INTRODU&= Ccedil;ÃO

&nb= sp;

A Doença Renal Crônica (DRC) é caracterizada pela redução irreversível da quantidade de néfrons, = unidades funcionais dos rins. Desse modo, o órgão torna-se incapaz de desempenhar suas múltiplas e essenciais atividades homeostáti= cas^(1). Pela sua magnitude, por acometer tantos indivíduos e ter consequências duradouras, a DRC é considerada um problema de saúde pública⁽²⁾. No Brasil, a prevalência d= e pessoas com falência renal é crescente, a doença possui progn&o= acute;stico desfavorável e custos onerosos de tratamento dialítico^(3=
).

São crescentes os números de pessoas em tratamento = hemodialítico, assim como a elevada taxa de mortalidade, o que vem alarmando a comunidade científica nas duas últimas décadas⁽³⁾. Em julho de 2018, o número total estimado de pacientes em diális= e no país foi de 133.464, enquanto a taxa anual de mortalidade bruta foi = de 9,5%. Desses, 92,3% estavam em hemodiálise, 7,7% em diálise peritoneal e 22,1% em fila de espera para transplante⁽⁴⁾. <= /o:p>

Os pacientes em tratamento hemodialítico enfrentam muitos desafios e complicações relacionadas à saúde. Soma-se a essa problemática a atual pandemia pelo novo coronavírus (ou Covid-19) como um possível fator agravante à saúde deste grupo. Essa doença pode comprometer vários tecidos e órgãos do organismo, o comprometiment= o da função renal pode ocorrer a qualquer momento durante o curso = da doença, sendo mais descrita como tardia. A patogênese da lesão renal na Covid-19 ainda não foi definida, porém = se observou que a presença de comorbidades pode favorecer um curso mais grave da doença⁽⁵⁾.

O SARS-CoV-2 é o agente etiológico da doença chamada nov= o coronavírus ou Covid-19. Os primeiros casos foram registrados no final de 2019, na Chin= a, apresentando disseminação pelo mundo meses depois^{(6). A
Covid-19 pode causar a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SAR=
S),
condição que compromete os pulmões, provocando
infiltração de células inflamatórias,
acúmulo de líquidos (edema) e destruição pulmon=
ar,
dificultando a realização de troca gasosa⁽⁷⁾.=}

Até o dia 7 de dezembro de 2020, a infecção pela Covid-19 atingiu 67.940.946 pessoas no mundo e 6.623.911 no Brasil. Entre as pessoas mais vu= lneráveis e consideradas como grupo de risco para o agravamento da doença estão os portadores de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, asma, doenças renais, entre outras⁽⁸⁾= .

Faz-se importante abordar sobre os serviços de hemodiálise e as precauções relacionadas à infecção. Fato= res logísticos como transporte e o funcionamento dos centros de hemodiálise em locais fechados, aliados às vulnerabilidades clínicas dos pacientes com doença renal, conferiram aos pacie= ntes em hemodiálise em Crema, na Itália, um risco de infecção pelo coronavírus 12,7 vezes maior do que na população local⁽⁹⁾. Em um centro de hemodiá= lise da Espanha que atende noventa pacientes, a prevalência da doenç= ;a foi de 41% e a mortalidade ficou em torno de 16,2% no primeiro semestre de = 2020⁽¹⁰⁾.

Mesmo com o risco iminente de infecção, o tratamento dialíti= co não poderia ser interrompido, visto que é essencial para a so= brevida desses pacientes, os quais mantêm uma frequência média de ida a esses locais de três vezes por semana. Diante deste contexto, os centros de hemodiálise do mundo adaptaram suas rotinas seguindo os protocolos sanitários recomendados pelos Ministérios da Saúde, Organização Mundial de Saúde e Sociedade= s de Especialistas, para minimizar os riscos de infecção nestes serviços^(11-12).

No Brasil, a primeira recomendação relativa ao cuidado dos pacie= ntes em diálise foi publicada em 1º de março de 2020 pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Por se tratar de um vírus novo, as recomendações caminharam junto com a evolução do conhecimento da doença e acompanharam as recomendações e determinações do Conselho Feder= al de Medicina (CFM) e do Ministério da Saúde⁽¹³⁾. Vários países também emitiram recomendaçõ= ;es que foram aplicadas no contexto dos seus serviços, levando em consideração as especificidades regionais.<= /p>

Diante dessa realidade e dos novos desafios impostos nos centros de diálise para garantir a continuidade do tratamento dos pacientes com seguranç= ;a, foi necessário adequar as rotinas dos serviços à adoção dessas recomendações. Os profissionais de saúde se depararam com o enorme desafio de lidar com um cenár= io desconhecido e o medo da morte, ao mesmo tempo, tinham que manter-se atuant= es para garantir a sobrevivência desses pacientes⁽¹⁴⁾.

Faz-se necessário o desenvolvimento de estudos científicos que explo= rem a realidade dos centros de hemodiálise no contexto da pandemia. Este trabalho tem como objetivo identificar as adaptações ocorridas nos centros de hemodiálise para a prevenção da infecção pelo novo coronavírus. O estudo foi norteado = pela seguinte questão de pesquisa: quais as adaptações real= izadas nos centros de hemodiálise para a prevenção da infecção pelo novo coronavírus?

MÉTODO

O presente estudo consiste numa revisão integrativa, método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação= da aplicabilidade de resultados de estudos significativos⁽¹⁵⁾. Este tipo de estudo permite a combinação de estudos primári= os e secundários, avaliando a qualidade metodológica, a fim de pro= por novos resultados de acordo com o objetivo pretendido⁽¹⁶⁾.

A Revisão Integrativa (RI) é constituída por seis fases distintas: 1) identificação do tema e seleção d= a hipótese ou questão de pesquisa para a elaboração da revis&atil= de;o integrativa; 2) estabelecimento de critérios para inclusão e exclusão de estudos/amostragem ou pesquisa de literatura; 3) defini&= ccedil;ão das informações a serem extraídas dos estudos, selecio= nando a categorização dos estudos; 4) avaliação dos estudos incluídos na revisão integrativa; 5) interpreta&ccedi= l;ão dos resultados; 6) apresentação da revisão/sínt= ese do conhecimento⁽¹⁷⁾.

Na primeira etapa foi elaborada a questão de pesquisa: quais as adaptações realizadas nos centros de hemodiálise para a prevenção da infecção pelo novo coronaví= rus? Posteriormente, na segunda etapa, foram definidas as estratégias de buscas, nas quais foram utilizados os seguintes Descritores em Ciênci= as da Saúde (DeCS) combinados aos operadores booleanos AND e OR: “infecções por coronav&= iacute;rus”, “unidades hospitalares de hemodiálise”, “centros de hemodiálise”, “diálise renal”, hemodiálise, “insuficiência renal crônica”, = “dialise peritoneal”, “doença pelo novo coronavírus”= e “medidas de segurança”, como se observa na Figura 1.<= /p>

A etapa de coleta de dados foi realizada em dezembro de 2020, mediante buscas eletrônicas na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciênc= ias da Saúde (LILACS), no Medical Literature Analysis and Retrievel System Online (MEDLINE) e no Índice Bibliográfico Español en Ciencias de la Salud (IBECS). Foram incluídos estudos publicados de dezembro de 2019 até novembro de 2020, disponíveis em português, inglês ou espanhol e que trata= ssem das adequações realizadas nos centros de hemodiálise d= evido à pandemia pelo novo coronavírus. Foram excluídos estu= dos de revisão, notas técnicas, manuais ou outras recomenda&ccedi= l;ões para prevenção da Covid-19 nos centros de hemodiálise.=

Na etapa de seleção, inicialmente foram encontrados 486 estudos,= em seguida, com a aplicação do filtro do ano de 2019 a 2020, permaneceram 421. Após a leitura de todos os títulos, 41 estu= dos continuaram. Prosseguiu-se com a leitura dos resumos, havendo a permanência de 30 estudos. Por fim, após a leitura dos artigos= na íntegra, foram selecionados 16 estudos, dos quais se eliminaram dois, por estarem duplicados em mais de uma base de dados. Portanto, a amostra fi= nal do estudo foi composta por 14 artigos, como demonstra a Figura 1. Apó= ;s a leitura atenta dos estudos da amostra, foram extraídos dados sobre a= sua caraterização, bem como os que respondiam à pergunta de pesquisa.

Quadro 2 – Principais adequações adotadas nos centros de hemodiálise dos estudos analisados apó= ;s a pandemia da Covid-19, Maceió, Brasil – 2020.

I) CUIDADOS DOMICILIARES E TRANSPORTE=

II) NOVAS ROTINAS NOS CENTROS DE HEMODIÁL= ISE

III) MUDANÇAS NOS RECURSOS HUMANOS/MATERI= AIS

Gerais:

= ✔ &nb= sp; Lavagem das mãos antes da saída do domicílio^{(19, 26);}

= ✔ &nb= sp; Evitar contato com pessoas doentes/ sintomáticas^{(23, 26);}

= ✔ &nb= sp; Manter= -se em casa na eminência de sintomas de Covid e ligar para o centro de diálise para orientações^(26);

Transporte:

= ✔ &nb= sp; Higien= izar as mãos antes de entrar na ambulância⁽²⁶⁾ e usar máscara durante o transporte^{(18, 19)}.=

= ✔ &nb= sp; Oferta= de instruções escritas aos operadores e pacientes sobre as med= idas a serem seguidas em casa e nas viagens de/para o centro de diálise= ^{(9,
27)};

= ✔ &nb= sp; O transporte em ambulância coletiva foi desestimulado; orientou-se us= ar veículo próprio^{(10, 18)}.

Triagem:

✔ &nb= sp; Lavagem das mãos com solução hidroalco&= oacute;lica^{(19,20,10,26,27)} e de forma contínua^{(23, 27, 29)};

= ✔ Lavage= m da fístula com solução hidroalco&o= acute;lica^{(19,
20, 27)};

= ✔ Uso de máscara obrigatória inclusive pelos acompanhantes na sala de espera^(18,19) e uso constante de máscara cirúrgi= ca pelos pacientes^{(19, 20, 10, 22, 23, 27, 29)};=

✔ Triage= ns dos pacientes: 1ª) por telefone no dia anterior à sessã= ;o de diálise; 2ª) após a chegada à área de espera da unidade de diálise⁽²³⁾;

= ✔ Implan= tação de protocolo de triagem para pacientes e profissionais de saúde(18,10,22,23,24) que incluiu o monitoramento de sinais vitais^{(18,19,23,24)} e questionamentos acerca dos sintomas ou contato com casos confirmados ou suspeitos^{(18, 23, 24)};

= ✔ Cria&c= cedil;ão de uma triagem clínica para os pacientes com diagnóstico sugestivo com exames de sangue imunoglobulina (IgG/IgM) e tomografia computadorizada de tórax (= CCT)⁽²⁷⁾;

= ✔ Implem= entação de distanciamento físico na sala de espera⁽²³⁾.<= span style=3D'font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman",serif'>

Diálise:

= ✔ &nb= sp; Proibi= ção de acesso à sala de diálise por acompanhantes e mudan&ccedi= l;as nos turnos de diálise^{(19,20,29,24)} com distanciamento entre as máquinas^{(19, 20, 23)} de dois metros ^{(21)<=
/sup>;}

Comuns:

= ✔ &n= bsp; Uso correto de EPIs ^{(18,19,22,24, 26,27,28,21)} e dispensadores de desinfetante ⁽⁹⁾ foram instalados;

= ✔ &nb= sp; Cria&c= cedil;ão de um protocolo de cuidados com pacientes em diálise^{(24) e
implantação de protocolo de biossegurança^{(10, 1=
9)};}

Educa&= ccedil;ão em saúde:

= ✔ &nb= sp; Implan= tação de protocolos com orientações sobre a doença/prevenção^(10,23,25);

= ✔ &nb= sp; Orient= ações aos pacientes sobre infeção, prevenção e medi= das diante de sintomas^(10,21) e a cada turno sobre os cuidados com= a doença⁽²⁹⁾;

= ✔ &nb= sp; Distan= ciamento social dentro das salas de diálise e fora⁽²⁹⁾;

= ✔ &nb= sp; Vacina= ção contra a gripe sazonal (Haemophilus influenzae)⁽²⁶⁾.

Precauções/ biossegurança:<= o:p>

✔ Uso constante de máscara cirúrgica^{(19,20,10,27,29)} e higienização das mãos rigorosa^{(21, 25, 27, 28, =
21)} antes, durante e após cada procedimento²⁴; criação de uma área de troca adequada⁽²¹⁾= ;

✔ Ado&cc= edil;ão de medidas de proteção e precauções eficazes, incluindo o uso de máscaras, chapéus e aventais que atendam= aos requisitos⁽²⁵⁾ e precauções padrão: pré-exame, operações invasivas, conexão de ac= esso vascular, injeções, coleta de sangue e outras operaç= ões mediante contato com o sangue e fluidos corporais do paciente^(25);

✔ Profis= sionais sempre bem protegidos com todos os EPIs⁽²⁸⁾, incluindo óculos de proteção individual, sapatos fechados, rou= pas adequadas e máscara N95⁽²⁷⁾. Uso assíduo sempre = que estiverem nas salas de diálise e principalmente em contato com paciente⁽²⁸⁾;<= span style=3D'font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman",serif'>

Treinamentos/educação permanente/motivação:

✔ Forma&= ccedil;ão dos profissionais da unidade de hemodiálise sobre uso de EPIs, com ênfase na retirada adequada⁽²⁹⁾ e prevençã= o de contaminação⁽²⁴⁾ e identificação de sinais de sintomas de Covid-19^(26);

✔ Manuse= io correto das máscaras cirúrgicas e N95⁽²⁸⁾ e orientações sobre os cuidados com o paciente^(18,29);

✔ Estrat= égias para lidar com o novo cenário e a prática do olhar clínico^(28,29), liderando e examinando pacientes com a discussão de casos e redução do medo com a intensificação das medidas de prevenção^(=
21).

Gerenciamento de recursos e rotinas:

= ✔ Amplia= ção dos recursos humanos e sensibilização sobre relacionamento interpessoal para enfermeiros a fim de facilitar a adaptação às tarefas⁽²⁰⁾;

= ✔ Dispon= ibilidade de dispositivos individuais de alta proteção (PPE) e incent= ivo para a adoção de máscaras cirúrgicas, macacões, batas, repelentes de água, óculos, proteto= res de calçados, luvas e arnês para a assistência de os pacientes⁽⁹⁾ e disponibilidade de kits com óculo de proteção, másca= ra N95 e avental de plástico, além da bata de algodão, luvas, boné e protetores de sapato habituais⁽²¹⁾. As lacunas de fornecimento foram gerenciadas com a confecção interna de viseiras por impressão 3D⁽²¹⁾;

= ✔ Ativid= ades médicas de cluster com grandes grupos como estudos em grupo e discussão com o paciente fo= ram realizadas por telefone ou internet⁽²⁵⁾.

Fonte: Autores (2020).

DISCUSSÃO

Os centros de hemodiálise tiveram que se adaptar ao cenário de pandemia da Covid-19 para garan= tir a continuidade do tratamento dos pacientes de forma segura⁽¹⁹⁾. Aprofundaram seus conhecimentos e buscaram transformar o cenário com= a implantação de novas rotinas e incentivos aos pacientes e profissionais, a fim de assegurar a continuidade das hemodiálises(20).

Entre as medidas citadas para a prevenção da Covid-19 nos estudos, destaca-se a lavagem = das mãos^{(19, 26, 20, 10, 27)}, recomendada aos pacientes e profissionais de forma contínua^{(23, 27, 29)}. Trata-se de= uma medida de baixo custo e alta efetividade, por serem as mãos o princi= pal veículo de contaminação cruzada⁽³⁰⁾<= span style=3D'font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman",se= rif'>, tornando-se uma medi= da fundamental dos protocolos sanitários. Sua execução de forma correta remove a flora transitória da pele e as células descamativas, diminuindo os riscos de infecção. A higiene das mãos pode ser realizada com água e sabão ou com solução alcoólica e antisséptica⁽³¹⁾= .

Outra medida adotada nos centros= de hemodiálise consiste no uso obrigatório de máscara pelos pacientes desde a saída de casa^(18-19), bem co= mo pelos profissionais e acompanhantes, quando presentes^{(10,19,20,22,23,2=
7,29)}. As máscaras são barreiras mecânicas para a prevenção da dispersão de gotículas, om a finalidade de autoproteção contra as doenças, e também para prevenir a transmissão de patógenos entre = os indivíduos doentes e os saudáveis, as máscaras tê= ;m sido utilizadas como uma intervenção popular de saúde pública⁽³²⁾.

Os estudos destacaram ainda recomendações importantes direcionadas aos pacientes e aos pr= ofissionais envolvidos no transporte dos pacientes até os centros de hemodiálise. Além das orientações sobre a lavag= em das mãos antes de entrar na ambulância⁽²⁶⁾ e do uso= de máscara^{(18, 19)}, também houve a distribuição de instruções escritas sobre as me= didas a serem seguidas em casa e durante o percurso^(9,27). Em dois cen= tros da Espanha, os transportes em ambulância coletiva foram desestimulado= s, sendo recomendado o uso de veículo próprio(^{10, 18)}. Este aspecto representa um ponto crítico, sobretudo no Brasil, tendo= em vista que muitos pacientes residem em cidades distantes dos serviços= e que não possuem condições de arcar com despesas de transportes particulares.

Os centros de hemodiálises modificaram o fluxo de atendimento com a implantação de rotin= as obrigatórias na triagem do paciente antes de adentrar na sala de diálise, as quais incluíram: higiene das mãos^{(19,=
20,10,26,27,
23, 27, 29)}, uso de máscaras^{(18, 19, 20, 10, 22, 23, 27, =
29)}, operacionalização de um protocolo de triagem para a identific= ação de profissionais de saúde ou pacientes sintomáticos mediante a investigação de sintomas e verificação de sinais vitais^{(18,10,22,23,24)}. Além disso, um centro de hemodiálise em Wuhan implantou uma triagem clínica com a disponibilização de exames de imunoglobulina e tomografia para pacientes com diagnósticos sugestivos de Covid-19.=

Além da triagem do pacien= te após a entrada na unidade de diálise, um centro no Canad&aacu= te; inseriu uma triagem telefônica, realizada no dia anterior à diálise, com o objetivo de avaliar o paciente e fornecer as orientações e o suporte necessários⁽²³⁾. Ne= ste sentido, ressaltou-se a importância da avaliação/triagem inicial feita pelos profissionais de saúde ao paciente em diálise, pois esta permite a detecção de sintomas grip= ais e o direcionamento dos pacientes suspeitos a uma avaliação ma= is detalhada, seguindo um fluxo de atendimento distinto para a garantia de sua segurança e dos demais pacientes e profissionais⁽³³⁾.

A mensuração dos sinais vitais durante a triagem dos pacientes, profissionais e familiares q= ue chegam ao centro de hemodiálise é crucial para reduzir os ris= cos de infecção pela Covid-19, uma vez que permite a comparação com padrões e tendências corporais e direciona as condutas dos profissionais⁽³⁴⁾. Já a lavagem= do braço da fístula arteriovenosa na triagem dos pacientes foi implantada em dois centros da Espanha e da China^{(19, 20, 27)}e também tem como finalidade diminuir o risco de infecçã= o, sendo executada mediante a higienização prévia do loca= l da punção com o uso de sabão neutro e antisséptico= ⁽³⁵⁾.

Os serviços de diá= lise também modificaram rotinas no interior das salas de realização da diálise. Entre as medidas identificadas, cita-se a proibição do acesso à sala pelos acompanhant= es, sendo permitido somente em situações estritamente necessárias⁽⁹⁾. As mudanças nos turnos de diálise foram implantadas em dois centros de diálise da Espan= ha, um da Coreia e outro do China^(19,20,24), para minimizar a aglomeração de pacientes. Também foi observado o distanciamento entre as estações de hemodiálise^(1=
9,20,23), dois metros entre elas⁽²¹⁾. Essas condutas estão alinhada= s às principais recomendações da Organização Mundial= de Saúde⁽³⁶⁾.

Algumas medidas comuns foram implantadas em todos os setores das unidades de diálise, como o uso = de equipamentos de proteção individual de forma correta^{(18,=
19,22,24,26,27,28,21)}, implantação de protocolo de biossegurança^{(19,10)<=
/sup>
e a criação de um protocolo de cuidados com pacientes em
diálise⁽²⁴⁾. Também houve a implantaç&atild=
e;o
de dispensadores de álcool em gel⁽⁹⁾ para pacientes,
acompanhantes e profissionais. Em virtude de suas propriedades
antissépticas, o uso de álcool em gel passou a ser
indispensável no combate à pandemia, com ampla
disponibilização em vários espaços e nas princi=
pais
entradas de prédios, transportes públicos e serviços de
saúde⁽³⁷⁾.}

Alguns centros de diálise= efetivaram diversas ações educativas voltadas ao autocuidado dos pacient= es, com ênfase nas medidas preventivas, para minimizar os riscos de infeção pelo novo coronavírus^(10,21). No ce= ntro de diálise em Wuhan, na China⁽²⁵⁾, foram promovidas ações educativas sobre a Covid-19 em todos os turnos, com a finalidade de promover uma maior disponibilidade de informaçõ= es e a retirada de dúvidas sobre a infecção. Eles tamb&eacu= te;m incluíram orientações sobre o distanciamento social de= ntro e fora das salas. Num centro de diálise da Espanha⁽²⁶⁾, os pacientes também foram orientados a receber a vacina de gripe sazona= l, pois apesar de esta não conferir proteção contra a Cov= id-19, previne a gripe sazonal, que pode ser um fator agravante ao quadro clínico desses pacientes.

Houve mudanças significat= ivas em relação aos recursos humanos e à disponibilidade de materiais nos serviços de hemodiálise diante da pandemia. Uma= das adaptações que devem ser destacadas trata-se da intensifica&c= cedil;ão das estratégias de biossegurança, como o uso constante de máscaras^{(19,20,10,27,29)}, a higienização rigorosa das mãos^{(21,25,27,28,21)}antes e após cada procedimento²⁴, medidas de proteção e precauções padrão eficazes, incluindo o uso de máscaras, chapéus e aventais que atendessem aos requisitos pe= los trabalhadores⁽²⁵⁾. Também passaram a ser utilizados com m= ais rigor os óculos de proteção individual, sapatos fechad= os, roupas adequadas e máscaras N95⁽²⁷⁾. Numa unidade de diálise dos Estados Unidos⁽²⁸⁾, os profissionais de saúde foram instruídos a permanecer assiduamente com todos os EPIs sempre que estivessem dentro das salas e principalmente no contato dir= eto com os pacientes. Essas estratégias são primordiais para conf= erir maior segurança à atuação profissional⁽³⁸⁾⁼.

Os serviços de hemodiálise organizaram-se para garantir o maior fornecimento dos EP= Is, pois com as mudanças de rotinas e a intensificação das ações de biossegurança, o consumo desses insumos foi crescente. Além dos equipamentos de precaução padrão já utilizados, foram acrescidos alguns de alta proteção, como macacões, batas repelentes de ág= ua, arnês⁽⁹⁾, máscara N95 e boné⁽²¹⁾.=

O gerenciamento das lacunas de fornecimento foi uma problemática vivenciada por todos os paí= ses e em todos os serviços de saúde. Para lidar com essas lacunas= , um centro de referência terciário de hemodiálise da Ásia⁽²¹⁾ produziu viseiras por impressão em 3D, us= ando folhas plásticas de proteção. Um estudo apontou ainda = que houve aumento da disponibilidade de recursos humanos no serviço, dad= a a sobrecarga de trabalho a que os profissionais foram e estão sendo ex= postos no período da pandemia⁽²⁰⁾. O mesmo centro citou ainda a inserção de capacitações da equipe com a finali= dade de fomentar um melhor relacionamento interpessoal dos enfermeiros, possibilitando uma maior adaptação aos novos desafios imposto= s pela pandemia⁽²⁰⁾. A Covid-19 impõe uma rotina de trabalho ao profissional que exige maior dedicação, responsabilidade, habilidade e equilíbrio emocional⁽³⁹⁾.<= /p>

Também houve investimento= de alguns centros em treinamentos/capacitações para as equipes s= obre o uso dos EPIs, o manejo do paciente, bem como de motivação pessoal para diminuir a insegurança na atuação diante desse contexto⁽²¹⁾. Esses momentos de capacitação/= treinamento profissional foram fundamentais para o planejamento da assistência, p= ara discutir casos e criar fluxogramas/estratégias de atendimento^(4=
0).

Um estudo num centro em Crema, na Itália, relatou a experiência d= e 13 pacientes em diálise peritoneal no domicílio. No iníci= o da pandemia, eles receberam orientações e participaram de consul= tas online através de chats com os médicos. Esses pacientes não apresentaram riscos adicionais e específicos dos sujeitos em hemodiálise (deslocamento domicílio-hospital) qua= nto à exposição à infecção pelo novo conoravírus, uma vez que se acham isolados no domicílio. Apenas um dos pacientes em diálise peritoneal apresentou resultado positivo para a Covid-19. A diálise peritoneal mostra-se uma alternativa viável em meio à pandemia, al&eacut= e;m de requerer menores custos no tratamento do paciente ⁽⁹⁾.

CONCLUSÃO

O estudo alcançou seu objetivo, tendo em vista que identificou as adaptações realiz= adas em serviços de hemodiálise de vários países par= a a prevenção da infecção do novo coronavíru= s aos pacientes renais crônicos.

Os artigos abordavam um leque de= adequações; uma das principais foram os reforços às orientaç&otild= e;es sobre a lavagem das mãos. Também foram implantadas orientações sobre o uso de máscara pelos pacientes durante o transporte e na sala de espera, a importância dos EPIs para= os profissionais que estão em contando direto com os pacientes, o rod&i= acute;zio nos turnos de diálise e o distanciamento dos equipamentos. A implantação dessas medidas foi crucial para que pacientes pudessem dar continuidade ao seu tratamento e minimizar os riscos de exposição.

É importante ressaltar que todas essas mudanças que ocorreram nos centros de hemodiálise reforçam a importância de implantação mais inten= siva das normas e rotinas de biossegurança, pois muitas vezes, no cotidia= no dos profissionais, elas são negligenciadas, e devem ser aplicadas independentemente do contexto da pandemia. As adequações ocorridas também levam à reflexão sobre a diáli= se peritoneal como um possível tratamento a ser mais explorado e pass&i= acute;vel de investimento tanto em meio à pandemia como no cotidiano dos pacientes, já que pode ser realizado no domicílio, reduzindo = os custos e o desgaste com o deslocamento.

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2021-05-11<= /span>

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¹⁹Arribas – Cobo et al., 07/2020	Relato de experiência/ V= I	Unidade Hospitalar/ Espanha	IBECS/ Enfermería Nefrológica
²⁰Andreu-Periz et al., 10/2020	Qualitativo fenomenológ= ico/ IV	Unidades de Hemodiálise Hospitalares/ Espanha	IBECS/ Journal of Nephrology
¹⁰Albalate et al., &nbs= p; &= nbsp; 05- 06/ 2020	Relato de Experiência/VI=	Unidade Hospitalar Espanha	IBECS/ Journal of Nephrology
⁹Depetri et al., 05/2020.	Relato de Experiência	Centro de Diálise de Cr= ema, Itália	MEDLINE/ G Ital Nefrol
²¹Bharati et al., 07/ 2020	Relato de experiência/VI=	Centro de referência terciário de hemodiálise/ Sul e Sudeste Asiático	MEDLINE/ Journal of Nephrology
²²Ippolito et al., 06/2020	Relato de experiência/VI=	Unidade de diálise/ Itália=	MEDLIN/ G= iornale Italiano di Nefrologia
²³Yau et al., 1= 1/2020	Estudo de coorte/IV=	Unidade Hospitalar/ Toronto, Canadá	MEDLIN= E/ American Journal of Kidney.
²⁴Cho et al., &nbs= p; 12/202	Estudo de coorte/IV=	Unidades de Hemodiálise/ Coréia	MEDLINE/ Journal of the Americ= an
²⁵Li e Xu, &nbs= p; 05/2020	Relato de experiência/VI=	Centros de diálise/ Wuh= an na China	MEDLINE/ Clinical Journal of American Sociely of Nephr= ology<= /o:p>
²⁶Arenas et al., 04/ 2020	Relato de experiência/VI=	Unidade de hemodiálise/ Espanha	IBECS/ J. Nefrol
²⁷Ossareh et al., 09/2020	Relato de experiência/VI=	Unidade Hospitalar/ Wuhan Chin= a	MEDLIN= E/ Iranian Journal of kidney Diseases
²⁸Ulrich et al., 03- 04/ = 2020	Relato de experiência/VI=	Unidade de hemodialise/ Estados Unidos	MEDLINE/ = Nephrol Nurs J.
²⁹Wei et al. &nbs= p; 06/2020	Relato de experiência/VI=	Centro de diálise/ Wuhan China	MEDLINE/ Renal Failure