ARTIGO DE REFLEXÃO
AÇÕES DE ENFERMEIROS NO ENFRENTAMENTO À COVID-19: REFLEXÃO À LUZ DA TEORIA DE CALLISTA ROY
NURSES' ACTIONS IN COPING WITH COVID-19: REFLECTION IN THE LIGHT OF CALLISTA ROY'S THEORY
ACCIONES DE LOS ENFERMEROS EN EL ENFRENTAMIENTO A LA COVID-19: REFLEXIÓN A LA LUZ DE LA TEORÍA DE CALLISTA ROY
1Eva Jordana de Oliveira Dutra
2Camila Priscila Abdias do Nascimento
3Sandy Yasmine Bezerra e Silva
4Nilba Lima de Souza
5Érika Simone Galvão Pinto
1Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0631-7370
2Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0245-2663
3Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7336-3847
4Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3748-370X
5Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal/RN, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0205-6633
Autor correspondente
Eva Jordana de Oliveira Dutra
Campus Universitário - Lagoa Nova, Natal -RN, Brasil. CEP: 59078- 970. Telefone: +55 (84) 999155933. E-mail: evajordana_oliveira@hotmail.com Fomento e Agradecimento: Sem fomento e agradecimento
Submissão: 09-03-2023
Aprovado: 27-03-2023
RESUMO
Objetivo: Refletir sobre as ações dos profissionais
enfermeiros da Atenção Primária à Saúde no enfrentamento da COVID-19 à luz da
Teoria de Adaptação de Callista Roy. Método: Estudo teórico reflexivo a
respeito da pandemia da COVID-19, sob a luz da teoria de adaptação de Callista
Roy. Foram utilizados documentos das bases de dados Literatura
Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Medline e Banco de Dados em
Enfermagem, bem como as obras de referência da autora Callista Roy e sua teoria,
buscados entre os meses de janeiro e fevereiro de 2023. Resultados:
observa-se que a aplicação dos fundamentos teóricos propostos na teoria de
adaptação subsidia e contribui com as práticas de enfermeiros no combate à
pandemia da COVID-19. Considerações finais: Os estudos e reflexões com
base na teoria de adaptação nos possibilitou vislumbrar claramente que sua
associação com a prática pode fornecer um olhar integral às necessidades do
indivíduo envolvendo a pessoa, ambiente, saúde e a enfermagem como forma de
alcance as medidas de enfrentamento. Ademais, é notório que a compreensão desta
conjuntura pelo enfermeiro e a articulação com a equipe multiprofissional, pode
promover a redução dos agravos emergentes, assim como estimular melhoria nos
fatores biopsicossociais da saúde da população.
Palavras
chaves: COVID-19; Teoria de Enfermagem;
Enfermagem; Atenção Primária à Saúde.
ABSTRACT
Objective:
to reflect on the actions of nurses in Primary Health Care in coping with
COVID-19 in the light of Callista Roy's Theory of Adaptation. Method:
reflective theoretical study about the COVID-19 pandemic, in the light of
Callista Roy's Adaptation theory. Documents from the Latin American and
Caribbean Literature in Health Sciences, Medline and Database in Nursing
databases were used, as well as reference works by the author Callista Roy and
her theory, searched between January and February 2023. Results: it is observed
that the application of the theoretical foundations proposed in the adaptation
theory subsidizes and contributes to the practices of nurses in the fight
against the COVID-19 pandemic. Final considerations: studies and reflections
based on the adaptation theory enabled us to clearly envision that its
association with practice can provide a comprehensive look at the individual's
needs involving the person, environment, health and nursing as a way of
achieving coping measures. Moreover, it is clear that the understanding of this
situation by the nurse and the articulation with the multidisciplinary team can
promote the reduction of emerging diseases, as well as stimulate improvement in
the biopsychosocial factors of the population's health.
Keywords: COVID-19; Nursing Theory; Nursing; Primary Health Care.
RESUMEN
Objetivo: reflexionar sobre las acciones de los enfermeros en la Atención
Primaria de Salud en el enfrentamiento a la COVID-19 a la luz de la Teoría de
la Adaptación de Callista Roy. Método: estudio teórico reflexivo sobre
la pandemia de COVID-19, a la luz de la teoría de la Adaptación de Callista
Roy. Se utilizaron documentos de
las bases de datos Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences,
Medline y Database in Nursing, así como obras de referencia de la autora
Callista Roy y su teoría, buscadas entre enero y febrero de 2023. Resultados: se observa que la
aplicación de los fundamentos teóricos propuestos en la teoría de la adaptación
subsidia y contribuye a las prácticas de los enfermeros en el combate a la
pandemia de la COVID-19. Consideraciones finales: los estudios y
reflexiones basados en la teoría de la adaptación permitieron vislumbrar
claramente que su asociación con la práctica puede proporcionar una mirada
integral de las necesidades del individuo que involucra a la persona, el medio
ambiente, la salud y la enfermería como una forma de lograr medidas de
enfrentamiento . Además, es claro que la comprensión de esa situación por parte
del enfermero y la articulación con el equipo multidisciplinario pueden
promover la reducción de enfermedades emergentes, así como estimular la mejoría
en los factores biopsicosociales de la salud de la población.
Palabras clave: COVID-19; Teoría de Enfermería;
Enfermería; Atención Primaria de Salud.
INTRODUÇÃO
O novo coronavírus, cepa viral da família Coronaviridae (SARS-CoV-2), é um vírus causador de infecções respiratórias. Hoje sabe-se do seu alto poder de transmissibilidade, difícil contenção dada ao surgimento de novas variantes, além de potencial causador de rápido agravamento da condição clínica do paciente, fato esse estabilizado pela aplicação de imunizantes disponíveis em todo mundo (1).
Porém, países que foram fortemente afetados pela COVID-19 tecem relatos que o grande número de pacientes infectados que evoluíram com necessidade de cuidados intensivos ou que precisam ser internados em um hospital levou o sistema de saúde ao colapso. A sobrecarga da média e alta complexidade na pandemia corrobora a fadiga precoce do sistema, com o uso inadequado de recursos de alta complexidade e com casos que poderiam ter sido resolvidos na Atenção Primária à Saúde (APS)(1).
Os planos de enfrentamento (PE) à COVID-19 no Brasil no âmbito da APS emergiram, em um período ainda sem vacinas, como ponte importante no controle da doença, uma vez que é a APS a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), configurando-se como o nível de atenção de maior alcance pela capilaridade que as equipes de Estratégia Saúde da Família (ESF) apresentam, sendo uma vantagem do Brasil no enfrentamento à Covid-19, podendo evitar consequentemente altos gastos em um maior nível de complexidade, mais caro e apenas curativo.
A atuação da APS no enfrentamento à COVID-19 envolve diversos eixos, dentre os quais se pode citar a vigilância em saúde nos territórios, atenção aos usuários com a COVID-19, o suporte social a grupos vulneráveis e a garantia da continuidade das ações próprias da APS(2).
Mesmo com o avanço tecnológico e científico vivenciado, situações graves continuam a surpreender gestores, profissionais de saúde e população. Estudos trazem que mesmo o mundo já tendo vivenciado pandemias anteriores, a comunidade científica e as autoridades não foram capazes de articular ações executáveis para evitar a disseminação e minimizar a dimensão desta pandemia. Neste cenário, tem-se como desafio a readaptação constante, em meio a ondas de novos surtos de reincidência da circulação do vírus, do viver em sociedade, individual e coletivamente(3).
Essa conjuntura da APS nos leva a reflexão que se precisa muito mais do que a organização e reestruturação dos espaços físicos e equipamentos adequados para a prevenção, combate e controle no cuidado à pessoa com a COVID-19; são necessários recursos humanos treinados, que apresentem habilidades proativas, técnicas e científicas no cuidado que propõem.
A enfermagem emerge com relevante reconhecimento no cuidado prestado durante a pandemia o que nos instiga a buscar conhecimento que embasem o cotidiano e as práticas da enfermagem para que estes profissionais possam desenvolver suas ações respaldadas cientificamente a fim de que se promovam meios de enfrentamento efetivos e eficazes no combate à pandemia da covid-19 através da aplicação de suas próprias teorias. Sendo assim, esta deve possuir seu método de trabalho amparado no favorecimento da organização e da padronização do cuidado, o que pode ser alcançado pela uniformização do seu vocabulário com terminologia específica ao passo que incrementa a prática em evidências científicas (4,5).
Ao pensar em uma reflexão com foco nas ações dos enfermeiros e caracterização do cuidado de enfermagem frente a uma pandemia, relacionei-a teoricamente ao modelo de adaptação de Callista Roy, que considera a pessoa como um ser adaptativo e holístico, receptor do cuidado prestado(6), uma vez que é imperativo a necessidade de fortalecer a vigilância, melhorar a preparação e resposta frente a emergências de saúde pública nos países, bem como ações que gerem respostas positivas no reestabelecimento de saúde em seus mais variados vértices(3).
Desse modo, com esse estudo reflexivo em questão, objetiva-se refletir sobre as ações de enfrentamento à COVID-19 dos enfermeiros que atuam na APS, à luz da teoria de adaptação de Callista Roy, contribuindo assim na potencialização e direcionamento de suas atribuições para se obter resultados mais efetivos e eficazes na assistência ao paciente em meio a pandemia, além de favorecer o desenvolvimento de novas estratégias em saúde no contexto individual e coletivo.
MÉTODO
Trata-se de um ensaio teórico de cunho reflexivo, a luz da Teoria de adaptação de Callista Roy a respeito da pandemia da COVID19 e as ações desenvolvidas pelos enfermeiros da APS nesse contexto. As reflexões propostas neste estudo foram embasadas sob influência da literatura internacional e nacional pertinentes ao tema, além da própria experiência dos autores na pesquisa quanto ao enfrentamento à COVID-19 e sobre teorias de enfermagem no contexto pandêmico como forma de subsidiar os cuidados prestados pelos profissionais envolvidos.
Como subsidio, realizou-se uma busca em Janeiro e Fevereiro de 2023, nas bases de dados: Banco de Dados em Enfermagem (BDENF), MEDLINE e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), utilizando os seguintes descritores: COVID-19; Teoria de enfermagem; Enfermagem; Atenção primária a saúde, com o uso do operador boleano “AND”.
A apresentação das reflexões tecidas se deu em forma de eixos condutores sobre o tema, advindos de interpretações da literatura e também impressões reflexivas dos autores. Estas interpretações foram dirigidas pela compreensão de que as pessoas que vivem em um contexto pandêmico sofrem estímulos multifatoriais, como o medo oriundo da incerteza da recuperação, risco de vida pela alta taxa de mortalidade, distúrbio psicológico por isolamento, falta de contato com outras pessoas e privação de lazer, acometimento da condição clínica com surgimento de sintomas gripais, problemas financeiros, etc, estímulos estes que necessitam de estratégias direcionadas para que o processo de enfrentamento à COVID-19 e à outras pandemias seja efetivo.
Emerge então, a teoria de adaptação de Callista Roy que considera a pessoa como um ser adaptativo e holístico, receptor do cuidado prestado e passível de adaptação ao meio como forma de superar e reestabelecer a saúde e o bem-estar, ancorando assim nossas reflexões.
DESENVOLVIMENTO
Permeando a premissa de que se vivenciam, em decorrência da pandemia, tempos de adaptação da forma de vida da população em geral, do trabalho e do cuidado prestado, adotar teorias de enfermagem como base científica no desenvolvimento do trabalho da enfermagem frente à pandemia torna-se determinante para alcançar melhores resultados.
O uso da teoria de adaptação apoia os enfermeiros na definição de seus papéis, no conhecimento da realidade e na consequente adequação do desempenho profissional, proporcionando aos clientes submeter-se a cuidados com menos danos possíveis, desafiando as práticas existentes, criando novas abordagens e remodelando a estrutura de normas e princípios vigentes(7).
A teoria de adaptação de Callista Roy
A teorista Callista Roy entende a Enfermagem como uma profissão dos cuidados de saúde que se centra nos processos de vida dos humanos, enfatizando a promoção da saúde aos indivíduos, grupos e sociedade como um todo (6). A pessoa – indivíduo, família, organizações, comunidades ou sociedade – como um todo, se encontra exposta a uma série de circunstâncias, condições ou influências que rodeiam e afetam o seu desenvolvimento (considerado como o ambiente), sendo que o ambiente em mudança estimula as pessoas a dar respostas de adaptação. A pessoa saudável não está livre de situações inevitáveis como a morte, a doença, a infelicidade ou o estresse, mas a capacidade de lidar com estas situações que deve ser a mais competente possível(6,8).
Assim, o recipiente do cuidado em enfermagem é a pessoa, como um indivíduo, grupos ou sociedade, que é um sistema holístico adaptativo em interação com o meio ambiente, interno e externo, do qual recebe estímulos, aos quais reage por meio de mecanismos que visam promover a sua adaptação ao mundo. Os estímulos advêm do meio ambiente em constante mudança e são classificados em três classes: Focal, Contextual e residual(9).
Os Estímulos Focais referem-se às mudanças imediatas que a pessoa enfrenta e que chamam a sua atenção, mobilizam a sua energia e requerem dela uma resposta. Os Estímulos Contextuais são estímulos também presentes nas situações e que contribuem para o efeito do focal, mas não são o centro da atenção e da energia da pessoa envolvida. São mais facilmente referidos e mensuráveis e são aqueles que advêm do meio interno ou externo à pessoa, com influência positiva ou negativa sobre a situação. Estímulos Residuais são as características relevantes do indivíduo para a situação, mas difíceis de serem referidos ou conhecidos por eles e de ser avaliados ou medidos objetivamente, sendo considerados como possibilidades de influir na situação(9).
Ações da equipe de enfermagem no enfrentamento à COVID-19 à luz da teoria de adaptação de Callista Roy
A combinação dos estímulos que advém do meio externo e que estão em constante mudança, compõem o nível de adaptação necessário da pessoa, ou seja, diz respeito a sua capacidade de enfrentar e reagir às mudanças no ambiente. Isto implica dizer que a pessoa/usuário, principalmente em meio a pandemia instaurada é receptora dos cuidados de enfermagem, e como tal, é compreendida como um ser holístico e passível de adaptação, que possui a capacidade de se ajustar ao meio e fazer mudanças neste. Estas mudanças podem ser tanto interiores quanto exteriores, e as reações podem ser positivas ou negativas(10).
Callista Roy, no seu Modelo de Adaptação, considera o objetivo da enfermagem a promoção da adaptação dos indivíduos e grupos em quatro modos de adaptação - físico-fisiológico, identidade de autoconceito, interdependência e desempenho de papel- contribuindo assim para a saúde, a qualidade de vida e a morte com dignidade(8,6).
O modo de adaptação físico-fisiológico está associado à forma como a pessoa responde como ser físico aos estímulos do ambiente. Nesse contexto, a pessoa com COVID-19, pode apresentar dificuldades no desempenho dessa resposta física, em decorrência das complicações da doença que podem emergir. As cinco necessidades básicas de integridade fisiológica são: oxigenação, nutrição, eliminação, atividade e repouso e proteção(8,10).
Elencam-se então as necessidades de oxigenação, atividade e proteção como as que necessitam de maior atenção no manejo ao paciente com COVID-19. Muitos grupos incluindo o grupo dos idosos, doentes crônicos com comorbidades associadas instaladas, gestantes e crianças, quando diagnosticados na forma avançada de infecção, apresentam dispneia, sensação de sufocamento, baixa saturação de oxigênio e dor torácica. Dessa maneira, a necessidade básica encontrada é a integridade fisiológica e essa identificação norteia a prática da enfermagem(10).
Na tentativa de proteger esses indivíduos quanto a uma possível disfunção fisiológica e minimizar a cadeia de contágio e disseminação, o isolamento social e o uso de máscara surgem, sendo recomendada a todos como um modo de adaptação a nova situação vivenciada(10). Associada a essa medida, outros vértices da saúde devem trabalhados, como é o caso da saúde mental, fé, restrição ao lazer e convívio com amigos e até mesmo familiares, que podem trazer sentimentos de solidão e angústia a essas pessoas com consequentes prejuízos na manutenção da saúde.
Emerge então a discussão quanto aos outros modos de adaptação de origem psicossocial: autoconceito, interdependência e desempenho de papel. O autoconceito envolve especificamente os aspectos psicológicos e espirituais do sistema humano. É composto pelo ser físico, que envolve a imagem corporal, pelo ser pessoal, que engloba a autoconsciência, o autoideal ou expectativa, e pelo ser ético, moral e espiritual. Comumente quando as pessoas passam por problemas que incidem sobre o seu bem-estar, como a COVID19, as crenças e a fé na melhora são perceptíveis, e essas, de acordo com a teoria estudada devem ser incentivadas como forma de enfrentamento(8,10).
O modo de adaptação interdependência centra-se nas relações próximas entre as pessoas. Refere-se ao preenchimento afetivo, dado por meio de interações ao próximo no processo de dar e receber amor, respeito e valor(9). Durante esta pandemia, a relação interpessoal pode estar comprometida e as repercussões em saúde devem ser minimizadas com a oferta da atenção e cuidados de enfermagem adequados.
O modo de adaptação desempenho de papel refere-se aos papéis que cada pessoa desempenha na sociedade no sentido da preservação da integridade social, isto é, saber quem se é em relação aos outros(8). Esse modo é uma alternativa de alcance às respostas adaptativas do público que vivencia um período pandêmico, onde, por exemplo, ao adaptar-se e aderir ao uso de máscara, a pessoa estará protegendo a si mesmo e ao outro, na prevenção do contágio e, consequentemente, na manutenção da integridade fisiológica. Porém, já no processo de adoecimento, esse papel costuma ser afetado, bem como a interação social da pessoa em relação aos papéis que a desenvolve(10).
A promoção do processo de adaptação nos quatro modos de se obter respostas adaptativas é um objetivo da enfermagem, e essa, tem por intuito oportunizar e avaliar o retorno apresentado pelos sujeitos em cada módulo, para com base nisso promover medidas interventivas que minimizem as alterações e as condutas não efetivas, promovendo enfim melhores respostas adaptativas. A população em massa que sofre como alvo da pandemia, nesse sentido, seria como um sistema, onde as entradas são caracterizadas como os estímulos incidentes, as saídas como respostas à tais estímulos, e os processos de controle como mecanismos de enfrentamento, no intuito de ofertar respostas aos estímulos existentes(9).
Como contribuição deste estudo, podemos desvelar que as reflexões com base na teoria de adaptação de Callista Roy, nos possibilitou vislumbrar mais claramente o quanto as práticas com embasamento científico corroboram para resultados mais eficazes e efetivos, contribuindo assim para o avanço do conhecimento e melhoria nas estratégias de enfrentamento, direcionamento da prática do enfermeiro em meio a essa e futuras possíveis pandemias, além de apropriação da enfermagem enquanto ciência.
Por se tratar de uma produção teórico-reflexiva, não foi realizado busca extensiva de artigos e dados relacionados à pandemia de Covid-19 ou às práticas de enfermagem durante a pandemia, o que impossibilitou comparações e generalizações ao cenário mundial. Dada tais limitações, torna-se pertinente verificar, em campo, as repercussões da pandemia, as variantes virais e comportamento pós-vacinal, por meio de novas pesquisas com vistas a constatar as implicações da Covid-19 para a sociedade e reavaliação das práticas profissionais, objetivo futuro destes pesquisadores.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo permitiu refletir acerca das ações dos profissionais enfermeiros da Atenção Primária à Saúde no enfrentamento da COVID-19 à luz da Teoria de Adaptação de Callista Roy.
Podemos concluir que a reflexão sobre a associação e aplicabilidade desta teoria de adaptação com as ações e práticas do enfermeiro, pode fornecer um olhar integral às necessidades do indivíduo envolvendo a pessoa, o ambiente, a saúde e a enfermagem. O principal resultado dessa reflexão está no fato de que, a compreensão dessa condição pelo profissional enfermeiro, associada a uma implantação de uma rotina de trabalho pautados nesta mesma ideologia entre sua equipe, apresentam potencial para conduzir estratégias que visem a redução dos agravos que possam emergir, assim como estimular melhoria nos fatores biopsicossociais da saúde da população, bem como a utilização da prática baseada na teoria abordada como forma de preparação no enfrentamento de possíveis futuras epidemias e pandemias.
Ao identificar os estímulos do ambiente recebidos por determinada sociedade é possível traçar, através da identificação de suas respostas, processos adaptativos que visam a melhoria da vida e restauração da saúde. Sendo assim, essa teoria pode oferecer subsídios para reforçar o conhecimento existente no enfrentamento à covid-19 ou em qualquer outra situação que incida de forma negativa sob a vida da pessoa, família ou comunidade, tendo potencial de disseminação para outros contextos.
O problema emergente na saúde pública instaurado em março de 2020 e a necessidade de inúmeras medidas de saúde comunitárias, ambientais, de higiene e sociais, mostram que traçar novas estratégias de atuação profissional direcionadas, principalmente embasadas cientificamente, configuram hoje um objetivo comum para se obter sucesso no enfrentamento dessa pandemia e de possíveis epidemias e pandemias futuras, contribuindo assim para o avanço do conhecimento científico e consequente melhor assistência à população.
Espera-se que esse estudo contribua para o avanço do conhecimento, servindo de direcionamento para ampliação de estudos futuros e avaliação da aplicação prática das teorias de enfermagem, subsidiando não apenas a prática do enfermeiro, mas também da equipe que trabalha em conjunto com esse profissional.
REFERÊNCIAS
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Fomento: não há instituição de fomento
Editor Científico: Francisco Mayron Morais Soares. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7316-2519