MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D7DFB4.351A43A0" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D7DFB4.351A43A0 Content-Location: file:///C:/AA7559EC/1168-Textodoartigo-PTHTML.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
NECESSIDADES DA FAMÍLIA DO
PACIENTE CRÍTICO EM TERMINALIDADE DE VIDA: REVISÃO INTEGRATIVA
CRITICAL PATIENT’S FAMILY NEEDS IN TERMINALITY OF LIFE: INTEGRATIVE
REVIEW
Tábata de Cavatá
Souza[1]
* Enaura Helena Brandão Chaves[2]
* João Lucas Campos de Oliveira[3]
Lisiane Nunes Aldabe[4]
* Aline dos Santos Duarte[5]
* Bibiana Fernandes Trevisan[6]
* Mari Angela Victoria Lourenci Alves[7]
* Rodrigo D’Ávila Lauer[8]
RESUM=
O
Objetivo: identificar na literatura científica as princi=
pais
necessidades da família do paciente crítico terminal. Método: revisão
integrativa realizada de acordo com as seis etapas propostas. As buscas for=
am
realizadas nas bases de dados SciELO, LILACS e PubMed, sendo incluídos arti=
gos
publicados entre 2010 e março de 2021. Resultados: do total da amost=
ra
analisada (n=3D6), destacaram-se os ensaios clínicos (50%) e pesquisas
qualitativas (33%). Foram evidenciadas diferentes necessidades dos familiar=
es
de pacientes críticos na terminalidade, com destaque para as necessidades de
comunicação e as necessidades emocionais, espirituais, psicológicas e socia=
is. Considerações
finais: a literatura científica aponta que a família do paciente em
terminalidade de vida no âmbito da terapia intensiva apresenta uma diversid=
ade
de necessidades, e que o investimento na melhor comunicação com a equipe
clínica durante o período de hospitalização na Unidade de Terapia Intensiva=
é
uma premência. Percebe-se a importância da integração da equipe de saúde no
contexto de terminalidade para auxiliar a família nesse momento delicado, c=
orroborando
para uma resposta adequada de um plano terapêutico. O trabalho interdiscipl=
inar
é uma alternativa, visto que as necessidades são de ordens diversas e não se
limitam à alta densidade tecnológica comum a terapia intensiva.
Palavras-chave: Cuidados Críticos; Cuidados Paliativos na Terminalidade da Vida;
Família; Enfermagem; Unidades de Terapia Intensiva.
ABSTRACT
ill patients in terminality were highlighted, with emphasis on
communication needs and emotional, spiritual, <=
span
class=3DSpellE>psychological and social needs=
span>. Final
considerations: the scientific literature ind=
icates
that the family of the terminally ill
patient in the intensive=
span>
care setting has a variety=
of needs, and that investi=
ng
in better communication with the clinical team during the period of hospit=
alization
in the Intensive Care Unit is a urgency. The importance of integrating=
the
health team in the context of terminality
to help the family in this delicate
moment is perceived, suppo=
rting
an adequate response to a =
therapeutic
plan. Interdisciplinary
work is an alternative, as the needs
are of different orders and
are not limited to the high technological
density common to intensiv=
e
care.
Keywords: Critical Care; Hospice Care; Family; Nursing; Intensive Care Units.=
INTRODUÇÃO
As
questões sobre a terminalidade em terapia
intensiva estão ligadas à limitação terapêutica e humanização, isso porque a
equipe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em geral, é treinada para sal=
var
vidas, utilizando todos os recursos e tecnologias disponíveis para que essa
meta seja atingida. Desta forma, para atender todas as necessidades de um
paciente terminal, que vão muito além daquelas de ordem biológica, é necess=
ária
organização da dinâmica da unidade e capacitação constante da equipe
assistencial(1).
O
processo de morrer na UTI ainda está relac=
ionado
ao sofrimento e à dor de pacientes e suas famílias, muitas vezes ligadas ao
ambiente mais hostil e estigmatizado que é a UTI(2). Durante a
proximidade da morte, o uso de tecnologias complexas e, principalmente, a p=
ouca
ou falha na comunicação entre profissionais, pacientes e familiares, eviden=
ciam
essa relação. Muitos familiares de pacientes internados em UTIs não têm uma=
boa
compreensão das discussões sobre prognósticos e frequentemente têm expectat=
ivas
distorcidas quanto à sobrevida, estado funcional e qualidade de vida dos se=
us
entes queridos(3).
Embora as diretrizes de sociedades profissionais
recomendem estratégias para amparar as famílias de pacientes gravemente
enfermos, evidências sugerem que muitas famílias podem se beneficiar desse =
tipo
de apoio, mas não o recebem(4). Os motivos para essa falha
assistencial se relacionam comumente a falta de comunicação efetiva, suporte
psicológico inadequado aos familiares e o despreparo da equipe de UTI em li=
dar
com a terminalidade, o que traz como consequência para esses profissionais a
sensação de fracasso frente a missão de curar o doente, tornando-se uma
barreira no cuidado humanizado prestado pela equipe de saúde(5-6).
Compreender a humanização em ambientes de cuida=
dos
complexos significa acolher a dinamicidade da organização destas unidades,
gestão do trabalho dos profissionais e atendimento aos usuários, uma vez qu=
e as
dinâmicas entre esses atores (re)alimentam as relações/interações humanas e
profissionais que permeiam o cuidado(3).
É necessário conhecer as diversas dificuldades
enfrentadas pela família do paciente crítico terminal frente a situação atu=
al,
seja no âmbito psicossocial, econômico, espiritual e na comunicação com a
equipe de saúde(7). Considerando o processo de terminalidade como
uma etapa de difícil aceitação, o apontamento dessas necessidades serve para
esclarecimentos de prognósticos, além de que os familiares possam externar =
seus
anseios e medos, sentindo-se amparados pela equipe assistente(8)=
.
Uma vez apontado que ainda há necessidade de
incremento no processo de terminalidade em UTI, e que a identificação das
necessidades de famílias nesse processo pode contribuir para práticas de
cuidado mais humanizadas e aproximadas do cuidado integral, o presente estu=
do
objetivou identificar na literatura científica as principais necessidades da
família do paciente crítico terminal.
MÉTODO
Trata-se de uma revisão integrativa, a qual foi
desenvolvida em respeito às seis etapas propostas pelo referencial eleito: =
(1)
elaboração da pergunta norteadora; (2) estabelecimento de critérios para
inclusão/exclusão e busca/amostragem da literatura; (3) coleta de dados e
categorização de informações; (4) avaliação crítica dos estudos incluídos; =
(5)
interpretação dos resultados; e (6) apresentação da revisão integrativa, co=
m a
síntese do conhecimento(9).
1ª etapa – o desenvolvimento desta revisão se d=
eu
por meio da formulação da seguinte questão norteadora: quais são as princip=
ais
necessidades demandadas pela família do paciente adulto em terminalidade de
vida internado em Unidade de Terapia Intensiva verificadas na literatura
científica?
2ª etapa – a busca pelos artigos foi realizada =
nas
seguintes bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciênci=
as
da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e
MedLine, via PubMed.
Os
descritores utilizados foram: “cuidados críticos” (critical care),
“cuidados paliativos na terminalidade da vida” (hospice care) e
“família” (family). Foram utilizadas
combinações entre os descritores “cuidados críticos” AND “critical care” AND
“family”.
A busca na literatura ocorreu em abril de 2021.=
Os
critérios de inclusão foram: artigos publicados entre 2010 e março de 2021;
artigos com resumo e texto na íntegra, disponíveis gratuitamente nas bases =
de
dados online; e escritos em inglês, espanhol ou português. Os critér=
ios
de exclusão foram estudos que não respondessem à pergunta de pesquisa; tese=
s,
dissertações e editoriais, além de publicações classificadas como artigos de
revisão bibliográfica de qualquer natureza.
3ª etapa – com a busca de dados realizada, foram
lidos os resumos de todos os textos recrutados (n=3D37). Pela aplicação dos
critérios de elegibilidade, seis artigos integraram a revisão. Destes, foram
extraídas e sumarizadas as seguintes informações: título do artigo, periódi=
co e
ano de publicação, base de dados da qual o artigo foi recrutado, país de or=
igem
do estudo, tipo de estudo e conclusões. Os artigos foram identificados
aleatoriamente em numerais romanos.
4ª etapa – a avaliação dos artigos selecionados=
se
deu de forma interpretativa, com o intuito de extrair dos textos quais eram=
as
principais necessidades dos familiares de pacientes terminais assistidos no
contexto de UTI. Essas informações foram sumarizadas a fim de sistematizar o
conhecimento.
5ª etapa – a interpretação dos achados ocorreu =
na
discussão, atrelando os dados levantados/extraídos nas etapas anteriores co=
m a
literatura pertinente e as inferências autorais.
6ª etapa – a síntese do conhecimento se deu de
forma ilustrativa, com uso de quadros sinópticos que sumarizam as informaçõ=
es
extraídas na revisão integrativa.
Destaca-se que este estudo não fere os princípi=
os
éticos em pesquisa envolvendo seres humanos, por se tratar de uma pesquisa
secundária. Todos os artigos de pesquisa primária tiveram as questões éticas
cabíveis verificadas à sua leitura.
RESULTADOS
Utilizando os
descritores citados, foram encontrados 12 artigos no SciELO, nenhum no LILA=
CS e
25 no PubMed, totalizando 37 artigos nas bases de dados. Após leitura rigor=
osa,
06 artigos se enquadraram dentro da questão em estudo para análise e síntes=
e do
conhecimento (Quadro 1).
Quadro 1 – Relação d=
os
artigos selecionados de acordo com título, periódico, ano, base de dados,
origem do estudo, tipo de estudo e conclusões
Código e título |
Periódico e ano |
Base de dados |
Origem do estudo |
Tipo de estudo |
Conclusões |
I) A brief intervention for preparing ICU families to be proxies: a
phase I study(10) |
PLoS One 2017 |
SciELO |
Estados Un=
idos |
Ensaio clí=
nico
com 122 representantes da saúd=
e e 111 pacientes |
Considerada
positiva essa intervenção de comunicação da família com equipe clínica |
II) Grupo =
de
suporte como estratégia pa=
ra
acolhimento de familiares de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva |
Revista da
Escola de Enfermagem da USP 2010 |
SciELO |
Brasil |
Pesquisa
descritiva com abordagem qualitativa, do tipo convergente assistencial co=
m 51
participantes |
Recomenda-=
se uma
reflexão sobre a reorganização da prática assistencial para inclusão de “=
grupo
de suporte” para suprir as necessidades dos familiares |
III) A mor=
te em cena
na UTI: a família diante da terminalidade(12) |
Trends in
Psychology 2017 |
SciELO |
Brasil |
Pesquisa c=
línico-qualitativa
com 6 participantes |
Enfatizou-=
se o
comportamento resiliente dos familiares sobre a terminalidade |
IV) A novel Family Dignity Intervention (FDI) for enhancing and informing holistic palliative care=
in
Asia: study protocol for a
randomized controlled trial(13) |
Trials 2017 |
PubMed |
Cingapura<= o:p> |
Ensaio clí=
nico
controlado randomizado aberto com 126 participantes |
Abordou cu=
idados
psico-espirituais a pacientes e
familiares que enfrentam a mortalidade com sucesso |
V) A randomized trial of =
a family-support
intervention in Intensive Care U=
nits(14) |
New England Journal of Medicine 2018 |
PubMed |
Estados Un=
idos |
Ensaio clí=
nico
randomizado em cluster envolvendo pacientes com alto risco de morte e seus
cuidadores em cinco UTIs |
Apresentou
avaliação satisfatória sobre a
qualidade da comunicação da equipe de saúde e do paciente e da família |
VI) Shared decision-making in end-stage renal disease: a protocol =
for
a multi-center study of a communication intervention to improve end-of-li=
fe
care for dialysis patients(15) |
BMC Pallia=
tive
Care 2015 |
PubMed |
Estados Un=
idos |
Estudo de =
coorte
multicêntrico que implantou
intervenção para melhorar a comunicação de pacientes em fim de vida em
hemodiálise |
Auxílio à =
equipe de saúde no planejamento antecipados de cuidados a cuidadores e pacie=
ntes
no final da vida |
Fonte: Os autores
As principais necessidades
encontradas pela família do paciente crítico terminal, estão descritas no
Quadro 2.
Quadro 2 –
Necessidades exploradas em cada artigo
Artigos |
Principais necessidades da família |
I, II, V e=
VI |
Necessidad=
es de
comunicação |
II |
Necessidad=
es
emocionais |
III, IV |
Necessidad=
es
espirituais |
IV, V |
Necessidad=
es
psicológicas |
III, IV |
Necessidad=
es
sociais |
Fonte: Os autores
DISCUSSÃO
Nos artigos I, II, V e VI a família do paciente
crítico terminal relata que a comunicação é uma das principais necessidades=
a
ser aprimorada. A comunicação é uma âncora do trabalho em saúde e é conside=
rada
uma tecnologia leve de cuidado(16). Ela precisa ser desenvolvida
pelos trabalhadores para melhor articulação assistencial, e isso,
inegavelmente, deve incorporar pacientes e familiares em todos os níveis de
complexidade e fases da vida, incluindo a terminalidade(17).
Estudo qualitativo sobre o enfrentamento da equ=
ipe
assistencial ao cuidado do paciente crítico em terminalidade levantou três
temas: barreiras acadêmico-culturais, relacionadas à orientação assistencia=
l da
UTI a pacientes e cuidadores e à falta de capacitação em cuidados em final =
de
vida; barreiras arquitetônico-estruturais, relacionadas à falta de espaço e
privacidade para o paciente e família nos últimos momentos da vida; e barre=
iras
psicoemocionais, relacionadas ao uso do distanciamento emocional como
estratégia aplicada pela equipe de enfermagem. Como possíveis soluções para
estes desafios, os autores apontaram o treinamento da equipe de enfermagem =
sobre
os cuidados em final de vida por meio da utilização de diretrizes ou protoc=
olos
e o desenvolvimento de estratégias de enfrentamento da assistência e
comunicação efetiva aos familiares(18).
Estudo
multicêntrico, realizado para avaliar a
satisfação da família em relação ao cuidado dos pacientes e de sua família,
aplicou um questionário de satisfação entre janeiro de 2015 a fevereiro de =
2016
em UTIs de três hospitais universitários terciários na Coreia do Sul(1=
9).
Os achados apontaram os principais fatores que afetam a satisfação
identificados por meio de análises quantitativas e qualitativas. As famílias
relataram a menor satisfação com o ambiente da sala de espera, comunicação e
gerenciamento da agitação do paciente. A decisão de não ressuscitar, a mort=
alidade
na UTI e a cultura da UTI também estiveram associadas à satisfação da famíl=
ia
com os cuidados intensivos. Neste sentido, os autores acreditam que os esfo=
rços
de melhoria da qualidade assistencial devem ser direcionados na intervenção=
dos
fatores que causam insatisfação da família do paciente crítico, e isso incl=
ui
melhoria nos processos de comunicação.
Já uma pesquisa de coorte realizada na Espanha
avaliou a qualidade do atendimento clínico prestado a pacientes que morrem =
em
UTI(20). Os critérios de excelência em terapia intensiva foram
avaliados por indicadores e medidas de qualidade, relacionados ao atendimen=
to
em fim de vida. Foram incluídos 282 pacientes de 15 UTIs espanholas. Quase
todos os prontuários avaliaram tanto a capacidade de tomada de decisão do
paciente quanto à comunicação do corpo clínica com os familiares. Apenas du=
as
UTIs possuíam políticas abertas de visitação. A ausência de protocolo para a
retirada de tratamentos de suporte de vida foi observada em 13 unidades. O
estudo concluiu que a qualidade do cuidado ao final da vida na UTI particip=
ante
precisa ser melhorado e que, apesar das lacunas existentes, pode ser desenh=
ado
um plano de melhoria gradual, adaptado à situação de cada hospital e UTI.=
span>
Para determinar as perspectivas sobre como as
informações prognósticas devem ser transmitidas em doenças críticas,
realizou-se um estudo multicêntrico em três centros médicos acadêmicos na
Califórnia, Pensilvânia e Washington(21). Houve amplo apoio entr=
e os
familiares para as recomendações de especialistas existentes, incluindo
divulgação de prognósticos verídicos, apoio emocional, adaptação da estraté=
gia
de divulgação às necessidades de cada família e verificação de compreensão.
Além disso, os participantes adicionaram sugestões mais específicas, tal co=
mo o
aprimoramento da comunicação sobre quadro de saúde do doente aos familiares.
Além de transmitir estimativas de prognóstico, os médicos devem ajudar as
famílias a "verem o prognóstico por si mesmas", mostrando imagens
radiográficas das famílias e explicando o significado clínico das manifesta=
ções
físicas de doença grave à beira do leito.
Para os participantes do estudo supracitado, os
médicos devem conceituar a comunicação prognóstica como um processo interat=
ivo
que começa com uma menção preliminar da possibilidade de morte no início da
internação na UTI e se torna mais detalhado à medida que a situação clínica=
se
desenvolve(21).
Os artigos II, III, IV e V enfatizam a necessid=
ade
de auxílio psicológico, espiritual e emocional aos familiares no enfrentame=
nto
à internação e à terminalidade na terapia intensiva. A equipe de saúde deve
acalmar, acolher e valorizar os sentimentos e expectativas do paciente e
familiares(22). Esse processo de acolhimento muitas vezes permei=
a o
toque, a conversa e o saber ouvir, cuidados que, podem ser negligenciados
devido à complexidade dos e a cultura dos cuidados intensivos.
Autores reforçam a importância da participação =
da
psicologia no acolhimento e escuta dos familiares dos pacientes internados =
em
UTI, visto que pela assistência dessa equipe tem-se a oportunidade de forma
mais profissionalizada de falar sobre a terminalidade, podendo expressar o =
que
sentem, como raiva, culpa, tristeza e estimulá-los a dizerem um adeus
apropriado. Com isso, as reações pós-óbito podem se tornar mais amenas e,
consequentemente, favorecer uma melhor elaboração do luto(23).=
span>
Outra categoria profissional indispensável no
acolhimento e na humanização do cuidado em UTI é a enfermagem, pois essa eq=
uipe
está em contato com o paciente diariamente, vivenciando medos e angústias d=
os
pacientes e seus familiares(24). O enfermeiro, em especial, tem =
um
papel fundamental no sentido de articulação da equipe interdisciplinar, uma=
vez
reconhecida a sua característica/posição de gerente do cuidado. Pela experi=
ência
autoral, acredita-se que a articulação interprofissional favorecida pelo
trabalho do enfermeiro tende a culminar em melhores resultados assistenciai=
s, e
também na maior participação e autonomia da família no processo de cuidado.=
A autonomia dos familiares e dos próprios pacie=
ntes
em UTI, apesar de não ter sido necessariamente expressa na síntese do
conhecimento exposta, provavelmente permeia as necessidades identificadas,
talvez em especial pela maior qualidade e/ou amplitude na comunicação dos p=
rofissionais
intensivistas com os familiares. Este é um assunto importante a ser tratado=
no
cenário dos cuidados críticos, até mesmo porque a possibilidade de se torna=
r um
sujeito com poder de decisão sobre sua saúde já foi referida como frágil ne=
sse
âmbito(25).
A respeito das necessidades espirituais
identificadas, uma pesquisa descreveu o momento e a natureza dos encontros =
com
capelães em UTIs(26). Os achados apontam que as visitas do capel=
ão
são incomuns e geralmente ocorrem um pouco antes da morte entre os paciente=
s da
UTI. A comunicação entre capelães e médicos é rara. O serviço de capelania é
reservado principalmente para pacientes terminais e seus familiares, em vez=
de
fornecer apoio espiritual proativo. Essas observações destacam a necessidad=
e de
compreender melhor os desafios e barreiras para o envolvimento ideal do cap=
elão
no atendimento ao paciente da UTI.
Recentemente, pesquisadoras brasileiras da área=
de
enfermagem, com o objetivo de compreender a espiritualidade e a prática da
eufemia vivenciada por profissionais de enfermagem no contexto hospitalar,
concluíram que o os trabalhadores percebem a espiritualidade e a prática da
eufemia como ferramenta motivacional à equipe para o enfrentamento das
dificuldades vivenciadas no trabalho e o incremento da fé do paciente
hospitalizado(27). Somado a isso, outro estudo nacional realizad=
o no
sul do Brasil com pacientes hospitalizados referiu a espiritualidade,
religiosidade e eufemia como uma tríade biopsicossocial, capaz de atribuir
sentido, alicerce e bálsamo à vida humana(28).
Em UTI, o respeito à proposição de condutas
baseadas em valores espirituais do paciente crítico já foi referida por mai=
s de
88% de uma amostra (n=3D42) de enfermeiros, no estado de São Paulo, Brasil.=
As
autoras deste estudo ainda acreditam que existe um tabu que permeia a dimen=
são
espiritual e religiosa, o que dificulta o entendimento dos profissionais da
saúde em conhecer a própria espiritualidade e como esta pode contribuir par=
a a
integralidade da assistência de enfermagem dispensada ao paciente crítico
internado na UTI(29).
Apesar da relevância das alusões expressas,
destaca-se que o estudo antes referido se ancora sobre a espiritualidade dos
pacientes e, com essa revisão, percebe-se que também há necessidade de se
ampliar a visão sobre as necessidades espirituais dos familiares destes
indivíduos. Essa ampliação, possivelmente, pode contribuir para a efetivida=
de
do cuidado e transposição desse cuidado ao ser doente, uma vez que ele faz
parte de um meio social familiar.
Os estudos III e IV destacam a necessidade da r=
ede
de apoio social aos familiares e aos pacientes. Os autores de um estudo
realizado em quatro UTIs dos Estados Unidos afirmam que, para tornar o proc=
esso
de tomada de decisão familiar eficaz, é importante reconhecer e compreender=
os
papéis informais que vários membros
da família podem desempenhar no processo de tomada de decisão do fim da vid=
a(30).
Os autores concluíram que os papéis informais da família refletem as divers=
as
respostas às demandas de tomada de decisão da família, o que geralmente é u=
ma
situação nova e estressante. A identificação desses papéis pode ajudar os
profissionais a compreenderem as funções de cada familiar além de orientar o
desenvolvimento de estratégias para apoiar=
e
facilitar o aumento da eficácia dos processos de tomada de decisão no momen=
to
do adoecimento e morte do ente querido.
É prudente assumir que existem limitações a ser=
em
declaradas a este estudo, as quais guardam relação, principalmente, à ausên=
cia
de estratégias de busca mais avançadas e em maior número de bases de dados,
além de a pesquisa nas bases ter sido feita por uma única pesquisadora. No
entanto, acredita-se que o estudo contribui no sentido de definir com clare=
za
algumas necessidades que são demandadas pelo familiar do doente terminal na
UTI. Isso certamente pode suscitar debates e planejamento sobre ações para =
um
cuidado mais sensível e integral nessa fase da vida, e que transponha as
barreiras clínico-assistenciais do doente crítico. Por fim, sabe-se que é
importante que pesquisas futuras sejam desenvolvidas sobre a importância da
presença e da autonomia da família em situações de terminalidade.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Conclui-se que a literatura científica aponta q=
ue a
família do paciente em terminalidade de vida no âmbito da terapia intensiva
apresenta uma diversidade de necessidades. A síntese do conhecimento permit=
ida
por este estudo aponta que tais necessidades se vinculam a: necessidades de
comunicação e necessidades emocionais, espirituais, psicológicas e sociais.=
Ante o exposto, considerando que as necessidades
são eminentemente de teor relacional, considera-se que o investimento na me=
lhor
comunicação com a equipe clínica durante o período de hospitalização na Uni=
dade
de Terapia Intensiva é uma premência. Nesse efetivo processo comunicativo,
espera-se que a família seja acolhida, ouvida, e suas necessidades
sistematizadas, a fim de serem sanadas e/ou atenuadas.
Percebe-se a importância da integração da equip=
e de
saúde no contexto de terminalidade para auxiliar a família nesse momento
delicado, corroborando para uma resposta adequada de um plano terapêutico. O
trabalho interdisciplinar é uma alternativa, visto que as necessidades são =
de
ordens diversas e não se limitam à alta densidade tecnológica comum a terap=
ia
intensiva.
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Autor
correspondente
<=
span
class=3DSpellE>Tábata de <=
span
class=3DSpellE>Cavatá Souza
RS 287, Km 30, Casa nº 01 – <=
span
class=3DSpellE>Tabaí – Rio Grande do Sul - 95863-000
+55(51) 998814906
tabatasouza@hcpa.edu.br
Submissão: <=
/span>2021-07-05
Aprovado: =
span>2021-10-26
[1] Hospital de Clíni=
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de Porto Alegre. Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. ORCID:
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