ARTIGO ORIGINAL

 

A REORGANIZA��O DA ASSIST�NCIA OBST�TRICA DURANTE A PANDEMIA DE COVID-19

 

THE REORGANIZATION OF OBSTETRIC CARE DURING THE COVID-19 PANDEMIC

 

LA REORGANIZACI�N DE LA ATENCI�N OBST�TRICA DURANTE LA PANDEMIA COVID-19

 

https://doi.org/10.31011/reaid-2024-v.98-n.1-art.2093

 

B�rbara Cybelle Monteiro Lopes1

Let�cia Megumi Tsuchiya Masuda2

Diego Pereira Rodrigues3

Valdecyr Herdy Alves 4

Bianca Dargam Gomes Vieira 5

Silvio �der Dias da Silva6

Brenda Caroline Martins da Silva7

 

1Enfermeira. Gradua��o em Enfermagem pelo Instituto de Ci�ncias da Sa�de da Universidade Federal do Par�. Bel�m/PA, Brasil. E-mail: barbara.lopes@ics.ufpa.br. ORCID: http://orcid.org/0000-0001-7122-2872

2Enfermeira. Gradua��o em Enfermagem pelo Instituto de Ci�ncias da Sa�de da Universidade Federal do Par�. Bel�m/PA, Brasil. E-mail: leticia.masuda@ics.ufpa.br. ORCID: http://orcid.org/0000-0001-9484-6442

3Enfermeiro. Professor Adjunto da Universidade Federal do Par�. Bel�m/PA, Brasil. E-mail: diego.pereira.rodrigues@gmail.com ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8383-7663.

4Enfermeiro. Professor Titular da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Departamento Materno Infantil Psiqui�trico. Niter�i/RJ, Brasil. E-mail: herdyalves@yahoo.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8671-5063. 5Enfermeira. Professor Adjunta da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa da Universidade Federal Fluminense. Departamento Materno Infantil Psiqui�trico. Niter�i/RJ, Brasil. E-mail: dargam_bianca@id.uff.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0734-3685

6Enfermeiro. Professor Associado da Universidade Federal do Par�. Bel�m/PA, Brasil. E-mail: silvioeder2003@yahoo.com.br. ORCID: http://orcid.org/0000-0003-3848-0348

7Enfermeira. Mestranda em Enfermagem pelo Instituto de Ci�ncias da Sa�de da Universidade Federal do Par�. Bel�m/PA, Brasil. E-mail: carol.brenda1994@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3474-2921.

 

Autor Correspondente

Diego Pereira Rodrigues

Endere�o: AV DR. FREITAS, 1228, ap. 402, BL. Albatroz, Condom�nio Torres Dumont, Bel�m - PA. CEP: 66087-810. Telefone: +55(91) 988244126 E-mail: diego.pereira.rodrigues@gmail.com

 

Submiss�o: 24-11-2023

Aprovado: 22-01-2024

 

RESUMO

Objetivo: compreender a percep��o dos preceptores da Resid�ncia em Enfermagem Obst�trica em rela��o � reorganiza��o da assist�ncia obst�trica nas maternidades, decorrente da pandemia de COVID-19. M�todos: estudo descritivo, explorat�rio com abordagem qualitativa com 15 preceptores da Resid�ncia de Enfermagem Obst�trica do Instituto de Ci�ncias da Sa�de da Universidade Federal do Par�, realizado com instrumento de coleta a entrevista semiestruturada realizando-se tamb�m, ap�s a transcri��o, a t�cnica de an�lise de conte�do. Foi utilizado Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research para condu��o do processo do estudo. Resultados: P�de ser observado que o fechamento das unidades, diminui��o de leitos, utiliza��o de medidas preventivas, como lavagens das m�os e equipamentos de prote��o individual e cria��o de fluxos de atendimento. Tamb�m a diminui��o do contato com a gestante e realiza��o das orienta��es para execu��o de tecnologias n�o farmacol�gicas pela gestante, para inibir os riscos de contamina��o. Conclus�o: Dessa forma, observou-se a necessidade durante a pandemia de uma reorganiza��o dos servi�os da aten��o obst�trica para garantir melhores cuidados e seguran�a para profissionais de sa�de e gestantes.

Palavras-chave: COVID-19; SARS-CoV-2; Enfermagem Obst�trica; Preceptoria; Servi�os de Sa�de.

 

ABSTRACT

Objective: to understand the perception of Obstetric Nursing Residency preceptors in relation to the reorganization of obstetric care in maternity hospitals as a result of the COVID-19 pandemic. Methods: descriptive, exploratory study with a qualitative approach with 15 preceptors of the Obstetric Nursing Residency of the Institute of Health Sciences of the Federal University of Par�, carried out using a semi-structured interview as the collection instrument, and after transcription, the content analysis technique was also used. The Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research was used to conduct the study process. Results: It was observed that the closure of units, reduction of beds, use of preventive measures, such as hand washing and personal protective equipment and creation of care flows. Also the reduction of contact with the pregnant woman and implementation of guidelines for the implementation of non-pharmacological technologies by the pregnant woman, to inhibit the risks of contamination. Conclusion: Therefore, there was a need during the pandemic to reorganize obstetric care services to ensure better care and safety for health professionals and pregnant women.

Keywords: COVID-19; SARS-CoV-2; Obstetric Nursing; Preceptorship; Health Services.

 

RESUMEN

Objetivo: Conocer la percepci�n de los preceptores de la Residencia de Enfermer�a Obst�trica en relaci�n con la reorganizaci�n de los cuidados obst�tricos en las maternidades como consecuencia de la pandemia COVID-19. M�todos: estudio descriptivo, exploratorio, con abordaje cualitativo, con 15 preceptores de la Residencia de Enfermer�a Obst�trica del Instituto de Ciencias de la Salud de la Universidad Federal de Par�, realizado utilizando como instrumento de recolecci�n la entrevista semiestructurada y, despu�s de la transcripci�n, se utiliz� tambi�n la t�cnica de an�lisis de contenido. Para llevar a cabo el proceso de estudio se utilizaron los Criterios Consolidados para la Elaboraci�n de Informes de Investigaci�n Cualitativa. Resultados: Se observ� que el cierre de unidades, reducci�n de camas, uso de medidas preventivas, como lavado de manos y equipos de protecci�n personal y creaci�n de flujos de atenci�n. Tambi�n la reducci�n del contacto con la gestante y la implementaci�n de lineamientos para la implementaci�n de tecnolog�as no farmacol�gicas por parte de la gestante, para inhibir los riesgos de contaminaci�n. Conclusi�n: Por lo tanto, durante la pandemia fue necesario reorganizar los servicios de atenci�n obst�trica para garantizar una mejor atenci�n y seguridad para los profesionales de la salud y las mujeres embarazadas.

Palabras clave: COVID-19; SARS-CoV-2; Enfermer�a Obst�trica; Preceptor�a; Servicios de Salud.�����������

 


INTRODU��O

A sociedade contempor�nea viu-se em uma nova emerg�ncia sanit�ria, com o surgimento do novo coronav�rus, denominado SARS-CoV-2, causador da doen�a COVID-19. Esse v�rus foi detectado em 31 de dezembro de 2019 em Wuhan, na China. Em 9 de janeiro de 2020, a Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) confirmou a circula��o do novo coronav�rus, declarando a situa��o, em 30 de janeiro, como epidemia de emerg�ncia internacional. No Brasil, o primeiro caso ocorreu em 26 de fevereiro de 2020(1).

Desse modo, governos e sistemas nacionais de sa�de se mobilizaram para o enfrentamento da pandemia de COVID-19 com a apresenta��o de respostas distintas. A OMS recomendou a ado��o de uma resposta coordenada e abrangente com a realiza��o de um plano nacional e a ado��o de respostas estrat�gicas, como medidas de conten��o, apoio, socioecon�micas, sanit�rias, infraestrutura e log�stica, visando a reorganiza��o dos servi�os e sistemas de sa�de durante a crise sanit�ria mundial(2).

A pandemia demonstrou a real necessidade de um sistema de sa�de integrado em forma de Rede de Aten��o � Sa�de (RAS), por meio da organiza��o dos pontos de aten��o definindo os pap�is e fluxos para o atendimento dos sintom�ticos respirat�rios e dos usu�rios que apresentem as mais diversas necessidades de sa�de, evidenciando a necessidade do aperfei�oamento dos mecanismos da RAS para o alcance da integralidade do cuidado(3). Esse fato, n�o foi diferente com a assist�ncia obst�trica, que necessitou se reorganizar para promover o atendimento e enfrentamento da pandemia de COVID-19.

Os estados brasileiros reorganizaram unidades de sa�de, realizaram aberturas de novos leitos e novos locais provis�rios para o atendimento da popula��o, especialmente pelo aumento em grande escala da transmiss�o do novo coronav�rus e a expans�o dos casos no pa�s. Mesmo com essas estrat�gias, o Brasil n�o determinou, em �mbito nacional, a restri��o de movimenta��o de pessoas e o fechamento de estabelecimentos, como recomendado pela OMS, fato que contribuiu para os mais de 103 milh�es de casos(4).

As gestantes, por serem um grupo de risco de acordo com o Minist�rio da Sa�de (MS), possuem um maior risco de desenvolver a forma mais grave e evoluir para o �bito(5). Devido a esses fatores, tornaram-se necess�rias diversas mudan�as e reorganiza��es no atendimento dos sistemas de sa�de, principalmente na aten��o obst�trica, a fim de garantir a preserva��o da humaniza��o e do protagonismo da gestante. Por isso, � fun��o dos enfermeiros obst�tricos, e demais profissionais de sa�de, buscar inova��es criativas para conseguir lidar com a complexidade do momento vivenciado pela pandemia de COVID-19, e humanizar a chegada de um novo ser humano. Assim, o fluxo, a organiza��o e o atendimento das maternidades est�o se adequando para prestar uma assist�ncia mais segura para as mulheres e rec�m-nascidos internados, bem como, para proteger os profissionais de sa�de(6).

Tendo em vista o contexto em que ainda n�o h� medidas espec�ficas de controle da pandemia, como vacinas para toda a popula��o e protocolo de tratamento eficaz comprovadamente, existe a necessidade de intensificar condutas baseadas em vigil�ncia e cuidados � sa�de, neste caso, das mulheres e rec�m-nascidos. Neste �mbito, a enfermagem obst�trica necessita ressignificar mudan�as relacionadas � atua��o profissional, pois os processos de trabalho s�o diretamente afetados pela pandemia(7).

Com o intuito de evidenciar essas mudan�as, a partir dos preceptores da resid�ncia em Enfermagem Obst�trica, mostrou-se frente dos resultados que era necess�rio sistematizar o seu cuidado com as gestantes e parturientes, com suas rotinas, protocolos, fluxos de atendimento, ambienta��o dos espa�os das unidades e pr�ticas assistenciais, com o prop�sito de prestar um atendimento seguro a esse p�blico.

Ressalta-se que o estudo tem a sua aplicabilidade durante o contexto pand�mico da COVID-19 (2021-2022), mostrando a reorganiza��o dos sistemas de sa�de para atendimento da assist�ncia obst�trica.

A reorganiza��o dos sistemas e servi�os de sa�de, a partir dos preceptores (profissionais de sa�de) que est�o diretamente no processo de assist�ncia e na forma��o de profissionais. Fato que trouxe uma maior visibilidade destes profissionais no enfrentamento e reorganiza��o da assist�ncia nos cen�rios de cuidado com a gestante e parturiente, pois, a avalia��o das mudan�as que foram realizadas, constitui para dimensionar as consequ�ncias que a assist�ncia obst�trica teve no contexto pand�mico mundial. O estudo teve a seguinte quest�o norteadora: Como os servi�os de sa�de promoveram a reorganiza��o da assist�ncia obst�trica?

O objetivo deste estudo foi compreender a percep��o dos preceptores da Resid�ncia em Enfermagem Obst�trica em rela��o � reorganiza��o da assist�ncia obst�trica nas maternidades, decorrente da pandemia de COVID-19.

 

M�TODOS

 

Trata-se de um estudo descritivo, explorat�rio, sob a vertente da abordagem qualitativa e realizado com a coordena��o da Resid�ncia de Enfermagem Obst�trica (REO) do Instituto de Ci�ncias da Sa�de da Universidade Federal do Par�.

A sele��o dos participantes ocorreu de forma intencional entre as enfermeiras obst�tricas preceptoras do programa de REO. Nessa estrat�gia, o pesquisador buscou identificar com anteced�ncia os principais grupamentos ou condi��es dos indiv�duos que pudessem contribuir de forma significativa para o objetivo do estudo(8), tendo como condicionante para a sele��o que os indiv�duos tenham vivenciado a experi�ncia, e neste caso a atua��o durante o contexto pand�mico e da preceptoria. No que diz respeito �s etapas do estudo, inicialmente foram explicados aos participantes os objetivos do estudo, realizando-se assim o convite para sua participa��o.

Os participantes foram quinze (15) enfermeiras obst�tricas preceptoras na REO/UFPA, sendo que a inclus�o no estudo obedeceu aos seguintes crit�rios: 1) ser enfermeiro obst�trico; 2) ser preceptor vinculado � resid�ncia de enfermagem obst�trica; 3) estar atuando em seu exerc�cio profissional no centro obst�trico ou no pr�-parto, parto e puerp�rio; 4) ter atuado durante a pandemia de COVID-19. Os crit�rios de exclus�o levaram em conta: 1) enfermeiros preceptores em fun��es administrativas; 2) enfermeiros afastados de suas fun��es por motivo de licen�a ou f�rias. O p�blico-alvo foi os preceptores e n�o a coordena��o do curso.

O processo de encerramento da coleta de dados e o estabelecimento do n�mero de participantes do estudo se deu pela satura��o dos dados(9), quando os significados oriundos dos discursos das preceptoras obst�tricas se tornaram convergentes, e pelo encadeamento entre os significados, o que levou � compreens�o do cerne do fen�meno estudado. Ressalta-se, ainda, que n�o houve nenhuma desist�ncia entre as participantes do estudo. Assim, ocorreu a sele��o por meio do recrutamento intencional e encerramento de coleta de dados por satura��o.

A coleta dos dados foi realizada com um roteiro de entrevista semiestruturada, no per�odo de dezembro de 2021 a maio de 2022, pela entrevistadora principal por meio de encontros agendados no local de trabalho do preceptor, ocorrendo em uma sala reservada, sem a presen�a de terceiros, apenas a entrevistadora e a participante, garantindo a total privacidade durante a entrevista. A dura��o das entrevistas foi, em m�dia, de 45 minutos, com a presen�a de um roteiro que contemplou o seu perfil, considerando idade, g�nero, forma��o acad�mica e profissional, al�m de questionamentos b�sicos sobre: Como o servi�o de sa�de promoveu uma reorganiza��o da assist�ncia frente ao contexto da pandemia de COVID-19? Os dados foram gravados em gravador digital, com finalidade de aux�lio para a transcri��o dos dados. Ap�s esse processo e com os dados j� transcritos foi iniciada a organiza��o do material para suceder a an�lise das entrevistas.

A organiza��o dos dados iniciou com a an�lise de conte�do(10), que consiste nas seguintes etapas: pr�-an�lise dos significados descritos perante as 15 entrevistas realizadas, momento no qual se realizou a leitura flutuante de cada uma, com a escolha dos elementos pertinentes e representativos. Ap�s esse processo, sucedeu-se a segunda etapa, com a explora��o do material, onde foram constitu�das interven��es de codifica��o relacionando os discursos das enfermeiras obst�tricas preceptoras da REO, com a finalidade de categoriz�-los(10). Desse modo, foram identificadas unidades de registro, como: fechamento e diminui��o de leitos; medidas universais; equipamentos de prote��o individual; protocolos e fluxos de atendimento; preven��o de cont�gio; distanciamento; orienta��es de medidas n�o farmacol�gicas no trabalho do parto; treinamento em servi�o; medo e problemas psicol�gicos; fala de testagem e dificuldade nos fluxos de atendimento.

Na fase final da an�lise, o tratamento dos resultados, ocorreu a interfer�ncia e a interpreta��o, de modo que se tornassem significativos e v�lidos com a apresenta��o das categorias formuladas(10), que possibilitaram a constru��o das seguintes �reas tem�ticas: 1) A reorganiza��o da assist�ncia � mulher durante a emerg�ncia sanit�ria de COVID-19; 2) A assist�ncia no processo do parto e nascimento: mudan�as ocasionadas pela pandemia de COVID-19.

O estudo foi aprovado pelo Comit� de �tica em Pesquisa do Instituto de Ci�ncias da Sa�de da Universidade Federal do Par� (CEP-ICS/UFPA), conforme o protocolo n� 5.036.184/2021- CAAE: 52145321.6.0000.0018 (CAAE), como disposto na Resolu��o n� 466/2012 do Conselho Nacional de Sa�de. Para preservar sigilo, anonimato e confiabilidade, os depoentes foram identificados com as letras iniciais da �rea (P), seguidas de um algarismo num�rico correspondente � sequ�ncia da realiza��o das entrevistas (P1, P2, P3,�, P15), al�m da garantia da participa��o volunt�ria mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Foi utilizado o Consolidated Criteria for Reporting Qualitative Research (COREQ) para a qualidade e a transpar�ncia do relato na condu��o da pesquisa.

 

RESULTADOS

Quanto � caracter�stica dos preceptores houve a predomin�ncia do g�nero feminino com 11 enfermeiras e 04 de g�nero masculino. No que se refere � faixa et�ria, houve preval�ncia na idade entre 30 a 39 anos, com 08 participantes, seguidos por 04 preceptores de 40 a 49 anos, 02 com mais de 50 anos e 01 com 20 a 29 anos de idade.

No que diz respeito � Institui��o de Gradua��o, houve predomin�ncia de 11 enfermeiros graduados em institui��o p�blica e 04 com gradua��o em institui��o privada. Em rela��o ao ano de forma��o do curso de gradua��o, 08 enfermeiros formaram-se a partir de 2011, seguidos de 04 enfermeiros que se formaram entre 1990 e o ano 2000 e 03 enfermeiros entre os anos de 2001 e 2010.

Em rela��o ao tempo de atua��o na �rea de enfermagem obst�trica, houve um dom�nio de 06 enfermeiros que tinham entre 15 e 20 anos de atua��o, seguidos de 04 enfermeiros atuando entre 6 e 10 anos, 03 enfermeiros entre 1 e 5 anos, e de 11 a 15 anos cada e 02 enfermeiros tinham acima de 20 anos de atua��o na �rea. Quanto ao tempo de atua��o no setor, 10 enfermeiros trabalhavam no local entre 1 e 10 anos, seguidos de 04 enfermeiros entre 10 e 20 anos e 01 enfermeiro com menos de 1 ano de atua��o em seu local de trabalho, especialmente no centro obst�trico e PPP.

Segue a apresenta��o das categorias formuladas:

 

A reorganiza��o da assist�ncia � mulher durante a emerg�ncia sanit�ria de COVID-19

Durante a emerg�ncia sanit�ria de COVID-19 houve o fechamento de muitas unidades maternas, tornando-as institui��es com assist�ncia exclusiva para mulheres infectadas por COVID-19.

A maternidade mudou para atendimento exclusivo COVID-19 [...] al�m disso tivemos que se adequar �s novas normas de prote��o para COVID-19 dentro da unidade, o que para n�s foi uma novidade. (P1)

 

Para a gente foi bem dif�cil, porque na realidade, nesse contexto tudo teve que ser modificado. A qualidade da assist�ncia foi prejudicada, os servi�os fecharam, os profissionais, teve que ser reorganizado. Por exemplo, �reas da obstetr�cia teve que virar cl�nica m�dica, cl�nica m�dica teve que virar �rea COVID-19. (P2)

 

Todos tivemos por que os muitos leitos do puerp�rio foram designados para essas pacientes, ent�o a gente acabou ficando com uma quantidade de leitos para as pu�rperas que n�o tinham COVID-19. (P3)

 

A reorganiza��o da assist�ncia materna se deu com mudan�as frente �s demandas de cuidado, evitando a propaga��o de transmiss�o da COVID-19, sendo o principal foco da assist�ncia. Foram utilizadas as medidas universais, como a lavagem das m�os e equipamentos de prote��o individual, como m�scaras, luvas, �culos de prote��o durante a assist�ncia.

A pandemia trouxe v�rias mudan�as para melhor, como ter mais aten��o, cuidado com a paciente e at� mesmo com a gente por conta da transmiss�o, porque muitas vezes, n�s n�o sabemos se eram casos de COVID-19 confirmados ou suspeitos, mas quando esses casos foram confirmados [...] n�s t�nhamos que aprender a redobrar os cuidados com as gestantes e com a gente, utilizando m�scara, luvas, e outros EPI. (P7)

 

Hoje, eu j� consigo chegar num parto de COVID-19 paramentado, com capote, m�scara N95, �culos, luvas [...] antigamente eu n�o conseguia porque eu perdia muito o timing, porque s�o muitas pacientes parindo ao mesmo tempo e �s vezes n�o d� tempo ent�o a gente j� cerca essas que j� s�o s�ndromes gripais, j� deixa uma pessoa respons�vel e j� deixa todo o material preparado para o momento do parto. Ent�o, mudou muito minha vis�o e acabei trazendo uma experi�ncia a mais at� para o parto normal habitual sem problema nenhum e j� chego com mais anteced�ncia. (P8)

 

A pandemia ocasionou um cuidado maior com a higiene, ter mais aten��o com os cuidados b�sicos, como fazer sempre o uso de m�scara, ter cuidado com o uso de adornos para evitar contamina��o e o cuidado no contexto geral principalmente na lavagem das m�os. (P10)

 

A cria��o de protocolo, fluxos de atendimentos e medidas universais contribui para uma reorganiza��o da assist�ncia. As gest�es das unidades de sa�de constitu�ram um ponto central nesta transforma��o e implementa��o do fluxo de atendimento e medidas assistenciais para o cuidado obst�trico no trabalho de parto e parto.

A gente adotou medidas universais de preven��o contra a transmiss�o do v�rus, que foi criado pelo planejamento do hospital, eles criaram um plano de conting�ncia que fazia com que as pacientes que fossem diagnosticadas positivamente com COVID-19, iriam para um setor espec�fico, tinha todo um fluxo pr�-determinado. (P12)

 

Hoje, com a pandemia, os sinais e sintomas da paciente acabam se confundindo, ent�o se a paciente n�o tiver uma coriza, uma tosse, � muito dif�cil diagnosticar o COVID-19 ou uma s�ndrome gripal ent�o mudou muito o cuidado [...] em rela��o � satura��o, por exemplo. A gente est� monitorando a satura��o, se a paciente por exemplo est� com dificuldade em respirar, e n�o perde a satura��o mesmo n�o estando com nenhum sinal de s�ndrome gripal ent�o possivelmente ela n�o est� contaminada, mas, se por exemplo ela est� com sinais e sintomas de s�ndrome gripal ou n�o e come�a a perder satura��o durante o trabalho de parto ela pode estar contaminada. Isso mudou muita minha vis�o em rela��o ao cuidado at� durante o parto. (P13)

 

Bom, no in�cio a pandemia mudou toda a nossa organiza��o porque foi dividido, as pacientes com suspeitas ou com alguma s�ndrome gripal ou o pr�prio COVID-19 eram atendidas separadas e o nosso setor tamb�m foi dividido [...] ent�o teve uma equipe que foi direcionada para outro local para atender essas pacientes com sintomas gripais e outra equipe que ficou atendendo as outras pacientes e n�s t�nhamos todo o cuidado de ficar perguntando para as pacientes sobre os sintomas e tamb�m o extremo cuidado em fazer o uso de m�scaras dentro do hospital. (P14)

 

Desse modo, a reorganiza��o da assist�ncia obst�trica pelos preceptores da resid�ncia em enfermagem obst�trica se perpetuou em conson�ncia com as recomenda��es sanit�rias e diretrizes quanto ao cuidado oferecido �s mulheres no parto e nascimento.

 

A assist�ncia no processo do parto e nascimento: mudan�as ocasionadas pela pandemia de COVID-19

A emerg�ncia sanit�ria proporcionou importantes mudan�as no cuidado obst�trico, principalmente com medidas direcionadas para a preven��o de cont�gio, com restri��es de pessoas no centro obst�trico, higieniza��o das m�os e utiliza��o de equipamentos de prote��o individual. Assim, a assist�ncia das preceptoras da enfermagem obst�trica prop�s um movimento de alinhamento das recomenda��es cient�ficas sobre a aten��o obst�trica.

As pr�ticas antes se baseavam no cuidado humanizado, exemplo o acompanhante cortava o cord�o umbilical. Por�m, por conta da pandemia, n�s tivemos algumas restri��es acerca desse cuidado para evitar o cont�gio. Como: solicitar que o acompanhante higienizasse as m�os constantemente e fizesse o uso de luvas dentro da sala de parto, o que antigamente n�o era necess�rio visto que o acompanhante por conta da humaniza��o poderia usar as m�os sem luvas para cortar o cord�o umbilical do beb�. Al�m disso, houve a restri��o do acesso no centro obst�trico, o que antes era livre o acesso para as pessoas, tanto acompanhantes como os profissionais de outros setores, por�m na pandemia ficou restrito apenas para os profissionais. (P1)

 

Sim, n�s temos mais cuidado com o contato, principalmente com o beb�, na sala de parto, com o devido cuidado para evitar a contamina��o, isso mudou bastante. (P5)

 

Todo tempo de distanciamento, pe�o para o paciente utilizar a m�scara, para o acompanhante utilizar a m�scara e mudar totalmente. Antigamente, a paciente chegava sem m�scara, n�o tinha esse cuidado com o �lcool, n�o tinha o cuidado em rela��o � respira��o dela que � ofegante. (P8)

 

As pr�ticas obst�tricas direcionadas durante o trabalho do parto n�o foram implementadas durante a emerg�ncia sanit�ria, com o prop�sito de evitar o contato pr�ximo entre o profissional de sa�de e a gestante, inibindo os riscos de contamina��o, como a bola su��a, massagens, parto verticalizado.

Outro fator � que algumas pr�ticas assistenciais como o parto na banheira foram interrompidas por conta da pandemia e dessa forma iria diminuir o risco de cont�gio. (P10)

 

As viv�ncias e pr�ticas a gente fazia que � a quest�o das tecnologias, ficar mais pr�ximo, colocar na barra, na bola, isso a� tamb�m foi prejudicado, o parto verticalizado tamb�m que a gente fazia muito parto na banqueta tamb�m foi prejudicado [...] a gente acabou orientando mais a paciente para parir, fazendo mais parto na cama. (P12)

 

Sim, aqui na unidade, n�s paramos de pintar a placenta da gestante por conta do risco de cont�gio, paramos tamb�m de fazer a massagem nas gestantes antes do parto, al�m disso n�s paramos de fazer o parto na banqueta por conta da maior proximidade com a gestante e a quest�o da transmiss�o do v�rus. (P14)

 

As preceptoras da enfermagem obst�trica orientavam as parturientes a executar as medidas n�o farmacol�gicas, mas n�o participavam diretamente, para evitar o contato mais prolongado e inibir o cont�gio da COVID-19.

N�s mudamos muito em rela��o � assist�ncia, ent�o logo no in�cio da pandemia n�s diminu�mos o contato f�sico com os pacientes, ent�o n�s orientamos a mulher quanto aos m�todos n�o farmacol�gicos para o al�vio da dor, como alguns exerc�cios. Mas n�o particip�vamos junto a ela por conta da restri��o do contato devido ao COVID-19. (P7)

 

Sim, antes da pandemia n�s procuramos estimular o parto humanizado e com a pandemia ficou muito dif�cil por conta da transmiss�o do v�rus, mas orientava a gestante fazer os exerc�cios e movimentos. (P11)

 

Mas, muitas preceptoras buscaram a partir do conhecimento essa reorganiza��o, al�m do treinamento da equipe do servi�o de sa�de em rela��o �s diretrizes e protocolos sobre a assist�ncia obst�trica durante a emerg�ncia sanit�ria.

O melhor atendimento deve ser principalmente a capacita��o dos enfermeiros para evitar o cont�gio do COVID-19 com os pacientes e dessa forma se configurar a melhor assist�ncia, h� tamb�m as orienta��es para gestantes sobre a preven��o contra o coronav�rus. (P4)

 

Estudando, eu li muito protocolo internacional que estava sendo criado principalmente na China, no Jap�o, na Coreia do Norte e nos Estados Unidos. Eles formaram muitos protocolos e s� tinha uma situa��o em comum: n�o tratavam as pacientes como COVID positivo, tratavam elas como s�ndromes gripais e a gente tinha que fazer como se fosse na �poca do H1N1. Quem participou na �poca da pandemia do H1N1 foi a mesma l�gica, quando eu estava na pandemia de H1N1 eu ainda estava na gradua��o e eu estava na parte do Barros Barreto e foi a mesma l�gica que a gente utilizou aqui [...] s� que foi dif�cil colocar na cabe�a dos profissionais que eles tinham que se cuidar porque tinham muitos que falavam assim: �� dif�cil eu n�o me contaminar ent�o eu j� estou de peito aberto. A� perdi colegas meus que tinham esse pensamento e foi muito triste. (P6)

 

A gente conseguiu lidar dessa forma, o hospital treinou, mandou a equipe de CCIH fazer treinamento com a gente de como se cuidar, como evitar a transmiss�o, essas coisas. E a gente acabou levando numa boa [...] porque a gente j� est� acostumada com essa demanda muito elevada de pacientes aqui. A gente teve dificuldade com a falta de leitos, mas a gente acabou superando. (P9)

 

Assim, a emerg�ncia sanit�ria ocasionada pela COVID-19 trouxe enormes desafios na assist�ncia obst�trica, especialmente no que tange a evitar a propaga��o do cont�gio dentro das unidades de sa�de, diminuindo os riscos � sa�de do profissional. Mas, mesmo assim, a sa�de psicol�gica e o absente�smo constitu�ram aspectos limitadores no enfrentamento da pandemia.

 

DISCUSS�O

 

Durante a pandemia do novo coronav�rus, diversos centros obst�tricos do pa�s deixaram de atender �s gestantes, parturientes com o intuito de atender apenas os pacientes de COVID-19, devido � grande demanda de novos casos e � falta de leitos no pa�s. Dessa forma, as gestantes tinham que ser encaminhadas para outras unidades materno-infantis causando superlota��o nas salas de atendimento(11). Devido ao colapso de toda rede p�blica hospitalar e principalmente dos centros obst�tricos, houve uma defici�ncia no atendimento das gestantes. A equipe multiprofissional estava reduzida, especialmente com aumento de trabalho e da sua carga hor�ria.

A solu��o encontrada para a falta de leitos para pacientes com COVID-19 no contexto local do estado foi a utiliza��o das depend�ncias das maternidades, com a separa��o entre as gestantes com o v�rus e as n�o contaminadas. Isso significou desmontar esse servi�o de refer�ncia quando o certo a ser realizado seria o contr�rio: ampliar o n�mero de partos humanizados e de centros de maternidades para reduzir a lota��o de centros obst�tricos que limitaram seu desenvolvimento durante a pandemia(12). Al�m disso, a falta de informa��o era evidente, com v�rias gestantes procurando o local e tendo que ser encaminhadas para outro centro obst�trico.

Desse modo, com a lota��o dos centros obst�tricos e o n�mero de casos confirmados de COVID-19 aumentando cada vez mais, tornou-se necess�rio essa nova reorganiza��o na assist�ncia obst�trica como um todo. Diante disso, foi imprescind�vel o trabalho em equipe entre profissionais de sa�de, gestores e pol�ticos para que houvesse um planejamento organizacional eficiente e a tomada de medidas urgentes em menor tempo poss�vel para atender a necessidade de recursos materiais e humanos, al�m da cria��o de planos de a��o em situa��o de conting�ncia ocasionada pela pandemia de COVID-19(13).

Houve a cria��o de estrat�gias para a racionaliza��o dos materiais (as m�scaras PFF2 eram inicialmente distribu�das semanalmente e posteriormente a cada 15 dias. Al�m destas ado��es necess�rias, a promo��o da capacita��o dos profissionais de sa�de quanto ao uso correto dos EPIs e quanto � detec��o precoce do coronav�rus por meio da sintomatologia e rastreamento foram essenciais nesta reorganiza��o. Os profissionais de sa�de tamb�m tiveram que conscientizar as gestantes e seus acompanhantes quanto ao uso de m�scaras e quanto ao distanciamento social. Pois, apesar de o acompanhamento da gestante ser um direito reconhecido nos servi�os de sa�de, durante o per�odo pand�mico v�rios crit�rios tiveram que ser obedecidos, com o intuito de fornecer a continuidade a esse direito(13).

Tamb�m quanto � reorganiza��o dos servi�os de sa�de, houve a cria��o de fluxos de atendimento, onde as gestantes passavam por uma triagem em que ocorria o rastreamento das mulheres sintom�ticas e assintom�ticas com base na aus�ncia ou presen�a de sintomas relacionados ao coronav�rus como: febre, tosse, perda de paladar e/ou olfato, falta de ar entre outros sintomas gripais(6,7). Uma vez que a gestante se apresentava sintom�tica, ela era isolada das demais gestantes assintom�ticas, com intuito de evitar a propaga��o da contamina��o(14). Tendo em vista, o aumento do n�mero de casos de COVID-19, houve a superlota��o dos hospitais, dificultando a quest�o do fluxo no atendimento.

No intuito de diminuir os n�meros de infec��o por COVID-19 nas maternidades, houve a necessidade de se criar zonas para facilitar o fluxo de atendimento. Dessa forma, os espa�os reservados para a triagem eram de extrema import�ncia para o destino das pacientes, pois dependendo do diagn�stico e sintomatologia de COVID-19, as gestantes eram redirecionadas para linhas de cuidado diferentes para cada situa��o, em circunst�ncias da preven��o do cont�gio dentro da unidade hospitalar.

A capacita��o dos profissionais de sa�de com implementa��o de novos saberes � de suma import�ncia para a promo��o de uma nova reorganiza��o. Dessa forma, as regras, os fluxos e os protocolos tiveram que ser reformulados e criados para prestar um atendimento de qualidade diante das mudan�as ocasionadas pela pandemia da COVID-19(7). N�o s� a assist�ncia em si precisou ser modificada, mas tamb�m os espa�os f�sicos para pacientes sintom�ticos e positivados, proporcionando maior seguran�a e cuidado tanto para as mulheres quanto para os profissionais de sa�de.

Quanto �s principais medidas para as mudan�as na assist�ncia, foi observado que foi necess�rio planejar e implementar interven��es ao pr�-parto, parto e puerp�rio, reorganizando o processo de trabalho juntamente com os demais profissionais de sa�de para que houvesse um atendimento seguro mesmo diante da pandemia de COVID-19. Dessa forma, os servi�os de sa�de tiveram que atentar-se a respeito de medidas de seguran�a universais, como a utiliza��o de EPIs, lavagem das m�os, utiliza��o do �lcool em gel, isolamento de pacientes positivados, entre outros(7).

As maternidades tiveram que restringir a presen�a de acompanhantes e visitas das gestantes nas unidades. Os enfermeiros e demais profissionais de sa�de tiveram que adotar medidas de precau��o de contato e de aeross�is, al�m de conscientizar os pacientes quanto ao uso de m�scaras e a lavagem das m�os. Tamb�m foi necess�rio dispor a redu��o de profissionais de sa�de durante o trabalho de parto para evitar aglomera��es(1,6-7,13-14), com o intuito de garantir mais seguran�a no processo de nascimento para todos envolvidos.

Outro ponto a ser discutido, s�o os m�todos n�o farmacol�gicos de al�vio da dor, estrat�gias que podem ser utilizadas pela equipe de enfermagem obst�trica que acompanha a parturiente com o objetivo amenizar os desconfortos causados durante o trabalho de parto e dessa forma permitir a humaniza��o na hora do parto. Esses m�todos, que possuem comprova��o cient�fica, necessitam de profissionais qualificados e atualizados para sua implementa��o. Essas pr�ticas podem ser representadas quer seja pelas massagens, banho morno, deambula��o e/ou exerc�cios respirat�rios, dentre outras.(7,17)

Nesse sentido, algumas pr�ticas de humaniza��o no momento do parto foram alteradas por conta da pandemia, tais como: exerc�cios de respira��o, bola su��a, massagens, al�m do parto verticalizado, uma das t�cnicas mais utilizadas para amenizar as dores do parto e sua condu��o. Considerando que os protocolos estipulados de risco de infec��o nas maternidades alteraram as t�cnicas que permitiam o contato direto com as gestantes(6,7,14), a fun��o dessas t�cnicas para amenizar as dores do parto, muitas vezes foi direcionada para os pr�prios acompanhantes das gestantes, a fim de reduzir os riscos de infec��o. Por�m, tanto o acolhimento e empatia, como o entendimento da mulher devem ser objetivos centrais da assist�ncia, inibindo medidas desnecess�rias com as interven��es e a culmina��o da viol�ncia no campo institucional.

Todavia, � importante discutir sobre o papel do treinamento da equipe de sa�de diante a reorganiza��o em meio � pandemia da COVID -19. Nota-se, que ap�s os protocolos para preven��o do v�rus serem estipulados nas maternidades, faz-se necess�rio o treinamento dos profissionais para que diminua o risco de contamina��o entre pacientes e a equipe de sa�de. Sendo assim, a capacita��o em servi�o foi uma das atividades que mais tomou destaque, ao estar associada � necessidade urgente de implementar novos saberes na din�mica do trabalho(7). Al�m disso, requer um processo de desconstru��o e reelabora��o de a��es que, em se tratando de obstetr�cia, tenham capacidade de trazer qualidade e seguran�a � sa�de das mulheres em fase reprodutiva.

Desse modo, a implementa��o de novas formas de cuidado, de saberes e a din�mica das a��es na assist�ncia obst�trica no processo de trabalho se perpetuam em um caminho m�tuo de transforma��o e desconstru��o dos enormes desafios que a COVID-19 apresentou e ainda apresenta. A atualiza��o de pr�ticas dos distintos modos de fazer garante maiores prote��es e seguran�a tanto para as mulheres quanto para os profissionais de sa�de. Assim, a capacita��o e treinamento em equipe constitui importante estrat�gia para a identifica��o das vulnerabilidades do trabalho, e ainda garantir uma assist�ncia saud�vel e igualit�ria para a popula��o,7 com treinamento para mudan�a do processo de trabalho(15,16).

Portanto, � imprescind�vel reorganizar os fluxos de testagem nas maternidades, no intuito de diminuir o n�mero de infec��es entre as gestantes sem o diagn�stico e as gestantes positivadas a fim de reter o n�mero de casos. A capacita��o da equipe � essencial para garantir seguran�a e melhores cuidados maternos.

Nesse contexto de luta, torna-se necess�rio o aprimoramento de processos dos servi�os e sistema de sa�de, com o objetivo de garantir um atendimento de qualidade e preserva��o das condi��es sanit�rias efetivas.

 

CONSIDERA��ES FINAIS

 

O estudo evidenciou a import�ncia de a equipe multiprofissional de sa�de criar estrat�gias eficazes para realizar uma assist�ncia qualificada e segura para as gestantes e garantir a seguran�a de outros profissionais durante a pandemia de COVID-19. Nota-se que os preceptores (enfermeiros) s�o os profissionais mais vulner�veis � COVID-19, uma vez que s�o eles que est�o na linha de frente da assist�ncia apresentando solu��es e criando estrat�gias e fluxos de atendimento juntamente com a ger�ncia hospitalar.

Deste modo, a percep��o dos preceptores mostra os reais desafios durante a pandemia de COVID-19 pela equipe multiprofissional, em especial, a equipe de enfermagem, s�o evidentes. A enfermagem precisou superar seus medos e receios para salvar vidas. Vale ressaltar que � extremamente necess�rio que a equipe de sa�de conte com o suporte da ger�ncia hospitalar a respeito de recursos materiais como EPIs adequados para sua pr�pria prote��o e para a prote��o das pacientes.

Al�m disso, � necess�rio que a equipe multiprofissional esteja atualizada a respeito de estudos relacionados � pandemia e � cria��o de fluxos de atendimento, precau��es de contato e organiza��o de espa�os de isolamento. Por�m, notou-se a escassez de pesquisas nesta tem�tica e sugere-se que pesquisas e trabalhos cient�ficos futuros possam explorar mais a COVID-19 no per�odo grav�dico-puerperal.

O estudo teve limita��es, uma vez que foi desenvolvido com base numa realidade particular do cen�rio e n�o permitiu rela��es e generaliza��es, j� que a garantia de distribui��o representativa necessita de prova estat�stica para o c�lculo amostral.

Ademais, � importante destacar a quest�o da assist�ncia obst�trica no contexto de uma pandemia que provocou muitas mortes. Nessa conjuntura, observa-se o contraponto do nascimento em meio ao caos de in�meras mortes que foram ocasionadas pela COVID-19. Portanto, � v�lido ressaltar que a reorganiza��o da assist�ncia obst�trica foi um fator muito importante para o cuidado e seguran�a de vidas que surgiam naquele cen�rio.

Por fim, vale destacar a import�ncia de novos estudos na �rea do atendimento obst�trico, sobretudo, no contexto da pandemia. Contudo, espera-se que essa pesquisa contribua e agregue conhecimento para futuros profissionais sobre um momento sens�vel para o mundo, e que, principalmente, favore�a para a mudan�a no cen�rio da assist�ncia � sa�de.

 

REFER�NCIAS

 

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13.  Ventura-Silva JMA, Ribeiro OMPL, Santos MR, Faria ACA, Monteiro MAJ, Vandresen L. Planejamento organizacional no contexto de pandemia por COVID-19: implica��es para a gest�o em enfermagem. J Health NPEPS. 2020; 5(1): 4626. doi: http://dx.doi.org/10.30681/252610104626

 

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16.  Noal DS, Rezende MJ. Capacita��o nacional emergencial em Sa�de Mental e Aten��o Psicossocial na Covid-19: um relato de experi�ncia. Sa�de Debate. 2021; 44 (spe 4): 293-305. doi: https://doi.org/10.1590/0103-11042020E420

 

Fomento / Agradecimento: N�o h� fomento e agradecimentos.

 

CONTRIBUI��ES DE AUTORIA

 

Autor 1 - B�rbara Cybelle Monteiro Lopes

Contribui��es: Concep��o e desenho do estudo, an�lise e interpreta��o dos dados, revis�o final com participa��o cr�tica no manuscrito.

 

Autor 2 - Let�cia Megumi Tsuchiya Masuda

Contribui��es: Concep��o e desenho do estudo, an�lise e interpreta��o dos dados, revis�o final com participa��o cr�tica no manuscrito.

 

Autor 3 - Diego Pereira Rodrigues

Contribui��es: Concep��o e desenho do estudo, an�lise e interpreta��o dos dados, revis�o final com participa��o cr�tica no manuscrito.

 

Autor 4 - Valdecyr Herdy Alves

Contribui��es: Concep��o e desenho do estudo, revis�o final com participa��o cr�tica e an�lise intelectual no manuscrito.

 

Autor 5 - Bianca Dargam Gomes Vieira

Contribui��es: Revis�o final com participa��o cr�tica e an�lise intelectual no manuscrito.

 

Autor 6 - Silvio �der Dias da Silva

Contribui��es: Concep��o e desenho do estudo e an�lise e interpreta��o dos dados.

 

Autor 7 - Brenda Caroline Martins da Silva

Contribui��es: Revis�o final com participa��o cr�tica e an�lise intelectual no manuscrito.

 

Editor Cient�fico: �talo Ar�o Pereira Ribeiro. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0778-1447
Editor Associado: Edirlei Machado dos-Santos. Orcid: 
https://orcid.org/0000-0002-1221-0377


 

Rev Enferm Atual In Derme 2024;98(1): e0234258