INTRODUÇÃO

As qu= edas consistem em eventos nos quais o indivíduo cai no solo ou em níveis inferio= res, de modo inadvertido, exceto as mudanças intencionais de posição para apoiar= -se em móveis, paredes ou outros objetos. São consideradas um importante proble= ma de saúde pública, uma questão prioritária na área da saúde em âmbito mundia= l e estão relacionadas principalmente à população idosa, tendo em vista as alterações morfológicas e fisiológicas inerentes ao processo de envelhecime= nto que potencializam a vulnerabilidade a esses eventos⁽¹⁾.

Segun= do a Organização Mundial de Saúde (OMS), as quedas são a segunda causa de morte acidental ou não intencional em todo o mundo, e os idosos com 65 anos ou ma= is são os que mais sofrem com as quedas fatais⁽²⁾. Os dados referentes aos episódios= de quedas nesta população são alarmantes e indicam que entre 28 e 35% das pess= oas com idade ≥ 65 anos vivenciam, ao menos, um episódio de queda ao ano,= e naquelas com idade ≥ 70 anos, a estimativa aumenta para 32 a 42%. Est= ima-se que cerca de 5% das quedas em idosos na comunidade ocasionam fraturas, e de= 5 a 10% ocasionam lesões de tecidos moles e cabeça⁽¹⁾.

Diver= sos fatores contribuem para a ocorrência das quedas. Estes fatores podem ser classificados em intrínsecos, relacionados às características inerentes ao indivíduo como idade avançada, doenças e medo de cair; e em extrínsecos, que dizem respeito à interação com o meio ambiente, como pisos escorregadios, iluminação insuficiente, entre outros. Ressalta-se que os fatores extrínsec= os são considerados modificáveis, logo, são alvo das ações preventivas^(3-4).

Consi= derando que as quedas são eventos evitáveis, torna-se essencial a adoção de ações preventivas, por exemplo, a identificação dos fatores de risco⁽⁵⁾. Neste contexto, destaca-se o trab= alho dos enfermeiros na prevenção das quedas em idosos, tendo em vista sua notór= ia atuação na atenção primária. O enfermeiro apresenta competência para realiz= ar julgamento clínico e estabelecer Diagnósticos de Enfermagem (DE) precisos -= por exemplo, os DE da CIPE Risco de Queda e Risco de Lesão por Queda⁽⁶⁾, ou o DE da NANDA-I Risco de Queda= s⁽⁷⁾, o que favorece o estabelecimento = de intervenções com objetivo de prevenir as quedas e suas consequências= ⁽⁸⁾.

Cabe ressaltar que a OMS considera a prevenção das quedas como uma das metas internacionais de segurança do paciente. Além disso, o Programa Nacional de Segurança do Paciente, criado em 2013 pelo Ministério da Saúde, Anvisa e Fiocruz, instituiu o Protocolo de Prevenção de Quedas com a finalidade de r= eduzir a ocorrência desses eventos e dos seus danos⁽⁹⁾,entretanto, as medidas preventivas propostas são voltadas para o contexto hospitalar, havendo uma lacuna no que diz respeito às ações que se adequam às especificidades dos idosos atendidos na atenção primária.

Esta mesma lacuna é observada na literatura de enfermagem, na qual são encontrad= os estudos destinados à abordagem das quedas (contemplando diagnósticos, resultados e intervenções de enfermagem) em idosos institucionalizados⁽¹⁰⁾ e hospitalizados^(8-11), porém, ainda são escassos os trabalhos realizados com idosos da comunidade e que sintetizam o conhecimen= to sobre as intervenções de enfermagem para prevenção das quedas.

Diante do exposto o objetivo desta pesquisa foi identificar as intervenções de enfermagem propostas para prevenção de queda= s em idosos no contexto da atenção primária à saúde disponíveis na literatura.

MÉTODOS

Trata= -se de uma revisão integrativa da literatura, um tipo de investigação utilizada= na Prática Baseada em Evidências, que inclui a busca, análise crítica e a sínt= ese das evidências científicas disponíveis sobre determinado tema ou questão, visando a incorporação de novos conhecimentos na prática clínica⁽¹²⁾.

A presente revisão foi desenvolvida em seis etapas: identificação do tema e definição da pergunta de pesquisa; escolha dos critérios de inclusão e excl= usão dos estudos; definição das informações que serão extraídas dos estudos; avaliação dos estudos incluídos na amostra; interpretação dos resultados e apresentação da revisão⁽¹²⁾.

A pergunta de pesquisa foi delimitada com auxílio da estratégia PCC, dessa forma, considerou-se P (paciente): idosos; C (conceito): intervenções de enfermagem para prevenir as quedas; C (contexto): atenção primária à saúde. Logo, a pergunta de pesquisa foi “Quais as intervenções de enfermagem propostas para prevenir as quedas em idosos no contexto da atenção primária à saúde?”⁽¹³⁾.

Em seguida, foram definidos os critérios de elegibilidade dos estudos. Os critérios de inclusão consistiram em: estudos= desenvolvidos com população idosa (idade ≥ 60 anos); que abordassem intervenções de enfermagem para prevenir quedas; realizado no contexto da atenção primária; publicados nos idiomas português, espanhol ou inglês; disponibilizados na íntegra. Foram excluídos estudos com outras populações (adultos), no contex= to de institucionalização e/ou hospitalização, além de revisões, relatos de experiência, opiniões de editores, publicações de anais de congressos e editoriais.

As buscas foram realizadas em abril de 2020 nas bases de dados PubMed, CINAHL e LILACS com os descritores DeCS e MeSH: aged, accidental falls, primary health care, nursing, nursing care. Estes descritores foram combinados empregando os operadores boleanos AND e OR para compor as estratégias de busca, de acordo com as especificidades de cada base de dados. Para a LILACS foram incluídos os descritores nos idiomas português e espanhol (Quadro 1).<= /span>

Quadro 2 -= Caracterização d= os artigos contemplando intervenções de enfermagem para prevenção de quedas em idosos na atenção primária, segundo: autores, ano de publicação, país, natureza/tipo do estudo, nível de evidência e participantes da pesquisa. Brasília, DF, Brasil, 2020.

Autores	Ano de publicação	País=	Natureza e tipo de estudo	Nível de evidência	Participantes da pesquisa
Allen A; Simpson JM¹⁵	1999	Reino Unido	Quantitativo, experimental	2	Idosos
For= tinsky RH et al¹⁶	2004	Estados Unidos	Quantitativo, observacional	4	Profissionais, incluindo enfermeiros
Ell= ey CR et al¹⁷	2007	Nova Zelândia	Quantitativo, experimental	2	Idosos
Pra= t-González I; Fernández-Escofet E; Martínez-Bustos S18	2007	Espanha	Quantitativo, observacional	4	Idosos
Ell= ey CR et al¹⁹	2008	Nova Zelândia	Quantitativo, experimental	2	Idosos
Mil= isen K; Geeraerts A; = Dejaeger E²⁰	200= 9	Bél= gica	Quantitativo, observacional	4	Idosos e profissionais, incluindo enfermeiros
Woo= J et al²¹	2009	China	Quantitativo, observacional	4	Idosos
Mac= êdo ARC et al²²	2012	Brasil	Quantitativo, observacional	4	Idosos
Res= nick B et al²³	2012	Estados Unidos	Quantitativo, experimental	2	Idosos
Cab= rita MFG; José HMG²⁴	2013	Portugal	Quantitativo, observacional	4	Idosos
Rom= i H; Wen= dy M; Terry PH²⁵	2014	Austrália<= span style=3D'font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman",= serif; mso-fareast-font-family:"Times New Roman";mso-fareast-language:PT-BR'>	Quantitativo, observacional	4	Idosos e profissionais, incluindo enfermeiros
Fer= nandes BKC et al²⁶	2016	Brasil	Quantitativo, observacional	4	Idosos
Boo= rgird C et al²⁷	2017	Tailândia	Quantitativo, experimental	2	Idosos
Fah= lström G et al²⁸	2017	Suécia	Quantitativo, experimental	2	Idosos
Rei= noso H; McCaffrey RG; Taylor DWM²⁹	2017	Estados Unidos	Quantitativo, experimental	2	Idosos

Fonte: Dados da pesquisa, 2020.

Quadro 3 – Intervenções de enfermagem p= ara prevenção de quedas em idosos na atenção primária. Brasília, DF, Brasil, 20= 20.

Intervenções de enfermagem relacionadas à avaliação e gestão do risco de quedas em idosos na atenção primária
Autores	Principais resultados<= /span>
Allen A; Simpson JM⁽¹⁵⁾	As enfermeiras conduziam um programa de prevenção de quedas para idosos que caíram recentemente. O programa incluía: avaliação abrangente, visitas domiciliares, vigilância dos fatores = de risco ambientais, revisão de medicamentos, encaminhamentos e exercícios de resistência. Outros profissionais contribuíram para a construção dos componentes de avaliação física, exercícios e revisão de medicamentos.
Woo= J et al⁽²¹⁾	Os enfermeiros desenvolveram uma ferramenta preditora de quedas em idosos da comunidade.= Realizaram identificação de risco pela triagem rápida e encaminhamentos para avaliaç= ões detalhada.
Mac= êdo ARC et al⁽²²⁾	Os enfermeiros desenvolveram ações relacionadas à identificação dos aspectos da autonomi= a e da independência do idoso, identificação dos fatores intrínsecos e extrínsecos relacionados a ocorrência de quedas.
Res= nick B et al⁽²³⁾	Os enfermeiros realizavam uma intervenção multicomponente que envolveu a implementação de uma filosofia de cuidado na qual ajudavam os idosos em tarefas funcionais= e atividade física, avaliações de meio ambiente, definem metas individualizadas, mentoria e motivação.
Cab= rita MFG; José HMG⁽²⁴⁾	Os enfermeiros realizaram visitas domiciliares, observaram a alta incidência= de quedas em idosos, identificaram os fatores que condicionam a saúde, autonomia, como a patologia crônica múltipla, polime= dicação, acidentes domésticos, internações, alterações da estrutura familiar, avaliaram seu ambiente físico, psíquico, social e ambiental. Forneceram orientações sobre a segurança e autonomia e, se necessário, realizam encaminhamentos para outros profissionais da equipe.
Fer= nandes BKC et al⁽²⁶⁾	A identificação dos diagnósticos de enfermagem contribuiu para o início do estabelecimento de ações de cuidados direcionadas aos idosos no intuito minimizar a prevalência dos incidentes de queda. O enfermeiro intervém através da prevenção estimulando ou monitorando a prática de exercícios físicos, avaliando possíveis riscos domésticos (tapetes e pisos escorregadios) e acompanhando as medicações que deixam o idoso mais vulnerável a quedas.
Intervenções de enfermagem em programas multiprofissionais para prevenção de quedas em idosos na atenção primária
Autores	Principais resultados<= /span>
For= tinsky RH et al⁽¹⁶⁾<= /p>	A enfermagem identificou as barreiras ao abordar os sete fatores de risco p= ara quedas: dificuldades de marcha e transferência, distúrbios de equilíbrio,= uso de vários medicamentos, hipotensão postural, déficits sensoriais e perceptivos, problemas com calçados e pés e riscos ambientais. Os enferme= iros proporam estratégias de gestão de risco de qu= eda, forneceram educação aos prestadores de cuidados de saúde, intervenção direta e encaminhamentos.
Ell= ey CR et al⁽¹⁷⁾	Os enfermeiros conduziram a avaliação e gestão dos riscos no ambiente domici= liar para reduzir o risco de novas quedas, forneciam aconselhamento e encaminhamentos (ex.: para o programa de exercícios conduzido por educador físico ou fisioterapeuta). A intervenção incluia: i) avaliação de saúde; ii) avaliação dos risc= os domésticos; iii) avaliação da saúde óssea; iv) encaminhamento para o The Otago Exercise Programme.
Pra= t-González I; Fernández-Escofet E; Martínez-Bustos S(18)	A enfermagem atuava, junto com médicos, na implementação de um protocolo para triagem = dos fatores de risco para quedas. A intervenção contemplou: exercícios e treinamentos para aumentar a força muscular e de equilíbrio, revisão de medicamentos, correção da visão e de deficiência auditiva, modificações no ambiente e recomendação de dieta adequada. <= /span>
Ell= ey CR et al^(19= )	O enfermeiro com experiência em gerontologia visitava os idosos em seus domicílios e realizavam avaliação de saúde padronizada, e utilizavam um algoritmo para avaliação do risco de quedas. Também referenciava os idosos para o The O= tago Exercise Programme, sob responsabilidade = de um educador físico ou fisioterapeuta. Os enfermeiros observavam necessidades= de alterações ambientais.
Mil= isen K; Geeraerts A; = Dejaeger E⁽²⁰⁾<= /p>	O enfermeiro identificou os fatores de risco, forneceu a educação sobre a importância = do exercício/programa de exercício individualizado, realizou encaminhamento pertinente de acordo com os fatores de risco, implementou a educação sobr= e os efeitos de medicamentos em quedas, aconselhou a prevenir a hipotensão postural e a usar calçados adequados, realizou o checklist para segurança domiciliar e avaliação do ambiente. =
Rom= i H; Wen= dy M; Terry PH⁽²⁵⁾	A introdução de um programa de intervenções múltiplas, com a atuação da enfermagem, com enfoque de fornecer educação culturalmente específica sob= re o risco de quedas, mudanças comportamentais eficazes para a prevenção de qu= edas e suas consequências.
Boo= ngird C et al⁽²⁷⁾⁼	Os enfermeiros integravam um programa multiprofissional de exercícios domiciliares que contemplava intervenções múltiplas. Eles realizavam visitas domiciliares, obtinham informações sobre os fatores de ris= co ambientais, i= ncentivavam a prática dos exercícios físicos e a adoção de comportamentos seguros nes= sas atividades.
Fahlström G et al⁽²⁸⁾	Os auxiliares de enfermagem atuavam em conjunto com fisioterapeutas em progr= amas de exercícios domiciliares. Os auxiliares de enfermagem supervisionavam o desempenho das atividades durante oito visitas domiciliares, ajudavam e encorajavam a performance das atividades.
Rei= noso H; McCaffrey RG; Taylor DWM⁽²⁹⁾	Enfermeiros participaram do desenvolvimento e implementação de um programa de prevenç= ão de risco de queda. Suas ações consistiam em identificar os fatores de ris= co durante a triagem, gerenciar e monitorar a hipotensão, otimizar a seguran= ça do ambiente e modificações dos calçados. Juntamente com outros profission= ais, realizaram a revisão minuciosa e ajuste de doenças e tratamentos farmacológicos.

Fonte: Dados da pesquisa, 2020.

DISCUSSÃO

O profissional enfermeiro tem contribuição importante no cuidado a saúde do idoso na atenção primária. En= tre as suas atribuições, destacam-se realizar atenção integral aos idosos, desempenhar assistência no ambiente domiciliar e realizar avaliação multidimensional do idoso. A sua atuação deve contemplar os principais problemas que podem comprometer a saúde dessa população, por exemplo, as qu= edas⁽³⁰⁾.

Neste sentido, esta revisão integra= tiva buscou identificar as intervenções de enfermagem para prevenção de quedas em idosos na atenção primária. Os artigos incluídos foram publicados entre 199= 9 e 2017, realizados em diversos países. As características heterogêneas em rel= ação à data de publicação e país, permitem inferir que os enfermeiros que atuam = na atenção primária têm direcionado o olhar para a as quedas em idosos e aprimorado sua atuação ao longo dos anos para prevenir estes eventos no púb= lico em questão.

A análise dos estudos que integrara= m a amostra desta revisão permitiu identificar duas temáticas recorrentes nos artigos, a primeira sobre as intervenções de enfermagem relacionadas à avaliação e gestão do risco de quedas, e a segunda abrange as intervenções = de enfermagem no contexto de programas multiprofissionais para prevenção de qu= edas em idosos na atenção primária.

Um estudo realizado nos Estados Uni= dos apontou a atuação da enfermagem na identificação dos fatores de risco para quedas, contemplando as dificuldades de ma= rcha e transferência, distúrbios de equilíbrio, uso de vários medicamentos, hipote= nsão postural, déficits sensoriais e perceptivos, problemas com calçados e pés e riscos ambientais. Após identificar os fatores de risco, os enfermeiros estabeleciam estratégias de gestão do risco de queda, com intervençõ= es diretas, encaminhamentos pertinentes e oferta de capacitação para a equipe = de saúde⁽¹⁶⁾.<= /o:p>

Outro artigo de pesquisa realizada = na Bélgica demonstrou que os enfermeiros atuavam na identificação dos fatores = de risco, oferta de orientações sobre a importância dos exercícios físicos, efeitos dos medicamentos que podem desencadear quedas, prevenção da hipoten= são postural e uso de calçados adequados. Além disso, também realizavam avaliaç= ão ambiental e aplicavam um checklist para segurança domiciliar<= /span>⁽²⁰⁾.

De fato, os enfermeiros exercem pap= el relevante na identificação do risco de quedas em idosos. Um estudo de revis= ão integrativa, reiterou a importância dos enfermeiros, que man= tém maior vínculo com os idosos no seu ambiente domiciliar, na identificação dos fatores de riscos ambientais e aqueles predisponentes para quedas e orienta= ções que contemplem as necessidades reais do idoso, incentivo a prática de exercícios físicos para manutenção do equilíbrio e promoção de um ambiente domiciliar seguro que mantenha a autonomia e independência dos idosos^(=
31).

Também foi identificada a atuação d= e enfermeiras na implementação e condução de programas de prevenção de quedas em idosos. = No Reino Unido, o programa contemplava visitas domiciliares, avaliação integra= l do idoso, identificação dos fatores de risco com ênfase nos fatores ambientais= e revisão de medicamentos⁽¹⁵⁾.Nos Estados Unidos, as enfermeiras atuavam na otimização da segurança ambiental, modificação de calçados e rev= isão de medicamentos(29).<= /o:p>

Um aspecto que chamou a atenção nos estudos mencionados foi a possibilidade de enfermeiros atuarem inclusive no ambiente domiciliar dos idosos. A visita domiciliar é considerada uma atividade externa à unidade básica de saúde, é um meio de cuidado que dispõe de tecnologia leve e leve-dura, que envolvem um cu= idado mais humanizado, acolhedor que requer sensibilidade do profissional para identificar as necessidades⁽³²⁾.<= /o:p>

Segundo o Ministério da Saúde⁽³³⁾, é evidente a necessidade do enfermeiro dispor do cuidado integral e humanizado à pessoa idosa no contex= to do seu domicílio para prestar uma assistência individualizada para cada ido= so, promover ações de identificação dos fatores de riscos, a ocorrência de qued= as durante a triagem, otimizar a segurança do ambiente, orientar a pessoa idos= a e seus familiares quanto aos riscos de queda, com linguagem clara para melhor compreensão; modificar os calçados e fornecer educação sobre a importância = do exercício.

Os artigos revelaram que nas visitas domiciliares, além da avaliação dos fatores intrínsecos e extrínsecos para quedas, e identificação dos riscos ambientais, os enfermeiros ofereciam orientações sobre a segurança ambiental, promoção da autonomia dos idosos e avaliavam a necessidade de encaminhá-los para avaliação de outros profissio= nais de saúde^(22-24). Para auxiliar na avaliação do risco de quedas, os enfermeiros também aplicam avaliações de saúde padronizadas e algoritmos baseados em evidências para avaliar o risco de quedas⁽¹⁹⁾.<= /o:p>

É importante ressaltar a necessidade de enfermeiros utilizarem ferramentas que favoreçam a identificação do risco de quedas em idosos na s= ua prática clínica, como a determinação de diagnósticos de enfermagem⁽²⁶⁾. Neste sentido, uma pesquisa realiza= da no Distrito Federal - Brasil, com objetivo de avaliar o diagnóstico de enfermagem de Risco de Quedas em idosos na atenção primária, evidenciou a importância do enfermeiro utilizar esse recurso = em conjunto com outros instrumentos para avaliação do risco de quedas. A determinação do diagnóstico Risco de Quedas possibilita a avaliação inicial= do risco e favorece a tomada de decisão do enfermeiro na escolha das intervenç= ões necessárias⁽³⁴⁾.

Outro aspecto que chamou atenção nos artigos foi a tomada de decisão do enfermeiro sobre encaminhar o idoso para avaliação de outros profissionais de saúde. Apesar das intervenções de enfermagem serem essenciais para a prevenção das quedas, deve-se assumir que estes eventos são muito complexos, de origem multifatorial, e que só é poss= ível alcançar bons resultados com o idoso se houver a avaliação e a intervenção multiprofissional.

Nesse sentido, a segunda temática q= ue emergiu da análise dos resultados foi sobre as intervenções de enfermagem no contexto de programas multiprofissional para prevenção de quedas. Mesmo que= as intervenções de enfermagem identificadas sejam similares às apresentadas nos demais artigos, é interessante verificar como essas intervenções podem contribuir para o alcance de objetivos no contexto do trabalho multiprofissional.<= span style=3D'font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman",se= rif; mso-fareast-language:PT-BR'>

Em um estudo realizado na Espanha, = os enfermeiros atuavam em conjunto com médicos na implementação de um protocol= o para triagem do risco de quedas, revisão de medicamentos, correção da visão e de deficiências auditivas e modificações no ambiente⁽¹⁸⁾. Já na Austrália, os enfermeiros contribuíam na educação sobre o risco de quedas, mudanças comportamentais e estabelecimento de metas para aumentar a motivação e a autoeficácia dos ido= sos⁽²⁵⁾.

Em outro estudo, desenvolvido na Tailândia, os enfermeiros integravam um programa de exercícios domiciliares= , no qual eles realizavam visitas domiciliares para identificação de fatores de risco ambientais, incentivavam a prática dos exercícios físicos e a adoção = de comportamentos seguros⁽²⁷⁾.<= /o:p>

A revisão também contemplou o Th= e Otago Exercise Programme<= /i>, no qual enfermeiros com experiência em gerontologia conduziam a avaliação e a gestão dos riscos ambientais no domicílio, realizavam aconselhamentos e encaminhavam os idosos para o programa de exercícios físicos conduzido por fisioterapeutas e educadores físicos, com finalidade de melhorar o equilíbr= io, a força muscular e a capacidade para caminhar⁽¹⁹⁾.Ainda no contexto do programa, auxiliares de enfermagem contribuíam na supervisão= dos idosos durante a execução dos exercícios⁽¹⁷⁾.

A participação dos enfermeiros em programas cujo componente central são os exercícios físicos merece atenção,= uma vez que tem sido evidenciado que a prática regular de atividade física como intervenção isolada está associada a uma melhor condição de saúde dos idoso= s e uma menor incidência de quedas⁽³⁵⁾. Mesmo que não seja competência dos enfermeiros a= tuarem na prescrição e orientação para prática desses exercícios, verificou-se que eles podem contribuir em outros aspectos desses programas, como na avaliação integral dos idosos, na identificação e gestão do risco de quedas (especialmente o risco ambiental), além de oferecer orientações para os ido= sos e cuidadores. <= /o:p>

Aponta-se como possível limitação d= este estudo a indisponibilidade de alguns artigos para leitura na íntegra, porém, não inviabilizou o alcance do objetivo proposto. Ademais, esta revisão contribuiu para preenc= her uma lacuna existente até o momento quanto à síntese de estudos que abordam = as intervenções de enfermagem pertinentes para prevenção das quedas em idosos atendidos na atenção primária.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

=

A revisão integrativa possibilitou realizar uma síntese de estudos s= obre as intervenções de enfermagem para prevenção de quedas em idosos na atenção primária. Estas intervenções consistem em: avaliar/identificar fatores de r= isco intrínsecos e extrínsecos para quedas, com ênfase nos fatores modificáveis; identificar e gerir riscos ambientais, na oportunidade das visitas domiciliares; oferecer orientações para os idosos/cuidadores quanto a promo= ção da segurança no ambiente domiciliar e necessidade de mudanças comportamenta= is; promover educação permanente para a equipe de saúde sobre prevenção de qued= as; conduzir e/ou participar de programas multiprofissionais com a finalidade de prevenir as quedas.

Acredita-se que estes achados podem contribuir para o planejamento d= as ações dos profissionais de enfermagem que se deparam cotidianamente com o desafio de prevenir as quedas na população idosa no contexto domiciliar e d= as unidades de saúde.

=

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Autor Correspondente: <= /b>Paulo Henrique Fernandes dos Santos=

Endereço: Universidade de Brasília, Faculdade Ciências da Saúde

Asa Norte, CEP 70910900 - Brasília, DF, Brasil

E-mail: paulofs@unb.br

Submissão: 2021-05-05<= /span>

Aprovado: 2021-05-30

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CINAHL	“aged” AND “accidental falls” AND “= primary health care” AND “nursing”
LILACS	(“Aged” OR “Anciano” OR “Idoso”) AND (“Accidental Falls” OR “Accident= es por Caídas” OR “Acidentes por Quedas”) AND (“Primary Health Care” OR “Atención Primaria de Salud” OR “Atenção Primária à Saúde”) AND (“Nursing”= OR “Enfermería” OR “Enfermagem”)=