MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D7FBE9.B085F600" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D7FBE9.B085F600 Content-Location: file:///C:/AA7559EC/1220PTHTML.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
E=
NVELHECIMENTO
DA PELE: REFLEXÕES À LUZ DA CORPOREIDADE E DA EMPATIA DE EDITH STEIN
SKIN AGING: REFLECTIONS IN THE LIGHT OF EDITH STEIN BODY AND EMPATHY<= /b><= o:p>
Ronny Anderson de Oliveira Cruz[1]
* Francisca das Chagas Alves de Almeida[2]
* Bruno Gonçalo Souza de Araújo[3]
* Antonio Carlos Narciso[4]
* Xênia Sheila Barbosa Aguiar Queiroz[5]
* Marta Mirim Lopes Costa[6]
RESUMO
Objetivo:
refletir
acerca do processo de envelhecimento da pele de pessoas idosas à luz da
corporeidade e Da empatia de Edith Stein. Método: Trata-se de um ens=
aio
teórico-reflexivo realizado a partir da busca por artigos, livros, disserta=
ções
e teses nos meses de maio e junho de 2021. Resultados: as reflexões
deram-se a partir de interpretações da literatura e também de impressões
reflexivas dos autores. O texto foi organizado em duas categorias temáticas=
: “O
fenômeno da corporeidade e o processo de envelhecimento da pele de pessoas
idosas” e “A empatia como tecnologia leve em atenção a pessoas idosas que
vivenciam o envelhecimento da pele”. Considerações finais: Esta refl=
exão
possibilitou aproximar os conceitos de corporeidade e empatia de Edith Stei=
n em
relação ao modo como percebe-se o corpo e a pele envelhecida. Espera-se que=
os
enfermeiros em seus diversos cenários de atuação possam estimular o uso da =
empatia
como instrumento de recondução/reconstrução sobre o olhar que se tem a resp=
eito
da pele envelhecida de pessoas idosas.
Palavras-chave:
Empatia;
Envelhecimento da pele; Imagem corporal; Saúde do Idoso.
ABSTRACT
Objective:=
to reflect on the aging process of the skin of elderly people in the l=
ight
of the corporeity and Empathy of Edith Stein. Method: This is a
theoretical-reflective essay carried out from the search for articles, book=
s,
dissertations and theses in the months of May and June 2021. Results:
the reflections were based on interpretations of the literature and also
impressions reflections of the authors. The text was organized into two
thematic categories: “The phenomenon of corporeality and the aging process =
of
the skin of elderly people” and “Empathy as a light technology in attention=
to
elderly people who experience skin aging”. Final considerations: This
reflection made it possible to bring together Edith Stein's concepts of
corporeality and empathy in relation to the way in which aging skin and body
are perceived. It is expected that nurses in their different work scenarios=
can
encourage the use of empathy as an instrument of renewal/reconstruction of =
the
look that one has regarding the aged skin of elderly people.
Keywords:<=
/b> Empathy; Aging of the Skin; Body Image; Health of the Elderly.
INTRODUÇÃO
Assim,
frente às alterações que ocorrem durante o processo de envelhecimento
destacam-se àquelas inerentes à pele, estrutura que recobre e protege todo o
corpo e apresenta-se como um órgão complexo que compreende 15% do peso
corporal, neste também acontecem interações celulares e moleculares
importantes, as quais são responsáveis por declínio progressivo na capacida=
de
proliferativa e no tempo de vida das células, ao considerar-se o contexto da
pessoa idosa. Estudos revelam que =
mais
de 90% dos idosos apresentam algum tipo de distúrbio na pele entre eles, a
xeroxe cutânea, o fotoenvelhecimento, o câncer de pele, as lesões por press=
ão e
outros agravos, cuja incidência e prevalência aumentam com o passar da idade(2).
A
pele seca ou xerose cutânea apresenta-se como uma modificação do estrato có=
rneo
caracterizada por proliferação e diferenciação prejudicada de queratinócito=
s,
conteúdo lipídico, hidratação, potencial hodrogeniônic=
o
(pH) e produção de sebo. Em pessoas idosas, a xerose é resultante da diminu=
ição
na hidratação da superfície da pele e do consequente aumento da perda de ág=
ua
transepidérmica. Comumente tratada como xerose senil, é um dos problemas
dermatológicos mais prevalentes, atingindo cerca de 30% a 58% das pessoas <=
span
class=3DGramE>idosas(3).
Estas
alterações tanto retratam o comprometimento físico, mas podem também desvel=
ar
as consequências psicológicas como em estudo realizado pelos autores(4),
onde a pessoa idosa compreende como objeto a imagem corporal a partir das
alterações senescentes como significado negativo no envelhecer, onde salien=
tam
o enrugamento de pele e a velhice como algo difícil. Foi ainda percebido o
desejo de ter um corpo físico jovial nos resultados, o que distancia o olha=
r da
pessoa idosa para si como ser em totalidade, como sujeito da percepção dian=
te
do mundo.
Para
a autora(5), Körper
(corpo físico) refere-se aos aspectos estritamente materiais e físicos do
corpo, daquilo que ele tem em comum com todos os objetos do mundo, abstrain=
do,
portanto, da sua conexão com uma consciência. Leib<=
/i>
(corpo vivo), por outro lado, é o corpo enquanto algo vivo, animado por=
uma
“alma” e que envolve todos os aspectos psicológicos da =
consciência(5).
A
fenomenóloga explica que o corpo vivo constitui-se de
uma maneira dupla, enquanto Leib, sencie=
nte (percebido
corporalmente) e enquanto Körper do mundo
externo, percebido assim externamente, e nessa dupla apresentação é vivenci=
ado
como o mesmo. Essa constituição dupla do corpo implica que embora possamos =
em
teoria, abstrair da sensação vivenciada no corpo vivo e percebê-lo apenas
enquanto corpo físico, ou seja, enquanto objeto “externo”, tal análise é em
certo sentido artificial, pois é impossível abrir mão da faculdade sencient=
e de
nosso próprio corpo(6).
Sendo
Edith Stein frequentadora do círculo de filósofos da fenomenologia, passou a
ser assistente de Edmund Husserl e concordava com seu mentor por meio do
reconhecimento de após a realização da epoché=
span>
fenomenológica ocorre a permanência da consciência que o “eu” tem dos
outros “eus-sujeito”, assim como, a constatação=
de
que existe a ser compartilhado e comunicado entre todos um mundo comum. Nes=
se
sentido, compreende-se a consciência de que todo “eu”, tem a condição de
experienciar a vida psíquica alheia e comum a sua, por meio da empatia. A
empatia segundo Stein, possibilita o exercício humano de conhecer e compree=
nder
melhor o outro, a partir da intersubjetividade, conceito fundamental para o
entendimento das relações humanas e também para orientar o nosso comportame=
nto
frente ao outro(7,8)=
.
É
digno de nota o fato de Stein enfatizar que a apreensão do corpo de outras
pessoas complementará a apreensão da corporeidade própria, uma vez que como
ponto inicial de análise, a própria pessoa possui, por princípio, limites p=
ara
a apreensão de sua corporeidade(=
9).
Assim este ensaio tem como objetivo refletir acerc=
a do
processo de envelhecimento da pele de pessoas idosas à luz da corporeidade =
e da
empatia de Edith Stein.
MÉTODO
Trata-se
de um ensaio teórico-reflexivo que se fundamentou com base na fenomenologia=
de
Edith Stein no tocante a temática da corporeidade e da empatia em relação ao
processo de envelhecimento cutâneo. Foi realizado de modo sistemático duran=
te
os meses de maio e junho de 2021, uma busca por artigos, livros e documentos
por meio das palavras “corporeidade”, “empatia”, “pele envelhecida”, “pessoa
idosa”, “envelhecimento” e “fenomenologia” que foram cruzadas por meio do
operador booleano and enquanto estratégia de busca nas
bases Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS),
Base de Dados de Enfermagem (BDENF), EBSCOhost<=
/span>
Research Platform e Medical Literature
Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE). Salienta-se que
ainda foram consultadas teses e dissertações por meio do Banco de Teses e
Dissertações (BTD) da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes) em programas de pós-graduação em filosofia.
A
apresentação das explanações e reflexões deu-se a partir de interpretações =
da
literatura e também, impressões reflexivas dos autores. O texto foi organiz=
ado
em duas categorias temáticas: “O fenômeno da corporeidade e o processo de
envelhecimento da pele de pessoas idosas” e “A empatia como tecnologia leve=
em
atenção a pessoas idosas que vivenciam o envelhecimento da pele”.
O fenômeno da
corporeidade e o processo de envelhecimento da pele em pessoas idosas
Edith
Theresa Hedwing Ste=
in
nasceu em 12 de outubro de 1891 na cidade de Breslau, Alemanha, sendo uma d=
as
mais fiéis discípulas de Edmund Husserl. Tornou-se monja no Carmelo de Colô=
nia
recebendo o nome de Teresa Benedita da Cruz, com 42 anos. Foi canonizada Sa=
nta
pela igreja católica pelo Papa João Paulo II assumindo os títulos de filóso=
fa,
teóloga, e mártir, pois em 02 de agosto de 1942 foi presa e no dia 09 morre=
u na
câmara de gás no campo de extermínio nazista em Auschwi=
tz(10).
Seus
escritos místicos trazem o contexto do diálogo entre a filosofia de São Tom=
ás
de Aquino e a fenomenologia Husserliana, onde
procurou valorizar e afirmar a grandeza subjetiva no humano reconhecendo sua
potencialidade. Ainda ressaltou a importância em se compreender o homem pela
fenomenologia partindo do princípio da atenção as coisas nelas mesmas,
princípio este, que possibilita a aproximação da experiência humana de tal
forma que se possa “dirigir o olhar ao essencial” liberando a intuição, no
sentido específico de Husserl como um ato de percepção espiritual que capta=
a
essência(10,11).
A
fenomenóloga compreende o ser em três aspectos: corporeidade, alma e espíri=
to e
ressalta a importância sobre a consciência de si mesmo. A corporeidade
significa o corpo vivo em sua relação com o corpo físico, corpo vivo vincul=
ado
a um sujeito, como corpo vivo que sente, corpo organismo vivo, corpo vivo e
vontade, corpo e expressão(12)=
sup>.
Durante
o processo de redução, observa-se as sensações como um dos componentes efet=
ivos
da consciência em que se apresenta como uma categoria superior de vivência.
Mesmo sem emanar do eu puro, nunca adota a forma do cogito ao mesmo tempo em
que se encontra fundida no corpo vivo. O corpo vivo manifesta-se a consciên=
cia
do sujeito a todo momento, sobretudo por meio da percepção externa através =
dos
sentidos do tato e da visão, e nesse sentido, se eviden=
cia-se
como sua pertença, ou seja, como parte do si mesmo. Segundo Stein o próprio
corpo percebido externamente consistirá apenas em um corpo físico,
classificado, singularizado, no entanto nunca o próprio corpo vivo(8).
Esse
mesmo corpo apresenta-se como um objeto que é dado em uma sequência de
aparições que estará em sintonia constantemente. Pois ao perceber o corpo, =
esta
se dá de modo senciente de um corpo próprio. Além disso, esse desvelar ocor=
re
em meio as abstrações constituídas por si na percepção deste corpo próprio.=
Importante
faz-se destacar que, para Edith Stein, a presença da corporeidade viva é o =
fundamento
para o conhecimento a respeito das pessoas humanas. Não se pode prescindir,
portanto, da descrição dessa estrutura para a análise da pessoa enquanto ob=
jeto
do conhecimento, mas também como sujeito do mesmo – a pessoa conhece outras
pessoas, seu mundo externo e interno, a partir de sua c=
orporeidade(9).
A
fragilidade da velhice quando se compara o corpo habitual (rememoração do c=
orpo
físico jovem) com o corpo atual (pessoa idosa), tem caracterizado-se como p=
onto
de interferência e possível de contribuição ao refletir acerca da valorizaç=
ão
da pessoa idosa enquanto ser no mundo, sobretudo por meio de construções
intersubjetivas levando a ressignificação no tocante a compreensão das muda=
nças
ocasionadas na pele e do corpo envelhecido(4).
No
entanto, Stein alerta sobre a possibilidade de limites e de enganos ao
apreendermos a expressão do outro, captada por meio das mudanças em sua
corporeidade, já que a experiência vivida pelo outro possui limites, uma vez
que a expressão do outro, verbal ou não verbal, pode ser resultado de uma
decisão que esconda os sentidos e os motivos vivenciados pelo sujeito da
experiência. A certeza desse conhecimento apenas pode ser atingida na medid=
a em
que o outro expresse o sentido de suas ações e nos dê acesso à sua
interioridade. Pode-se intuir que, em cada ação alheia, algo de seu núcleo
pessoal possa estar sendo expresso, mas o reconhecimento seguro dessa expre=
ssão
não garante a previsão dos comportamentos alheios. Dar-se a conhecer em sua
profundidade é um ato de liberdade e não pode ser violado sem seu consentimento(13).
A
partir do momento em que o “eu transcendental” ou o “eu puro” da pessoa ido=
sa
concebe imanimente o corpo fenomenológico como
mediador da relação do homem com o mundo é capaz de desdobrar-se sobre a
intersubjetividade e a intencionalidade(14), e assim, a experiên=
cia
perceptiva do sujeito surge mediante a sua presença enquanto corpo no mundo=
, de
tal forma o alcance da compreensão do envelhecimento cutâneo para além do o=
lhar
diante dos julgamentos, das limitações e perdas, o que possibilitaria
considerar-se sujeito de sua própria história, por meio do autoconhecimento=
e
valorização do seu corpo e assim de sua corporeidade.
A empatia como tecnologia leve em
atenção a pessoas idosas que vivenciam o envelhecimento da pele
A
empatia passou a ser discutida no campo das neurociências por volta da déca=
da
de 1990 com a descoberta dos “neurônios-espelho”. Esse passou a ser a base =
da
compreensão para o comportamento empático, onde o sofrimento dos outros é
reconhecido e respondido cognitivamente e afetivamente de forma imediata. As
pesquisas na área têm se tornado cada vez mais significativas a partir da
descoberta e comprovação da empatia como um processo também neurofisiológic=
o, e
com isso, inclinando-se para temáticas inerentes ao processo de facilitação=
de
aprendizagem, qualificação de relações interpessoais e redes de apoio, e
desenvolvimento de outros construtos positivos, como resiliência, tolerânci=
a e esperança(15,16).
A
“Empatia” (Einfühlung), para Edmund Husserl, é =
uma
vivência essencial de compreensão entre as pessoas que objetivam o
conhecimento. Para o autor(17)=
sup>,
Husserl compreendia a empatia como a forma de conhecimento pela qual o ser
humano deve reconhecer o outro e suas vivências, até chegar à descrição
eidética das vivências puras.
A empatia segundo a autora(<=
/span>5),
fundamente-se no exercício humano de conhecer e compreender melhor o outro =
por
meio da intersubjetividade. Em seus escritos, a filósofa reitera que o ato =
de empatia
concretiza-se no aqui e agora executado pelo suj=
eito,
e permite reconhecer ou outro de modo único e singular na experiência
vivenciada. Assim, é então percebida como um ato de conhecimento da estrutu=
ra
do ser humano em sua integridade, mas também pode contribuir para a efetiva=
ção
de relações éticas(8)=
.
Edith
Stein atuou como voluntária da cruz vermelha no hospital de Mährisch
Weißkirchen, período em que suas inquietaçõ=
es
sobre a empatia afloraram. Vislumbrava a instituição como uma entidade cosm=
opolita
cercada de fenômenos sociais, e assim também propunha uma leitura
fenomenológica de grupos sociais, já que afirmava que o homem realiza atos
sociais, é membro de estruturas sociais, mantêm relações sociais
consequentemente é um tipo social. Nesse ínterim concebe a empatia como
fenômeno pluralista(18).
As
tecnologias são divididas em três categorias enquanto tecnologias leves
(comunicação, acolhimento, vínculo e escuta), tecnologias leves duras
(epidemiologia, clínica e outras com saberes estruturados) e as tecnologias
duras (equipamentos e máquinas, material utilizado no ato de cuidado em
A
empatia enquanto tecnologia leve para o cuidado é capaz de auxiliar na
construção das relações entre o ser-cuidador e o ser-cuidado, sendo esta
materializada entre a pessoa idosa e o enfermeiro, mas vai além e possibili=
ta
ainda, uma relação com outras pessoas idosas e mediada pela confiança atrav=
és
da comunicação, escuta e acolhimento.
Assim,
as pessoas idosas sentem, percebem e perpetuam entre si, uma infinidade de
conceitos formulados com base nos aspectos considerados como “negativos” ou
limitantes acerca do processo de envelhecimento e sendo a pele o maior órgã=
o e
o mais exposto costuma a ser sempre considerado. Nesta compreensão, a autor=
a5
descreve que quanto mais a comunidade envolve o indivíduo no seu
“mecanismo” e o conforma ao seu tipo, maior é o perigo de que a natureza
individual deste venha inibida no seu desenvolvimento, o que possibilita sua
manutenção. Em contrapartida, quando a força com a qual a natureza individu=
al
desenvolve-se é maior, mais cresce a percepção de que a comunidade é muito
estreita para o indivíduo, e com isso, ele termine por separar-se intimamen=
te e
talvez também exteriormente. No entanto, a filósofa aponta que o pertencime=
nto
que toda pessoa pode ter com a comunidade, ou seja, à vida social e cultura=
l,
também comporta uma consciência e responsabilidade que parte de cada indiví=
duo
particular para que assim, a vida comunitária possa tornar-se bela e prazer=
osa,
e esse alcance conquistado por meio de valores e da ética(20).
Stein
compreende que a vida em comunidade dá-se pela
construção de várias pessoas, cada qual com suas vivências individuais, em
contrapartida, a vida em comunidade também é útil e necessária para a forma=
ção
da pessoa, pois a governa para um conhecimento mais amplo e coerente de si
mesma, do outro e do mundo. É na convivência pessoal que se dá o processo de
empatizar, que colabora para que a pessoa forme-se plenamente, podendo
desenvolver todas as suas potencialidades humanas e soc=
iais(21).
É
digno notar que Stein amplia o escopo das análises sobre a empatia ao
investigar a experiência de mútua compreensão, com tudo que isso envolve:
reconhecimento da outra pessoa em seus aspectos físicos e psíquicos, bem co=
mo a
verificação de como isso interfere no próprio entendimento do eu. Assim ao
referir-se a experiência de empatia como a perce=
pção
do sujeito alheio como algo que não pode ser mero corpo físico, a filósofa
explicita que a experiência de outros sujeitos surge de uma vivência que
denomina de “cooriginaridade” (Konoriginarität).
Não se trata de uma experiência originária, pois essa só é dada diretamente,
nas “vivências próprias” imediatas e atualmente presentes, como o experienc=
iar
direto, por exemplo, do movimento do próprio corpo a partir de um ato de
vontade. É possível, claro, conceber os sujeitos alheios enquanto meros obj=
etos
físicos, mas essas seriam considerações secundárias e particulares, em certo
sentido derivadas da experiência mais imediata. De modo direto, o vivenciar=
de
outros sujeitos já envolve essa percepção de tratar-se de um sujeito semelh=
ante
a mim, e, portanto, o corpo alheio é visto como corpo v=
ivo(6).
Ao
vislumbrar contribuir com modificações acerca das vivências das pessoas ido=
sas
sobre suas concepções relacionadas ao processo de envelhecimento da pele, E=
dith
Stein apresenta um dos aspectos mais relevantes da experiência empática que=
se
trata da projeção da “imagem alheia do mundo” que torna capaz de gerar uma
“modificação” na própria concepção. Segundo ela, a imagem do mundo que eu
empatizo como sendo do outro é capaz de modificar a minha própria imagem em
função da condição de corpo vivo(5).
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
A
empatia segundo Stein visa uma melhor compreensão do outro por meio da
intersubjetividade que pode influenciar em modificações no próprio ser.
Trata-se de um ato de conhecimento da estrutura do ser humano em sua
integridade e que, ao ser experienciada, é possível modificar internamente e
reorientar a visão sobre alguns fenômenos. Espera-se que esta reflexão possa
contribuir com um novo olhar de enfermeiros em seus diversos cenários de
atuação, para que assim possam estimular o uso da empatia como instrumento =
de
recondução/reconstrução do processo de cuidado no tocante à pele envelhecid=
a de
pessoas idosas não apenas no que se refere aos aspectos técnicos, mas que
possam ir além vislumbrando o cuidado de modo integral e humanizado.
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Pedro II, 17, Tibirí, Santa Rita – PB
CEP:
58300-660
Telef=
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+55 83 98748-0341
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ronnyufpb@gmail.com
Submissão: <=
/span>2021-09-01
Aprovado: 2021-10-14
[1] Enfermeiro pela
Universidade Federal da Paraíba, Doutorando em Enfermagem Pelo Programa de
Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, Docente do
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, João Pessoa, Paraíba, Brasil.
ORCID: https://orcid.org/=
0000-0001-6443-7779
[2] Enfermeira pela Universidade Federal da Paraíba, Doutoranda <=
/a>em Enfermagem Pelo
Programa de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba<=
/span>, Docente do Centro Universitário de João Pesso=
a –
UNIPÊ, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: =
span>https://orcid.org/0000-0001-7=
519-1292
[3] Enfermeiro pelo Centro Universitário de João Pe=
ssoa
– UNIPÊ, Mestrando em Enfermagem Pelo Programa de Pós-graduação em Enfermag=
em
da Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-=
4124-6061
=
[4] Enfermeiro pela Faculdade Santa Emília de Rodat, Mestre em Enfermagem Pelo Programa de Pós-grad=
uação
em Enfermagem da Universidade do Estado de Pernambuco, Docente do Centro
Universitário de João Pessoa – UNIPÊ, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: =
https://orcid.org/0000-0002-=
0446-756X
=
[5] Enfermeira pela
Universidade Federal de Campina Grande, Doutoranda em Enfermagem Pelo Progr=
ama
de Pós-graduação em Enfermagem da Universidade do Estado de Pernambuco,
Enfermeira do Hospital Regional de Urgência e Emergência Dom Luiz Gonzaga
Fernandes, Campina Grande, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-=
3218-4759
=
[6]= Enfermeira pela Universidade Federal da Paraíba, Doutora em Sociologia Pelo Programa de Pós-graduação em Sociologia da Universidade Federal da Paraíba, Docente da Graduação e Pós-graduação em Enfermagem da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Paraíba, Brasil. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-= 2119-3935