EDITORIAL
A FORMAÇÃO DO ENFERMEIRO ESTÁ ALINHADA AO CONTEXTO CONTEMPORANEO E EXPECTATIVAS DAS INSTITUIÇÕES DE SAÚDE?
IS NURSE TRAINING ALIGNED WITH THE CONTEMPORARY CONTEXT AND EXPECTATIONS OF HEALTHCARE INSTITUTIONS?
¿ESTÁ ALINEADA LA FORMACIÓN DE ENFERMERÍA CON EL CONTEXTO CONTEMPORÁNEO Y LAS EXPECTATIVAS DE LAS INSTITUCIONES DE SALUD?
https://doi.org/10.31011/reaid-2024-v.98-n.2-art.2299
Sandra Maria da Penha Conceição1
Nadir Barbosa Silva2
Julia Peres Pinto3
Bruna Dias Alonso4
Rita de Cassia Vieira Janicas5
Cristina Rodrigues Padula Coiado6
1 Docente do Centro Universitário das Américas – FAM e do Curso Centro Paula Souza de Ensino. Enfermeira. Mestre. E-mail: sandramariaprof@yahoo.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1292-3270.
2 Coordenadora e Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Grupo UNIESP, São Paulo. Enfermeira, Mestre. E-mail: nadirsilva@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0367-7610.
3Docente do Centro Universitário das Américas – FAM. Enfermeira. Doutora. E-mail: julia.pinto@portalamericas.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6363-1761
4Docente do Centro Universitário das Américas – FAM. Obstetriz. Doutora. E-mail: bruna.alonso@portalamericas.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8259-4807
5Coordenadora e Docente do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário das Américas – FAM. Enfermeira, Doutora. E-mail: rita.janicas@vemprafam.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8950-0487
6Docente do Centro Universitário das Américas – FAM. Enfermeira. Mestre. E-mail: cristina.coiado@portalamericas.com.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7778-1544
Submissão: 21-06-2024
Aprovado: 21-06-2024
A evolução do conhecimento na área da saúde bem como as transformações sociais têm gerado discussões a respeito da necessidade de mudança na formação dos profissionais de enfermagem, sejam auxiliares, técnicos, enfermeiros e obstetrizes.
Esta realidade está declarada em documentos de âmbito internacional que incluem a Organização Mundial de Saúde, a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), o Conselho Internacional de Enfermagem, além de instituições brasileiras que representam os profissionais de enfermagem em diferentes instâncias, como Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn).
É uníssona a preocupação destas organizações quanto ao desenvolvimento de estratégias que viabilizam o avanço e fortalecimento da profissão nos sistemas e serviços de saúde, e da formação de enfermeiros e obstetrizes, tanto em número suficiente e distribuição regional, como em competências capazes de atender às necessidades das populações1-3.
Nesse sentido, as estratégias para formação e educação continuada na área da enfermagem estão alinhadas à ideia de que os enfermeiros têm as competências necessárias para satisfazerem as prioridades nacionais na área da saúde1,2.
De acordo com a OPAS (2022), os profissionais de enfermagem têm ocupado tanto a linha de frente da prestação de serviços quanto atuado na liderança de equipes multidisciplinares e interdisciplinares de saúde em todos os níveis do sistema de saúde 4.
O Brasil conta com o maior número de programas de bacharelado e doutorado da América Latina e Caribe, capacitando enfermeiros para a clínica especializada, ensino e pesquisa. No entanto, isso não tem refletido na qualidade dos profissionais e dos resultados alcançados na prática4.
A formação em Enfermagem não se limita apenas às instituições de ensino, mas também abrange a prática clínica e a atualização constante diante das evoluções científicas e tecnológicas. Segundo o COFEN, a educação continuada é imprescindível para o enfermeiro manter-se atualizado e apto a enfrentar os desafios do contexto de saúde contemporâneo5,6. No contexto brasileiro, há uma diversidade de programas e estratégias de educação profissional oferecidos por instituições de ensino e serviços de saúde, mas ainda há lacunas em relação à avaliação de sua efetividade e impacto na prática clínica. Essa constatação ressalta a importância de iniciativas de pesquisa que investiguem a eficácia desses programas, visando aprimorar a formação e a prática dos profissionais de enfermagem no país.
Respaldada pelas diretrizes do COFEN e das repartições regionais (COREN), a educação profissional é um processo dinâmico e contínuo que visa à formação de profissionais competentes, éticos e comprometidos com a promoção da saúde e o bem-estar da sociedade7, 8.
Segundo o COREN/SP, a formação em enfermagem deve contemplar não apenas aspectos técnicos, mas também o desenvolvimento de habilidades de comunicação, empatia e ética profissional, fundamentais para uma prática de enfermagem humanizada e centrada no paciente8.
Os desafios na formação profissional da equipe de enfermagem são uma realidade que merece atenção especial. A modalidade de ensino à distância (EAD) tem sido uma das respostas para enfrentar esse desafio, especialmente diante de cenários como a pandemia da COVID-19, que impuseram restrições às aulas e atividades presenciais.
Embora o EAD seja uma ferramenta valiosa para ampliar o acesso à educação continuada, especialmente em regiões remotas ou com recursos limitados9 é importante reconhecer que essa modalidade de ensino apresenta desafios, como a necessidade de adaptação dos conteúdos para o ambiente virtual e a garantia da qualidade do ensino.
Sendo assim, a educação à distância deve ser complementar e não substituir o ensino presencial, especialmente em áreas que demandam prática clínica e interação direta com pacientes5.
É essencial que as instituições de ensino e os órgãos reguladores trabalhem em conjunto para estabelecer padrões rigorosos de qualidade para os cursos de Enfermagem, garantindo que os estudantes recebam uma formação sólida e adequada às exigências da profissão. As diretrizes curriculares para a formação dos profissionais de enfermagem tem sido objeto de discussão das associações de classe que tem levado esse debate aos órgãos responsáveis por sancionarem as propostas.
Os processos de avaliação do ensino possibilitam a identificação de pontos de melhoria e o alinhamento das competências almejadas aos futuros profissionais, respeitando-se as diferenças regionais e institucionais2,9.
Diante disso, a reflexão a respeito da qualidade da formação e acreditação das escolas de Enfermagem ocupam um lugar de destaque nas associações de classe representativas da enfermagem em âmbito nacional e internacional e podem influenciar, positivamente, a revisão das Diretrizes Curriculares dos Curso de Enfermagem que almejam a qualidade da formação do enfermeiro para atender as demandas de saúde atuais.
REFERÊNCIAS
1- Organização Pan-Americana da Saúde. Diretriz estratégica para a enfermagem na Região das Américas [Internet]. Washington, D.C: OPAS; 2019. [citado 2024 Jun 12]. Available from: https://www.paho.org/pt/documentos/diretriz-estrategica-para-enfermagem-na-regiao-das-americas
2- Organização Mundial da Saúde. Orientações estratégicas mundiais para enfermeiros e parteiras 2021-2025 [Internet]. Genebra: OMS; 2022. [citado 2024 Jun 12]. Available from: https://iris.who.int/bitstream/handle/10665/353568/9789240045620-por.pdf?sequence=1&isAllowed=y
3- Associação Brasileira de Enfermagem. Ofício nº 052/202 [Internet]. Brasília-DF: 20 abr. 2021. [citado 2024 Jun 12]. Available from: https://abensp.org.br/wp-content/uploads/2021/04/Doc-CNE-DCN-20-final.pdf
4- Organização Pan-Americana da Saúde. Importância estratégica do investimento nacional em profissionais de enfermagem na Região das Américas [Internet]. Washington, D.C.: OPAS; 2022. [citado 2024 Jun 12]. Available from: https://www.paho.org/pt/documentos/importancia-estrategica-do-investimento-nacional-em-profissionais-enfermagem-na-regiao
5- Conselho Federal de Enfermagem (BR). Diretrizes para Educação Permanente em Enfermagem [Internet]. Brasília-DF: COFEN; 2020. [citado 2024 Jun 12]. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/diretrizes-educacao-permanente-enfermagem-2020. Acesso em: 12 jun. 2024.
6- Conselho Federal de Enfermagem (BR). Competências e atribuições dos Conselhos Regionais de Enfermagem [Internet]. Brasília-DF: COFEN; 2021. [citado 2024 Jun 12]. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/competencias-conselhos-regionais-enfermagem-2021.
7- Conselho Federal de Enfermagem (BR). Diretrizes para a qualidade da formação profissional em enfermagem [Internet]. Brasília-DF: COFEN; 2022. [citado 2024 Jun 12]. Disponível em: https://www.cofen.gov.br/diretrizes-qualidade-formacao-enfermagem-2022.
8- Conselho Regional de Enfermagem (SP). Relatório sobre a educação à distância na enfermagem [Internet]. São Paulo: COREN-SP; 2023. [citado 2024 Jun 12]. Disponível em: https://www.coren-sp.gov.br/relatorio-educacao-distancia-enfermagem-2023.
9- Frota MA, Wermelinger MCMW, Vieira LJES, Ximenes Neto FRG, Queiroz RSM, Amorim RF. Mapeando a formação do enfermeiro no Brasil: desafios para atuação em cenários complexos e globalizados. Ciência Saúde Coletiva [Internet]. 2020 [citado 2024 Jun 12];25(1):25-35. Doi: https://doi.org/10.1590/1413-81232020251.27672019. Available from: https://www.scielo.br/j/csc/a/Bxhbs99CZ8QgZN9QCnJZTPr/
Editor Científico: Ítalo Arão Pereira Ribeiro. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0778-1447