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CUIDADO DAS
INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS EM MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE: REV=
ISÃO
INTEGRATIVA
CARE OF SEXUALLY TRANSMITTED INFECTIONS IN WOMEN
DEPRIVED OF FREEDOM: INTEGRATIVE REVIEW
Bárbara Guimarães do Nascimen=
to[1]
* Beatriz Costa Araújo[2]
* Paulo Henrique Fernandes dos Santos[3]
* Lucas Cardoso dos Santos[4] * Juliane Andrade[5]
RESUMO
Objetivo: identificar as ações de promoção, prevenção e tratamento de infecçõ=
es
sexualmente transmissíveis oferecidas às mulheres privadas de liberdade no
Brasil. Método: revisão integrativa realizada nas bases de dados da
CINAHL, LILACS, PubMed e Web of Science, com análise dos resultados
segundo o referencial de vulnerabilidade.Resultados: foram incluídos dois estudos=
que
abordavam o tema proposto. Para as ações de promoção à educação em saúde,
aconselhamentos pré e pós-teste diagnóstico; para as ações de prevenção, a
oferta de serviços e insumos; e em tratamento, a disponibilização de
medicamentos. Conclusão: evidenciou-se que as ações referidas
oportunizaram a redução das vulnerabilidades dessas mulheres às infecções, =
por
meio da educação em saúde e acesso aos cuidados. Destarte, é condição sine =
qua non repensar as estratégias para efetividade =
das
ações previstas nas políticas públicas voltadas a essa população.
Palavras-chave: Mu=
lheres;
Prisões; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Prevenção de Doenças;
Vulnerabilidade em Saúde.
ABSTRACT
Aim: to ide=
ntify
actions for the promotion, prevention and treatment of sexually transmitted
infections offered to women deprived of freedom in Brazil. Method:
integrative review carried out in the CINAHL, LILACS, PubMed and Web of Sci=
ence
databases, with analysis of the results according to the vulnerability
framework. Results: two studies that addressed the proposed theme we=
re
included. Identified for actions to promote health education and pre- and
post-diagnostic test counseling; for prevention actions, the provision of
services and supplies; and in treatment the availability of medication. =
Conclusion:
it was evident that the aforementioned actions provided opportunities to re=
duce
these women's vulnerabilities to infections, through health education and
access to health care. Thus, it is a sine qua non condition to rethink the
strategies for the effectiveness of the actions foreseen in public policies
aimed at this population.
Keywords: Women; Prisons; Sexually Transmitted Diseases; Disease Prevention;
Health Vulnerability.
=
o:p>
<=
/p>
INTRODUÇÃO
O Brasil é o quarto país com maior população
prisional feminina do mundo, ficando atrás apenas de países como os Estados
Unidos, China e Rússia(1),=
tendo
apresentado crescimento especialmente entre os anos 2000 e 2016, totalizando
cerca de 37 mil mulheres(2). Esse aumento chama a atenção para as
necessidades e os impasses das mulheres que vivem em privação de liberdade,
relacionados às questões jurídica, educacional, social, religiosa e de saúd=
e, que, de acordo com a Lei de Execução Penal de =
1984
(LEP) e a Constituição Federal de 1988, constituem dever do Estado(3).
=
span>Os
presídios, no Brasil, usualmente possuem uma postura androcêntrica, a qual não permite uma atenção integral
direcionada às necessidades do público feminino. Somada a isso, a superlota=
ção
dessas instituições favorece o encarceramento em circunstâncias desumanas e
insalubres, ampliando a vulnerabilidade feminina perante aos danos resultan=
tes
da situação de cárcere(3-4).
Nesse contexto, o acesso da população carcerária à saúde
apresenta-se como um problema de saúde pública crescente e emergente, sobre=
tudo
quando voltado às infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Em todo o mundo, a prevalência das IST na população encarcerada é maior ao compará-l=
a à
população não confinada. Em estudo desenvolvido na Bolívia com objetivo de
determinar a prevalência de IST entre mulheres encarceradas, observou-se a
prevalência de mulheres com HIV de 1,4%, enquanto na população geral esse v=
alor
era de 0,15%. A sífilis apresentou valores três vezes maiores ao serem comp=
arados
à população geral e de outros países. O herpes demonstrou prevalência de 62=
,6%
e a hepatite B de 0,5 % quando em populações carcerárias no México e Brasil
apresentam valores variando de 0,3 a 7,4%(=
span>5).
Somada a falta de informação sobre as formas de
prevenção das IST, tem-s=
e a
baixa adesão ao uso de preservativo nas pessoas em cárcere, seja pelo desinteresse, falta de orientação, d=
esestímulo
das equipes de saúde e falta de distribuição de preserv=
ativos(6).
Ressalta-se que as instituições carcerárias são
espaços oportunos para o cuidado em saúde, pois provavelmente essa população
não receberia tais serviços se não estivesse confinada<=
sup>(7).
Esses ambientes, quando estruturados em relação à saúde sexual e reprodutiva
(SSR), proporcionam a prevenção de IST/aids, promoção de saúde e atividades=
educativas(8), podendo o confina=
mento
ser um facilitador para essas ações.
Não obstante a inserção do Plano Nacional de
Atenção Integral à Saúde da Mulher (PNAISM), em 2004, cuja diretriz é atingir as mulheres em todos os ciclos de =
vida
e dos distintos grupos populacionais – inclusive as presidiárias(9) –,observa-se que o acesso à saúde de
qualidade das mulheres privadas de liberdade é limitado(6). Dian=
te
desse cenário, foi criada, em 20=
14, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde
das Pessoas Privadas de Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que tem como objetivo a garantia do acesso des=
sas
pessoas, no sistema prisional, ao cuidado integral no Sistema Único de Saúde (SUS). No mesmo ano, foi criada a Política Nacional de
Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade e Egressas do Sist=
ema
Prisional (PNAMPE), com o=
intuito
de melhorar a qualidade de vida e de saúde dessa popula=
ção(10-11).
Contudo, verifica-se o não cumprimento das leis e políticas voltadas aos
direitos dos presos, incluindo o âmbito da saúde(<=
/sup>12). Em
todo o território nacional, apenas 14,2% (54) dos estabelecimentos prisiona=
is
que recebem o público feminino possuem celas adequadas/dormitórios para
gestantes, 3,20% (48) unidades com berçário e/ou centro de referência mater=
noinfantil, e 0,66% (10) creche, contrapondo-se ao recomen=
dado
nas ações de assistência básica determinadas pela PNAMP=
E(2).
Justifica-se analisar a atenção à saúde de mulh=
eres
privadas de liberdade no contexto brasileiro, a partir da contradição entre=
o
que está proposto na legislação e a prática executada nos presídios, regist=
rada
pelos estudos, que pouco exploram as ações de saúde voltadas
especificamente às IST e ao gênero feminino. Ademais, a importância de
estabelecer/intensificar as ações de promoção e prevenção, uma vez que a prevalência de IST nas mulheres =
em
cárcere é maior se comparada às mulheres em geral.
Nesse sentido, objetiva-se identificar as ações=
de
promoção, prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis
oferecidas às mulheres privadas de liberdade no Brasil.=
p>
MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa da literatu=
ra
sobre as ações de promoção, prevenção e tratamento de IST/aids em mulheres
privadas de liberdade, desenvolvida em seis etapas: elaboração da pergunta
norteadora; busca na literatura; coleta de dados; análise crítica dos estud=
os
incluídos; discussão dos resultados; e apresentação da revisão integrativa(13).
A presente revisão adotou a estratégia PICO(14) para a definição da que=
stão
norteadora de pesquisa: Paciente: mulheres privadas de liberdade; Intervenção:
ações de promoção, prevenção e tratamento de IST/aids; Comparação: n=
ão
se aplica; Outcomes: promoção, prevenção e tratamento =
de
IST/aids nas instituições carcerárias. Sendo assim, a pergunta da pesquisa
ficou definida: “Quais as evidências científicas disponíveis na literatura
quanto às ações de promoção, prevenção e tratamento de IST/aids oferecidas =
às
mulheres privadas de liberdade no contexto brasileiro?”.<=
/p>
Em seguida, realizou-se a busca na literatura no
dia 3 de fevereiro de 2020, nas b=
ases
de dados eletrônicas Cumulative Index to Nursing and Allied Health
Literature (CINAHL), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciência=
s da
Saúde (LILACS), PubMed e Web of Science.
Selecionaram-se os seguintes descritores=
, de acordo com os descritores controlados Me=
dical
Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), send=
o combinados
com os operadores booleanos AND/OR: mulheres, prisões, HIV, doenças sexualm=
ente
transmissíveis e sífilis. Os sinônimos e as palavras-chave foram inseridos
conforme as particularidades de cada base de dados. Dessa forma, a estratég=
ia
de busca procedeu conforme representado no Quadro 1.
Quadro 1- Descrição =
da
estratégia de busca de acordo com as bases de dados selecionadas. Brasília,
Distrito Federal, Brasil, 2020
BASES DE
DADOS
ESTRATÉGI=
A DE
BUSCA
ARTIGOS
CINAHL
((women OR female)) AND ((prison OR jail OR
penitentiary OR correction facilities)) AND ((hiv
OR "human immunodeficiency virus" OR aids OR "acquired
immunodeficiency syndrome" OR syphilis OR "sexually transmitted
disease" OR "sexually transmitted infection" OR syphilis))=
318<=
/o:p>
LILACS (B=
VS)
(mulheres OR women OR mujeres)=
AND
(prisons OR prisões OR prisiones =
OR cárcere=
OR presídios OR penitenciária<=
/span>) AND (hiv<=
span
lang=3DEN-US style=3D'font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman",seri=
f;
mso-bidi-font-family:Arial;mso-ansi-language:EN-US'> OR vih
OR "doençassexualmentetransmissíve=
is"
OR "infecçõessexualmentetransmissíveis" OR "sexually
transmitted disease" OR "sexually transmitted infection" O=
R “enfermedades de transmisión
sexual” OR aids OR sífilis OR syphilis=
) AND
(fulltext:("1") AND db:("LILACS"))
AND (year_cluster<=
span
class=3DGramE>:[1984 TO 2019])
17=
o:p>
PUBMED
(("women"[MeSH Terms] OR
"women"[All Fields]) AND (("prisons"[MeSH Terms] OR
"prisons"[All Fields]) OR ("prisons"[MeSH Terms] OR
"prisons"[All Fields] OR "jail"[All Fields]) OR corre=
ctional[All
Fields] OR ("prisons"[MeSH Terms] OR "prisons"[All
Fields] OR "penitentiary"[All Fields]))) AND (("hiv"[MeSH Terms] OR "hiv"[All
Fields]) OR "human immunodeficiency virus"[All Fields] OR
("acquired immunodeficiency syndrome"[MeSH Terms] OR
("acquired"[All Fields] AND "immunodeficiency"[All
Fields] AND "syndrome"[All Fields]) OR "acquired
immunodeficiency syndrome"[All Fields] OR "aids"[All Field=
s])
OR "acquired immunodeficiency syndrome"[All Fields] OR
("syphilis"[MeSH Terms] OR "syphilis"[All Fields]) OR
(("sexual behavior"[MeSH Terms] OR ("sexual"[All Fiel=
ds]
AND "behavior"[All Fields]) OR "sexual behavior"[All
Fields] OR "sexually"[All Fields]) AND transmitted[All Fields]))
AND ("loattrfree full text"[sb] AND
("1984/01/01"[PDAT] : "2019/12/31"[PDAT]))=
158<=
/o:p>
WEB OF
SCIENCE
TÓPICO: ((women) AND (prisons OR jails OR
correctional OR penitenciar) AND (hiv OR “human immunodeficiency vírus”
OR aids OR “acquired immunodeficiency syndrome” OR syphilis OR “sexually =
transmistted infection” OR syphilis))
Refinado =
por:
Acesso aberto (OPEN ACCESS)
Índices=
=3DSCI-EXPANDED,
SSCI, A&HCI, CPCI-S, CPC-SSH, ESCI Tempo estipulado=3D1984-2019<=
/o:p>
267<=
/o:p>
Fonte:
Elaborado pelos autores (2020)
Incluíram-se estudos que abordaram as ações de
promoção, prevenção e tratamento de IST/aids em mulheres privadas de liberd=
ade,
nos idiomas português, inglês ou espanhol, no período de 1984 a 2019; a esc=
olha
do ano de partida deve-se à ocorrência de implantação da LEP. Como critério=
s de
exclusão, foram consideradas publicações que: (1) não
abordavam a temática de interesse; (2) não estavam disponíveis para leitura=
na
íntegra; (3) apresentavam, como =
tipo
de publicação, carta ao editor, editorial, monografias, trabalhos de conclu=
são
de curso, teses, dissertações, resumos, livros, artigos de revisão, teórico=
s,
relatos de experiência, estudos de caso e resumos publicados em anais de
eventos científicos.
Ademais, excluíram-se documentos do tipo carta =
ao
editor, editorial, monografias, trabalhos de conclusão de curso, teses,
dissertações, resumos, livros, métodos de revisões, trabalhos apresentados =
em
eventos científicos, estudos de caso e relatos de experiência, além das
publicações repetidas entre as bases de dados.
Após a primeira seleção das referências que
atendiam aos critérios de inclusão e exclusão, os estudos foram exportados =
para
o gerenciador de referência Mendeley, visando a remoção de duplicatas e a análise
pareada por dois revisores; nos casos de discordâncias, um terceiro revisor realizou a seleção. <=
o:p>
A fim de facilitar e sintetizar as informações =
dos
artigos selecionados, utilizou-se, na coleta de dados, um instrumento adaptado(13)
para padronização dos resultados e certificação de que todas as
informações necessárias seriam organizadas de forma confiável e segura. Os
dados foram organizados em: autor/ano, área de publicação/tipo de estudo/ní=
vel
de evidência, objetivos e resultados que respondiam à pergunta desta revisã=
o.
Posteriormente, foi realizada a análise crítica dos estudos incluídos. Essa análise=
é
pautada nos níveis de evidência definidos de acordo com a metodologia empre=
gada.
Assim, têm-se nível 1: evidências resultantes da meta-análise de múltiplos
estudos clínicos controlados e randomizados; nível 2: evidências obtidas em
estudos individuais com delineamento experimental; nível 3: evidências de
estudos quase-experimentais; nível 4: evidências de estudos descritivos (nã=
o experimentais)
ou com abordagem qualitativa; nível 5: evidências de relatos de caso ou de
experiência; nível 6: evidências baseadas em opiniões de especialistas=
(13).
Na etapa seguinte, realizaram-se a interpretaçã=
o e
a discussão dos resultados obtidos mediante análise e síntese dos artigos
selecionados, tendo os estudos utilizados como referencial
teórico da revisão. Para a discussão dos artigos incluídos, foi adotado o referencial de vulnerabilidade=
span>, ou seja, a exposição das pessoas a fatores
individuais, coletivos e contextuais que as tornam passíveis a infecções e
adoecimento, além de maior ou menor disponibilidade de recursos para proteç=
ão,
sendo analisada em três dimensões: individual, social e programática(15).
A dimensão individual relaciona-se com o grau e=
a qualidade
da informação que a pessoa detém sobre o problema e a sua capacidade em
transformá-la em atitudes e ações protegidas e protetoras. Também envolve
características pessoais como idade, sexo, gênero, raça, entre outros. A dimensão social diz respeito ao
acesso às informações e à habilidade em processá-las e incorporá-las a muda=
nças
práticas no cotidiano. Isso depende, além do próprio indivíduo, de políticas
públicas como de educação e saúde, disponibilidade de recursos materiais, p=
oder
de influenciar decisões políticas, estar livre de coerções violentas ou pod=
er
se defender delas. Por fim, a dimensão programática envolve o grau e a
qualidade de compromissos, recursos, gerências e monitoramento de programas=
nacionais,
regionais ou locais de prevenção e cuidado, importante para canalizar os
recursos sociais existentes, otimizar seu uso e identificar as necessidades=
de
outros recursos(15).<=
/o:p>
Empregou-se, para a apresentação dos resultados=
, o
fluxograma Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and
Meta-Analyses (PRISMA)(16)=
sup>,
sendo possível obter a análise desta revisão na Figura 1, na qual as etapas
estão ilustradas.
Figura 1-
Fluxograma do processo de busca e seleção de literatura, 2020
<=
/p>
Fonte:
Elaborado pelos autores (2020)
RESULTADOS
Os artigos incluídos, para fins de análise, for=
am
identificados pelas letras A(17)=
e
B(18), disponíveis tanto na língua portuguesa quanto inglesa,
publicados entre os anos 2016 e 2019. Quanto à formação dos autores no estu=
do
A, dos seis envolvidos, cinco
eram enfermeiros e um sem a especificação de sua graduação; e no estudo B, =
dos
seis autores, cinco eram enfermeiros e um odontólogo.=
o:p>
Os dois estudos foram desenvolvidos na região N=
ordeste
do país, nos estados do Piauí e Bahia, e publicados em periódicos nacionais na área de
concentração do conhecimento da enfermagem, e apresentavam objetivos distintos.Um(17) buscou conh=
ecer
os riscos que caracterizam as detentas como um grupo susceptível às IST,
revelar as reações frente ao diagnóstico e ainda discutir a importância do
aconselhamento em saúde. E o outro(18)
analisou ações de prevenção e enfrentamento das IST/aids em mulheres
encarceradas, considerando as dimensões de vulnerabilidade.
Os estudos incluídos foram qualitativos e avali=
ados
com nível de evidência científica 4, e utilizaram, para
coleta de dados,
entrevistas semiestruturadas e abertas. A análise de dados ocorreu segundo
referenciais diferentes.
Entrevistaram-se 9 mulheres no estudo A e 15 no=
B;
contudo, apenas no primeiro foi realizada a caracteriza=
ção
da população participante, cuja idade variou entre 22 e 34 anos, em sua mai=
oria
solteiras. Referente ao nível de escolaridade, uma era analfabeta e as outras finalizaram o ensino fundamental e m=
édio
em igual proporção. As ocupações mais citadas foram, respectivamente, domés=
ticas,
profissional do sexo e feirante, com renda mensal em torno de um salário
mínimo.
Os principais achados dos estudos estão descrit=
os no
Quadro 1, considerando ainda que a vulnerabilidade foi discutida nos dois
artigos, a saber: no artigo A, debat=
eram-se
os comportamentos de risco que tornam as mulheres encarceradas vulneráveis =
às
IST/aids; e no artigo B,os
autores consideraram as dimensões da vulnerabilidade ao analisar as ações de
prevenção e enfrentamento das IST/aids em mulheres privadas de liberdade.
Quadro
2 -Principais resultados dos artigos incluídos na
amostra final. Brasília, DF, Brasil, 2020
ID*
RESULTAD=
OS
A
Os motivos da ausência da prevenção às IST apontados pelas mulhere=
s foram:
confiança na parceria, uso de drogas e múltiplas parcerias. O diagnóstico=
de
IST/aids ocorreu na admissão e foi um episódio causador de emoções
“negativas”. A maioria das mulheres infectadas afirmou ter recebido=
o
diagnóstico e informações sobre as formas de transmissão e tratamento. Os
aconselhamentos pré e pós-teste realizado pela equipe de saúde –=
span> em especial pelo enfermeiro –=
span>, para a mulher com suspeita ou diagnóstico de
IST/aids, é indispensável devi=
do a
suas ações educativas sobre gestão de risco, formas de transmissão, preve=
nção
e rastreio das IST/aids, além de minimizar os sentimentos vivenciados. O
encarceramento é considerado uma oportunidade para a atuação do profissio=
nal
junto a essas mulheres.
B
O uso do preservativo não é uma rotina, sendo usado quando existe a
desconfiança da condição de saúde da parceria sexual, exigência da parcer=
ia
em relações extraconjugais, relações sexuais anais, para prevenção de
gravidez não planejada e IST/aids. O conhecimento que as mulheres possuem=
em
relação à SSR e IST/aids foi adquirido nos meios de comunicação, escolas,
conversas informais, atividades de educação em saúde oferecidas pela equi=
pe
dentro e fora da instituição. O ambiente do presídio oportuniza o
aprendizado e a instrumentalização para o cuidado de sua saúde mais do que
fora dele, a partir da oferta de
serviços como consultas e exames voltadas a SSR, disponibilização de
preservativos, medicações e orientações em saúde. Os discursos trouxeram o
esforço da equipe de saúde da unidade prisional em possibilitar o acesso =
aos
serviços de saúde necessários de diagnóstico e tratamento, incluindo a
parceria com a rede de atenção do território, proporcionando uma atenção
integral à mulher encarcerada.
*Identificação
Fonte:
Elaborado pelos autores (2020)
DISCUSSÃO
Após análise dos artigos(17-18) sele=
cionados, ao comparar a amostra desta revisão,
identificou-se que ambos descreveram os motivos do não uso do preservativo
pelas mulheres, para prevenção das IST/aids como a confiança na
parceria sexual, múltiplas parcerias e a dificuldade de negociar o uso,
indicando aspectos individuais e sociais da vulnerabilidade, visto que as
relações de gênero envolvem as relações de poder e cultura. Nesse aspecto, =
cabe
às instituições dos diversos níveis de governo desenvolver ações que reduzam
tais vulnerabilidades(15).=
Em consequência dessa situação de iniquidade, p=
or
influenciar na prática sexual desprotegida e contribuir para a vulnerabilid=
ade,
o artigo B destacou a necessidade de as políticas públicas considerarem as
questões de gênero, corroborando estudo que relatou a importância dessa
temática ao recomendar um programa apropriado de gênero passível de reconhe=
cer
as necessidades das mulheres encarceradas e revelar fatores de risco para a
infecção do HIV(19).
Nesse contexto, os serviços de saúde, além de distribuir o preservativo, devem aconselhar o uso correto desse método e
outras formas de prevenção, fornecer informações que ajudem as mulheres na
comunicação e negociação no uso do preservativo(=
sup>20).
O aconselhamento é uma tecnologia do cuidado
relacionada ao gerenciamento de risco no cenário de IST/aids, que engloba a escuta ativa individualizada e
centrada no paciente, possui as dimensões do apoio emocional, apoio educati=
vo e
avaliação de riscos, e pode ser ofertado em diferentes momentos dentro de u=
m atendimento(21). Logo, o
aconselhamento é uma ação que pode ser trazida para o campo da promoção da
saúde em virtude de possibilitar o cuidado da saúde a partir das informações
fornecidas com base nas necessidades de saúde identific=
adas(22).
Nesse sentido, aconselhamentos pré e pós-teste =
de
IST/aids realizados pela equipe de saúde são destaques no cuidado do pacien=
te
com suspeita ou diagnóstico de IST/aids, dadas as ações educativas ao fornecer informações para gestão de ri=
sco,
formas de transmissão, prevenção e rastreio das IST/aid=
s(17).Tal característica do serviço remete a ações que reduzem a
vulnerabilidade dessas mulheres, devido a atividades programáticas existent=
es.
Em consonância com ações de promoção da saúde, a
educação em saúde é compreendida como um conjunto de práticas que favorecem=
a
construção de conhecimentos na área para a população, por meio da incorpora=
ção
de diferentes saberes – como o
senso comum, popular e científico –, o que colabora para o desenvolvimento da autonomia e fortalecimento
dos indivíduos em relação ao seu cuidado(23). Portanto, a educaç=
ão
em saúde favorece o desenvolvimento de conhecimento, atitudes e comportamen=
tos
que possibilitam o devido cuidado, melhores condições de vida e bem-estar(23). Dessa maneira, ações =
de
educação em saúde contribuem para a diminuição da vulnerabilidade.
A educação em saúde retratada no artigo B =
é
um ponto fundamental no acesso à informação e conhecimento a respeito da SS=
R e
IST/aids por mulheres privadas de liberdade. Desse modo, salienta-se que as
práticas encontradas contribuem para a promoção da SSR e enfrentamento das
vulnerabilidades nas suas três dimensões. Tais ações vão ao encontro das Re=
gras
de Bangkok (regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas e
medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras), no âmbito dos
direitos humanos, que estabelecem aos serviços de saúde a realização de
atividades com essa população sobre educação e informação relacionadas às
atividades de prevenção no cuidado em saúde no geral, incluindo as IST/aids=
(24).
Posto isso, essas ações preventivas proporciona=
das
pela penitenciária – oferta=
de
consultas, exames (testagem sorológica para IST/aids e colpocitologia
oncótica) e preservativos – são
apontadas no artigo B como fatores que reduzem a vulnerabilidade programáti=
ca
das mulheres privadas de liberdade às IST/aids. Estudo realizado com 56
detentas da Cadeia Pública do município de Tangará da Serra, Mato Grosso, o=
bjetivando
identificar o perfil sexual de mulheres privadas de liberdade, demonstrou que, com a implantação de medidas preventivas e promotoras de saúde, ver=
ifica-se
maior eficácia na redução de casos de IST/aids na população, corroborando a=
assertiva
do artigo B de que essas práticas diminuem as vulnerabilidades dos serviços=
(4).
Os dois artigos(=
17-18)
relatam o cuidado ofertado pela equipe de saúde às mulheres privadas =
de
liberdade quanto à prevenção e promoção da saúde. Além disso, trazem a
importância da instituição carcerária em oportunizar esses cuidados, uma vez
que o espaço facilita o acesso e deve proporcionar a saúde como direito.&nb=
sp; Dessa
maneira, é imprescindível potencializar as ações programáticas previstas nas
políticas e protocolos vigentes (PNAISP e PNAMPE), que trazem o enfoque nas ações investigadas nesta revisão(10-11).
Os artigos incluídos trazem experiências espera=
das
frente às políticas e programas, desvelando ações condizentes a garantia dos
direitos humanos e enfrentamento às vulnerabilidades. Entretanto, a realida=
de
das demais instituições carcerárias brasileiras é diferente do que foi
apresentado nesta revisão, especialmente quando se trata da abordagem da SS=
R.
Os serviços de saúde são ineficientes e/ou inexistentes segundo as mulheres
aprisionadas no conjunto penal da Bahia(3), e há um desconhecimento por essas mulheres sob=
re
tópicos elementares, como o
planejamento familiar(25).
Os direitos reprodutivos e sexuais das mulheres
encarceradas não são reconhecidos devido à desvalorização da maternidade co=
m a precariedade
da assistência ao pré-natal e desrespeito a direitos, somados à desigualdad=
e de
gênero na garantia da visita íntima. Exemplifica o maior tempo que as mulheres devem esperar após ingres=
sar
no sistema prisional para conquistar esse direito; portanto, o acesso a SSR
dentro da instituição prisional é árduo e insatisfatóri=
o(26).
Salienta-se que a atuação da enfermagem no ambi=
ente
prisional foi levantada nos dois artigos incluídos. Os autores desta revisão
defendem que o enfermeiro tem seu destaque nessas instituições, principalmente no contexto da promoção da saúd=
e e
prevenção de doenças, no suporte emocional e na redução das vulnerabilidade=
s. Dessa
forma, contribui para a diminuição da cadeia de
transmissão, promove o debate sobre a SSR e oferece um cuidado humanizado.<=
o:p>
Mesmo que os resultados não possam ser
generalizados devido à pequena quantidade de artigos incluídos, ressalta-se=
a
relevância do estudo pela atualidade da temática e por mostrar a limitada
abordagem sobre o tema, refletida pela ineficiência na execução das polític=
as
públicas existentes, o que colabora para a manutenção das três dimensões da
vulnerabilidade. Tal afirmação demonstra a urgência de mais estudos envolve=
ndo
o assunto, com ênfase nas ações de prevenção, promoção e
tratamento, a fim de apontar as fragilidades e potencialidades do cuidado de
mulheres dentro do sistema carcerário, e, assim, subsidiar a implantação efetiva das políticas públicas.=
Apesar da busca dos artigos realizada em quatro
bases de dados, nos idiomas português, inglês e espanhol, é passível de
limitações, pois outros estudos que contemplam a temática podem ter sido
publicados em outros idiomas e em bases de dados não incluídas neste trabal=
ho.
CONCLUSÃO
A partir da análise dos artigos incluídos, iden=
tificou-se
que a educação em saúde e aconselhamentos pré e pós-teste diagnóstico de
IST/aids, ofertas de serviços e insumos – como consultas, exames e preservativos e disponibilização de
medicamentos – foram as ações de promoção em saúde, prevenção=
de
doenças e tratamento em mulheres privadas de liberdade, relativas às IST/aids encontradas na literatura
nacional. Fica evidente que as ações referidas oportunizaram a redução das
vulnerabilidades dessas mulheres à IST/aids, por meio de estratégias de
educação em saúde e com a acesso aos cuidados de saúde.
Analisar os resultados a partir do referencial
adotado permitiu identificar não só as vulnerabilidades das mulheres privad=
as
de liberdade, mas,
principalmente, as instituições carcerárias, desvelando a alta vulnerabilidade programática,
refletida na escassez de estudos que responderam à pergunta desta revisão.<=
o:p>
Conclui-se que um dos maiores desafios, ponto de
intersecção dos três aspectos da vulnerabilidade, para promover a SSR das
mulheres privadas de liberdade, seja a
iniquidade nas relações de gênero. Destarte, é condição sinequa non repensar as estratégias para efetiv=
idade
e amplitude das ações previstas nas políticas públicas voltadas ao cuidado =
das
mulheres em privação de liberdade.
Fomento: Não
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