entre os diversos contextos vivenciados no processo sa�de-doen�a, reconhecendo-os em suas particularidades, subjetividades e complexidades, de modo a romper a �cegueira� atrelada a l�gica reducionista e fragmentada de cuidado, para al�m da dimens�o tecnicista 2-17.
No entanto, a operacionaliza��o da curriculariza��o da extens�o tem como entrave a necessidade de reestrutura��o dos projetos Pol�ticos Pedag�gicos dos Cursos e a readequa��o dos componentes te�ricos e/ou pr�ticos contemplados na forma��o em Enfermagem.
Tem-se ainda, a necessidade de maior incentivo pol�tico, econ�mico institucional e governamental, amplia��o de discuss�es no �mbito universit�rio quanto ao desenvolvimento de projetos ancorados nas necessidades comunit�rias, bem como a valoriza��o de docentes6 e discentes envolvidos na pr�xis extensionista.
Ademais, acresce-se a necessidade de investimentos em metodologias educacionais para o aprendizado significativo19 que estimulem o desenvolvimento do pensamento cr�tico-reflexivo na forma��o do enfermeiro18 e sua corresponsabiliza��o na constru��o do pr�prio conhecimento20.
Neste sentido, foram aqui elencados como sugest�es alguns aspectos que podem auxiliar neste processo: Capacita��o docente para reestrutura��o dos processos disciplinares e suas respectivas ementas; Organizar o dimensionamento da carga hor�ria destinada a extens�o semestral ou anualmente, conforme din�mica institucional, integrando-a, especialmente, nas disciplinas que concernem ao cuidado de enfermagem nas diferentes fases do ciclo vital; Repensar as pr�ticas docentes e discentes na articula��o com os componentes te�ricos, pr�ticos e comunit�rios, e viabilizar a articula��o de diferentes cursos/saberes/conte�dos/disciplinas nas a��es comunit�rias.
Apesar dos desafios para a curriculariza��o da extens�o universit�ria, estudos21-22 evidenciaram que sua implementa��o na forma��o em sa�de contribuiu para o desenvolvimento de uma consci�ncia mais humana e cidad�, sendo incentivada como pr�tica �til para que os estudantes desenvolvam plenamente suas capacidades subjetivas em paralelo a forma��o t�cnica ao agregarem conhecimentos para o cuidado em sa�de durante as viv�ncias no territ�rio comunit�rio.
A utiliza��o do pensamento cr�tico e reflexivo durante o processo formativo do enfermeiro permite a tomada de decis�o considerando a influ�ncia das dimens�es pol�tica, �tica, afetiva, corporal, cognitiva, art�stica e cultural nas decis�es e vis�o de mundo, constituindo pr�tica emancipat�ria para docentes, discentes e usu�rios18, uma vez que a transforma��o da realidade operacionaliza-se pela implementa��o de interven��es conscientes e planejadas19 que considerem imprevisibilidades e incertezas que permeiam as rela��es sociais2.
H� na extens�o universit�ria um prop�sito emancipat�rio quando os sujeitos, a partir da �reflex�o na a��o� s�o convidados a construir um conhecimento pr�prio, desafiando as leis de reprodu��o social e transformando o conhecimento te�rico-pr�tico com base no real23. � nesse sentido de (re)constru��o do conhecimento e da transforma��o social que a extens�o universit�ria se potencializa frente ao pensamento complexo.
CONSIDERA��ES FINAIS
A extens�o universit�ria contribui para a forma��o do Enfermeiro � medida em que possibilita o desenvolvimento do pensamento complexo-cr�tico-reflexivo no discente quando da sua aproxima��o com a realidade nos territ�rios de sa�de.
Ademais, reafirma-se que a l�gica conceitual da extens�o universit�ria coaduna com o pensamento complexo de Edgar Morin2 � medida que promove reflex�es e instiga mudan�as nas pr�ticas pedag�gicas e curriculares para o desenvolvimento de compet�ncias para a pr�xis emancipat�ria, human�stica e transdisciplinar.��
Espera-se que as discuss�es possibilitem reconhecer a extens�o universit�ria como estrat�gia/caminho/possibilidade de mudan�as no processo formativo em Enfermagem ao considerar as novas tend�ncias necess�rias para atua��o profissional, em aten��o �s mudan�as sociais e ideol�gicas atuais.
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Submiss�o: 05-07-2022
Aprovado: 19-07-2022