TENTATIVAS DE SUIC�DIO ATENDIDAS PELO SERVI�O DE ATENDIMENTO M�VEL DE URG�NCIA
SUICIDE ATTEMPTS ASSISTED BY THE MOBILE EMERGENCY CARE SERVICE
INTENTOS DE SUICIDIO ASISTIDO POR EL SERVICIO DE ATENCI�N M�VIL DE URGENCIAS
1Maria da Concei��o Lima Paiva
2Sara Cordeiro Eloia
3Carine Meres Albuquerque da Silva
4Alcin� Lima Paiva
5Thatianna Silveira Dourado
6Francisca Geisa Silva Martiniano
7Maria Andr�ia Ximenes Matos
8Edimilson Correia Timb�
1Mestranda Enfermagem pela Universidade Federal do Cear� (UFC), Sobral, CE, Brasil: ORCID: http://orcid.org/0000-0003-1825-6904
2Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal do Cear� (UFC), Sobral, CE, Brasil: ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9292-7281
3Especialista em Sa�de P�blica e sa�de da Fam�lia pelo Centro Universit�rio UNINTA, Sobral, CE, Brasil: ORCID: �http://orcid.org/0000-0003-2394-9705
4Graduanda em Psicologia pelo Centro Universit�rio UNINTA, Sobral, CE, Brasil: ORCID: https://orcid.org/0000-0003-4677-8611
5Mestre em Sa�de da Fam�lia pela Universidade Federal do Cear�, Sobral, CE, Brasil: ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2135-5009
6Mestranda Enfermagem pela Universidade Federal do Cear� (UFC), Sobral, CE, Brasil: ORCID: �https://orcid.org/0000-0001-5176-7939
7Especialista em Gest�o em Sa�de e Auditoria pela Faculdade Padre Dourado, Sobral, CE, Brasil: ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5183-8490
8Especialista em Sa�de da Fam�lia pela Universidade Estadual Vale do Acara�, Sobral, CE, Brasil: ORCID: https://orcid.org/0000-0001-58874032
Autor correspondente
Maria da Concei��o Lima Paiva
Avenida Pimentel Gomes, n� 1305, Bairro: Recanto Novo. Sobral � CE, Brasil. CEP: 62045050. Sobral, CE, Brasil. E-mail: conceicaolima1990@gmail.com
RESUMO
Objetivo: analisar os atendimentos relacionados �s tentativas de suic�dio em um servi�o de atendimento m�vel de urg�ncia e os fatores associados. M�todos: Estudo retrospectivo, realizado com base em dados extra�dos das fichas de notifica��es manuscritas, disponibilizadas em um servi�o m�vel de urg�ncia. Analisaram as seguintes vari�veis: dados sociodemogr�ficos e epidemiol�gicos dos pacientes, dados do tipo de transporte destinado ao atendimento, para o servi�o em que o paciente foi encaminhado, e procedimentos realizados. Resultados: foram analisadas 203 fichas de ocorr�ncias. Houve o predom�nio de atendimentos de pacientes do sexo feminino (55,2%) e faixa et�ria m�dia 29 anos. O m�todo utilizado foi a intoxica��o/envenenamento (68,5%). Dentre os agravos traum�ticos, destacou-se o hematoma (19,7%). O transporte utilizado foi a Unidade de Suporte B�sico I (36,5%). Conclus�o: Torna-se necess�rio o reconhecimento precoce dos casos de tentativa de suic�dio pela equipe de sa�de com o intuito de viabilizar melhores formas de atua��o durante assist�ncia, bem como o desenvolvimento de discuss�es acerca da tem�tica.
Palavras-chave: Tentativa de Suic�dio; Envenenamento; Notifica��o; Servi�os M�dicos de Emerg�ncia; Pol�tica de Sa�de.
ABSTRACT
Objective: to analyze the attendances related to suicide attempts in a mobile emergency care service and the associated factors. Methods: Retrospective study, based on data extracted from handwritten notification forms, available in a mobile emergency service. They analyzed the following variables: sociodemographic and epidemiological data of the patients, data on the type of transport used for care, the service to which the patient was referred, and the procedures performed. Results: 203 occurrence files were analyzed. There was a predominance of female patients (55.2%) with an average age of 29 years. The method used was intoxication/poisoning (68.5%). Among the traumatic injuries, hematoma stood out (19.7%). The transport used was the Basic Support Unit I (36.5%). Conclusion: Early recognition of cases of attempted suicide by the health team is necessary in order to enable better ways of acting during care, as well as the development of discussions on the Subject.
Keywords: Suicide Attempt; Poisoning; Notification; Emergency Medical Services; Health Policy.
RESUMEN
Objetivo: analizar las atenciones relacionadas con intentos de suicidio en un servicio de atenci�n m�vil de emergencia y los factores asociados. M�todos: Estudio retrospectivo, basado en datos extra�dos de hojas de notificaci�n manuscritas, disponibles en un servicio m�vil de urgencias. Analizaron las siguientes variables: datos sociodemogr�ficos y epidemiol�gicos de los pacientes, datos sobre el tipo de transporte utilizado para la atenci�n, el servicio al que fue derivado el paciente y los procedimientos realizados. Resultados: Se analizaron 203 expedientes de ocurrencia. Hubo predominio de pacientes del sexo femenino (55,2%) con una edad promedio de 29 a�os. El m�todo utilizado fue intoxicaci�n/envenenamiento (68,5%). Entre las lesiones traum�ticas se destac� el hematoma (19,7%). El transporte utilizado fue la Unidad B�sica de Apoyo I (36,5%). Conclusi�n: El reconocimiento precoz de los casos de tentativa de suicidio por parte del equipo de salud es necesario para posibilitar mejores formas de actuaci�n durante la atenci�n, as� como el desarrollo de discusiones sobre el tema.
Palabras clave: Intento de Suicidio; Envenenamiento; Notificaci�n; Servicios M�dicos de Emergencia; Pol�tica de Salud.
Submiss�o: 10-01-2023
Aprovado: 23-01-2023
INTRODU��O
As tentativas de suic�dio s�o eventos que consistem em comportamentos autolesivos n�o conclusivos e n�o fatais, nas quais explicitam o desejo ou a inten��o de morrer(1). Geralmente essas v�timas reproduzem um pedido de socorro. Portanto, � necess�rio que as pessoas que est�o no conv�vio com estas v�timas estejam sens�veis para reconhecer que a vontade de morrer pode estar presente e proporcionar um espa�o para o di�logo, permitindo que a pessoa expresse os seus sentimentos(2).
Nessa perspectiva, os fatores sociais: fam�lia, renda, educa��o, amigos e o corpo social influenciam diretamente em um epis�dio suicida tanto na ocorr�ncia do fen�meno como tamb�m para evit�-lo. H� evidencias que a estreita conviv�ncia entre religi�o, fam�lia e sociedade configura-se como uma das principais formas de prote��o contra o suic�dio(3).
Estima-se que para cada evento de suic�dio existam pelo menos dez tentativas de gravidade suficiente para requerer cuidados m�dicos, e que as tentativas de suic�dio sejam at� quarenta vezes mais frequentes do que os suic�dios consumados (6). Para cada tentativa documentada existem outras quatro que n�o s�o apontadas(7).
Nesse contexto, os casos de tentativas de suic�dios s�o de notifica��o compuls�ria imediata devido � necessidade de tomada r�pida de decis�o(8). O encaminhamento e a vincula��o do paciente aos servi�os de aten��o psicossocial, de modo a prevenir que o caso se concretize, devem ser executados por profissionais da sa�de ou respons�vel pelo servi�o assistencial que prestam o primeiro atendimento ao paciente, em at� 24 horas ap�s assist�ncia executada(7,9).
Pelo exposto, considerando a import�ncia do conhecimento relacionado �s tentativas de suic�dio atendidas pelo Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncias (SAMU), como estrat�gia para discuss�o e reflex�o cr�tica dos principais problemas de sa�de p�blica, realizou-se esse estudo cujo objetivo foi caracterizar os atendimentos por tentativa de suic�dio pelo Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncias e os fatores associados.
M�TODOS
Trata-se de uma pesquisa documental, de car�ter retrospectivo e abordagem quantitativa, realizada no SAMU da cidade de Sobral, Cear�. A coleta de dados ocorreu por meio das fichas de ocorr�ncia por tentativa de suic�dio preenchidas pelos profissionais do servi�o e armazenadas no Servi�o de Atendimento M�dico Especializado dessa institui��o.
O servi�o de atendimento m�vel de urg�ncias no munic�pio de Sobral foi inaugurado em 2005 a partir da observ�ncia do aumento dos acidentes de tr�nsito e causas cl�nicas que poderiam ter uma sobrevida se houvesse um atendimento r�pido e eficaz. Atualmente, � composto por uma unidade de suporte avan�ado de vida, duas de suporte b�sico de vida e uma Motol�ncia. No que concerne aos recursos humanos, atuam 56 colaboradores: 11 m�dicos, oito enfermeiros, 11 t�cnicos de enfermagem, 13 condutores/socorristas, 13 t�cnicos de regula��o m�dica, uma secret�ria, quatro vigilantes, um coordenador m�dico e um coordenador de enfermagem(3).
As vari�veis exploradas no estudo foram: dados sociodemogr�ficos e epidemiol�gicos dos pacientes, dados do tipo de transporte destinado ao atendimento, o servi�o de refer�ncia no qual o paciente foi encaminhado, e dados referentes aos procedimentos realizados durante o atendimento m�vel.
A coleta de dados aconteceu no per�odo de janeiro a fevereiro de 2021.� As fichas de ocorr�ncias no per�odo de 2018 a 2019 que estavam devidamente preenchidas foram inclu�das. Foram exclu�das cinco fichas de ocorr�ncias cujos pacientes foram removidos por terceiros. Portanto, compuseram a amostra 203 fichas de atendimentos.
Os dados coletados foram organizados por meio do software Excel 2013, e em seguida, processados com a utiliza��o do programa estat�stico software R, vers�o 3.4.1. A an�lise descritiva incluiu o c�lculo de frequ�ncias absolutas e relativas. Para as propor��es de vari�veis categ�ricas foram calculados os intervalos de confian�a de 95%.
Este estudo foi aprovado pelo Comit� de �tica em Pesquisa com parecer n� 4.378.974/2020. Ressalta-se que foram res�peitados todos os aspectos �ticos e legais, conforme preconizado pelas Resolu��es 466/12 do Conselho Nacional de Sa�de.
RESULTADOS
No per�odo estudado, foram analisadas 203 fichas de ocorr�ncias por tentativas de suic�dio atendidas pelo SAMU. Destas, 105 foram referentes ao ano de 2018 e 98 ao ano de 2019.
Apresentam-se, na tabela 1, os resultados relativos �s caracter�sticas sociodemogr�ficas dos participantes, os m�todos utilizados, bem como os agravos traum�ticos.
Tabela 1 � Caracter�sticas dos atendimentos relacionados � tentativa suic�dio atendidas pelo Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncias. Sobral, CE, Brasil, 2021. n=203
Vari�veis |
n (%) |
���������������� IC-95%* |
Sexo |
|
|
Feminino |
112 (55,2) |
48,05-62,09 |
Masculino |
91 (44,8) |
37,90-51,94 |
Bairro |
|
|
Perif�rico |
151 (74,4) |
67,70-80,12 |
�Central |
52 (25,6) |
19,87-32,29 |
��Local |
|
|
Resid�ncia |
191 (94,1) |
89,65-96,76 |
Via p�blica |
8 (3,9) |
1,84-7,89 |
Outros |
4 (2,0) |
0,63-5,29 |
M�todos utilizados** |
|
|
Intoxica��o/envenenamento |
139 (68,5) |
61,53-74,69 |
Enforcamento |
42 (20,7) |
15,46-27,04 |
Outras causas |
25 (12,3) |
8,27-17,82 |
Arma branca��������� |
3 (1,5) |
0,38-4,60 |
Agravos Traum�ticos** |
|
|
Hematoma |
40 (19,7) |
14,60-25,98 |
Edema |
32 (15,8) |
11,18-21,67 |
Abras�o |
9 (4,4) |
2,17-8,52 |
Ferimento corto contuso |
6 (2,9) |
1,20-6,62 |
Lacera��o |
6 (2,9) |
1,20-6,62 |
Contus�o |
4 (2,0) |
0,63-5,29 |
Escoria��o |
3 (1,5) |
0,38-4,60 |
Queimadura |
2 (1,0) |
0,17-3,89 |
Deformidades |
1 (0,5) |
0,02-3,13 |
Fratura aberta |
1 (0,5) |
0,02-3,13 |
|
�*** �������������������������������� � |
�� ������������������� ������|| ���������������������������� |
Idade |
29,0������������ 27,0 |
���� 11,53�������� �����15,0 |
*IC- Intervalo de Confian�a **Vari�vel com m�ltiplas respostas; ***M�dia; �Mediana; � Desvio Padr�o; || Intervalo Interquartil
Fonte: Santa Casa de Miseric�rdia de Sobral (2018).
Na Tabela 2, ao analisar o tipo de transporte utilizado para prestar atendimentos �s v�timas, notou-se o deslocamento da Unidade de Suporte B�sico I em 74 (36,5%) dos casos. O tempo transcorrido entre o chamado e a chegada da ambul�ncia no atendimento ocorreu em m�dia de 8,0 minutos. Destes atendimentos, 178 (87,7%) pacientes foram removidos para unidades hospitalares. Quanto � assist�ncia prestada, notou-se que as interven��es mais executadas pelas equipes estiveram relacionadas � oximetria de pulso (202/ 99,5%), seguido de sinais vitais (201/ 99,0%).
Tabela 2 � Caracteriza��o do tipo de transporte utilizado e procedimentos realizados pelo Servi�o de Atendimento M�vel de Urg�ncias. Sobral, CE, Brasil, 2021. n=203�������� ��������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������������
Vari�veis |
������������ n (%) |
�������������� IC-95%* |
Tipo de transporte |
|
|
USB I |
74 (36,5) |
29,90-43,51 |
USB II |
64 (31,5) |
25,30-38,46 |
USA |
60 (29,5) |
23,47-36,42 |
Motol�ncia |
5 (2,5) |
0,91-5,96 |
Procedimento realizado** |
|
|
Oximetria de pulso |
202 (99,5) |
96,86-99,97 |
Sinais Vitais |
201 (99,0) |
96,10-99,82 |
ECG |
158 (78,0) |
71,36-83,21 |
Glicemia capilar |
80 (39,4) |
32,70-46,51 |
Medica��o |
37 (18,2) |
13,30-24,37 |
Pun��o venosa |
35 (17,2) |
12,45-23,30 |
Monitoriza��o card�aca |
22 (11,0) |
7,06-16,14 |
Aerosolterapia/ oxigenoterapia |
8 (3,9) |
1,84-7,89 |
Curativo simples |
7 (3,4) |
1,51-7,26 |
Cateterismo nasog�strico |
7 (3,4) |
1,51-7,26 |
Reanima��o cardiorrespirat�ria |
5 (2,5) |
0,91-5,96 |
Ventila��o bolsa v�lvula m�scara |
5 (2,5) |
0,91-5,96 |
Intuba��o orotraqueal |
4 (2,0) |
0,63-5,29 |
Aspira��o das Vias a�reas |
3 (1,5) |
0,38-4,60 |
Curativo acolchoado |
3 (1,5) |
0,38-4,60 |
Desfibrila��o |
1 (0,5) |
0,02-3,13 |
Destino Final |
|
|
Hospital���� ������ |
178 (87,7) |
82,17-91,72 |
Recusa |
18 (8,9) |
5,48-13,86 |
Outros |
7 (3,4) |
1,51-7,26 |
|
�������� �����***������ ����������� |
������������ � �����������������||�������������� |
Tempo de atendimento (minuto) |
8,0�������������� 7,0 |
3,62����������� 4,0 |
* IC- Intervalo de Confian�a **Vari�vel com m�ltiplas respostas; ***M�dia; �Mediana; � Desvio Padr�o; || Intervalo Interquartil Fonte: Santa Casa de Miseric�rdia de Sobral (2018).
DISCUSS�O
� Corroborando aos dados encontrados, em estudos realizados numa emerg�ncia de um hospital de grande porte da mesorregi�o noroeste do estado do Cear� sobre as tentativas de suic�dio atendidas em uma unidade de emerg�ncia, bem como dados de um estudo epidemiol�gico sobre �bitos por les�es autoprovocadas nos anos de 2004 a� 2014� extra�das� do Sistema de Informa��o sobre Mortalidade (SIM), �foi observado que o n�mero de ocorr�ncias de tentativas de suic�dio foi maior entre as mulheres, que compreendiam uma faixa et�ria de 15 a 30 anos de idade, sendo comum em estudantes e donas de casa(3,10-11).
Enquanto o m�todo de escolha utilizado pelas v�timas, os estudos referenciam a intoxica��o ex�gena (ingesta de comprimidos) e a resid�ncia como local de exposi��o preferencial por estar relacionado � facilidade de acesso aos meios que facilitam esta pr�tica e por estarem sozinhos durante o evento(12-13-14).
As principais causas atreladas �s elevadas taxas de intoxica��es ex�genas/envenenamento est�o relacionadas com a vasta disponibilidade e acessibilidade dos medicamentos e produtos t�xicos, a prescri��o indiscriminada de medicamentos e a facilidade para aquisi��o de drogas licitas e il�citas(6,15).
Desse modo, os medicamentos e outras subst�ncias devem ser armazenados em locais seguros, com o intuito de reduzir os riscos das tentativas de suic�dios e �bitos, pois esses cuidados dificulta o acesso dos indiv�duos vulner�veis a meios potencialmente fatais(16). Ressalta-se, tamb�m, a import�ncia dos profissionais de sa�de na preven��o das tentativas de suic�dio, restringindo a quantidade de medica��o dispensada, informando aos pacientes sobre os riscos do tratamento com certos medicamentos, enfatizando a import�ncia de aderir �s dosagens prescritas e descartar o excesso de medica��o n�o utilizada.
Os achados dialogam com outra pesquisa, na qual se observou que 70,7% das notifica��es em pessoas adultos, que residiam em bairros perif�ricos, donas de casa, desempregados, com baixo n�vel de escolaridade e baixa renda(1). Tais fatores s�o associados ao aumento das taxas de tentativas de suic�dio e, consequentemente, ao suic�dio consumado no Brasil e no mundo, pois a popula��o de baixa renda tende a se beneficiar menos dos bens econ�micos, assim como do acesso aos servi�os de sa�de e educa��o(10).
Em rela��o ao tipo de ambul�ncia utilizada no atendimento foi compat�vel com outro dados(17). Cabe destacar que esse resultado representa uma tend�ncia j� esperada, uma vez que essas ambul�ncias s�o as primeiras op��es frente aos casos e situa��es de menor gravidade e, consequentemente, est�o implantadas em maior n�mero no servi�o.
O tempo de atendimento, intervalo entre o momento em que � feito o pedido de socorro e a chegada da equipe ao evento, � o ideal, pois deve ser em torno de oito a dez minutos(18). Um estudo epidemiol�gico transversal com bombeiros militares do estado de Alagoas, com dados coletados de registros de ocorr�ncias de atendimento pr�-hospitalar entre janeiro de 2000 a 31 de dezembro de 2017, mostrou que o tempo de resposta � um indicador usado para avaliar a qualidade do servi�o com o objetivo de melhorar os resultados do atendimento, aumentando as chances de vida das v�timas e minimizando danos e sequelas(13).
�Em se tratando dessa tem�tica, os dados refletem a necessidade de dissemina��o da Pol�tica Nacional de Preven��o da Automutila��o e do Suic�dio, que tem como um de seus objetivos garantir o atendimento de pessoas em est�gios agudos e cr�nicos de transtornos psicol�gicos e com hist�rico de tentativas de suic�dio(19).�
Para enfrentar essa realidade, � preciso investir em melhores pr�ticas de gest�o e avalia��o para diminuir o �ndice epidemiol�gico deste agravo. Tal realidade exigem dos �rg�os p�blicos a��es mais eficazes que proporcionem planejamento com estrat�gias eficazes para a preven��o da tentativa de suic�dio com a��es intersetoriais que garantam uma assist�ncia integral aos grupos mais vulner�veis, minimizando os fatores de risco(20).
Nesse contexto, entende-se que a avalia��o dos fatores sociodemogr�ficos e epidemiol�gicos contribui para que os pro�fissionais de sa�de tenham maior embasamento na formula��o de estrat�gias de interven��o que vise � redu��o desse evento nas popula��es(21).
As evid�ncias apresentadas contribuem para a elabora��o de estrat�gias de preven��o de tentativa de suic�dio nos indiv�duos potencialmente vulner�veis, tais como: a cria��o de um sistema de coleta de dados integrados, que sirva para identificar grupos, indiv�duos e as situa��es de risco; ado��o de protocolos apropriados para a informa��o p�blica de eventos suicidas,� como tamb�m na capacita��o dos profissio�nais de sa�de para lidar com os problemas no cotidiano de suas pr�ticas assistenciais e na elabora��o e revis�o de pol�ticas p�blicas de sa�de mental(22).
Os profissionais de sa�de devem fazer uma escuta qualificada, na qual n�o pode estar imersa em um discurso preconceituoso e repleto de julgamentos. Deve-se levar em considera��o que nem sempre as v�timas est�o dispostas a expressar ou exteriorizar os seus sentimentos, surgindo assim um novo desafio para os profissionais, que se constitui na observa��o atenta da realidade de quem � atendida e na escuta do sil�ncio, quando a pessoa n�o est� disposta a falar(23).
Cabe mencionar, ainda, que a tentativa de suic�dio deve ser encarada sob a perspectiva da promo��o da sa�de e preven��o de doen�as, sendo necess�rio o reconhecimento dos fatores determinantes ou de risco que contribui para a eleva��o dos �ndices de morbimortalidade para este agravo(24).
CONCLUS�O
O presente estudo evidenciou uma preval�ncia nas tentativas de suic�dio em mulheres adultas que tentaram o suic�dio por intoxica��o/envenenamento. A partir desse resultado, sugere-se uma aten��o quanto � pr�tica de polifarm�cia, estoque domiciliar de rem�dios e facilidade de acesso a esses agentes t�xicos.
Foi observado que o maior n�mero de atendimentos foi realizado pelas unidades suporte b�sicos demostrando que as v�timas apresentavam sinais e sintomas sem risco iminente de morte. Nesse vi�s, tais informa��es podem auxiliar os profissionais de sa�de no que se refere � pr�tica preventiva e manejo adequado das tentativas de suic�dio.
�Torna-se necess�rio o reconhecimento precoce dos casos de tentativa de suic�dio pela equipe de sa�de com o intuito de viabilizar melhores formas de atua��o durante assist�ncia, bem como o desenvolvimento de discuss�es sobre a tem�tica.
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Fomento: n�o h� institui��o de fomento
Editor Cient�fico: Francisco Mayron Morais Soares. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7316-2519