MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D7863C.9C4A1720" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D7863C.9C4A1720 Content-Location: file:///C:/08D31E54/1066AnalisecontextualPT.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
ANÁLISE CONTEXTUAL DO CUIDADO DA
ENFERMEIRA RURAL NO ÂMBITO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE
CONTEXTUAL ANALYSIS OF RUR=
AL NURSES
CARING IN PRIMARY HEALTH CARE
Bruno Neves da Silva[1]
* Deise Lisboa Riquinho[2]
* Nilba Lima
de Souza[3]
* Francisco Arnoldo Nunes de Miranda[4]
* Erika Simone Galvão Pinto[5]
RESUMO
Objetivo: anali=
sar os
aspectos contextuais do cuidado realizado pela enfermeira a populações rura=
is no
âmbito da Atenção Primária à Saúde. Método: Trata-se de uma reflexão analít=
ica
de contexto, compreendido em quatro camadas interativas segundo referencial=
de
Hinds, Chaves e Cypress. Resultados: Identifico=
u-se
que o contexto imediato reflete as ações de cuidado em território rural
desenvolvidas pela enfermeira da Atenção Primária à Saúde; o contexto
específico aborda os fatores intervenientes no cuidado da enfermeira às
populações rurais; o contexto geral discorre sobre representações e concepç=
ões
da enfermeira e dos atores sociais rurais e sua influência sobre o cuidado;=
e a
visão compartilhada entre enfermeira e ator social rural sobre o
saber/fazer/cuidar para a promoção da saúde rural inter-relaciona os contex=
tos
anteriores em um metacontexto. Conclusão: As
interfaces contextuais da atuação da enfermeira rural da Atenção Primaria a=
Saúde
são circunscritas por especificidades e entraves que interferem diretamente=
na
prestação do cuidado. Entretanto, a partir da promoção do vínculo e da educ=
ação
em saúde, construídos com a utilização das tecnologias leves do cuidado,
consegue-se alcançar o imaginário rural e contribuir para a promoção da saú=
de
rural.
Palavras-cha=
ve: Enfermagem Rural; Atenção P=
rimária
à Saúde; Cuidados de Enfermagem; Saúde da População Rural. Análise Contextu=
al.
ABSTRACT:
Objective: to analyze the contextual aspects of the care provided by
nurses to rural populations in Primary Health Care. Method: Contextual
reflection, using the theoretical reference of Hinds, Chaves and Cypress in
which the context is understood in four interactive layers. Results: It was=
identified
that the immediate context reflects the care actions in rural territory dev=
eloped
by the Primary Health Care nurses; the specific context addresses the inter=
vening
factors in the care of nurses to rural populations; the general context dis=
cusses
about representations and conceptions of nurses and rural population and th=
eir influence
on care; and the shared view between nurses and rural population on
know-how/caring for the promotion of rural health interrelates previous con=
texts
in a metacontext. Conclusion: The contextual interfaces of the rural nurse'=
s work
in Primary Health Care are circumscribed by specificities and barriers that=
directly
interferes in the provision of care. However, based on the promotion of bon=
ds and
health education, built with the use of light care technologies, it is poss=
ible
to reach the rural social imagery and contribute to the promotion of rural
health.
Keywords: Rural Nursing; Primary H=
ealth
Care; Nursing Care; Rural Health. Contextual Analysis.
INTRODUÇÃO
A
Atenção Primária à Saúde (APS) se configura por ações em saúde individuais e
coletivas que envolvem a proteção e a promoção da saúde, a prevenção de doe=
nças
e agravos, o diagnóstico, o tratamento e a reabilitação, como também a redu=
ção
de danos, a prática de cuidados paliativos e a vigilância em saúde. Visa de=
senvolver
uma atenção integral que repercuta na situação de saúde e na autonomia dos
indivíduos, assim como nos condicionantes e determinantes de saúde da
coletividade. Deve ser encarada como uma estratégia que gera alto impacto n=
as
condições de saúde da população em geral e como função central do sistema
nacional de saúde.(1-3)
Em
relação à oferta de serviços de APS no âmbito rural, limita-se frente às in=
iquidades
de acesso geográfico, vulnerabilidade populacional, falta de insumos, baixa
disponibilidade de profissionais de saúde, precariedade da rede física de U=
nidades
Básicas de Saúde, e a rede de referência para as populações do campo serem
localizadas, preferencialmente, nos espaços urbanos. Diante desses fatores =
locorregionais, necessita-se de maiores investimentos=
por
parte dos sistemas de saúde na atenção à saúde rural.(4-9)
Os
cenários rurais apresentam peculiaridades próprias, como diferenciados e
dinâmicos territórios geográficos e processos saúde doença dos indivíduos
específicos do meio rural, como a persistência de padrões endêmicos e baixa
qualidade de vida, que exigem a efetivação de medidas para superar os probl=
emas
recorrentes na assistência de saúde desses contextos.(10-14)
Os
cuidados de enfermagem, compreendidos enquanto prática social, são configur=
ados
como ações produtivas determinadas por condicionantes sociopolíticos,
históricos e econômicos, e se constituem em uma pedra angular da APS,
essenciais para execução de seus planos. Nesse cenário, a enfermeira contri=
bui
para a constituição de uma assistência de qualidade, pois intervém ativamen=
te
no cuidado ao indivíduo, família e comunidade, cuidando e atendendo pessoas
doentes e saudáveis.(15-17)
No
âmbito rural, a atuação da enfermeira exige um processo de trabalho diferen=
te
daquele vivenciado durante a sua formação acadêmica, cercado por
particularidades que envolvem as famílias e que necessita de atitudes
politicamente coordenadas. Esse tipo de atitude deve envolver todos os seto=
res
da sociedade, e necessita, ainda, alterar a visão que a sociedade possui em
relação à população rural, de forma a superar preconceitos.(18-19)
Contudo,
apesar da existência de percalços para a atuação da enfermeira junto às
populações rurais, é possível a construção de uma prática solidária e criat=
iva,
com vistas ao desenvolvimento do cuidado de enfermagem que impulsione a esc=
uta
qualificada e melhore a qualidade de vida em âmbito rural.(12)
Nesta
perspectiva, refletir acerca do cuidado desenvolvido pela enfermeira no
contexto rural contribui para qualificar a prática de enfermagem nesse cená=
rio,
permitindo compreender nuances de um contexto no qual os profissionais, fre=
quentemente,
não recebem formação específica para atuação, possibilitando identificar os=
possíveis
percalços e potencialidades que podem contribuir para o aprimoramento do
cuidado, o que repercute na melhoria da qualidade de vida dos sujeitos
assistidos. Destarte, o presente estudo objetivou analisar os aspectos cont=
extuais
do cuidado realizado pela enfermeira rural no âmbito da APS.
MATERIAIS E MÉTODOS
Trata-se
de uma reflexão analítica de contexto fundamentada no referencial de Hinds,
Chaves e Cypress para a compreensão de um fenôm=
eno.
Sob essa ótica, o contexto é compreendido como um conjunto de quatro camadas
interativas que se distinguem pela extensão com que o significado é
compartilhado, que pode ser singular até quase universal, pelo tempo presen=
te
ou futuro e pela agilidade com que uma mudança em cada uma das camadas pode
acontecer e ser perceptível.(20)
Hinds,
Chaves e Cypress, encaram o contexto como uma t=
eia de
experiências, um panorama maior do qual o fenômeno faz parte, e indicam que=
sua
interação com o profissional, propositalmente, aumenta a exatidão de
interpretações, amplifica o valor explicativo de resultados, concebe condiç=
ões
para o entendimento dos processos vivenciais, e possibilita compartilhar se=
us
significado e compreensão(20).
Na
análise contextual, o foco está no modo como o fenômeno se insere em cada
camada do contexto, sendo a primeira delas o contexto imediato, caracteriza=
do
pela imediação e pelo foco no tempo presente. Aborda os aspectos relevantes=
da
situação, como os limites e o espaço onde o ato ocorre. A segunda camada
corresponde ao contexto específico, caracterizada pelo conhecimento
individualizado e singular, que abrange o passado imediato e os aspectos
importantes da situação presente.(20)
Subsequentemente,
tem-se o contexto geral, camada mutável (ainda que não seja uma mudança
expressiva) que se caracteriza pelo panorama de referências vivenciais dese=
nvolvidas
pelo sujeito mediante interpretações pessoais provenientes das interações
atuais e passadas. Por fim, desvela-se o metacontexto<=
/span>,
fonte de saberes socialmente construídos que opera de modo contínuo e resul=
ta
em um ponto de vista social compartilhado. Trata-se de uma camada também
mutável, embora dificilmente apresente mudança brusca importante, cujo
principal foco é o passado, embora considere e incorpore o presente e impon=
ha
condições que moldam o futuro. Constitui uma fonte de explicação para os co=
mportamentos
e os eventos. O metacontexto se constitui em uma
camada onipresente, passando despercebida a menos que seja intencionalmente
procurada. Ressalta-se que as camadas possuem interseções entre si, não
existindo separadamente.(20)
Definiu-se
como fenômeno o cuidado prestado pela enfermeira da APS que atua na zona ru=
ral,
e as camadas contextuais e seus significados foram analisadas a partir de
revisão narrativa da literatura, sistematizada e realizada nas bases de dad=
os
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Literatura Internacional em Ciências da Saúde (MEDLINE), Base de Dados em E=
nfermagem
(BDENF), Scientific Electronic
Library Online (SciELO) e Cumulative=
Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL), escolhidas por apresentarem
literatura vasta e consistente na área de enfermagem. Partiu-se da pergunta
norteadora: Quais as ações de cuidado às populações rurais desenvolvidas pe=
la enfermeira
no contexto da APS?
A busca foi realizada no período de janeiro a fevereiro de 2020, com os seguintes descritores controlados, obti= dos por meio de consulta ao Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e ao Med= ical Subject Headings (MeSH) e suas respectivas sinonímias em espanhol: (1):= “População Rural OR Población Rural OR Rural Po= pulation”, (2):“Cuidados de Enfermagem OR Atención de Enfermería OR Nursing Care”, (3): “Atenção Pri= mária à Saúde OR Atención Primaria de Salud OR Primary Health Care” (4): “Enfermagem Rural = OR Enfermería Rural OR Rural Nursing”. Os descritores fo= ram combinados por meio dos operadores booleanos “AND” e “OR”, resultando nas seguintes combinações (1) AND (2); (1) AND (3); (2) AND (4) e (3) AND (4).<= o:p>
Os
critérios de elegibilidade incluíram as publicações disponíveis na íntegra =
em
inglês, espanhol ou português. Foram excluídas publicações que não responde=
ssem
à pergunta norteadora do estudo. Artigos duplicados foram considerados apen=
as
uma vez. Não foi estabelecido intervalo temporal na busca nas bases de dado=
s.
Ressalta-se
o obedecimento deste estudo à Resolução 510/2016 do Conselho Nacional de Sa=
úde.
A utilização da palavra enfermeira, no feminino, remete ao fato dessa profi=
ssão
ser majoritariamente constituída por mulheres.
RESULTADOS
Na
revisão, obteve-se, inicialmente, um total de 7.493 publicações. Destas, 19
foram excluídas por repetição. Após leitura inicial dos títulos dos estudos,
984 permaneceram. A leitura dos resumos das publicações e aplicação dos
critérios de elegibilidade resultou em uma amostra de 57 publicações, que f=
oram
submetidas à leitura do texto completo, que permitiu detectar 31 estudos qu=
e não
respondiam à questão norteadora. Destarte, a amostra final foi composta por=
26
publicações, sendo 24 artigos científicos, uma dissertação de mestrado, e u=
ma
tese de doutorado, devidamente analisados para discussão dos contextos
emergentes. O fluxograma representado na figura 1 ilustra a estratégia de b=
usca
dos artigos nas bases de dados.
Figura 1. Estratégia de busca das publicações incluídas na
revisão para estabelecimento dos contextos que permeiam o cuidado prestado =
pela
enfermeira da APS que atua na zona rural.
Fonte: Dados da pesquisa, 2020.=
Estabeleceram-se
quatro categorias analíticas, com base nas quatro camadas contextuais do
referencial teórico: Ações de cuidado em território rural desenvolvidas pel=
a enfermeira
da APS; Fatores intervenientes no cuidado da enfermeira às populações rurai=
s;
Representações e concepções da enfermeira e dos atores sociais rurais e sua
influência sobre o cuidado; e Visão compartilhada entre a enfermeira e o at=
or
social rural sobre o saber/fazer/cuidar para a promoção da saúde rural.
Reforça-se
a existência de interseções que ligam as camadas contextuais, conforme apre=
sentado
na figura 2. Todavia, por razões didáticas e facilitadoras de compreensão, =
uma
vez que as camadas não são nem excludentes nem exclusivas, elas serão
apresentadas em separado, seguindo a divisão proposta pelo referencial teór=
ico.(20)
Figura 2. Camadas contextuais que circunscrevem o cuidado da
enfermeira rural na Atenção Primária à Saúde.
Fonte:
elaboração própria, 2020.
O
contexto imediato, no qual o fenômeno ocorre, caracterizou-se pela rotina de
cuidados realizados pela enfermeira da APS em contextos rurais, permeados p=
or
especificidades inerentes a esse meio, que podem interferir na longitudinalidade do cuidado.
No
contexto específico são descritos os fatores intervenientes na assistência
prestada pela enfermeira que atua em contextos rurais, em que se pode desta=
car
a distância da realidade rural de outros serviços de atenção além da Estrat=
égia
Saúde da Família (ESF), e a estrutura física inadequada, que atuam como
entraves assistenciais.
As
percepções e representações da enfermeira da APS e da comunidade rural sobr=
e o cuidado
recebido são destacadas no contexto geral, em que as crenças da população,
resultado de um imaginário coletivo secular, influenciam na organização do
cuidado.
Os contextos anteriores estão interrelacionados em um met= acontexto que reflete a visão compartilhada entre a enfermeira que atua na APS da zona rural e sua clientela sobre os modos de saber e de promover a saúde rural.<= o:p>
DISCUSSÃO
Ações de cuidado em território rural
desenvolvidas pela enfermeira da Atenção Primária à Saúde (contexto imediat=
o)
Em
âmbito rural, a modalidade de cuidado mais intimamente relacionada e
responsável pela maior parte da assistência de saúde oferecida à população =
é a
ESF. A abordagem do cotidiano laboral para as enfermeiras nessa modalidade
envolve especificar as ações e fatos correntes que demandam processos
reflexivos e de criação, principalmente devido à diversidade de ações
desenvolvidas, lidando com circunstâncias em sua prática profissional que
colaboram, mas, muitas vezes, limitam a continuidade do cuidado.(12)=
sup>
O
processo de trabalho na área rural possui organização marcada por
especificidades, sendo o cuidado programado de acordo com a localização
geográfica e a distribuição das unidades de saúde rurais, que se situam, ge=
ralmente,
distantes entre si. Este fato ocasiona dificuldades na realização da
assistência, sobretudo na articulação entre as ações de promoção da saúde e=
de
prevenção de doenças, devido ao número reduzido de turnos de atendimento que
ocasionam vazios assistenciais intermitentes e comprometem a integralidade.=
(21)
Ademais, as enfermeiras rurais muitas vezes praticam a enfermagem em uma
variabilidade de contextos de forma independente, isolados de outros
profissionais devido à escassez de recursos humanos.(22)
No
contexto rural, as atividades grupais de promoção da saúde, por exemplo, são
difíceis de serem realizadas, pois dependem da disponibilidade de homens e
mulheres que se dividem entre o trabalho na lavoura e o trabalho doméstico,
assim, as ações de educação em saúde são mais realizadas nas escolas. Nesse
aspecto, o trabalho da enfermeira assume um caráter de atividades gerenciais
como a coordenação da unidade de saúde e do Programa de Agentes Comunitário=
s de
Saúde. Quanto aos procedimentos realizados, não existe nítida separação ent=
re
aqueles realizados pela enfermeira (com exceção da coleta de exame citopatológico de colo uterino) e pelos auxiliares/té=
cnicos
de enfermagem, no que se refere à administração de medicamentos e vacinas, =
realização
de curativos, dentre outros.(23)
Embora as ações desenvolvidas no contexto rural sejam
semelhantes ao cotidiano de outros serviços no cumprimento de protocolos
ministeriais com grupos específicos, a enfermeira rural possui limitação de
horários para realizar as práticas cotidianas, o que leva, muitas vezes, à
pulverização de suas ações. Dessa forma, as práticas parecem organizar-se em
torno do modelo de ações programáticas e de atendimento individual da deman=
da
espontânea.(21)
À
medida em que o enfoque das ações é dado à demanda espontânea, pela procura=
na unidade,
o planejamento se mostra incipiente para a realização de ações direcionadas
para a demanda programada, como ações comunitárias, educação em saúde, proj=
etos
terapêuticos e visitas domiciliares, o que repercute em desigualdades no pr=
ocesso
assistencial, sem atuar em conformidade com a reformulação do modelo
assistencial proposta pela APS, que se encontra como uma proposta a ser
efetivada.(24)
Ademais,
as enfermeiras rurais que atuam na APS, sobretudo devido à ausência de outr=
as
modalidades de serviços assistenciais, realizam cuidados a indivíduos vítim=
as
de trauma, realizam assistência à saúde mental, estabilizam pacientes e
críticos e ainda oferecem cuidados de conforto a pacientes em estágio termi=
nal
ou em situações de morte e morrer. Tais situações requerem adaptação consta=
nte
de sua prática para atender às necessidades de saúde, e considerar os
determinantes sociais de saúde que impactam na saúde de sua clientela.=
(25)
No
entanto, ainda que a enfermeira rural possua espaços de tempo muito curtos =
para
assistir aos atores sociais sob seus cuidados, devido as unidades dispersas=
no
território, o vínculo com os sujeitos potencializa o desenvolvimento das pr=
áticas
cotidianas. Além dos atendimentos individuais durante a consulta de enferma=
gem
e as visitas domiciliares às famílias, existem os encontros grupais em datas
comemorativas, que enriquecem a relação do enfermeiro e da equipe de ESF pa=
ra a
promoção do cuidado de saúde à população rural.(12)
=
Fatores intervenientes no cuidado da
enfermeira às populações rurais (contexto específico)
As especificidades que cercam o trabalho da enfermeir=
a no
contexto rural influenciam diretamente no seu processo de cuidado, ocasiona=
ndo
obstáculos na sua efetivação.
Dentre
os fatores apontados como entraves ao processo de cuidado, destaca-se a não
garantia ao acesso dos serviços de saúde próximo aos locais de moradia, que
limita o acesso e condiciona sua utilização à capacidade de mobilidade dos =
seus
usuários, agravada pela falta de transportes.(23,26-27) Esse
distanciamento afeta, inclusive, o relacionamento entre a enfermeira rural e
sua clientela, fomentando distanciamento social e restringindo sua capacida=
de
de envolver-se em práticas que promovam a continuidade do cuidado.(28)=
A
distância das unidades impacta, também, no deslocamento da enfermeira para =
os
estabelecimentos de assistência à saúde, pois além da dinâmica casa-trabalh=
o,
envolve o fato de o transporte responsável por conduzi-la até seu local de
trabalho ser o mesmo que realiza a busca e entrega de insumos necessários, =
em
muitas ocasiões. Tal fato contribui para os atrasos e a diminuição do tempo=
de
trabalho e alia-se ao percurso por estradas não asfaltadas, o que torna
dificultosa a chegada, sobretudo nos períodos chuvosos.(12,25)
A
ausência de local adequado e de estrutura, falta de equipamentos, materiais,
recursos tecnológicos e medicamentos básicos também são fatores que influen=
ciam
fortemente na organização do cuidado.(12,22,25,29) Além desses
entraves, muitas vezes, não há disponibilidade de refeições para os
profissionais, o que inviabiliza o prolongamento da jornada de trabalho. Em
âmbito rural, a enfermeira tem de enfrentar, ainda, a ausência de água nos
estabelecimentos de assistência à saúde em que atua.(12)
Somado
a isso, tem-se remuneração insuficiente, falta de reconhecimento profission=
al,
pequena oferta de atendimento (devido à falta de profissionais nas unidades=
de
saúde), e a insatisfação ocasionada por esses diversos fatores que prejudic=
am a
realização do cuidado, que impactam negativamente no cotidiano da população=
.(12,26,30)
Em contrapartida, parte da população rural reage com
a automedicação e medicamentos caseiros como alternativa diante da dificuld=
ade
de cuidados profissionais.(26)
O
contexto de trabalho da enfermeira é permeado, como citado anteriormente, p=
elas
peculiaridades próprias do ambiente rural que dificultam a oferta de um cui=
dado
de saúde integral, e demandam implementação de estratégias que superem os
problemas recorrentes nos serviços de saúde rurais.(12)
Os
desafios existentes na atenção à saúde rural, no entanto, não devem ser
enxergados como entraves ou impossibilidades de execução do processo de
trabalho, mas como problemas que necessitam ser superados, intrínsecos ao c=
ampo
da saúde,(19) visto que as enfermeiras que atuam em âmbito rural
desenvolvem satisfação com sua prática profissional.(31,32)
=
Representações e concepções da enferme=
ira e
dos atores sociais rurais e sua influência sobre o cuidado (contexto geral)=
Organizar o cuidado em ambientes rurais =
se torna
uma tarefa complexa para a enfermeira, tendo-se em vista que esta geralmente
não recebe formação específica para lidar diante desses contextos.(18,=
21) Assim,
suas concepções se confrontam com as representações sobre saúde e doença qu=
e a
população rural elabora quando recebe os cuidados de enfermagem, e essas
expectativas culturais produzidas por sua clientela são a chave para entend=
er
como a oferta de cuidado deve ser construída.(33)
Nessa
perspectiva, cabe à enfermeira rural a capacidade para compreender as neces=
sidades
de saúde da sua comunidade de maneira ampliada, de forma a encarar e aceita=
r a
saúde de seus atores sociais como um fenômeno muito mais amplo que a doença=
. A
dinâmica particular das comunidades rurais deve ser tomada em consideração
quando mudanças na prática profissional são realizadas.(26,34)
Na
zona rural, a enfermeira se depara com indivíduos que possuem crenças e
práticas distintas, em que a saúde é compreendida como a possibilidade de
desenvolver as atividades do dia a dia, e as necessidades de saúde geralmen=
te
são secundárias às do trabalho, o que requer da enfermagem captar várias
necessidades que nem sempre conseguem ser atendidas adequadamente a partir =
da
aplicação de modelos de enfermagem desenvolvidos em áreas urbanas, dado a
necessidade de abordagens únicas, =
que
enfatizem as especificidades da população rural.(35)
Percebe-se
que as influências culturais são m=
uito
intensas no contexto rural e exercem influência em muitos aspectos de vida =
dos
sujeitos, com sérias interferência=
s na saúde e
no cuidado, o que pode dificultar a atuação da enfermeira em lidar c=
om
certos costumes que podem pôr em risco a saúde da população, como, por exem=
plo,
deixar de tomar medicações especificas para doenças crônicas porque a
benzedeira assim orientou, desestimular o aleitamento materno pela crença de
que o leite bovino seria mais “forte” que o materno, colocar borra de café =
na
cicatriz umbilical do recém-nascido, dentre outras crenças e práticas
estabelecidas no imaginário social.(19,22)
Nessa
perspectiva, é de extrema importância que a enfermeira rural possua competê=
ncia
cultural para atuar nesse meio, pois o conceito de cultura impacta diretame=
nte
no seu processo de trabalho de diversas maneiras, e sua atuação não deve ap=
enas
procurar entender a cultura da comunidade rural em geral, mas entender e ser
capaz de gerenciar a cultura do seu local de trabalho.(36)
A
compreensão do cuidado em saúde com famílias rurais é relevante para a
enfermagem, com vistas em proporcionar uma assistência congruente que consi=
dere
o indivíduo rural na sua singularidade. Assim, ao procurar reconhecer nessas
famílias os seus modos de identificar, perceber e praticar o cuidado, a
enfermeira alcança práticas em saúde baseadas na compreensão de fatores
socioculturais presentes nos seus cotidianos, o que o potencializa uma prát=
ica
profissional de qualidade.(37)
Para
tanto, a enfermeira rural deve considerar a singularidade cultural e os
comportamentos dos atores sociais rurais, com vistas a identificar lacunas =
que
podem ser preenchidas a partir do aprimoramento de condutas, ou estratégias
para lidar com agravos cujo controle é desafiador, ou, ainda, com o saber
empírico dos indivíduos, buscando o ponto de equilíbrio entre essas particu=
laridades
e o saber científico e com a estrutura oficial do sistema de saúde, na
tentativa de abarcar os desafios e construir um modelo rural de saúde efica=
z.(19,38)
Nessa
perspectiva, o saber científico deve ser capaz de englobar, no cuidado de
saúde, outras expressões de saber como forma de ampliar o conhecimento para
além do biologicismo.(39) Destaca-se=
a
importância da observação e da escuta ativa, essenciais nesse processo,(40)
e o envolvimento dos membros da comunidade rural em planos e projetos
também é crucial para o estabelecimento da prática de enfermagem rural. (41)
=
Visão compartilhada entre enfermeira e
ator social sobre o saber/fazer/cuidar para a promoção da saúde rural (metacontexto)
A
enfermagem possui no cuidar seu principal objeto de ação, estando diante da
necessidade de redimensionar seus instrumentos, paradigmas e suas atividade=
s de
saúde, além da formação de seus recursos humanos. Assim, busca-se valorizar=
a
dimensão subjetiva na saúde, que necessita ser considerada na determinação =
do
tipo de intervenção e das práticas de saúde coletivas e individuais.(3=
9)
A
compreensão da enfermeira perante o cuidado, dessa forma, precisa considera=
r as
diversas formas de buscar-se saúde, intimamente relacionadas ao contexto
apresentado, com vistas a oferecer um cuidado integral que valorize o indiv=
íduo
humano nas suas singularidades, pois o envolvimento pessoal da enfermeira c=
om
sua clientela produz cenários de assistência caracterizada por relações
atenciosas de cuidado entre enfermeira e cliente.(33,42)
Em
âmbito rural, no entanto, transformar as práticas cura=
tivistas
em práticas de saúde coletiva com enfoque na comunidade e na produção do
cuidado é um desafio na perspectiva do sistema público de saúde no contexto
rural,(24) sobretudo devido à população culturalmente não valori=
zar
tanto a promoção da saúde, por compreender a saúde enquanto um fator
utilitário, que permite seu trabalho e sustento.(41)
Nessa
perspectiva, o papel da enfermeira rural e o seu saber/fazer/cuidar é cruci=
al na
atuação, para que ocorra a transformação do paradigma atual: biologicista, médico-centrado e =
curativista,
e para que ela alcance o imaginário coletivo rural, que ainda é apegado a e=
ssas
práticas. A mudança esperada deve ocorrer com a transformação do processo de
trabalho enquanto trabalho vivo em ato, guiado por uma intencionalidade que=
é
anterior ao processo de trabalho em si, munindo-se de tecnologias capazes de
produzir ações singulares para organizar as ações humanas dos processos
produtivos, inclusive em sua dimensão inter-humana.(43)
As
tecnologias leves do cuidado (tecnologias de relação) se destacam nesse
sentido, ainda que pouco exercidas no cotidiano de trabalho,(29) visto
que sua efetivação no trabalho vivo em ato se manifesta como uma maneira de
produzir relações interseçoras (relações entre
indivíduos, no contexto de suas interseções)
em uma de suas dimensões-chave, representada pela intencionalidade do
encontro com as necessidades de saúde como última instância do usuário fina=
l,
sendo nesse encontro que se exprimem, por exemplo, as tecnologias articulad=
as à
produção dos processos interseçores, que se exp=
ressam
por meio das práticas de acolhimento, vínculo e autonomização.(43)
Para
a produção desses processos, sobretudo do vínculo entre a enfermeira rural e
sua clientela, deve-se afastar o cuidado das relações de poder que permeiam=
a
assistência, e o empoderamento da comunidade rural deve considerar seus mod=
os
culturais, de forma que a linguagem utilizada pela enfermeira possa ser
compreendida e reproduzida pelos atores sociais na comunidade, com vistas a
multiplicar os saberes relacionados com a melhoria das condições de saúde e=
da
qualidade de vida dos indivíduos, visto que falhas na comunicação prejudica=
m a
realização do cuidado de enfermagem.(44)
Para
isso, a enfermeira rural necessita distanciar-se de discursos verticalizado=
s e
que demonstrem assimetria nas relações de saber-poder existentes entre
profissional e paciente, já discutidas pelos estudos de Foucault(45) <=
/sup>e
identificadas em outros estudos realizados na APS(46).
Considerando os percalços que a população rural enfrenta no acesso e na acessibilidade a= os serviços de saúde, existe a necessidade de seu empoderamento e a visão que compartilham junto à enfermeira sobre o processo saúde e doença compreende = os conhecimentos necessários a saber cuidar-se de si quando o acesso ao serviço de saúde não= for possível. Emerge nesse cenário a educação em saúde, como uma ferramenta cap= az de transformar essas situações, desde que compreendida enquanto um processo político-pedagógico que estimula o desenvolvimento de um pensamento crítico= e reflexivo, permite desvendar a realidade e apresentar ações transformadoras= que levem os atores sociais à sua autonomia e emancipação. Seu entendimento par= ticipativo enquanto sujeitos históricos e sociais os tornam capazes de opinar e propor= decisões de saúde para o cuidado individual, da família e da coletividade.(47)<= o:p>
A
comunidade rural assume, dessa forma, um papel ativo no processo de
transformação das práticas de saúde coletivas e individuais para o
enfrentamento de entraves e necessidades de saúde, assumindo proporções mais
amplas e tendo maior capacidade de promover a integralidade das ações em sa=
úde.(19)
A
atuação da enfermeira nesse processo é de um papel de destaque, haja vista =
sua
capacidade de criar vínculos com a comunidade, fundamentais para o
desenvolvimento do cuidado integral aos sujeitos.(29, 48-50)
CONSIDERAÇÕES FINAIS<= o:p>
O
cotidiano de atuação da enfermeira rural, expresso na interação entre as
camadas contextuais, reflete as ações de cuidado em território rural
desenvolvidas pela enfermeira da APS no contexto imediato; é permeada por
fatores intervenientes no cuidado da enfermeira às populações rurais no
contexto específico; Perpassa pelas representações e concepções da enfermei=
ra e
dos atores sociais rurais e sua influência sobre o cuidado no contexto gera=
l; e
a visão compartilhada entre enfermeira e ator social rural sobre o saber/fa=
zer/cuidar
para a promoção da saúde rural inter-relaciona os contextos anteriores em u=
m metacontexto.
O
contexto de atuação da enfermeira rural da APS é, dessa forma, cercado por
especificidades e entraves, oriundos do meio social em que a população rura=
l está
inserida, assim como pela organização da rede de serviços de saúde oferecid=
os a
essa população, que interferem diretamente na prestação do cuidado aos
sujeitos, famílias e coletividades. O conhecimento desse contexto, portanto=
, é
fundamental, pois permite o desenvolvimento de ações direcionadas à determi=
nada
camada contextual, tornando-as mais exequíveis e possivelmente mais resolut=
ivas.
Destaca-se
que a partir da promoção do vínculo e da educação em saúde, construídos com=
a
utilização das tecnologias leves do cuidado, consegue-se alcançar o imaginá=
rio
coletivo rural e contribuir para a promoção da sua saúde, tendo a enfermeir=
a,
mediante o seu contato direto com a comunidade, um papel protagonista nesse
processo.
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ARTIGO DE REVISÃO