MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D7E872.4264B150" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D7E872.4264B150 Content-Location: file:///C:/AA7559EC/1074-Textodoartigo-PTHTML.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E
LABORATORIAIS DA COVID-19: UMA ANÁLISE NA INTERNAÇÃO HOSPITALAR
CLINICAL AND LABORATORY
CHARACTERISTICS FOR COVID-19: ANALYSIS OF HOSPITAL INTERNMENT
Letícia Silveira Goulart[1] * Kassi=
la
Conceição Ferreira Santos[2] * Débora Aparecida da Silva
Santos[3] * Magda de Mattos=
[4]
Objetivo: An=
alisar
as características clínicas e laboratoriais de pacientes com COVID-19 na
internação hospitalar. Métodos: Fo=
ram
incluídos no estudo pacientes com diagnóstico de COVID-19 internados em uma=
Unidade de Pronto Atendimento e em um Hospital
Municipal de referê=
ncia
para a doença. Os dados foram coletados dos prontuários eletrônicos =
dos
pacientes. Aplicou-se a estatística descritiva. Resultados: Foram incluídos 205 pacientes. Os sinais e sintomas clínicos m=
ais
frequentes foram dispneia (48,29%), tosse (30,73%) e mialgia (24,39%). A
hipertensão arterial sistêmica foi a comorbidade predominante (73,47%). A
maioria dos pacientes apresentou linfopenia (73,12%), elevação na proteína C
reativa (97,53%), aumento de desidrogenase láctica (94,52%) e redução na pO2
(69,00%). Conclusões: Os dados
gerados possibilitaram determinar o perfil clínico e laboratorial de pacien=
tes
com COVID-19 na internação hospitalar. Esses resultados podem contribuir pa=
ra
uma melhor compreensão da patogenia da doença.
Palavras-chave: COVID-19; Si=
nais e
Sintomas; Testes Laboratoriais; Biomarcadores
ABSTRACT
Objective: To analyze=
the
clinical and laboratory characteristics of patients with COVID-19 in
hospitalization. Methods: Patients diagnosed with COVID-19 and admitted in a
Health Care Unit and in a specialized Municipal Hospital were included. Data
were retrieved from the patients´ electronic charts and descriptive statist=
ics
were employed. Results: 205 pa=
tients
were included. The most frequent clinical symptoms comprised dyspnoea (48.2=
9%),
coughs (30.73%) and myalgia (24.39%).
Systemic arterial hypertension was the dominant co-morbidity (73.47%=
).
Most patients also had lymphopenia (73.12%), rise in reactive protein C
(97.53%), increase in lactic dehydrogenase (94.52%) and decrease in pO2
(69.00%). Conclusions: Data
retrieved determined the clinical and laboratory profile of patients with
COVID-19 at hospitalization. Results may contribute towards a better analys=
is
of the disease´s pathogeny.
Keywords: COVID-19; <=
/span>Signs and Symptoms; Diagnoses, Laboratory; Biomarkers
INTRODUÇÃO
Ao final de 2019 na
cidade de Wuhan, na província de Hubei, na China, uma nova espécie de
Coronavírus foi identificada após um surto de pneumonia de etiologia
desconhecida, posteriormente, o agente etiológico foi denominado de Coronav=
írus
da Síndrome Respiratória Aguda Grave 2 (SARS-CoV-2)1. Em feverei=
ro
de 2020, a síndrome respiratória aguda grave que se alastrava pelo mundo foi
nomeada pela Organização Mundial de Saúde como Doença do Coronavíurs
2019 (COVID-19) e em 11 de março do mesmo ano, a doença foi caracterizada c=
omo
pandemia2.
Estima-se que a maior=
ia
dos indivíduos com COVID-19 seja assintomática ou apresente apenas sintomas
leves, incluindo febre, fadiga, tosse e mialgia. Pode haver anosmia,
ageusia, náusea, cefaléia<=
/span>,
vômito, dor abdominal, diarréia, odinofagia
e rinorréia. Os casos graves podem incluir dispnéia, cianose, taquipnéia,
hipotensão, descompensação de doenças de base, linfopenia e necessitam de
internação hospitalar 3,4,5. As complicações mais comuns são
Síndrome Respiratória Aguda Grave, lesão cardíaca aguda e infecção secundár=
ia6.
A semelhança dos sint=
omas
da COVID-19 com a de outras patologias associadas ao trato respiratório sup=
erior
e inferior dificulta o diagnóstico inicial da doença. Desse modo, os testes
laboratoriais, realizados na fase inicial da doença, como a Transcrição Rev=
ersa
seguida de Reação em Cadeira da Polimerase (RT-PCR) que possibilita a
identificação do RNA do SARS-CoV-2 e testes que detectam antígenos virais na
secreção nasal são importantes para nortear a conduta clínica7. =
Diferentes
características clínicas e laboratoriais são observadas entre os pacientes
acometidos pela COVID-19. Com isso, o monitoramento dinâmico de exames
laboratoriais pode ser significativo para prever o prognóstico dos paciente=
s,
sobretudo porque a doença é associada a um processo inflamatório grave com
disfunção de órgãos8. Os parâmetros laboratoriais consideráveis =
para
monitorar a progressão da COVID-19 incluem desidrogenase láctica, prolactin=
a,
proteína C reativa e citocinas pró inflamatórias, além de biomarcadores como
linfócitos, neutrófilos, fatores de coagulação, dímero D e oximetria9,=
10.
Sendo assim, conhecer=
as
alterações em exames laboratoriais e os sinais e sintomas apresentados por
pacientes acometidos com a COVID-19 na internação hospitalar, pode ser uma =
útil
ferramenta para compreender a evolução da doença, e com isso propor estraté=
gias
de cuidados e condutas adequados a esses pacientes.
OBJETIVO
O objetivo do presente
estudo foi analisar as características clínicas e laboratoriais de pacientes
com COVID-19 na internação hospitalar. =
span>
MÉTODOS
=
Trata-se
de estudo observacional e retrospectivo, com pacientes diagnosticados com
COVID-19, internados em uma Unidade de Pro=
nto
Atendimento (UPA) e em um Hos=
pital
Municipal de referê=
ncia
para atendimentos a COVID-19 no Mun=
icípio
de Rondonópolis, MT, no período entre janeiro a abril de 2021.
Foram incluídos no es=
tudo
os indivíduos com confirmação laboratorial para a doença por RT-PCR ou por
teste rápido de antígeno a partir de amostras de swabs =
nasofaríngeos
no período de estudo. Foram excluídos aqueles pacientes cujos dados nos
prontuários estavam incompletos.
Foram coletados os da=
dos
clínicos e resultados dos exames laboratoriais apresentados pelos pacientes=
no
momento de sua internação nas instituições de saúde. As informações foram
obtidas do prontuário eletrônico do paciente e transcritas para um formulár=
io
estruturado para coleta de dados.
=
As
variáveis analisadas foram classificadas em blocos:
a) sociodemográficos (idade e sexo)
b) clínicos (comorbidades, tempo de
sintomas e sintomas de COVID);
c) parâmetros hematológicos (leucócitos
totais, linfócitos, monócitos, eritrócitos, hemoglobina, hematócrito e
plaquetas) e
d) parâmetros bioquímicos (Proteína C
reativa, sódio, potássio, pressão parcial de gás carbônico (pCO2),
pressão parcial de Oxigênio (pO2), pH e bicarbonato).
=
Os
dados foram tabulados no programa Microsfot Excel 2013 e foram analisados pelo programa JA=
SP.
Realizou-se a estatística descritiva. As variáveis contínuas foram expressa=
s em
média com desvio padrão, mediana, valores mínimo e máximo. As variáveis
categóricas foram expressas em frequência absoluta e relativa.
=
Apesar
de se tratar de dados secundários, esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética e Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Muller, Universidade Feder=
al
de Mato Grosso, CAEE 40583220.7.0000.5165, Número do Parecer: 4.418.798.
=
RESULTADOS
Foram incluído=
s no
presente estudo 205 pacientes, 111 (54,15%) do sexo masculino, idade média
57,13 anos (Desvio padrão: 17,41, Mínimo=3D13 e Máximo=3D 94). Os sinais e =
sintomas
clínicos mais frequentes na população estudada foram dispneia (48,29%), tos=
se
(30,73%), mialgia (24,39%) e febre (20,00%). O período médio de surgimento =
dos
sinais e sintomas anterior a internação hospitalar foi 8,3 dias.
=
A
prevalência de comorbidades nos pacientes hospitalizados por COVID-19 foi
47,80%. As comorbidades mais frequentes foram hipertensão arterial sistêmica
(73,47%), diabetes mellitus (31,63%) e obesidade (13,26%). A tabela 1 descr=
eve
as características sociodemográficas e clínicas da população estudada.
Tabela1
-
Características sociodemográficas e clínicas de indivíduos com COVID-19.
Rondonópolis, MT, 2021.
Variável |
N (%) |
Gênero |
|
Feminino |
94 (45,85) |
Masculino |
111 (54,15) |
Idade (anos) |
|
Mediana
(Min – Máx) |
57 (13 - 94) |
13
a 39 |
29 (14,14) |
40
a 59 |
91 (44,39) |
60
ou mais |
85 (41,46) |
Comorbidades |
|
Sim |
98 (47,81) |
Não |
107 (52,19) |
Hipertensão
arterial sistêmica |
72 (73,47) |
Diabetes
mellitus |
31 (31,63) |
Obesidade |
13 (13,26) |
Cardiopatia |
7 (7,14) |
Câncer |
3 (3,06) |
Alzheimer |
1 (1,02) |
Hanseníase |
1 (1,02) |
Epilepsia |
1 (1,02) |
Hanseníase |
1 (1,02) |
Transtorno
psiquiátrico |
1 (1,02) |
Duração dos sintomas
antes da admissão em dias |
|
Média |
8,3 |
Até
7 |
86 (42,00) |
8
a 14 |
108 (53,00) |
15
ou mais |
11 (5,36) |
Sinais e sintomas
clínicos na admissão |
|
Dispneia |
99 (48,29) |
Tosse |
63 (30,73) |
Mialgia |
50 (24,39) |
Febre |
41 (20) |
Astenia |
5 (17,07) |
Cefaleia |
23 (11,21) |
Anosmia |
17 (8,29) |
Ageusia |
13 (6,34) |
Náuseas
e vômito |
17 (8,29) |
Fonte: Os autores
A análise dos dados
hematológicos revelou que a maioria dos casos apresentou valores dentro da
normalidade para a contagem de leucócitos totais (68,29 %), monócitos (88,44
%), eritrócitos (81,00%) e plaquetas (88,67%), assim como para os valores do
hematócrito (80,00%) e hemoglobina (84,39%).
Uma linfopenia foi observada na maioria dos pacientes (73,13%), com =
uma
mediana de 496,00 células por mm3 (Tabela 2).
Tabela
2
- Parâmetros hematológicos de indivíduos com COVID-19. Rondonópolis, MT, 20=
21.
Variável
|
N (%) |
Contagem
de leucócitos (4.000 - 11.000 /mm³) |
|
Mediana por mm3 |
7.520 |
Normal |
120 (68,29) |
Elevada |
52 (25,36) |
Reduzida |
13 (6,34) |
Contagem
de linfócitos (1.000 - 4.950 /mm³) |
|
Mediana por mm3 |
496,00 |
Normal |
54 (27,00) |
Elevada |
0 (0,00) |
Reduzida |
147 (73,13) |
Contagem
de monócitos (80 - 1.100 /mm³) |
|
Mediana por mm3 |
377,00 |
Normal |
176 (88,44) |
Elevada |
17 (8,54) |
Reduzida |
6 (3,01) |
Contagem
de eritrócitos (4,00 - 5,40 milhões/mm³) |
|
Mediana milhões por mm3 |
4,60 |
Normal |
166 (81,00) |
Elevada |
1 (0,48) |
Reduzida |
38 (18,53) |
Hematócrito
(37-45%) |
|
Mediana |
40,60 |
Normal |
164 (80,00) |
Elevado |
2 (0,97) |
Reduzido |
39 (19,02) |
Dosagem
de Hemoglobina (11,7 - 16,0 g/dL) |
|
Mediana g/dL |
13,40 |
Normal |
173 (84,39) |
Elevada |
1 (0,48) |
Reduzida |
31 (15,12) |
Contagem
de plaquetas (150.000 a 450.000 /mm³) |
|
Mediana por mm3 |
235.967 |
Normal |
180 (88,67) |
Elevada |
2 (0,98) |
Reduzida |
21 (10,34) |
Fonte: Os autores
Os pacientes estudados
apresentaram na admissão hospitalar níveis aumentados de PCR (97,53%) e desidrogenase
láctica (94,52%), bem como, a redução da pO2 (69,00%). Os valores de sódio,
potássio, bicarbonato, pH e pCO2 apresentaram-se normais para a maioria dos
casos (Tabela 3).
Tabela 3 -= Parâmetros bioquímicos de indivíduos com COVID-19. Rondonópolis, MT, 2021.<= o:p>
Variável |
N (%) |
Proteína
C Reativa (Menor que 6 mg/L) |
|
Mediana em mg/L |
102,90 |
Normal |
5 (2,46) |
Elevada |
198 (97,53) |
Reduzida |
0 (0,00) |
Sódio
(136 a 145 mmol/L) |
|
Mediana em mmol/L |
137,00 |
Normal |
179 (91,00) |
Elevado |
4 ( 2,03) |
Reduzido |
14 (7,10) |
Potássio
(3,6 a 5,5 mmol/L) |
|
Mediana em mmol/L |
4,30 |
Normal |
176 (90,25) |
Elevado |
7 ( 3,59) |
Reduzido |
12 (6,15) |
Desidrogenase
láctica (135 a 225 U/L) |
|
Mediana em U/L |
409,00 |
Normal |
4 ( 5,479) |
Elevado |
67 ( 94,52) |
Reduzido |
0 (0,00) |
pCO2
(35 a 45 mmHg) |
|
Mediana em mmHg |
35,70 |
Normal |
91 (52,29) |
Elevado |
16 (9,19) |
Reduzido |
67 (35,50) |
pO2
(83 a 108 mmHg) |
|
Mediana em mmHg |
65,15 |
Normal |
39 (22,41) |
Elevado |
15 (8,62) |
Reduzido |
120 (69,00) |
Bicarbonato
(21 - 28 Mol/L) |
|
Mediana em Mol/L |
23,05 |
Normal |
121 (69,54) |
Elevado |
8 (4,59) |
Reduzido |
45 (26,00) |
pH
(7,32 a 7,43) |
|
Mediana |
7,42 |
Normal |
137 (79,65) |
Elevado |
23 (13,37) |
Reduzido |
12 (7,00) |
Fonte: Os autores
DISCUSSÃO
Os pacientes com COVID-19 incl=
uídos
na presente pesquisa apresentaram idade média de 57,13 anos, com predomínio=
do
gênero masculino (54,15%). A análise do perfil demográfico de pacientes com
diagnóstico de COVID-19 em um hospital público de referência na cidade de
Fortaleza, Ceará, Brasil, revelou que maioria dos pacientes era do gênero
masculino, pertencentes à faixa etária de 36 a 60 anos11. Um est=
udo
retrospectivo com 1335 pacientes hospitalizados por COVID-19 em Londres,
Inglaterra, indicou que a média de idade foi de 70 anos e 56% eram homens12.
Uma pesquisa realizada na Escócia verificou que a média de idade dos pacien=
tes
hospitalizados por COVID-19 foi de 76 anos e 52,70% correspondiam ao gênero
masculino13.
Um estudo que determinou os fatores associados ao risco ou à proteção para à COVID-19 no sul do Brasil demonstrou que as prevalências de internação por COVID-19 são menores para o sexo feminino. Os autores sugerem que diferenças biológicas entre homens e mulheres devem refletir em respostas imunológicas distintas, impactando no curso da doença14. Deve-se também considerar a suscetibilidade genética individual e as influências ambientais na infecção do vírus, o que pode resultar em diferentes fenótipos clínicos entre populações e países15<= /sup>.
De acordo com o Ministério da = Saúde, febre, tosse, dispneia, mialgia e fadiga são considerados os sinais e sinto= mas mais comuns na COVID-1916. Na população estudada, observou-se um predomínio de dispneia, tosse e febre. Liu et al., descreveram que febre, t= osse e fadiga foram os sintomas mais prevalentes nos casos de internação por COVID-1917. No estudo de Teich e colaboradores as manifestações clínicas mais comuns em pacientes hospitaliz= ados por COVID-19 foram cefaleia, tosse e congestão nasal4. As variaç= ões nas manifestações clínicas são decorrentes, entre outras propriedades, de diferenças na faixa etária, morbidades, condições sociais, culturais e cuid= ados de saúde. Identificar as principais características clínicas dos pacientes infectados por SARS-CoV-2 poderá contribuir no manejo da doença18.
As comorbidades mais frequentes
foram hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, corroborando com
estudos prévios4,12,13. A presença de comorbidades está associad=
a ao
desenvolvimento de COVID-19 grave e ao maior risco de óbito9,14,19.
A infecção por SARS-CoV-2 é desencadeada quando a proteína S do vírus liga-=
se à
enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2), resultando em acúmulo de
angiotensina 2 e redução de angiotensina 1-7. O papel da angiotensina 2 em
pacientes hipertensos COVID-19 parece ser crucial pois promove vasoconstriç=
ão,
retenção de sódio, estresse oxidativo, inflamação e fibrose, comprometendo a
regulação da pressão arterial20. A expressão de ECA2 está aument=
ada
em pacientes com diabetes mellitus tipo 2. Esta regulação positiva está
associada com inflamação crônica, ativação de células endoteliais e resistê=
ncia
à insulina o que que agrava a resposta inflamatória e leva à disfunção da
barreira alvéolo-capilar9.
A COVID-19 é uma infecção sist=
êmica
com impacto significativo no sistema hematopoiético e na hemostasia. Dentre=
as
alterações hematológicas, a linfopenia pode ser considerada um importante
achado laboratorial, com relevância para o prognóstico da doença21,22<=
/sup>.
A maioria (73%) dos pacientes analisados apresentaram linfopenia, como desc=
rito
em estudos prévios4,23,24,25. Indivíduos com COVID-19 grave ou
crítica apresentam uma contagem mais baixa de linfócitos em relação a pacie=
ntes
com doença não grave24. O estudo caso-controle de Pan et al.,
identificou que linfopenia foi um fator independente, associado à mortalida=
de
em indivíduos com COVID-19 grave8. A redução na contagem de
linfócitos pode ser resultado da ligação viral às células com subsequente l=
ise,
exsudação de linfócitos circulantes para tecidos pulmonares e atrofia de ór=
gãos
linfoides o que prejudica a renovação celular9,21.
A análise dos exames laborator=
iais
revelou elevação nos níveis de PCR em 97,04% dos casos. Dentre os marcadores
relacionados com resposta à reação inflamatória de fase aguda, a PCR é a ma=
is
sensível, porém com baixa especificidade. A proteína ativa o sistema
complemento pela via clássica, inicia a opsonização,
promove a quimiotaxia e por fim, estimula os processos de fagocitose e lise dos antígenos26. Uma frequência de 88=
% de
pacientes iranianos internados em um hospital de referência para COVID-19
apresentou elevação nos níveis de PCR25. Um estudo conduzido em =
um
hospital de São Paulo – SP, observou que 93% dos pacientes internados por
COVID-19 apresentavam aumento de PCR4. Em pacientes com COVID-19
internados em um hospital de Wuhan, China, a elevação dos níveis de PCR foi
associada com maior severidade da doença, os valores médios mais elevados f=
oram
observados na fase de progressão da infecção23.
Outra alteração laboratorial
observada foi a redução nos níveis de pO2, esse achado também foi descrito =
em
outras pesquisas8,23. Um estudo de coorte multicêntrico engloban=
do
hospitais da Europa e Estados Unidos verificou que dentre outros fatores, a
redução nos níveis de saturação de O2 ≤ 93% foi associada à maior
mortalidade por COVID-1927. A principal manifestação clínica
apresentada pelos pacientes estudados foi a dispneia, o que pode ser
justificado pela frequente observação de redução na pO2. O acompanhamento da
hipoxemia nesses pacientes é fundamental para a tomada de decisões, tanto
quanto para a orientação do tratamento, quanto para avaliar o prognóstico da
infecção28.
O presente estudo apresenta al=
gumas
limitações, como informações incompletas em alguns prontuários, sobretudo, =
os
dados de desidrogenase láctica, que não estavam disponíveis para a maioria =
dos
pacientes. Vale ressaltar que essa limitação é frequente em estudos
retrospectivos e que utilizam registros de prontuários. Estudos futuros
englobando outros exames laboratoriais devem ser realizados a fim de contri=
buir
com a melhor compreensão da COVID-19.
CONCLUSÕES
= Os dados apresentados permitiram definir o perfil clínico e laboratorial de pacientes internados por COVID-19 na região sul de Mato Grosso. A manifesta= ção clínica mais frequente foi dispneia e hipertensão arterial sistêmica foi a comorbidade mais prevalente. Linfopenia, elevação de PCR, desidrogenase lác= tica e redução de pO2 foram as alterações laboratoriais observadas. Esses result= ados podem contribuir para uma melhor compreensão da epidemiologia da COVID-19.<= o:p>
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inst
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