PREVENÇÃO DE LESÕES RELACIONADAS A XEROSE CUTÂNEA EM PESSOAS IDOSAS
PREVENTION OF SKIN XEROSIS-RELATED INJURIES IN ELDERLY PEOPLE
PREVENCIÓN DE LESIONES RELACIONADAS CON LA XEROSIS CUTÁNEA EN PERSONAS MAYORES
1Ronny Anderson de Oliveira Cruz * 2Marta Mirim Lopes Costa
1Enfermeiro pela Universidade Federal da Paraíba, Doutorando em Enfermagem Pelo Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, Docente do Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-6443-7779
2Enfermeira pela Universidade Federal da Paraíba, Doutora em Sociologia Pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba, Docente da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2119-3935
Autor correspondente
Ronny Anderson de Oliveira Cruz
Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências da Saúde - Campus I. Rodovia BR-230, Brisamar - João Pessoa, PB – Brasil CEP: 58033455. E-mail: ronnyufpb@gmail.com
Sabe-se que o Brasil poderá registrar nos próximos anos cerca de 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. A nível mundial, o número global se projeta para o alcance estimado de 1,4 bilhões, em 2030, e 2,1 bilhões em 2050, em que todas as regiões do mundo, exceto a África, terão 1/4 ou mais de sua população com 60 anos de idade ou mais(1).
As alterações inerentes ao processo de envelhecimento contemplam a pele que devido a interações celulares e moleculares corroboram para o declínio progressivo da capacidade proliferativa bem como o tempo de vida celular. Os estudos apontam que mais de 90% das pessoas idosas apresentam algum distúrbio na pele sendo um dos mais comuns a xerose cutânea.
A pele seca ou xerose cutânea apresenta uma alteração significativa do estrato córneo caracterizada por proliferação e diferenciação prejudicada de queratinócitos, produção de sebo, conteúdo lipídico, hidratação e potencial hidrogeniônico (pH). O resultado emerge com a diminuição da hidratação da superfície da pele e do consequente aumento da perda de água transepidérmica.
A pessoa idosa costuma vislumbrar enquanto objeto, uma imagem corporal que se constrói com significados que tendem a ter um desfecho negativo sobre o envelhecimento cutâneo. Destacando-se o enrugamento de pele, o ressecamento, a descamação e prurido como algo difícil. Nesse prisma, podem também desvelar as consequências psicológicas e assim o desejo de ter um corpo físico jovial, aspecto que contribui com o distanciamento do olhar para si como ser em totalidade, como sujeito da percepção diante do mundo(2).
Avaliar, prevenir e tratar das condições inerentes à integridade cutânea são responsabilidades quase que exclusivas da enfermagem, portanto tornam-se imprescindíveis conhecimentos e habilidades para compreensão acerca das peculiaridades de cada etapa da vida. Esse conhecimento direciona para realização de um cuidado individual, integral e ampliado. A prevenção e tratamento de lesões de pele são processos dinâmicos e devem acompanhar as evoluções científica e tecnológica. Os enfermeiros encontram no Processo de Enfermagem (PE) o percurso metodológico que possibilita identificar, acompanhar, compreender, descrever e explicar as necessidades de uma pessoa, pois orienta, direciona e organiza o cuidado profissional(3).
A prevenção e tratamento da xerose se dá por meio da utilização de hidratantes, umectantes, emolientes ou reparadores proteicos, além da utilização de sabonetes adequados e cuidados específicos relacionados a temperatura da água durante o banho(4). É notório o comprometimento dos enfermeiros, sobretudo ao considerar a faixa etária, a avalição diária e sistemática das condições de pele e tratar lesões presentes, no entanto, prevalece uma carência de estudos e da valorização no que concerne ao aspecto preventivo no Brasil.
Nos diversos cenários de assistência a pessoa idosa, os protocolos de prevenção têm demonstrado redução da incidência de agravos relacionados a pele de pessoas idosas e como parte destes, as construções de escalas de avaliação de risco e manuais são frequentemente estudadas, validadas e implementadas.
Durante a inspeção da pele e a identificação da xerose, é possível identificar fatores predisponentes, instituir medidas preventivas e com isso melhorias na qualidade da assistência. Neste sentido, contribui-se com a redução das complicações, dos danos causados pelas lesões de pele, reduz custos, tempo de internação pela valorização do aspecto preventivo, além de subsidiar a produção de protocolos sobre a temática favorecendo a atenção aos pacientes e qualificando o cuidado de enfermagem.
Em 2019 dois estudos multicêntricos analisaram a prevalência da xerose e concluíram que metade dos pacientes hospitalizados foram afetados pela pele seca. Estes resultados apontam que que parece haver uma associação entre a dependência de cuidados de pele e presença de pele seca, pois mesmo na ausência da xerose, cerca de 75 % de todos os residentes dependentes de cuidados com a pele recebiam cuidados de enfermagem e produtos para serem usados nas pernas e nos pés com finalidade preventiva. A condição xerótica da pele na pessoa idosa eleva a vulnerabilidade para o surgimento de lesões, e esta realidade, reitera o papel do enfermeiro enquanto protagonista fundamental para o gerenciamento de cuidados preventivos(5).
Salienta-se que para a realização das intervenções de modo seguro e adequado, à prática assistencial do enfermeiro deve se fundamentar e ser pautada a partir de uma avaliação criteriosa da pele da pessoa idosa, para que possa com eficiência e eficácia, prevenir complicações inerentes à alteração ou perda da integridade cutânea.
REFERÊNCIAS
1. Lopes TF, Fernandes BKC, Nogueira JMN, Freitas MC. Representações sociais da equipe de enfermagem sobre os cuidados durante a higienização do paciente idoso. SANARE. [Internet]. 2020 [acesso em 20 jun 2022]; 19(1):68-75. Disponível em: https://doi.org/10.36925/sanare.v19i1.1367.
2. Almeida L, Bastos PRHO. O desvelar do significado do corpo envelhecido para o idoso: Uma compreensão fenomenológica. Rev Espacios. [Internet]. 2017 [acesso em 06 out 2022]; 38(29):23-31. Disponível em: https://www.revistaespacios.com/a17v38n 29/a17v38n29p23.pdf
3. Cruz RAO, Filgueiras TF, Pereira MA, Oliveira JS, Costa MML. Construction validation of an instrument for nursing care related to cutaneous xerosis. Revista Brasileira de Enfermagem [Internet]. 2020 [acesso em 20 jun 2022]; 73(supl. 3). Disponível em: https://doi.org/10.1590/0034-7167-2019-0777.
4. Ufimtseva M, Sorokina K, Belokonova N, Bochkarev Y, Mylnikova E. Hydrotherapy with using citrate buffer system in treatment of senile xerosis. BIO Web Conf. [Internet]. 2020 [acesso em 06 out 2022], 22. Disponível em: https://doi.org/10.1051/bioconf/20202202018
5. Cruz RAO, Almeida FCA, Costa MML. Condiciones relacionadas con el riesgo de lesiones en personas mayores con xerosis. Rev. cuba. enferm. [Internet]. 2022 [acesso em 06 out 2022]; 38(2):1-19. Disponível em: http://revenfermeria.sld.cu/index.php/enf/article/view/4213