MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D7C2A4.65ED6200" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D7C2A4.65ED6200 Content-Location: file:///C:/AA7559EC/1177-Textodoartigo-PTHTML.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
VISITAS VIRTUAIS =
NAS
UNIDADES NEONATAIS DURANTE PANDEMIA COVID-19: EXPERIÊNCIA DA EQUIPE DE SAÚD=
E
VIRTUAL VISITS IN NEONATAL UNITS DURING THE COVID-19 PANDEMIC:
EXPERIENCE OF THE HEALTH TEAM
Rebeca Silveira Rocha[1]
* Anne Fayma Lopes Chaves[2]
* Mara Carolina Ribeiro Gomes[3]
* Maria do Socorro Leonacio[4]
* Myrna Araújo Cavalcante[5]
* Priscila Magalhães de Medeiros[6]
* Naara Ingrid da Silva Sales[7]
RESUMO
Objetivo: <=
span
style=3D'font-family:"Times New Roman",serif;mso-fareast-font-family:"Times=
New Roman";
mso-bidi-font-family:Arial'>relatar a experiência da equipe multiprofission=
al
na realização de visitas virtuais entre recém-nascidos internados em unidad=
es
neonatais e seus familiares du=
rante
a pandemia da Covid-19. Método: relato de experiê=
ncia
de profissionais de saúde que trabalham em unidades neonatais de uma
maternidade em Fortaleza, Ceará, Brasil, sobre a realização de visitas virt=
uais
entre recém-nascidos internados em unidades neonatais e seus familiares. A
visita virtual ocorreu no período de abril a junho de 2020 através de
videochamada por meio do aplicativo WhatsApp,
sendo utilizado um tablet institucional. Resultados: durante as videochamadas, foi possív=
el
perceber a satisfação das mães ao olhar e dialogar com seus filhos, os quai=
s se
manifestavam por meio da mo=
vimentação,
das expressões e reações diante da interação com sua genitora. A equipe multidisciplinar vivenciou momentos de emoção e
satisfação ao poder manter vivo o vínculo mãe-filho. Considerações Finais: as visitas virtuais
realizadas com auxílio da tecnologia possibilitaram à equipe multidisciplinar o incremento da
aproximação mãe-filho, sendo uma ex=
periência
capaz de subsidiar outras instituições para o
desenvolvimento de ações efetivas e humanizadas.
Palavras-chave: <=
span
class=3Deop>Unidade de Terapia Intensiva Neonatal; Recém-Nascido Prematuro;=
Infecções
por Coronavirus; Relações Mãe-Filho; Equipe de
Assistência ao Paciente.
ABSTRACT
Objective: to the aid of
technology enabled =
the multidisciplinary
Keywords: Neonatal Intensive Care
Unit; Premature Newborn; Coronavirus infections; <=
span
class=3DSpellE>Mother-Child Relations; <=
span
class=3DSpellE>Patient Assistance Team.<=
/span>
INTRODUÇÃO
O mundo está vivenciando uma Emergência =
de
Saúde Pública causada pelo vírus Severe Acute
Embora ainda não haja evidência consolidada da
transmissão vertical do SARS-CoV-2, recentemente pesquisas apontam para esta
possibilidade(2). Um estudo de caso publicado no Peru
encontrou Reverse Transcriptio=
n
- Polymerase Chain Reactio=
n (RT-PCR)
positivo em neonato no primeiro dia de vida, mesmo tendo sido isolado logo =
ao
nascimento da mãe que tinha swab positivo para
SARS-CoV-2, sugerindo possível transmissão vertical(3). Outra
pesquisa realizou estudo histológico e de imuno-histoq=
uíminca
que comprovam a transmissão placentária da viremia neonatal, resultando em
manifestações neurológicas no recém-nascido consistentes com a dos adultos<=
sup>(4).
Além da possibilidade de transmissão vertical,
outra preocupação é a contaminação de recém-nascidos por pessoas infectadas=
com
SARS-CoV-2, uma vez que estudo aponta que, especificamente com relação à
COVID-19, as crianças menores de um ano têm taxas mais altas de complicações
graves do que as crianças mais velhas(5).
Nesse contexto e devido a rápida disseminação do vírus, fo=
ram
decretadas uma série de medidas para enfrentamento da COVID-19, dentre elas=
o
distanciamento social, no qual é recomendado que a sociedade permaneça em s=
uas
residências, restringindo-se ao máximo o contato entre pessoas. Logo, o
Ministério da Saúde determinou que as unidades neonatais não deviam ser
fechadas nem reduzidas, no entanto, deveriam adotar cuidados com a
prevenção de aglomerações, garantia do acesso às pessoas assintomáticas e q=
ue
não tenham contato domiciliar com portadores de COVID-19, visando reduzir o
fluxo de pessoas e minimizar os riscos de contaminação de pacientes e
trabalhadores da saúde(6).=
Evidê=
ncias
apontam que a hospitalização de um filho em unidade neonatal é uma experiên=
cia
estressante para os pais, o que gera sentimentos de medo e solidão diante do
distanciamento e despreparo(7). Do contrário, o sentimento de pr=
azer
e competência quando recebem apoio da equipe de saúde deixa-as mais confian=
tes
e empoderadas(8).
Nesse contexto, as visitas virtuais têm sido
utilizadas por diversas instituições de saúde durante a pandemia do COVID-1=
9, a
qual tem como finalidade manter o vínculo e apoio psicológico ao paciente
durante sua internação com a utilização de tecnologias disponíveis, visto q=
ue
as visitas presenciais estão suspensas(9). Sabendo que a comunic=
ação
envolve a relação entre uma pessoa e outra, tanto fisicamente como
virtualmente, é reconhecido pelo Conselho Federal de Medicina a utilização =
de
recursos virtuais, como WhatsApp, <=
/i>para
ser usado na comunicação entre médicos e pacientes(10).
A
relevância da pesquisa reside no fato de que, em época de pandemia, é
necessário pensar além de med=
idas
de combate e prevenção. É preciso o desenvolvimento de estratégias
que também trabalhem a saúde mental devido à carga emocional muito intensa, em que o acolhimento e a comunicação =
se
constituem ações primordiais de humanização em saúde, fortalecendo o vínculo
paciente e família. A socialização dessas estratégias irá subs=
idiar
outras instituições para o desenvolvimento de ações efetivas e viáveis no q=
ue
se refere à promoção da saúde materno-infantil durante esse momento específ=
ico,
proporcionando uma atenção qualificada, que envolva o apoio emocional.
Desse
modo, este estudo teve como objetivo relatar a experiência da equipe
multiprofissional na realização de visitas virtuais entre recém-nascidos
internados em unidades neonatais e seus familiares durante a pandemia
COVID-19.
DESCRIÇÃO DA EXPERIÊNCIA
Tratou-se de um relato de experiência de
profissionais de saúde na realização de visitas virtuais entre mães, e dema=
is
familiares, e recém-nascidos internados na Unidade Neonatal da Maternidade
Escola Assis Chateaubriand, referência na atenção à saúde do recém-nascido =
no estado
do Ceará no período de abril a junho de 2020. A referida instituição é um d=
os
seis =
Centros
de Apoio às Boas Práticas na atenção obstétrica e neonatal da Rede Cegonha =
no
Brasil e sua Unidade Neonatal é composta por duas Unidades de Terapia
Intensiva Neonatal (21 leitos) e duas Unidades de Cuidados Intermediários
Convencionais (30 leitos). Além destas, uma unidade de isolamento foi
temporariamente criada para internação de recém-nascidos suspeitos ou
confirmados de COVID-19 comportando nove leitos no máximo.
O projeto de realização das visitas virtuais foi
idealizado pela equipe de Assistentes Sociais e Psicóloga responsáveis pela
Unidade Neonatal, que realizavam as chamadas e acompanhavam todo o processo
dando o suporte emocional necessário à família, e contou com o apoio de tod=
a a
equipe multiprofissional, principalmente dos médicos, que avaliavam se o
recém-nascido tinha estabilidade do quadro clínico para a realização da vis=
ita
virtual, e da enfermagem, tanto Enfermeiras como Técnicos de Enfermagem, que
possibilitava a realização da visita dando todo o suporte necessário,
principalmente no contato direto ao recém-nascido.
Antes da implementação do projeto, foi realizad=
o um
teste piloto no final de março de 2020. Após os devidos ajustes e organizaç=
ão
da equipe, o início do projeto ocorreu logo no início de abril
de 2020. No entanto, o quantitativo de videochamadas foi reduzindo
gradativamente a partir da segunda metade de junho do mesmo ano, momento no
qual iniciaram as visitas presenciais agendadas das mães às unidades neonat=
ais,
tornando a visita virtual restrita às mães impossibilitadas de se fazer
presente.
A seleção dos recém-nascidos e sua mãe/familiar=
que
participariam do projeto de visita virtual ocorreu de acordo com a solicita=
ção
da mãe ou familiar responsável ao Serviço Social ou demanda da equipe de
médicos e enfermeiros da Unidade Neonatal a partir da necessidade da intera=
ção
do recém-nascido com a mãe, principalmente em casos de internação prolongad=
a.
As mães que manifestavam maior insegurança e dúvida no contato telefônico c=
om a
equipe médica também eram selecionadas para a videochamada, a partir da
sinalização da equipe médica ao Serviço Social.
A visita virtual ocorreu através de uma
videochamada por meio do aplicativo WhatsApp.
Previamente, as mães eram contactadas pelas assistentes sociais e, quando
manifestavam desejo de participação das visitas virtuais, era agendado com a
mãe ou familiar responsável o melhor horário para a realização da mesma,
articulando sempre com a equipe de saúde da Unidade Neonatal. No horário
agendado, eram realizadas três tentativas no máximo de contato por videocha=
mada
com a mãe/familiar e, caso não obtivesse êxito, era feito um novo agendamen=
to.
No total, foram 35 tentativas de contato sem êxito.
A videochamada era realizada por meio de um tab=
let
institucional, que possibilitava através de uma tela mais ampla, que o
recém-nascido tivesse melhor visualização da mãe e/ou familiar, facilitando=
sua
interação. Era possibilitado também que os sons das falas das mães e famili=
ares
fossem ouvidos pelo recém-nascido, sempre estimulando às mães e/ou familiar=
es
que conversassem com ele. Do mesmo modo, as mães também podiam ver seu filh=
o,
observar sua movimentação, suas expressões e reações, além de ouvir os sons=
que
ele produzia.
Neste momento de videochamada, não eram permiti=
dos
questionamentos das mães aos profissionais de saúde sobre condições clínica=
s do
recém-nascido, sempre ressaltando que aquele momento era único para contato
dela com seu filho, para que possam interagir e estimular o vínculo entre
ambos. Para informações sobre quadro clínico do recém-nascido, destinou-se =
um
horário da rotina na Unidade Neonatal para que médicos e/ou enfermeiros
recebessem as ligações da mãe ou pai do recém-nascido internado para esclar=
ecer
esse tipo de informações.
As videochamadas tiveram uma duração de três a
cinco minutos e eram realizadas em torno de sete a oito visitas virtuais por
dia. Portanto, no mês de abril foram realizadas 106 videochamadas, em maio/=
20 123
e em junho/20 44.
ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA
Frente à situação imposta pela pandemia do coronavírus, que restringiu o acesso das mães e pais dos recém-nascidos internados à Unidade Neonatal, os profissionais de saúde tiveram que invent= ar ou reinventar métodos, principalmente utilizando-se de recursos tecnológico= s, garantido a segurança de todos os sujeitos envolvidos. A principal motivação era a consciência do prejuízo no vínculo afetivo entre mãe-filho, bem como vários relatos de angústias maternas de se manter à distância do seu filho = e, ao mesmo tempo, medo de ser responsável pela contaminação dele pelo vírus.<= o:p>
Pesquisando iniciativas que pudessem minimizar o
sofrimento das famílias diante desse distanciamento social, conhecemos a
experiência de outros países com a videochamada dos pacientes adultos que
estavam internados por Covid-19 e seus familiares. No Brasil, um grupo de
profissionais de São Paulo com experiência em Cuidados Paliativos desenvolv=
eu
um documento com recomendações de como seria esta experiência, o qual utili=
zamos
como guia para construção deste projeto de visitas virtuais, adaptando-o a
nossa realidade com os recém-nascidos internados e suas famílias, tentando
minimizar as alterações na dinâmica de serviço assistencial da Unidade
Neonatal.
Sem a pretensão de substituir a presença consta=
nte
da mãe e/ou pai nos cuidados com os bebês na unidade, as videochamadas
funcionaram como uma forma de manter esse sentimento de proximidade e
acompanhamento de seus filhos, inclusive facilitando também a interação da
família com os cuidadores institucionais do recém-nascido.
Foi visível a satisfação das mães em poder
interagir, mesmo que virtualmente, com o seu bebê. Geralmente, este momento=
é
compartilhado por outros membros da família e comunidade, sendo visto como a
apresentação do bebê naquele contexto que, devido à hospitalização, o imped=
e de
ser vivido. Pai, mãe, irmãos, parentes e amigos compartilham com alegria e =
intensa
emoção: aquele bebê exibido na tela e diz “eu existo”. Pequenos movimentos =
são
interpretados pelos expectadores, dando um colorido subjetivo à cena. O beb=
ê,
por sua vez, na maioria das vezes, reage aos sons familiares, mostrando que=
, de
alguma forma, a experiência é registrada e sentida pela criança, mesmo naqu=
elas
bem prematuras.
Os pais e familiares conversam com o bebê, cont=
ando
como estão, emocionam-se, falam da vontade de estarem perto e da espera de
todos pela chegada dele em casa. Ao mesmo tempo, percebemos que este
movimenta-se, abre os olhos e tenta interagir ao ouvir a voz dos pais. É su=
rpreendente
e emocionante para toda equipe. As
videochamadas nunca são iguais, ainda que com o mesmo bebê, pois as reações
deles e dos pais/familiares são sempre inesperadas.
Durante a videochamada, percebemos que somos as
atravessadoras, damos voz a estes bebês, respondemos através do “manhês” o que aquelas mães e famílias vão dando signi=
ficados
a este momento tão difícil de vivenciar.
A emoção corre frouxa, as mãos tremem segurando=
o
tablet pela sensação de ver as famílias apresentando aos seus bebês seus no=
vos
lares, pelos rostos expressando suas emoções, pela resposta dos bebês que p=
aram
de chorar quando escutam as vozes, que fazem gestos que dão encantamento pa=
ra
quem está do outro lado. Pequenos gestos deles dão uma conotação visível de
realização afetiva desse encontro com esta família, que sempre demonstra
gratidão pelo momento vivenciado.
Realizar as videochamadas requer dedicação,
disponibilização de tempo, articulação com a dinâmica da Unidade e envolvim=
ento
de vários profissionais que prestam assistência direta ou indireta ao
recém-nascido. No entanto, para todos nós, o que prevalece é o nosso dever =
de
fazer o que estiver ao alcance das nossas mãos para que estas distâncias se
encurtem, que o vínculo mãe-filho se mantenha vivo, que as fantasias deem l=
ugar
à imagem real e que, mesmo que a imagem os mostre incubadoras, aparelhos e
barulhos dos equipamentos, o que percebemos que estas famílias veem são seus
bebês, somente os seus bebês.
Vale ressaltar que, durante a realização das
visitas virtuais, tivemos dificuldade com o tablet, que possui baixa resolu=
ção
da imagem, como também as limitações de muitas famílias ao acesso à interne=
t de
qualidade, ou até mesmo ausência de acesso, que dificulta e até impossibili=
ta a
realização da videochamada. Em alguns casos, enviamos a foto do bebê, para
amenizar essa dificuldade.
O recurso não pretende e nem poderia substituir=
a
presença das mães e pais na Unidade Neonatal. A estratégia utilizada tem co=
mo
principal limitação a impossibilidade de favorecer ao toque, a baixa resolu=
ção
da imagem disponibilizada pelo equipamento e a necessidade de acesso à inte=
rnet
de qualidade, indisponível à realidade de muitas das famílias. Além disso, a
duração da chamada é reduzida, comparado à permanência constante e por tempo
indeterminado dos pais antes da pandemia, porém alivia a angústia dos pais =
por
conseguirem demonstrar tanto carinho e amor ao seu filho em uma ligação e p=
or
ver que seus filhos estão sendo bem cuidados por toda a equipe.
Diante da rápida disseminação do vírus e da
necessidade de adequações institucionais para prevenção da transmissão, é
evidente o impacto da pandemia nos serviços de assistência ao recém-nascido=
. A
restrição de visitas impede a ligação entre mãe e bebê e limita a promoção =
dos
cuidados centrados na família pela Unidade Neonatal, o que fragiliza prátic=
as
facilitadoras de vínculo conquistadas ao longo do tempo(11).
Nesse
contexto, é fundamental a atuação da equipe multidisciplinar no acolhimento=
aos
pais, fornecendo orientações adequadas sobre os cuidados e contribuindo com=
o
enfrentamento de medos, angústias e dúvidas. Assim, os profissionais estão
buscando estratégias de intervenção na rotina de cuidados=
em
unidades neonatais voltadas para a família(12).
Anter=
ior
a pandemia COVID-19, as evidências já apontavam a necessidade da utilização=
de
diversos meios para favorecer a comunicação dos familiares de RN internados=
em
UTIN, sendo dado ênfase aos recursos tecnológicos para disponibilizar
informações, satisfazendo as necessidades informativas da família, resultan=
do
em cuidado humanizado diante do momento de fragilidade vivenciado(13)<=
/sup>.
No panorama da pandemia da COVID-19, a telemedi=
cina
vem sendo globalmente utilizada por meio da telecomunicação, as quais visam
repassar informações de saúde para diagnóstico, terapia de tratamento e
educação em saúde, demonstrando ser uma alternativa viável, aceitável e efi=
caz(14).
No Brasil, um grupo de profissionais de São Pau=
lo
com experiência em Cuidados Paliativos desenvolveram um guia de recomendaçõ=
es
práticas para comunicação e acolhimento em diferentes cenários da pandemia.=
A
proposta da visita virtual visa manter o vínculo e o apoio psicológico ao
paciente e à família durante sua internação, sendo importante a presença de=
um
profissional de psicologia ou serviço social para acompanhamento(9).
O uso do aparelho celular nas unidades neonatais sempre foi restrito, porém hoje é vista como= uma importante ferramenta nesse momento delicado, visando encurtar a distância entre a família e o bebê. Uso de mensagens gravadas ou lidas pela equipe de saúde podem ser enviadas, favorecendo o envolvimento de outros familiares (= avós e irmãos), registros de vídeos e fotos, descrições sobre o comportamento do bebê, seu jeito e sua rotina podem ser enviados para os pais também como fo= rma de amenizar a dor e promover o vínculo(15).
No momento dessas interações, foi possível util=
izar
o "manhês", que são padrões prosódicos
característicos da fala da mãe, um tipo de diálogo que a mãe ou o cuidador
adulto utiliza quando se dirige ao bebê, como sussuros=
,
duração prolongada de certas palavras que as tornam mais lentas e sonoras e=
aumento
da frequência, que a faz mais aguda, o que favorece o estímulo e afeto dura=
nte
a comunicação(16).
Evidência científica também aponta o efeito
positivo da exposição a voz materna na resposta fisiológica dos bebês
prematuros internados em Unidades Neonatais. Após exposição de uma gravação=
de
áudio da voz materna durante 15 minutos por três dias consecutivos, 20 bebês
prematuros apresentaram aumento na saturação de oxigênio e melhora nos
parâmetros de frequência cardíaca e respiratória, sendo estimulado o
desenvolvimento dessas estratégias nas unidades neonatais(17).
Apesar das mães vivenciarem os sentimentos de
tristeza, impotência e medo da morte do seu filho durante a hospitalização =
nas
Unidades Neonatais, ao ver a recuperação clínica do prematuro, é amenizado o
sofrimento materno, a mulher sente-se mais confiante e fortalecida para
enfrentar a situação. Além disso, a puérpera desenvolve confiança na equipe=
de
saúde e na própria estrutura da Unidade Neonatal(18).
As intervenções digitais de saúde estão desempe=
nhando
papel significativo na assistência à saúde diante da pandemia da COVID-19. =
No
entanto, é evidente as lacunas apresentadas por essas tecnologias quanto a =
fragilidade
no relacionamento interpessoal, no repasse de informações as quais podem ge=
rar
preocupações desnecessárias e nos custos adicionais(19).
A natureza do trabalho da equipe de neonatologi=
a no
cuidado ao RN prematuro é originalmente caracterizada como emocionalmente
estressante diante da sua assistência a bebês graves e seus pais fragilizad=
os
no aspecto emocional. Contudo, esses profissionais percebem seu papel como
essencial no apoio e desenvolvimento do vínculo mãe-bebê, ainda que seja uma
assistência emocionalmente desafiadora(20).
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
As visitas virtuais realizadas com auxílio da
tecnologia possibilita=
ram
a equipe multidisciplinar o incremento da aproximação dos RN internados nas
Unidades Neonatais com seus pais no contexto da pandemia COVID-19, sendo uma
oportunidade de promover o vínculo entre mãe e filho, favorecendo a saúde
materno-infantil.
No decorrer das videochamadas, foi
possível perceber a satisfação das mães ao olhar e dialogar com seus filhos=
, os
quais se manifestavam por meio da movimentação,
das expressões e reações diante da interação com sua genitora. Além disso, essa estratégia tecnológica gerou na equi=
pe
multidisciplinar da unidade neonatal um sentimento de gratidão, ao vivencia=
r a
emoção de poder manter vivo vínculo mãe-filho
em um momento tão delicado.
Este relato de experiência traz informações e
direcionamentos para uma prática humanizada nas unidades neonatais diante do
contexto específico. A divulgação e o consumo crítico dessa experiência são
imprescindíveis para subsidiar outras instituições para o
desenvolvimento de ações efetivas e humanizadas com vistas à melhoria da qualidade do cuidado prestado.
1. =
Worldometer. Real time world statistics.=
[acessado 2020 July 07]. Available from: htt=
ps://www.worldometers.info/coronavirus/
2. &n=
bsp;
Zhu N, Zhang D, Wang=
W,
Li X, Yang B, Song J, et al. A novel Coronavirus from patients with pneumonia i=
n China,
2019. N Engl=
J Med [Internet].2=
020 [cited
May 28, 2020];382:727-33. https://doi.org/10.1056/NEJM=
oa2001017=
3. =
Alzamora MC, Paredes T, Caceres D, Webb CM, Valdez L=
M,
Rosa ML. Severe COVID-19 during Pregnancy and Possible Vertical Transmissio=
n.
Am J Perinatol [Internet]. 2020 [cited July 07,
2020];37:861–5. https://doi.org/10.1055/s-0040-1710050 =
4. =
Vivanti AJ, Vauloup-Fellous C, Prevot
S, Zupan V, Suffee C, Do=
Cao J,
et al. Transplacental transmition of SARS-CoV-2
infection. Nature Communications. Nature Communications [Internet].2020 [cited Ouc
26, 2020];23(3572):1-10. https://doi.org/10.1038/s41467-0=
20-17436-6
5.
6.
7. &nbs=
p;
Kegler JJ, Neves ET, Silva AM=
, Jantsch LB, Bertoldo CS, Silva JH. Stress in Parents of Newborns
in a Neonatal Intensive Ca=
re
Unita. Esc Anna Nery [Internet].2019 [cited Ouc 28, 2020];23(1)=
:e20180178:1-6.
<=
span
style=3D'mso-bookmark:_Hlk51058523'>https://doi.org/10.1590/2177-9465-EAN-2018-0178=
span>
8.
9.
10. =
Nazareth RT, Almeida JJG, Bastos AT. Utilização do Whatsapp
e o Parecer CFM Nº 14/2017. Revista UNIB
[Internet].2020 [cited July 07, 2020];19:17-22. Available from: htt=
p://seer.unib.br/index.php/rev/index
1=
1. =
Abd=
ul-Mumin A, Faith A; Abdulai A; Albrecht J. Maintaining qua=
lity
newborn care in Ghana amid the COVID-19 pandemic. Pan Afr Med J [Internet].2020 [cited Ju=
ly 02,
2020];35(Suppl 2):6. https://doi.org/
1=
2. =
Mesquita=
DS,
Naka KS, Kawamura APS, Schmidt AS. Nursing care at the neonatal intensive c=
are
unit (ICU) according to parent-child binomial: integrative literature review
study. REAS/EJCH [Internet].2020 [cited July 02, 2020];11(13):e980.
https://doi.org/10.25248/reas.e980.2019
<=
span
style=3D'mso-bookmark:_Hlk51058523'>
13. =
Lima VF,=
Mazza
VA. Information needs of families on the health/disease of preterm infants =
in a
neonatal intensive care unit. Texto & Contexto Enfermagem [Inte=
rnet].2019
[cited Oct 28, 2020];28(e20170474). https://dx.doi.org/10.1590/1980-265X-TCE-2017-047=
4 =
14. =
Zhen H=
, Nian L, Dajiang L, Junhua L, Bing L, Weixi X, et al.
Telemedicine During the COVID-19 Pandemic: Experiences =
From
Western China. J Med Internet Re=
s [Internet].2020
[cited July 01, 2020];22(5):e19577. https://doi.org/=
10.2196/19=
577
1=
5. =
Morsch DS, Custódio ZAO, Lamy ZC. Psycho-emotional c=
are
in a neonatal unit during the Covid-19 pandemic. Rev Paul Pediatr
[Internet].2020 [cited Juy 01, 2020];38:e2020119.=
https://do=
i.org/10.1590/1984-0462/2020/38/2020119
16. &=
nbsp;
Splendore KM, Constantini AC, Da Silva KCB. Investigation <=
span
class=3DSpellE>of prosody and
language in mother-=
baby interaction. Working Papers em Linguísti=
ca [Internet].2019 =
[cited
Oct 28, 2020];20(1):172-188. https://doi.org/10.5007/1984-8420.2019v20n1p172 <=
/span>
1=
7. =
Positive
Effects of Low Intensity Recorded Maternal Voice on Physiologic Reactions in
Premature Infants. Infant Behav Dev [Internet].=
2017
[cited July 02, 2020];46:59-66. https://doi.org/10.1016/j.infbeh.2016.11.00=
9
1=
8. =
Da Silva KC, Kerber NPC, Silva CSG, Christoff=
e
MM, Carvalho ESS, Passos SSS, et al. Maternal experiences during hospitalization of premature newborn. Ver
Soc Bras Enferm Ped [Internet].2019 [cited July=
01,
2020];19(1):7-15. htt=
p://dx.doi.org/10.31508/1676-3793201900002
1=
9. =
Sohini S, Sarbadhikari SN. The global experience of digital health interventions in COVID-19
management. Indian
J Public Health [Internet].2020 [cited July 02, 2020]; 64(Supplement):S117-S124. https://do=
i.org/10.41=
03/ijph.IJPH_457_20
20. &=
nbsp;
Twohig A, Reulbach U, Fiq=
uerdo
R, McCarthy A, McNicholas F, Mollov
EJ. Supporting preterm infant attachment and
socioemotional development in the neonatal intensive care unit: staff
perceptions. Infant Ment Health J [Internet].20=
16
[cited July 01, 2020];37(2):160-71. https://doi.org/10.1002/imhj=
.21556
Autor Correspondente
Re=
beca
Silveira Rocha
Ma=
ternidade
Escola Assis Chateubriand – MEAC, Unidade de Te=
rapia
Intensiva Neonatal. E-mail: be=
kinharocha@hotmail.com <=
span
style=3D'mso-spacerun:yes'>
Rua Coro=
nel
Nunes de Melo S/N Rodolfo Teófilo
CEP:
60.430-270 Fortaleza – Ceará Brasil Telefone: (85) 33668501
Submissão:
Aprovado: 2021-10-14
[1]=
Universidade=
Federal
do Ceará. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFC. Fortaleza, Ceará,
Brasil. https://orcid.org/0000-0001-9825-6298
[2]=
Universidade=
da Integração
Internacional da lusofonia afro-brasileira. Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Unilab. Redenção, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0002-7331-1673
[3]=
Maternidade =
Escola
Assis Chateubriand – MEAC, Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal. Fortaleza, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0=
002-3041-7005
[4]=
Maternidade =
Escola
Assis Chateubriand – MEAC, Unidade de Terapia I=
ntensiva
Neonatal. Fortaleza, Ceará, Brasil.
https://orcid.org/0000-0=
003-0031-0642
[5]=
Maternidade =
Escola
Assis Chateubriand – MEAC, Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal. Fortaleza, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0=
001-6162-9206
[6]=
Maternidade =
Escola
Assis Chateubriand – MEAC, Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal. Fortaleza, Ceará, Brasil. https://orcid.org/0000-0=
003-1280-5183
[7]=
Universidade=
da Integração
Internacional da lusofonia afro-brasileira. Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem da Unilab. Redenção, Ceará, Brasil. =
https://orcid.org/0000-0003-2619-5558
= <= span style=3D'mso-tab-count:1'>