INTRODUÇÃO

Estomia é uma abertura cirúrgica de um órgão oco, formando uma “boca= 221; que mantém contato com o meio externo. Pode ser classificada de acor= do com a localização anatômica em: traqueostomias, na traq= ueia; nefrostomias, ureterostomi= as, cistostomias e vesicostomi= as, nas vias urinárias; colostomias e ileostomias, no trato intestinal; e esofagostomias e gastrostomias, no sistema digestório⁽¹⁾.

A gastrostomia é confeccionada por meio da inserção de u= m cateter diretamente no estômago, mediante a incisão na parede abdominal anterior, de forma temporária ou definitiva, objetivando alimentação prolongada ou descompressão digestiva^=
(2).

Em 1839,= Sedillott obteve sucesso ao realizar gastrostomias em cães, mas, ao executar o mesmo procedimento em humanos, em 1846, não obteve êxito. Em 1876, Verneoil realizou a primeira gastrostomia com sucesso em humanos. A técnica de confecção das gastrostomias passou por várias modificações, como a Técnica de W= itzel, em 1891; a Técnica de Stamm, em 1894. E, então, 100 anos após, Gauderer, em 1980, descreveu a técnica da Gastrostomia Endoscópica Percutânea (GEP), que modificou consideravelmente a técnica pa= ra confecção de gastrostomias⁽³⁾. <= /p>

A gastrostomia endoscópica percutânea é o procedimento de escolha para suporte enteral prolongado, pois fornece uma via segura de alimentação, especialmente nas doenças neurológicas, possui baixo custo, menor tempo de hospitalização, reduzidos índices de complicações e de morbimortalidade, quando comparado à técnica cirúrgica^(4-5).

As forma= s de introdução de uma sonda de gastrostomia podem variar e depend= em das condições físico-clínicas do paciente e da disponibilidade dos procedimentos nos serviços de saúde. A inserção pode ocorrer via cirurgia aberta (laparotomia), endoscópica - GEP, laparoscópica ou radiológica^(6=
).

As gastrostomias podem ser temporárias, nos casos em que no trato diges= tivo superior está temporariamente com acesso comprometido, ou definitiva= s, quando o paciente requer terapêutica paliativa⁽⁵⁾.

A GEP é indicada para pessoas que possuem o trato gastrointestinal íntegro e estão em uso de sonda nasoente= ral por mais de 30 dias, e ainda são incapazes de receber o aporte calórico adequado por via oral, por longo prazo. Outrossim, destaca-= se que o cateter nasoenteral em contato prolongado= com a mucosa é contraindicado, devido à possibilidade de complicações, como lesões nasais, sinusites, doen&cced= il;a do refluxo gastroesofágico e pneumopatias aspirativas⁽⁵⁾.

Quanto às contraindicações, podem ser relativas ou absolutas,= e estão relacionadas às condições do estado geral= do paciente, as comorbidades, anomalias anatômicas ou outras^(7).

Em relação ao perfil epidemiológico, no cenário nacional, não é possível conseguir informações específicas a respeito de pessoas com gastrostomia, em virtude das deficiências nos registros e nas informa= ções dos dados epidemiológicos sobre pessoas com est= omia em geral. Possivelmente, o fato da estomia n&at= ilde;o ser propriamente causa de determinada doença ou mesmo diagnós= tico pode constituir um dos fatores dificultadores do seu registro nos sistemas = de informação⁽⁸⁾.

As estimativas acerca do número de pessoas com est= omia no país, divulgadas pelo Ministério da Saúde e boletins informativos das entidades nacionais e internacionais que congregam essas pessoas, ainda não refletem a realidade nacional. Essas considerações apontam para elevada fragilidade sobre os dados estatísticos desse usuário nos sistemas de informação dos serviços de saúde⁽⁸⁾.=

Nesse contexto, torna-se necessário conhecer na literatura as principais complicações e cuidados de enfermagem referentes à gastrostomia, permitindo, assim, a implementação de cuidados baseados nas melhores evidências científicas disponívei= s. O paciente com gastrostomia requer orientações e acompanhamento= do enfermeiro, o que oportuniza segurança no manuseio do cateter pelo paciente e pela respectiva família e, consequentemente, previne complicações.

Nesse se= ntido, este trabalho se justifica e é relevante em virtude da importâ= ncia da execução de cuidados baseados em evidências científicas, para enfermeiros que atuam na assistência direta a pacientes com gastrostomia que se encontram nos diversos cenários de atuação, como em cuidados domiciliares, internaç&atild= e;o hospitalar, atendimento ambulatorial e clínicas da família.

Outra importante justificativa para este estudo diz respeito ao aumento de casos = de pessoas com gastrostomia, nos últimos anos, tendo em vista que, no Brasil, por exemplo, entre os dez tipos de câncer mais incidentes estimados para o ano de 2018 por sexo, o câncer gástrico se encontra na quarta posição para homens, e em mulheres no sexto lugar e, este é um tipo de câncer em que se indica o uso de gastrostomia⁽⁹⁾. Enfatiza-se também que, para o Brasil, a estimativa para cada ano do triênio 2020-2022 aponta que ocorrer&atil= de;o 625 mil casos novos de câncer (450 mil, excluindo os casos de câncer de pele não melanoma), com 21 mil casos de câncer= de estômago⁽¹⁰⁾.

Destaca-= se, ainda, que são escassos os estudos relacionados à esta temática, a qual é mais comumente discutida em âmbito internacional, o que reforça a necessidade de realizaçã= ;o do presente estudo, a fim de promover também reflexões relacionadas a prevenção das complicações e reabilitação destes pacientes, com vista a ênfase &agra= ve; promoção da qualidade de vida destas pessoas.

Ao considerar tal problemática, formulou-se a seguinte questão norteadora: quais são as principais complicações e os cuidados de enfermagem a pessoas com gastrostomia?

E assim, este estudo objetivou identificar na literatura as principais complicações decorrentes da gastrostomia e descrever os cuida= dos de enfermagem a pessoas com este tipo de estomia.

A contribuição deste estudo está em fornecer um compilad= o de dados que possibilitem auxiliar ao enfermeiro cuidar com base em evidências científicas e, assim, minimizar ou prevenir complicações decorrentes da gastrostomia e seu manuseio. Outrossim, poderá contribuir com a melhor qualidade de vida dessas pessoas e favorecer a excelência nos cuidados de enfermagem.

METODO

Optou-se pela revisão integrativa como técnica de coleta de dados, cujo método de pesquisa constitui ferramenta importante, pois permite a análise de subsídios na literatura, de forma ampla e sistemática, além de divulgar dados científicos produz= idos por outros autores. É importante destacar que para o desenvolvimento deste estudo, houve necessidade de identificar o problema; elaborar a questão norteadora; selecionar os estudos na literatura; avaliar os dados encontrados; agrupá-los de forma sintética; e, finalmen= te, apresentar a revisão integrativa^(11-12).

A coleta= dos dados ocorreu em dezembro de 2019, na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), a partir dos Descritores em Ciênci= as da Saúde (DeCS): cuidados de enfermagem, complicações e gastrostomia. Juntamente com as palavras-chave consideradas sinônimas: assistência de enfermagem; atendimento de enfermagem; gastrostomias. A combinação com os operadores booleanos AND e OR foram: cuidad= os de enfermagem OR assistência de enfermagem OR atendimento de enfermag= em AND complicações AND gastrostomia OR gastrostomias; complicações AND gastrostomia OR gastrostomias; e cuidados de enfermagem OR assistência de enfermagem OR atendimento de enfermagem = AND gastrostomia OR gastrostomias. Foram utilizados como filtro de assunto principal: gastrostomia, complicações pós-operatórias e nutrição enteral. Salienta-se que se decidiu utili= zar além dos descritores, as referidas palavras-chaves para ampliar a busca.

Como critérios de inclusão, empregaram-se os artigos cientí= ficos publicados em português, inglês e espanhol, com textos gratuito= s e disponíveis na íntegra, na base de dados de escolha, relacion= ados com cuidados de enfermagem e/ou complicações com gastrostomia= s, publicados no período compreendido entre 2009 e 2018. O referi= do lapso temporal levou em consideração que em 2009, o Ministério da Saúde através da portaria Nº 400, d= e 16 de novembro de 2009, normatizou o atendimento à Pessoa Ostomizada no SUS e que a estimativa mundial mais rec= ente sobre os diversos tipos de cânceres (incluindo o gástrico) são do ano de 2018.

Os critérios de exclusão foram artigos tipos editoriais, carta-resposta, monografias

Ao final= da busca, encontraram-se na BVS 671 artigos, dos quais 12 foram excluíd= os por duplicidade e 651 artigos foram eliminados por não responder à questão de pesquisa, conforme pode ser observado na figura = 1. Assim, elencaram-se oito artigos para o alcance dos objetivos, os quais se utilizo= u a codificação de alfabeto (a, b, c, d, e, f, g, h) para se refe= rir aos mesmos.

Quadro 1: Caracterização dos artigos selecionados. Dezembro, 2019.

N&or= dm;	ANO<= b>	TÍTULO E AUTORES	LOCA= IS	&Aac= ute;REA
A	2018	Fatores de risco para complicações e mortalidade na inserção da gastrostomia endoscópi= ca percutânea Pih GY, Na HK, Ahn JY et al.	Seul/Coreia	Médica
COMP= ILADO DOS RESULTADOS: Comp= licações: sangramento, infecção da ferida, bloqueio do tubo (obstrução), vazamento do tubo, pneumonia por aspiração, perfuração e síndrome do anteparo.
N&or= dm;	ANO	T&Iacu= te;TULO E AUTORES	LOCAIS	ÁREA<= /p>
B	2015	Assistência de enfermage= m a pacientes gastrostomizados baseada em evidências. Nascimento NG, Borges EL, Dono= so MTV	MG/ Brasil	Enfermagem
COMP= ILADO DOS RESULTADOS: Complicações: gastrostomias endoscópicas são hemorragia no local da punção, infecção e dor local, remoção precoce do cate= ter e fístula gastrocolocutânea, sangramento, perfuração de alça e peritonite, infec&= ccedil;ão em torno da gastrostomia, deslocamento acidental e tração acidental precoce. Cuid= ados: para proteção da pele pericateter inclui o uso de protetor cutâneo; e para as complicaçõ= ;es mecânicas, são a manipulação cuidadosa do tubo= durante a administração da dieta e na fixação<= b>
N&or= dm;	ANO	T&Iacu= te;TULO E AUTORES	LOCAIS	ÁREA<= /p>
C	2015	Perfil, critérios de indicação e desfecho da inserção de gastrosto= mia em um hospital pediátrico universitário Soutin= ho LAR, Fontes DA, Carvalho YSV = et al.	RJ/ Brasil	Fonoaudiologia
COMP= ILADO DOS RESULTADOS: Complicações menores: infecção local da pele, obstrução do tubo, remoção acidental do tubo, dor abdominal secundária, principalmente a peritonite química. Complicações maiores: óbito, fasciíte necrosante, pneumonia aspirativa, sangramento= grave, peritonite, fístula gastrocólica, perfuração e disseminação tumoral. Comp= licações relacionadas à sonda: migração, obstruç&atild= e;o, fístula, disseminação tumoral, íleo paralítico e peritonismo.
N&or= dm;	ANO	T&Iacu= te;TULO E AUTORES	LOCAIS	ÁREA<= /p>
D	2015	Gastrostomia endoscópica percutânea em idosos, indicações, segurança e resultados Atenci= o DP, Perez AGB, Regino WO	Bogotá/ Colombia=	Médica
COMP= ILADO DOS RESULTADOS: Comp= licações maiores: fasciíte necrosante, síndrome do anteparo oculto, peritonite, perfuração gastroesofágica e fístulas gastroc&oac= ute;licas e fístulas colocutâneas. Comp= licações menores: infecções locais e/ou celulite, drenagem do conteúdo gástrico, sangramento, pneumo= peritônio, obstrução ou deslocamento da sonda de alimentação, úlceras gástricas e desconforto = gastrintestinal no início da alimentação, incluindo vômitos, diarreia e esforço.
N&or= dm;	ANO	T&Iacu= te;TULO E AUTORES	LOCAIS	ÁREA<= /p>
E	2014	Gastrostomia endoscópica percutânea: atualização de sua indicações, mane= jo, complicações e cuidados Lucend= o AJ, Frig= inal-Ruiz AB	Cidade Real/ Espanha	Médica
COMPILADO DOS RESULTADOS: Complicações: fasciíte necrosante, sangramento no local da punç&ati= lde;o ou da mucosa gástrica, aspiração, irritação ou infecção na pele ao redor do est= oma, obstrução do tubo, retirada acidental do tubo, o tubo não pode ser rotacionado, náusea e/ou vômito, diarrei= a, constipação e granuloma periestomal. Cuidados relacionado com o tubo da GEP: o tubo e respectivos componentes devem ser limpos diariamente com cotonete, sabão neutr= o, e água morna, enxaguando e secando após o uso, verificar periodicamente a inflação adequada do balão. Rotacio= nar o tudo diariamente no sentido horário e anti-horário, monit= orar o tubo para garantir que o suporte externo não pressione a pele. Curativo entre a pele e a fixação externa não deve s= er colocado, por causar pressão indevida. Fazer curativo curativo somente quando drenagem presente e troca quando sujidade aparente.= Cuidados com o estoma: durante as duas primeiras semanas, a á= ;rea periestomal deve ser limpa diariamente com água e sabão neutro, de dentro para fora, secando bem e desinfetando com antissépticos e gaze estéril ao redor do estoma, verificando se não há irritação, inflamação ou secreções gástricas. = Cuid= ados durante a alimentação: após a administração de alimentos ou medicamentos, é necessário instilar 50 mL de ág= ua para remover qualquer resíduo do tubo. No caso de nutrição contínua, isso deve ser feito a cada 4-6 ho= ras. Recomenda-se seringa de 30 mL ou mais, a fim = de evitar muita pressão e a ruptura de qualquer componente do tubo de GEP.
N&or= dm;	ANO	T&Iacu= te;TULO E AUTORES	LOCAIS	ÁREA<= /p>
F	2014	Gastrostomia endoscópica percutânea: indicações, técnica, complicações e manejo Rahnem= ai-Azar AA, Rahnemaiazar AA, Na= ghshizaidan R et al.	Nova Iorq= ue/ EUA	Médica
COMPILADO DOS RESULTADOS: Complicações maiores: sangramento, pneumonia aspirati= va, injúria orgânica interna, fascií= te necrosante, síndrome do anteparo sepul= tado, semeadura tumoral do estoma. Complicações menores: formação de granuloma, infecção local da ferida, vazamento periestomal, deslocamento do tubo, obstrução da saída gástrica e pneumopeirtônio. Cuidados com o estoma: examiná-lo em busca de sinais como do= r, descoloração, inchaço, exsudação, pus e vazamento ao redor do estoma; e limpá-lo diariamente. Cuidados com o tubo de GEP: o tubo deve ser girado cerca de 180 gra= us e movido para cima e para baixo cerca de 1-2 cm no local do estoma, diariam= ente Cuid= ados durante a alimentação: o tubo deve ser lavado antes e após cada alimentação e administração = do medicamento para evitar entupimento do tubo e subsequente bloqueio.
N&or= dm;	ANO	T&Iacu= te;TULO E AUTORES	LOCAIS	ÁREA<= /p>
G	2013	Gastrostomia cirúrgica: indicações atuais e complicações em pacientes= de um hospital universitário Anselmo CB, Tercioti Júnior V, Lopes LR et al.	SP/ Brasil	Médica
COMPILADO DOS RESULTADOS: Complicações locais: vazamento da dieta pelo orifício da sonda, obstrução da sonda, seroma, infecção da ferida cirú= ;rgica superficial, perda da sonda. Comp= licações sistêmicas: pneumonia aspirativa, desabamento da gastrostomia, eventração, evisceração= e óbito precoce (nos primeiros 30 dias de pós-operatór= io).
N&or= dm;	ANO	T&Iacu= te;TULO E AUTORES	LOCAIS	ÁREA<= /p>
H	2010	Gastrostomia endoscópica percutânea: análise de 35 pacientes. Fabris= FM, <= span class=3DSpellE>Kamiyama G, Kikawa RK	SP/ Brasil	Médica
COMPILADO DOS RESULTADOS: Complicações menores: infecção do s&iacu= te;tio de inserção do tubo, extravasamento pelo sítio de inserção da sonda e ao redor da mesma, por secreç&ot= ilde;es ou dieta infundida, íleo paralítico, úlcera gástrica, “buried bumper syndrome” – migraç&at= ilde;o do anteparo gástrico interno, fístulas, remoçã= ;o inadvertida da sonda. Comp= licações maiores: a aspiração, hemorragia e/ou = hemoperitôneo, perfuração aórtica (raro), perfuração inadvertida de víscera oca e/ou peritonite, f= asciíte necrotizante (raro), implantação tumoral (raro), óbi= to.

Fonte: As autoras, 2019.

Notou-se= que seis (b,c,d,e,f,g) (75%) artigos foram publicados ent= re os anos de 2013 e 2015, considera-se que publicações em maior número nesse período podem decorrer do aumento tanto da população idosa como do número de pacientes com doenças crônicas, além do índice elevado de Acid= ente Vascular Cerebral (AVC) e doenças neurológicas, que ocasionam dificuldade para deglutir, sendo a disfagia o maior motivo de confecção da gastrostomia endoscópica percutânea= ^(21-22).

&= nbsp; Observou-se que metade dos estudos encontrados foram realizados no Brasil, quatro (b,c,g,h) (50%), especificamente na Região Sude= ste. Também se verificou que ocorria no Brasil heterogeneidade espacial das atividades = de pesquisa científica, com padrão regional de distribuição das publicações e dos pesquisadores concentrado na Região Sudeste, com destaque principalmente para as capitais dos estados⁽²³⁾.

Quanto &= agrave; profissão dos autores, seis (a,d,e,f,g,h) (75%) artigos têm apenas médicos como autores, um(b) (12,5%) é de autoria de enfermeiros e outro (c) (12,5%) redigido por fonoaudiólogos. A gran= de produção de conteúdo sobre o referido tema pela área médica, pode estar relacionada ao fato da confecção da gastrostomia ser um procedimento médico, entretanto, o enfermeiro é o responsável pela implementação de cuidados, com objetivo de prevenir e tratar complicações associadas às gastrostomias.

Nesse sentido, notou-se carência de pesquisa desenvolvida por enfermeiros s= obre o referido tema, percebendo-se insuficiência de produçã= o de conteúdo no que se refere aos cuidados de enfermagem a pacientes com gastrostomias. Ratificado isso, estudo destaca a diminuta quantidade de manuscritos, especificamente sobre cuidados de enfermagem a pacientes com gastrostomia⁽¹⁵⁾.

&nb= sp;

Complicações envolvendo a gastrostom= ia e seu manuseio

Evidenci= ou-se que dos oito artigos selecionados, cinco (c,d,f,g,h) (62,5%) classificavam as complicações em menores ou locais e maiores ou sistêmicas, sendo as complicações menores ma= is frequentes, variando entre 7% e 10% dos casos, e as complicaçõ= ;es maiores com menor ocorrência, com taxa de 1% a 3% dos casos, requeren= do hospitalização e/ou intervenção cirúrgic= a. Cabe considerar que os demais artigos (a,b,e) não estabelecem essa classificação, porém as co= mplicações citadas por esses podem ser incluídas nessa categorizaç&atild= e;o, pois elas se relacionam.

Ao corroborar, os autores citam a heterogeneidade dos estudos na definição das complicações, em maiores e menore= s, dificultando, desta forma, a comparação dos estudos^(3).

&nb= sp;

Complicações menores

Dentre as complicações menores ou locais, a infecção loca= l do óstio de inserção da sonda foi a principal complicação encontrada nos artigos (100%) selecionados por es= ta pesquisa. Apesar da confecção da gastrostomia ser considerada= um procedimento cirúrgico relativamente pequeno e seguro, está associada às complicações gerais, sendo a infecção local a mais comum, com maior taxa de incidênc= ia estimada entre 5% e 38%⁽¹⁴⁾.

A ocorrência frequente de infecção local pode estar assoc= iada ao fato da colocação de um tubo de GEP não ser conside= rada técnica estéril, devido à contaminação da sonda de gastrostomia por bactérias da cavidade oral, no momento da passagem pela boca, como também a cuidados de higiene inadequados, pressão em excesso sobre o estoma e exsudação do conteúdo gástrico na pele periestomia^(24-25).

A obstrução do tubo apareceu em cinco artigos (a,c,d,e,g) (62,5%) como complicação menor. Uma complicação frequente decorre principalmente do cuidado inadequado pela não real= ização da irrigação (lavagem) do tubo antes e depois de cada alimentação e administração de medicamentos, causando acúmulo de resíduos na parede do tubo e consequente obstrução, o que ocasiona a perda do tubo e requer a troca de= ste.

Em alguns estudos, as sondas de alimentação foram trocadas em 23,9% dos pacientes, destas, 7,3% pelo motivo de deterioração da sonda = ou obstrução, após a alimentação com fórmulas espessas, medicamentos mal pulverizados ou incompatibilidad= es destes com a alimentação^{(5, 19)}.=

O vazame= nto ou extravasamento de conteúdo gástrico pelo sítio de inserção da sonda apareceu em cinco artigos (a,d,f,g,h) (62,5%). A principal consequência deste evento foi lesão da pe= le ao redor do estoma (dermatite peristomial), que= pode ser intensa e evoluir com infecção secundária bacteria= na ou fúngica.

Sobre es= se tipo de complicação, ela geralmente ocorre nos primeiros dias após a colocação do tubo GEP, embora possa ocorrer mes= mo em pacientes com trato GEP maduro. A avaliação do vazamento d= eve incluir exame do paciente para qualquer evidência de infecção, ulceração, anteparo sepultado ou quaisquer outras causas potenciais, como deslocamento do tubo, esvaziamento gástrico retardado, gavagem excessiva ou residual e fístula gástrica aumentada⁽⁶⁾.

A retira= da ou tração acidental (inadvertida) da sonda esteve presente em quatro artigos (b,c,e,h) (50%). Ao considerar q= ue os pacientes que necessitam da colocação de uma GEP, em geral, são indivíduos com demência, sequelas ou comprometimento neurológico, que causam comprometimento da deglutição,= a retirada ou tração acidental da sonda pode ocorrer.

Remoção acidental de = tubos de gastrostomia, em duas a quatro semanas de colocação, antes= de o trato amadurecer, pode resultar em peritonite e até mesmo morte, s= e o conteúdo gástrico vazar para o peritônio, pois ocorre o distanciamento entre a parede do estômago e a parede abdominal anteri= or, formando uma perfuração livre para a cavidade peritoneal, permitindo a saída de conteúdo gástrico, podendo ocasi= onar peritonite⁽²⁶⁾.

Quando a remoção acidental é identificada imediatamente, uma segunda sonda de gastrostomia pode ser inserida no mesmo sítio de punção na parede abdominal que pode ajudar a reduzir o potenc= ial de vazamento para o peritônio e auxiliar na substituição mais fácil e segura do tubo, quando necessário⁽²⁶⁾= .

O sangramento do local da punção foi citado em três artig= os (a,b,c) (37,5%) como complicação menor, porém, em um artigo (f) (12,5%), foi considerada complicação maior, entretanto, não foi especificado o volume desse sangramento nem o critério para classificaç&atil= de;o desta em complicação maior ou menor. Essa é uma complicação frequente nas gastrostomias endoscópicas, ocorrendo em 3,85% dos pacientes¹⁷. Os sangramentos de baixo vol= ume frequentemente têm resolução rápida e não necessitam de intervenção cirúrgica, nem retirada da s= onda de gastrostomia, geralmente podem ser controlados com simples pressão sobre a ferida abdominal⁽¹⁹⁾.

&nb= sp;

Complicações maiores

&nb= sp;

Quanto às complicações maiores ou sistêmicas, a fasciíte necrosante foi citada em cinco artigos (c,d,e,f,h) (62,5%). Esta &eac= ute; uma complicação muito rara, mas potencialmente fatal de GEP, e pode ser evitada com cuidados adequados e diários de observação no posicionamento do anteparo em relaç&atil= de;o à parede abdominal.

A tração e a pressão no tubo GEP são dois fatores principais que aumentam o risco de fasciíte necrosante da parede abdominal, após a colocação do tubo GEP. Portanto, manter o amortecedor externo= a 1-2 cm de distância da parede abdominal pode diminuir a pressã= o da ferida e potencialmente prevenir esta complicação⁽²⁷⁾.

A pneumo= nia aspirativa foi pontuada em cinco artigos (a,c,f,g,h) (62,5%) como complicação maior ou sistêmica, decorrente do início da alimentação pelo tubo de gastrostomia sem implementação de cuidados preventivos efetivos, principalment= e em pacientes com comprometimento neurológico ou em uso de drogas sedati= vas.

No uso de sonda de gastrostomia, há possibilidade de aspiração e pneumonia relacionada ao refluxo gastroesofágico (que pode piorar co= m a gastrostomia), cujos fatores de risco incluem decúbito dorsal, sedação, comprometimento neurológico e idade avançada. Com objetivo de prevenir a aspiração, deve-se manter a cabeceira da cama em 30° a 45° a menos que contraindicado; evitar sedação excessiva; avaliar o volume residual; evitar alimentação em bolus para aqueles= com alto risco de aspiração^(26-27).<= /p>

A perfuração de vísceras ocas e peritonite foram citadas= em quatro artigos (b,c,d,h) (50%). Usualmente, a perfuração de vísceras ocas ocorre pela punção de alça intestinal que se encontra interposta e= ntre a parede abdominal e a parede gástrica, durante a realização da GEP, causando secundariamente peritonite ou fístulas gastrocolocutâneas.<= /o:p>

Peritonite como complicação de GEP foi relatada em 0,0% a 1,6% dos pacientes, frequentemente associada à alta taxa de mortalidade. Em geral, ocasionada pelo extravasamento do conteúdo gástrico para a cavidade peritoneal, devido à saída da sonda de GEP antes da maturação do trato (que ocorre em 7 a 14 dias). A peritonite também pode ocorrer em caso de em caso do sepultamento precoce do anteparo interno da sonda⁽²⁸⁾.=

A síndrome do sepultamento do anterparo interno da sonda - “buried bumper syndrome” - foi citada em três artigos (a,d,f) (37,5%), porém em um (h)= (12,5%) dos artigos selecionados, esteve classificada como complicação menor ou local. Essa complicação é frequentemente caus= ada por manuseio indevido da sonda de alimentação da GEP pelos cuidadores, devido ao puxão acidental, à tensão excess= iva e contínua do retentor externo da sonda na parede abdominal, produzi= ndo pressão do retentor interno contra a parede gástrica.

Vale ressaltar que trata de complicação da GEP causada pela migração do retentor interno da sonda de gastrostomia, por me= io da parede gástrica e, eventualmente, da parede abdominal. Na dependência do grau de penetração na parede, o retentor pode ficar completamente recoberto por mucosa gástrica reacional e alojado no tecido celular subcutâneo, podendo gerar hiperemia ao redor da = sonda de gastrostomia até= quadros = infecciosos graves^(29-30).

Cuidados de enfermagem voltados aos indivíd= uos com gastrostomia

= No que t= ange aos cuidados relacionados à gastrostomia, três artigos (b,e,f) (37,5%) fizeram referência ao tema: um a= rtigo (b) indica o uso de protetor cutâneo em pele per= iestoma como cuidado com a gastrostomia; dois artigos (e,f) indicam a rotação diária do tubo, visando prevenç&atild= e;o de lesões por pressão sobre o abdome e parede gástrica, exame do estoma diariamente em busca de sinais de alteração, = limpeza do estoma diariamente. Quanto aos cuidados com o tubo, após a administração de alimentos ou medicamentos, dois artigos (e,f) recomendam a necessidade de lavar o tubo com água e, em caso de nutrição contínua, o tubo de= ve ser lavado a cada 3 ou 4 horas.

No que d= iz respeito à complicação de síndrome do anteparo<= /span> interno da sonda, esta pode ser facilmente evitada com a verificação regular da posição do tubo GE= P, deixando pequena distância entre o anteparo externo e a pele do pacie= nte, e rotação diária de 180-360 graus do tubo^(19).

&= nbsp; A prevenção de uma síndrome do anteparo interno da sonda também depende da fixação adequada do tubo GEP e dos cuidados diários adequados, distância de cerca de 1 e 2 cm entre a parede abdominal e a almofada externa deve ser permitida. Também é recomendado que= as compressas de gaze, nos curativos do pós-operatório imediato, sejam colocadas sobre o anteparo externo, em vez de embaixo dele, para dimi= nuir a pressão⁽²⁷⁾.

Nas prim= eiras 24 horas após a inserção da sonda de gastrostomia, o anteparo externo deve ser avaliado quanto à pressão sobre a área periestoma, devido à presen&= ccedil;a de edema pós-operatório da parede abdominal. Caso seja detect= ada tal situação, o anteparo externo deve ser ligeiramente afroux= ado⁽²⁶⁾.

No cuida= do com o tubo, além da lavagem regular devem-se dissolver medicamentos = em água antes da administração e utilizar preferencialmen= te as formas líquidas de medicamentos em vez de formas sólidas, medidas preventivas que devem ser tomadas para evitar o entupimento do tubo= ⁽¹⁹⁾.

Em relação ao volume, ao tempo e à frequência de lavagem = da sonda com água existem variações na prática clínica. No entanto, a lavagem consistente, antes e depois da administração do medicamento, da alimentação em= bolus e periodicamente com alimentação contínua ou cíclica, é muito importante para evitar a oclusão do tubo⁽²⁶⁾.

Para pacientes internados que receb= em alimentação contínua, a quantidade de água recomendada para a lavagem = da sonda varia de 20-100 mL, com frequência sugerida a cada 4 ou 8 horas. Para pacientes com alimentação intermitente ou em bolus, a quantidade de &aacu= te;gua recomendada varia de 15–100 mL, com lavag= em antes e depois da alimentação⁽²⁶⁾.

&= nbsp; No que se refere aos cuidados de enfermagem ao paciente submetido à gastrostomia, alguns autores afirmam que os enfermeiros são os principais responsáveis pelo cuidado e pela manutenção= das gastrostomias, entretanto, estes cuidados ainda não possuem o mereci= do destaque nos livros de habilidades de enfermagem, necessitando maior investimento em pesquisas da enfermagem nesta área⁽⁶⁾.

&= nbsp;

CONCLUSÃO

&nb= sp;

O presen= te estudo mostrou que, embora seja um procedimento amplamente realizado nas instituições de saúde, considerado potencialmente de b= aixo risco, a gastrostomia ainda apresenta complicações, as quais podem ocasionar reinternações ou internações prolongadas dos pacientes, indicando que possíveis falhas podem estar ocorrendo neste processo.

A prevenção dessas complicações está diretamente relacionada aos cuidados com gastrostomia, pois quando as recomendações referentes aos cuidados na inserçã= ;o, no manejo e na retirada do cateter de gastrostomia estão amparadas em evidências científicas, é possível obter resulta= dos favoráveis. Logo, a adoção de tais condutas reduzir&aa= cute; a ocorrência de complicações e ajudará na reabilitação do paciente.

Por&eacu= te;m, ao mesmo tempo que se percebe na prática que enfermeiros têm responsabilidade e capacidade de intervenção efetiva sobre os cuidados prestados ao paciente com a gastrostomia, o estudo apontou lacuna<= span style=3D'color:#4F81BD'>s na produção científic= a da enfermagem, no tocante aos cuidados relacionados ao paciente submetido &agr= ave; gastrostomia, evidenciada pela carência de publicações sobre esse tema na literatura. Logo, a realização de pesquisa= s se torna mandatória, visando embasar a assistência aos pacientes = com gastrostomia, de modo a contribuir com o aprimoramento científico e, consequentemente, melhorar a qualidade da assistência a esses pacient= es.

Destaca-se, ainda, a importância de enfermei= ros terem habilidade para realizar a educação em saúde para pacientes e familiares sobre os dispositivos de gastrostomia, as complicações e os cuidados no manuseio e na alimentaç&= atilde;o. Além disso, aponta-se a criteriosa necessidade de a enfermagem desenvolver mais estudos com evidências científicas que aponte= m as complicações em gastrostomia e cuidados, visando prevenção destas, com a finalidade de melhorar cada vez mais a qualidade da assistência.

Esta pesquisa tem como limitação o fato de ter concentrado as busc= as dos estudos apenas na base de dados da Biblioteca Virtual em Saúde, restringindo, com isso, o potencial de achados para posterior, análi= se e discussão.

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Submissão: 2021-01-22

Aprovado: 2021-05-24