ARTIGO ORIGINAL

 

CONSUMO DE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS POR PROFISSIONAIS MÉDICOS DE UM HOSPITAL DE ALTA COMPLEXIDADE

 

CONSUMPTION OF PSYCHOACTIVE SUBSTANCES BY MEDICAL PROFESSIONALS AT A HIGH COMPLEXITY HOSPITAL

 

CONSUMO DE SUSTANCIAS PSICOACTIVAS POR PROFESIONALES MÉDICOS EN UN HOSPITAL DE ALTA COMPLEJIDAD

 


https://doi.org/10.31011/reaid-2023-v.97-n.2-art.1766  

 

Márcia Astrês Fernandes1*

Eukália Pereira da Rocha2

Nanielle Silva Barbosa3

Amanda Alves de Alencar Ribeiro4

Ana Paula Cardoso Costa5

Rosa Jordana Carvalho6

Ana Lívia Castelo Branco de Oliveira7

Ítalo Arão Pereira Ribeiro8

 

1Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9781-0752

2Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2588-2639

3Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5758-2011

4Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5729-6063

5Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1550-3685

6Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID:  https://orcid.org/0000-0003-4118-8591

7 Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2634-0594

8Universidade Federal do Piauí. Teresina, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0778-1447

 

*Autor correspondente

Márcia Astrês Fernandes

Departamento de Pós-Graduação em Enfermagem. Universidade Federal do Piauí. Campus Universitário Ministro Petrônio Portella.

Bairro Ininga. CEP: 64049-550. Teresina, Piauí, Brasil. E-mail: m.astres@ufpi.edu.br

Contato: +55 86 3215-5558

 

Submissão: 19-03-2023

Aprovado: 03-06-2023

 

RESUMO

Objetivo: analisar o consumo de substâncias psicoativas por médicos de um hospital de alta complexidade do estado do Piauí. Método: estudo transversal realizado com 90 profissionais. A coleta dos dados ocorreu entre dezembro de 2018 e julho de 2019, por meio de questionário semiestruturado, composto por variáveis sociodemográficas, ocupacionais e relacionadas à saúde e ao consumo de substâncias psicoativas, além dos instrumentos Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test e o Alcohol Use Disorders Identification Test. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva, odds ratio, teste de qui-quadrado e teste de correlação de Pearson. Resultados: Dentre as substâncias psicoativas mais consumidas, destacou-se o álcool (94%). Dentre as ilícitas, verificou-se o uso de maconha (97,6%) e inalantes (97,6%). Quanto às motivações para o consumo de substâncias psicoativas, o uso recreativo (57,7%) e para relaxamento (26,6%) foram mais prevalentes; em relação ao contexto, predominou o uso para descanso (48,8%). De modo geral, os participantes apresentaram baixo risco para o consumo de substâncias psicoativas. Conclusão: O comportamento de risco identificado direciona a atenção para demandas de cuidado em saúde mental. Assim, emerge a necessidade de fortalecer o círculo de proteção em saúde do trabalhador voltado ao enfrentamento da problemática.

Palavras-chave: Médicos; Psicotrópicos; Abuso Oral de Substâncias; Saúde do Trabalhador. 

 

ABSTRACT

Aim: to analyze the consumption of psychoactive substances by physicians at a high complexity hospital in the state of Piauí. Method: cross-sectional study carried out with 90 professionals. Data collection took place between December 2018 and July 2019, through a semi -structured questionnaire, composed of sociodemographic, occupational and health -related variables and psychoactive substance consumption, as well the Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test and the Alcohol Use Disorders Identification Test. The data were analyzed using descriptive statistics, odds ratio, chi-square test and Pearson correlation test. Results: Among the most consumed psychoactive substances, the alcohol presented highlighted (94,0%). Among the illicit, we identified use of marijuana (97,6%) and inhalants (97,6%). Regarding the motivations for the consumption of psychoactive substances, recreational use (57,7%) and relaxation (26,6%) were more prevalent; as for the context, use for rest predominated (48.8%). In general, participants showed a low risk for the consumption of psychoactive substances. Conclusion: Identified risk behaviors direct attention to the demands of mental health care. Therefore, the need to strengthen the workers' health protection circle arises, focused on facing this problem.      
Keywords: Physicians; Psychotropic Drugs; Substance Abuse, Oral; Occupational Health.

 

RESUMEN

Objetivo: analizar el consumo de sustancias psicoactivas por médicos de un hospital de alta complejidad en el estado de Piauí. Método: estudio transversal realizado con 90 profesionales. La recolección de datos se realizó entre diciembre de 2018 y julio de 2019, a través de un cuestionario semiestructurado, compuesto por variables sociodemográficas, laborales, de salud y consumo de psicotrópicos, además del Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test y el Alcohol Use Disorders Identification Test. Los datos fueron analizados mediante estadística descriptiva, razón de momios, prueba de chi-cuadrado y correlación de Pearson. Resultados: Entre las sustancias psicoactivas más consumidas el alcohol mostró destacado (94,0%). Entre los ilícitos, estaba el uso de marihuana (97,6%) e inhalables (97,6%). Con respecto a las motivaciones para el consumo de sustancias psicoactivas, prevalecieron: uso recreativo (57,7%) y relajación (26,6%); en cuanto al contexto, predominó el uso para el descanso (48,8%). En general, los participantes mostraron un riesgo bajo para el consumo de sustancias psicoactivas. Conclusión: Las conductas de riesgo identificadas orientan la atención a las demandas de cuidado en salud mental. Por lo tanto, surge la necesidad de fortalecer el círculo de protección de la salud de los trabajadores, centrado en enfrentar esto.

Palabras clave: Médicos; Psicotrópicos; Sustancias de Abuso por Vía Oral; Salud Laboral.


 


 

INTRODUÇÃO

O uso problemático de Substâncias Psicoativas (SPAs) constitui-se como um problema de saúde pública mundial, cujas repercussões associam-se a impactos negativos nos âmbitos social, econômico, ocupacional e de saúde, em relação ao contexto do usuário e muito além do seu entorno. De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas de 2022, divulgado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), 5,6% da população mundial na faixa etária entre 15 e 64 anos (o equivalente a cerca de 284 milhões de pessoas) usaram drogas em 2020, o que representa um acréscimo de 26% em relação ao ano de 2010. O documento traz considerações multifatoriais para números expressivos como estes, mas destaca-se que a percepção preterida dos riscos reais e potenciais do uso de drogas tem sido associada a taxas mais elevadas de consumo de drogas(1,2).

Apesar dos impactos deletérios dessas substâncias serem mais notáveis entre a população com recursos econômicos reduzidos, o consumo indiscriminado de SPAs tornou-se realidade em diferentes contextos sociais e faixas etárias. Dentre os fatores motivacionais para a ampliação desse consumo, destaca-se o ambiente ocupacional e seus contextos relacionados, em especial, aqueles com caracterizadores estressores, como: elevadas demandas de atividades, exigências gerenciais, longas jornadas de trabalho e dificuldades nas relações interpessoais, por exemplo(3).

Nota-se que os ambientes de trabalho podem ser cenários preditores para o consumo de psicotrópicos e para consequentes desequilíbrios psicoemocionais dos profissionais. A busca pela qualidade de vida no trabalho ainda é desafio para as políticas públicas, uma vez que resguarda percepções individuais dentro de espaços coletivos. Logo, eleva-se a necessidade de reconhecer as características dos ambientes laborais, as relações interprofissionais e, inclusive, as demandas individuais de cada trabalhador que podem interferir no binômio saúde-doença como, por exemplo, comportamentos de risco para hábitos etilistas, tabagismo e/ou consumo de outras substâncias(4,5).

Em específico, as atividades de trabalho em ambientes hospitalares envolvem situações potencialmente estressantes, contextualizadas pela dinâmica de demandas contínuas ou de urgência, pressa na resolutividade e atendimentos de casos, além do convívio diário com o sofrimento dos pacientes. No que tange à atuação do profissional médico, pode envolver ainda carga-horária extensa, experiências extenuantes que podem desencadear emoções negativas e conflitos com a equipe, pela falta de clareza de papéis e/ou relacionamento com os colegas(6).

Ao reagir a estes contextos, o trabalhador de saúde tende a buscar meios para minimizar ou eliminar o estresse, e enxerga o uso de SPAs como uma das alternativas. Em conformidade a essa circunstância, o estudo transversal realizado em hospital de grande porte da capital do estado do Piauí, Brasil, apontou que 84,1% dos 289 profissionais de saúde referiram o uso de álcool, tabaco, maconha, inalantes, anfetaminas e medicamentos hipnóticos, sedativos, antidepressivos e/ou opiáceos como forma de alívio para as tensões cotidianas. Vale destacar que, no ambiente de trabalho, esse consumo contribui para o aumento do risco de acidentes ocupacionais, prejuízos na tomada de decisões, absenteísmo e afastamento laboral (7,8).

Importa considerar que, embora a incipiência de evidências científicas em relação à prevenção e ao tratamento do uso de substâncias psicoativas por médicos justifique a escassez de estudos científicos direcionados ao tema, o entendimento das repercussões nocivas, em caráter multidimensional, do consumo de SPA na saúde dos trabalhadores e as lacunas na construção de políticas públicas voltadas à problemática são motivações consistentes para o desenvolvimento de novos estudos. Portanto, o presente estudo apresenta o objetivo de analisar o consumo de substâncias psicoativas entre os trabalhadores médicos de um hospital de alta complexidade do estado do Piauí.

 

MÉTODOS

Trata-se de um estudo com abordagem quantitativa, delineamento transversal e perfil de avaliação analítico, realizado em um Hospital de Alta Complexidade, situado em um município do Nordeste brasileiro. A instituição se destaca por ser um hospital de ensino, pesquisa e extensão, referência estadual em atendimentos de alta complexidade. Conta com 349 leitos, distribuídos em suas 15 clínicas e quatro Unidades de Terapia Intensiva. Possui ainda os serviços de ambulatório, internações clínicas, diagnóstico e tratamento por imagem, laboratório de análises clínicas e anatomia patológica.

Este estudo trata-se de um recorte de um macroprojeto de pesquisa. A população eleita como provável participante do estudo foi composta por 239 médicos, registrados no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), funcionários da referida instituição. Para a definição da amostra foi utilizado o cálculo para a população finita de Barbetta(9), correspondendo à 148 profissionais.

Foram definidos como critérios de inclusão: ser trabalhador médico, possuir vínculo efetivo ou tempo de serviço há pelo menos um ano e carga horária de trabalho de, no mínimo, 24 horas/semanais. Foram excluídos aqueles profissionais que se encontravam em afastamento do cargo assistencial, por licença ou em regime de férias, no período da coleta de dados.

Durante a coleta dos dados, houve um número relativo de perdas e recusas, limitação que influenciou no alcance da amostra representativa. Como perdas, foram considerados os instrumentos preenchidos de forma incompleta pelos participantes e aqueles profissionais os quais não foi possível contato após duas tentativas consecutivas. Em relação às recusas, caracterizou-se pelos profissionais que alegaram não ter interesse em participar ou indisponibilidade de tempo para contribuir com a investigação.

A coleta dos dados ocorreu no período de dezembro de 2018 a julho de 2019, a partir do preenchimento de questionário semiestruturado composto por variáveis sociodemográficas, ocupacionais e relacionadas à saúde e ao consumo de SPAs, além dos instrumentos Alcohol, Smoking and Substance Involvement Screening Test (ASSIST)(10) e Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT)(11), ambos validados e amplamente utilizados no Brasil.

Após explicação geral dos objetivos e aspectos do estudo, os profissionais assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para firmar a sua participação na pesquisa. Em local reservado, no próprio setor de trabalho, os participantes responderam ao questionário autoaplicável e o devolveram ao pesquisador responsável.

Os dados coletados foram tabulados em planilhas, no software Microsoft Excel, submetidos à técnica de dupla digitação, a fim de comparar disparidades e, em seguida, foram exportados para o programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0, para a realização da análise estatística descritiva por meio do cálculo de medidas de tendência central e medidas de dispersão, que resultou em tabelas e gráfico de frequência numérica.

Para verificar a associação entre as variáveis qualitativas foi utilizado o Teste Qui-quadrado (x²). A força das associações entre as variáveis foi aferida pelo odds-ratio (OR) e intervalos de confiança (IC 95%). Para as associações entre as variáveis quantitativas, utilizou-se o coeficiente de correlação de Pearson. Todas as análises adotaram o nível de significância de 0,05%. 

Em conformidade aos aspectos ético-legais, a pesquisa atende aos princípios éticos previstos na Resolução nº 466/2012, do Conselho Nacional de Saúde (CNS)(12), e recebeu autorização da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina, além de aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital Getúlio Vargas, com parecer de nº 3.588.464 e Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 79650117.2.3001.5613.

 

RESULTADOS

Devido ao significativo percentual de perdas e recusas, a amostra resultante foi de 90 médicos participantes. Registrou-se o predomínio de profissionais do sexo masculino (80,0%), com idades entre 27 e 58 anos (faixa etária média de 37,4 anos), casados (68,9%) e de religião católica (91,0%). Houve predomínio (15,5%) de médicos nefrologista dentre as especialidades abordadas. Em relação ao tempo de trabalho na instituição, 28,4% dos participantes relataram ter entre 2 a 4 anos de tempo de serviço; quanto à multiplicidade de vínculos empregatícios, 80,0% informaram possuir mais de um emprego. As principais características sociodemográficas e ocupacionais da população estão apresentadas na Tabela 1.


Tabela 1 – Caracterização do perfil sociodemográfico e ocupacional dos trabalhadores médicos. Teresina, PI, Brasil, 2019.

Variável

N

%

Mín.

 

Máx.

M*

 

DP**

Sexo

Feminino

Masculino

18

72

20,0

80,0

-

-

-

-

Idade

-

-

-

27

58

37,4

± 8,8

Estado civil

Casado

Solteiro

Divorciado

União estável

62

21

04

03

68,9

23,4

4,4

3,3

-

-

-

-

Religião

Católica

Espírita

Evangélica

Não possui

82

02

02

04

91,0

2,2

2,2

4,2

-

-

-

-

Tempo de atuação na instituição

1-2 anos

2-4 anos

4-6 anos

6-8 anos

8-10 anos

10-14 anos

≥ 15 anos

14

26

13

14

08

08

07

15,4

28,4

14,4

15,5

8,8

8,8

7,7

-

-

-

-

Mais de um vínculo empregatício

Sim

Não

70

20

80,0

20,0

-

-

-

-

Especialidade

Nefrologia

Cardiologia

Clínica médica

Ortopedia

Ginecologia

Anestesiologia

UTI#

Angiologia

Neurologia

Pneumologia

Coloproctologia

Outras

14

10

09

09

09

08

06

05

03

04

04

05

15,5

11,1

9,9

9,9

9,9

8,8

6,6

5,5

4,4

4,4

4,4

5,5

-

-

-

-

Total

-

90

100,0

-

-

-

-

Legenda: *Média; **Desvio Padrão; # Unidade de Terapia Intensiva.

Fonte: Elaboração dos autores.

 

            Quanto às razões para o uso de SPAs, identificou-se as principais motivações e contextos relacionados a esse consumo (Tabela 2), com destaque para: uso recreativo (57,7%) e para relaxamento (26,6%). Ademais, o descanso (48,8%) foi prevalente como a situação em que mais ocorreu o consumo.     


 

Tabela 2Identificação de fatores motivacionais para uso/abuso de SPAs e contexto de consumo em trabalhadores médicos. Teresina, PI, Brasil, 2019.

Variáveis

N*

%

 

Fatores motivacionais para o uso/abuso de SPAs

Uso recreativo

Relaxamento

Relações afetivas

Estresse

Insônia

Fadiga

Cansaço mental

Acesso facilitado pela profissão

Cansaço físico

Alta carga horária de trabalho

Ansiedade

Insatisfação com o trabalho

Outros

52

24

13

09

08

08

07

05

05

04

01

01

01

57,7

26,2

14,4

10,0

8,8

8,8

7,7

5,5

5,5

4,4

1,1

1,1

1,1

Contexto do consumo

Descansar

Interação social afetiva

Aliviar sintoma físico

Dormir

Aumento da produtividade

Desinibição

Ansiedade ou medo

Diminuir ansiedade

Controle de humor

Após o trabalho

19

44

02

07

01

02

08

03

42

01

48,8

46,4

21,1

8,8

7,7

3,3

2,2

2,2

1,1

1,1

Legenda: *N>90, foi permitido que o participante marcasse mais de uma variável; **Substâncias Psicoativas.

Fonte: Elaboração dos autores.


 

Relativamente aos padrões de consumo, em geral, os participantes apresentaram baixo risco para uma parcela significativa dos exemplares das SPA. Destacam-se como exceções: tabaco (7,1%), álcool (4,8%), maconha (2,4%) e inalantes (2,4%), que apresentaram níveis compatíveis ao consumo de risco moderado, conforme demonstrado no Gráfico 1.


 

Gráfico 1 Prevalência e risco de consumo de SPAs entre trabalhadores médicos. Teresina, PI, Brasil, 2019.

Fonte: Elaboração dos autores.

 


DISCUSSÃO

Este estudo trouxe as características de profissionais médicos vinculados a um hospital de atendimento clínico e cirúrgico, em sua maioria homens, casados e com média de idade de 37,4 anos. Ressalta-se que a investigação de aspectos sociodemográficos e ocupacionais relacionados à amostra é fundamental para o conhecimento do perfil populacional e de características potencialmente correlacionadas o uso de SPAs, contribuindo, assim, para o desenvolvimento de boas práticas em saúde mental e do trabalhador.

De maneira geral, os aspectos sociodemográficos e ocupacionais levantados pelo estudo em tela são semelhantes à outras investigações(13). Historicamente, tem-se a maior presença do sexo masculino na classe médica, entretanto, essa característica vem sendo modificada ao longo dos anos(14).

Verificou-se maiores prevalências no consumo de álcool, seguida pelo tabaco. Entre as substâncias ilícitas, maconha e inalantes apresentaram as taxas mais representativas. O estudo constatou ainda um maior consumo das substâncias psicoativas entre os adultos jovens, em especial, de bebidas alcoólicas. Nesse sentido, a idade parece ser um fator de influência para o seu uso. O álcool, por ser uma substância lícita e socialmente aceita, é divulgado em propagandas que, em sua maioria, voltam-se para o público adulto jovem e favorecem a aceitação social do seu consumo por este público(15).

A religião se mostrou como fator presente entre os participantes, em sua maioria católicos. A literatura destaca que os aspectos religiosos atuam como fatores de proteção para o uso de SPAs.  De certa forma a religiosidade auxilia na construção da personalidade do indivíduo, incutindo-lhe valores morais que têm por fim o respeito e a preservação da vida. Esta pode ser associada ao abandono do consumo ou até na sua redução drástica, expondo os sujeitos a menores prejuízos (16,17).

Dentre os especificadores laborais dos participantes, a nefrologia foi identificada como a especialidade de maior prevalência; isso se deve ao fato de que a instituição, cenário do estudo, é considerada referência em saúde para todo o estado do Piauí e circunvizinhos e conta com um centro de tratamento especializado em insuficiência renal, onde são oferecidos rotineiramente os serviços de hemodiálise, transplantes renais e demais tratamentos nefrológicos(18).   

Contudo, essa não é uma realidade encontrada na literatura científica em geral, que tem apontado a anestesiologia como especialidade médica com maior consumo de substâncias psicoativas, o que está relacionado principalmente ao ritmo de trabalho e ao acesso facilitado a determinados fármacos(19,20).

Entre os trabalhadores investigados, o período de 2 a 4 anos foi a delimitação predominante para a variável sobre o tempo de atuação no serviço. O tempo de trabalho tem sido fator decisivo para o desencadeamento de sintomas de estresse, adoecimento ocupacional e consumo de psicotrópicos. Em conformidade, um estudo realizado com médicos, no Reino Unido, identificou que médicos com maior tempo de experiência trabalhando em medicina tinham risco aumentado para perfil de consumo excessivo de álcool(13)

A presença de mais de um vínculo empregatício também chamou a atenção pelas decorrentes implicações na rotina de trabalho dos médicos, a exemplo de extenuantes carga-horárias semanais de serviço e potencial redução da qualidade de vida, o que está diretamente relacionada ao adoecimento do trabalhador médico, ao estresse e ao Burnout(21).

Condições como estas têm sido alvo de preocupações entre organizações internacionais, uma vez que são geradoras notáveis de estresse e sofrimento psíquico e, provavelmente, potencializam o uso de substâncias psicoativas, além de reduzir a prática de exercícios físicos e a qualidade da alimentação dos trabalhadores de saúde, o que contribui para uma depleção do estado geral de saúde desses profissionais(22,23).

No tocante aos fatores motivacionais para o consumo de SPAs, houve destaque para o uso recreativo e para a busca por relaxamento; quanto ao contexto de uso principal, houve predomínio do descanso. Corroborando a afirmativa, em estudo realizado com 289 trabalhadores de saúde de um hospital de grande porte do nordeste brasileiro, identificou-se que as motivações mais prevalentes para o consumo dessas substâncias estiveram relacionadas ao uso recreativo (14,6%), alívio de tensões (12,8%) e a ansiedade (10,0%), com predomínio de consumo após o trabalho (15,4%)(7).

O consumo do álcool é cultural e legalmente aceito pela sociedade, tornando-se o recurso mais facilmente utilizado por profissionais de saúde. Embora o estudo atual tenha trazido índices discretos quanto ao padrão de consumo de alto risco (1,2%) para bebidas alcoólicas, esses indicadores elevam a atenção quanto ao uso excessivo da substância nesse grupo.

Além do risco de dependência, destaca-se os potenciais agravos de saúde decorrentes do uso excessivo de álcool. É o que pode ser evidenciado a partir de pesquisa realizada com jovens médicos do Hospital de Clínicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nacional de Assunção, Paraguay. Ao analisar os fatores de risco cardiovasculares nessa população, determinou-se que os comportamentos etilistas foram identificados como preponderantes nesse grupo pois estão presentes em mais da metade dos médicos entrevistados(24).

De modo geral, o número de participantes que apresentaram baixo risco para o consumo das substâncias psicoativas elencadas nos instrumentos de análise foi significativo e majoritário. Contudo, ainda que em percentuais discretos, é importante citar que o padrão de consumo convergente ao risco moderado esteve presente para as substâncias: tabaco (7,1%), álcool (4,8%), maconha (2,4%), hipnóticos (2,4%) e alucinógenos (1,2%). Em estudo de mesma vertente analítica, observou-se entre profissionais hospitalares a maior predominância de medicamentos de uso hospitalar e de uso sob prescrição médica, sendo hipnóticos/sedativos (12,2%), antidepressivos (11,4%) e os opiáceos (7,3%) os psicotrópicos com maior prevalência de consumo(7).

Destaca-se a prevalência (7,1%) do consumo de risco moderado para os derivados de tabaco.  O “uso problemático” de tabaco assemelha-se ao apontado em pesquisa realizada a nível nacional. Contudo, evidencia-se que os profissionais de saúde reconhecem a relação existente entre o uso de tabaco e seus efeitos deletérios sobre a saúde(25,26).

A literatura é unânime quando se trata do prejuízo na tomada de decisões que é ocasionado pelo uso de SPAs, seja de maneira aguda ou crônica. No contexto do trabalhador médico, o envolvimento com essas substâncias pode interferir negativamente na sua atuação, além de desencadear dificuldades no relacionamento interpessoal com a equipe e pacientes e colocar em risco a saúde daqueles que estão sob seus cuidados(13)

Deve-se salientar que as consequências a curto e longo prazo do uso de substâncias psicoativas favorecem o aumento de comportamentos de risco. O desenvolvimento do sofrimento mental, a exemplo de ansiedade e depressão, é intrínseco ao trabalho, suas condições extenuantes e insalubres, o que vulnerabiliza o trabalhador e o torna predisponente ao uso de SPAs. Essa associação e a resultante queda da qualidade de vida podem levar esses profissionais a desenvolverem ideações e comportamentos suicidas. E, diante do estigma gerado por essa situação, a busca por ajuda pode ser retardada(27).

No que tange ao número de recusas e perdas amostrais, houve grande dificuldade de aceitação por parte dos profissionais médicos em contribuir com a pesquisa. As principais justificativas estiveram relacionadas à indisponibilidade de tempo, devido às rotinas intensas de trabalho exercidas por esse grupo de trabalhadores, e pelo aparente temor em responder questões relacionadas ao consumo de SPAs. Tais fatos, assemelham-se a outros estudos de mesma natureza, em que tiveram números expressivos de recusas e perdas amostrais(7,28,29).

O olhar discriminatório quanto ao consumo/abuso de SPAs ainda é fortemente presente na sociedade e quando relacionado ao uso entre profissionais da saúde, ocasiona grande impacto. Esse motivo justifica que muitos desses trabalhadores demonstrem rejeição e não admitam fazer o consumo dessas substâncias(7). Contudo, a pesquisa se destaca como relevante ao apresentar à comunidade científica características importantes da realidade dos profissionais médicos, tendo em vista a necessidade do direcionamento de cuidado e políticas em saúde do trabalhador para esse segmento.

Por fim, este estudo apresentou como limitações a utilização da metodologia transversal, uma vez que esse método mensura exposição e desfecho em um único período de tempo, o que dificulta uma análise mais precisa dos achados evidenciados pela pesquisa.

 

CONCLUSÃO

Os achados identificaram a utilização de SPAs pelos profissionais médicos, destacando, entre as substâncias lícitas, o álcool e, entre as ilícitas, maconha e inalantes. Os principais fatores que motivaram o consumo dessas substâncias, relatados pelos participantes, foi o uso recreativo e como forma de relaxamento.

O comportamento de risco adotado pelos médicos direciona a atenção para as demandas e necessidades de cuidado em saúde mental. Vale considerar que esses profissionais estão expostos a contextos de estresse e adoecimento em decorrência dos fatores de risco ocupacionais presentes no ambiente, bem como das rotinas exaustivas, resultantes das longas jornadas de trabalho e maior número de vínculos empregatícios.  Assim, emerge a necessidade de fortalecer o círculo de proteção em saúde do trabalhador voltado ao enfrentamento dessa problemática a fim de evitar seu adoecimento físico e mental para, dessa forma, melhorar sua qualidade de vida e não comprometer a assistência prestada.

Os achados trazem impactos importantes para o hospital em estudo, bem como aponta a necessidade de discussões direcionadas a outras realidades em saúde do trabalhador. Ferramentas como a Educação Permanente voltada a saúde destes e de outros profissionais viabilizam melhorias e minimizam os impactos relacionados ao uso de SPAs. As intervenções no ambiente de trabalho passam a ser cruciais para a prevenção do adoecimento e promoção da saúde.

 

REFERÊNCIAS

1.                  Xia L, Jiang F, Rakofsky J, Zhang Y, Zhang K, Liu T, Liu Y, Liu H, Tang YL. Cigarette Smoking, Health-Related Behaviors, and Burnout Among Mental Health Professionals in China: A Nationwide Survey. Front Psychiatry [Internet]. 2020 [cited 2023 Feb 23]; 17(11):706. Available from: https://doi.org/10.3389/fpsyt.2020.00706.

 

2.                  United Nations Office on Drugs and Crime. Relatório Mundial sobre Drogas 2022 avalia que pandemia potencializou riscos de dependência. 2022. [citado 2023 Fev 23]. Disponível em: https://www.unodc.org/lpo-brazil/pt/frontpage/2022/06/relatorio-mundial-sobre-drogas-2022-do-unodc-destaca-as-tendencias-da-pos-legalizacao-da-cannabis-os-impactos-ambientais-das-drogas-ilicitas-e-o-uso-de-drogas-por-mulheres-e-jovens.html

 

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Fomento e Agradecimentos:

Universidade Federal do Piauí (UFPI). Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

 

Editor Científico: Francisco Mayron Morais Soares. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-7316-2519



Rev Enferm Atual In Derme 2023;97(2):e023106