INTRODUÇÃO

No ano de 2019, surgiu em Wuhan, na China, um vírus denominado SARS-CoV-2, popularmente conhecido como novo coronavírus. Esse vírus pertence à uma família causadora de infecções respiratórias e ocasiona a doença denominada de COVID-19. A COVID-19 levou o mundo a uma grave crise de saúde pública devido a sua rápida evolução. No Brasil, o primeiro caso foi notificado em 26 de fevereiro de 2020 e, no mês seguinte a Organização Mundial de Saúde decretou a disseminação do vírus co= mo pandemia^(1-2).

A transmissão SARS-CoV-2 ocorre de pe= ssoa à pessoa, por meio do contato direto ou indireto com gotículas respiratórias contaminadas, que se espalham a partir da tosse, espirro ou por meio da fal= a da pessoa infectada. Os principais sintomas são febre, cansaço e tosse seca e, normalmente ocorrem de maneira leve e gradual, mas algumas pessoas podem desenvolver formas mais graves da COVID-19 e até mesmo ir a óbito. Para con= ter a transmissão do vírus, algumas medidas são necessárias, dentre essas está o distanciamento social, o uso de máscara e a higiene frequente das mãos^=
(3).

Frente à pandemia, os países tiveram = que se organizar, a fim de promover estratégias para evitar a disseminação do vírus, adotando as medidas recomendadas pelas autoridades de saúde, como o distanciamento social^(3-4). Desse modo, a pandemia interferiu nas relações sociais, bem como nas esferas políticas e econômicas^(4-5).

Logo, o panorama pandêmico evidenciou= os problemas sociais que há muito tempo já existem no Brasil e que afetam diariamente as condições de vida da população, especialmente daqueles que encontram-se em maior vulnerabilidade, como os adolescentes que vivem em situação de acolhimento⁽⁴⁾. Segundo o censo do Sistema Único da Assistência Social (SUAS) de 2019, estima-se que no país h= aja mais de 30 mil crianças e adolescentes em situação de acolhimento ou institucionalizadas⁽⁶⁾.

A institucionalização é uma medida protetiva, de caráter excepcional e transitório para os adolescentes que se encontram em um contexto de vulnerabilidade, ou seja, quando têm seus direi= tos ameaçados ou violados, seja por ação ou omissão da sociedade ou do Estado. Ainda, pode ser devido à falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável ou= à sua conduta^(7-8). A instituição de acolhimento, por sua vez, deve favorecer o desenvolvimento da criança e do adolescente acolhido, atendendo= -os de forma integral, por meio de profissionais especializados⁽⁹⁾. =

Todavia, os indivíduos que vivem no contexto de institucionalização, além de sofrerem com as repercussões indir= etas da pandemia, estão expostos à aglomeração, não intencional, no ambiente de acolhimento. A exposição pode ocorrer pelos vínculos familiares ao receberem visitas e ao transitarem no ambiente externo à instituição^(4-5).= Essa situação repercute no modo de agir e pensar dos adolescentes institucionalizados, bem como alterou a rotina dos mesmos.

Os adolescentes tiveram que se adapta= r a uma nova rotina durante a pandemia, vivenciando um cenário de incertezas, de afastamento de grupos com os quais conviviam, interrupção de aulas presenci= ais e mudanças em outras atividades que antes eram realizadas. Essa alteração na rotina ocasionou um impacto direto em suas vidas⁽¹⁰⁾.=

Apesar do fato de que os adolescentes apresentam quadros mais leves de COVID-19 em relação aos adultos, ainda pod= em desenvolver a forma mais grave da doença, ou ainda transmitir para outras pessoas e, por isso, essa população também deve aderir às medidas de preven= ção, a fim de proteger-se e proteger os familiares com quem mantém vínculos e os profissionais que atuam na instituição de acolhimento^(5-8-11). <= o:p>

Frente ao exposto objetiva-se conhecer as mudanças decorrentes da pandemia de coronavírus no cotidi= ano de adolescentes que vivem em acolhimento.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo qualitativo, descritivo e exploratório realizado com adolescen= tes que moram em uma Casa de Acolhimento, localizada no Rio Grande do Sul. Essa instituição atua como uma residência para as crianças ou adolescentes em situação de vulnerabilidade que são encaminhadas pelo Poder Judiciário e Conselhos Tutelares para acolhimento institucional.

Participaram do estudo 12 adolescentes que residiam na Casa de Acolhimento no momento da coleta de dados, considerou-se adolescente aquela pessoa com faixa etária e= ntre 12 a 18 anos. Assim, teve-se como critérios de inclusão: ser adolescente, residir na Casa de Acolhimento há pelo menos dois meses no período da coleta das informações e que tivessem condições psicológicas de verbalizar sobre o assunto. E, como critérios de exclusão aqueles adolescentes que não tivessem condições psicológicas de participar da pesquisa e aqueles que apresentassem sinais de temperatura, resfriado ou gripe com o propósito de preservar as condições de saúde física e mental dos adolescentes.

A produção de dados aconteceu entre os meses de junho a julho de 2021, e cont= ou com o auxílio da enfermeira que atua nesse serviço, com a finalidade de facilitar a aproximação com os adolescentes. Inicialmente a pesquisadora realizou a exposição do objetivo da pesquisa para a equipe da Casa de Acolhimento, por meio de uma reunião virtual no Google Meet. A partir da explanação e aceite dos critérios estabelecidos para definição dos participantes da pesquisa, foi realizado um convite aos adolescentes em acolhimento pela enfermeira da Casa de Acolhimento. Após o convite foi poss= ível verificar se havia o interesse em participar da pesquisa. Logo após, realizou-se a leitura do prontuário de cada adolescente, aplicou-se os critérios de inclusão e exclusão e o convite formal foi realizado, não have= ndo recusas por parte dos adolescentes em participar da pesquisa.

Para preservar o sigilo das informações e manter o distanciamento social necessá= rio para uma pesquisa de campo, utilizou-se uma sala reservada na Casa de Acolhimento, em que a pesquisadora e o adolescente utilizaram máscara e álc= ool em gel. Mantiveram-se as janelas abertas e o distanciamento social por barr= eira física, utilizando-se uma mesa de 160 cm.

Utilizou-se a técnica de saturação de dados empíricos, ou seja, a partir do momento em = que houve aproximação com o objeto de estudo cessou a inclusão de novas informações. Deste modo, participaram do estudo 10 adolescentes.=

Nesta etapa foi explicado a cada adolescente que seria uma conversa gravada em mí= dia digital, e que seria utilizado um roteiro semiestruturado composto por 10 questões. A seguir, realizou-se a leitura do termo de assentimento para cada adolescente.

O roteiro semiestruturado continha questões sobre o sexo, a idade, a escolari= dade e o tempo de acolhimento institucional. Posteriormente, procedeu-se a entrevista a partir de perguntas sobre as atividades dos adolescentes, cuid= ados individuais e coletivos e a rotina na da Casa de Acolhimento durante a pandemia.

As entrevistas foram áudio gravadas com auxílio de dispositivos de mídia digit= al, tiveram duração média de 20 minutos, e em seguida foram transcritas no Prog= rama Microsoft Word. O material empírico foi submetido à análise temática= de conteúdo, que se estabelece ao longo de três etapas: pré-análise, exploraçã= o do material e tratamento dos resultados, inferências e interpretação^{(12)<=
/sup>.}

Na etapa de pré-análise foi realizada a leitura flutuante de todas as entrevis= tas com intuito de sistematizar as ideias iniciais. Já na exploração do materia= l, realizou-se a descrição analítica, o processo de marcação dos discursos mais frequentes e categorização, onde as enunciações representativas foram destacadas. Para o tratamento de resultados, inferências e interpretação, realizou-se a condensação e o destaque das informações para análise, result= ando nas interpretações inferenciais e análise crítica da pesquisa. Por fim, utilizou-se o SmartArt como ferramenta de apoio para a criação dos mapas conceituais disponível no Microsoft Word<= /i>, onde foi possível organizar as informações apresentadas nas entrevistas.

Para ilustração da coleta de dados apresenta-se a Figura 1 com a Sistematização = para a produção de dados qualitativos, elaborada pelos pesquisadores:=

A p= artir da análise temática, elaborou-se duas categorias: O distanciamento social e= as mudanças no cotidiano de adolescentes e Cuidados de adolescentes em acolhim= ento institucional, as quais são apresentadas neste artigo.
<= /o:p>

O distanciamento social e as mudanças no cotidiano de adolescentes =
Os adolescentes vivenciaram situaçõ= es de restrição devido à necessidade de distanciamento social e com isso, manifestaram sentimentos como o medo de adoecer ou de morrer, medo de perder algum familiar, bem como a ansiedade devido a rotina sem atividades sociais= .

Eu já tive m= uito medo de pegar!Mas é só se cuidar e usar muito a máscara! (A1)

Está todo mu= ndo morrendo! É chato, não dá pra sair, não dá pra fazer nada! (A2)<= /span>

Pensei que e= u ia morrer, que iria ser o fim do mundo, porque espalhou muito rápido. Um vírus mortal, aí eu fiquei com muito medo de pegar. Fiquei triste, achei que eu i= ria morrer! Fiquei um ano dentro de casa. Eu não fui na minha vó, não fui no meu pai. Eu mal tinha contato com minha família. No lar, mudou os horários de almoço que não é mais em conjunto como antes. (A3)

<= /o:p>

Achei que to= do mundo ia pegar COVID. O colégio, agora faço tudo em casa. Nós não podemos j= ogar bola, agora não dá mais, nem brincar! Não posso sair, só ficar em casa! A g= ente não pode sair, ir brincar ou dar uma volta, ou conversar com os amigos. Qua= ndo saio, tenho medo de pegar! (A4)

<= /o:p>

Pensava que = iria ser uma coisa pequena! Que iria passar, mas na verdade não passou... Quando= a minha mãe teve COVID eu entrei em desespero! (A5)

<= /o:p>

Ai! É chato,= sabe? Deixar de fazer coisas por causa da pandemia. É, às vezes não tem muita rel= ação social, por causa da pandemia. A gente se via todos os dias, mas agora com a pandemia a gente se afastou total (A6)

<= /o:p>

Eu fiquei co= m medo porque a amiga da minha mãe teve COVID e a minha mãe teve contato com ela. = Mas ela não teve nada... [...] Mudou mais a rotina porque antes eu saía, eu ia brincar, e agora para sair precisa usar máscara e álcool gel. Então acho qu= e o que mais mudou foi a rotina! (A7)

Embora a pandemia tenha causado medo e interferido principalmente no distanciamento social, os adolescentes percebem de forma positiva ficar mais restrito na C= asa de Acolhimento, pois se sentem mais seguros e expressam que esse momento possibilitou um tempo extra para os estudos e trabalho e como uma possibili= dade de convívio com a família.

Sempre tem u= mas pessoas na rua que não usam máscara, e deviam estar usando. Elas podem pegar COVID. E daí eu acho melhor e mais saudável ficar em casa. (A1)<= /span>

<= /o:p>

Melhorou tam= bém porque deu uma acalmada, eu não saí mais que nem eu saía antes. Estou focan= do mais nos meus estudos, no meu trabalho! (A2)

<= /o:p>

Eu acho que a pandemia vem por um motivo. É ruim! Está sendo ruim no momento. Mas eu acho= que também vem para ensinar muitas pessoas. Quantos adolescentes que estavam sa= indo de casa e não davam atenção, não davam bola pros seus familiares. Quantas mortes e situações por aí. Claro aumentou as mortes devido ao COVID, mas por outro lado, está sendo bem bom! (A8)

Ainda no que se refere ao sentimento de medo, os adolescentes expressaram que esse reduziu ou passou,= a partir do momento que passaram a se cuidar mais. Assim, revelam que o cuida= do individual refletiu em um sentimento de segurança:

É um vírus perigoso, mas eu não senti medo porque eu estava tomando todos os cuidados. (A7)

<= /o:p>

Não tive med= o de pegar, porque com as pessoas de fora eu falo por telefone. Eu também me cui= do, lavo as mãos, uso máscara e álcool. (A8)

Agora eu não= tenho mais receio, mas já tive. Tem que se cuidar! (A9)

Outro adolescente revelou que desejaria fazer a vacina, que devido as mudanças no cotidiano somadas aos cuidados individuais e o distanciamento, não sentiu m= edo da COVID-19. Todavia, o adolescente acredita que a proteção da máscara não é suficiente.

Acho que a m= áscara não protege muito por ser um vírus que circula, mas eu uso. Também penso qu= e a proteção deveria ser melhor, a máscara é de pano. Eu gostaria de fazer é a vacina, mas eu não tenho idade! (A10)

As mudanças no cotidiano dos adolescentes fizeram com que eles tivessem restrição de convívio com os familiares e de frequentar espaços que estavam acostumados, gerou sentiment= o de preocupação e medo de adoecer ou morrer e de perda de entes queridos. No en= tanto, eles percebem a pandemia como um momento para se dedicar ao estudo, ao trab= alho e como uma possibilidade de convívio familiar. Sentimentos como o medo são superados à medida que desenvolveram as medidas de cuidado individuais.

Cuidados de adolescentes em acolhimento institucional

Os adolescentes revelaram uma rotina mais intensa de cuidados relacionados à higienização, como lavagem das mãos, uso de álcool, uso de máscara, cuidados com roupas e calçados e até mesmo restrições de contato para evitar aglomer= ações. Ainda, percebem uma alteração dos profissionais que atuam na Casa de Acolhimento.=

Chegou da ru= a, lava a mão ou vai direto pro banho! A roupa eu sempre boto pra lavar, usar sempre máscara, que isso é bom pra saúde. Saiu de casa, andou de bicicleta, sujou a mão, vai lá lava, depois passa o álcool gel 70%. (A1)

<= /o:p>

Passo o álco= ol gel também quando eu chego na casa da minha mãe e aqui também! Mas uso máscara = se vou na minha mãe ou quando eu vou no mercado. (A2)

<= /o:p>

É isso, higienização! Me cuido usando máscara. Eu lavo muitos as mãos, tomo banho, e passo álcool em gel. Esses dias me convidavam para ir pra pracinha, por exemplo, e eu não queria ir para evitar aglomeração. (A3)=

<= /o:p>

Eu quando sa= io aqui de casa, passo álcool, lavo minha mão, levo álcool gel num frasquinho! Notei também que os funcionários, não vem direto pro Lar. (A4)

<= /o:p>

Lavar as mão= s e uso álcool em gel, uso máscara! Quando saio eu deixo meus calçados para for= a, para arejar. (A5)

<= /o:p>

Passar álcoo= l, não aglomerar e usar máscara. (A6)

Eu uso a más= cara e álcool gel. Também percebi que aqui no lar, as tias usam a máscara dentro de casa! (A10)

<= /o:p>

As enunciações dos adolescentes revelam que existe conscientização sobre a importância de manter os cuidado= s de higiene, como a lavagem das mãos, uso de máscara, utilização de álcool 70%.= Por meio das falas é possível observar que a rotina dos adolescentes é modifica= da pelos cuidados de saúde, mas que na percepção deles é favorável para evitar= a contaminação.

DISCUSSÃO <= /p>

A pandemia do novo coronavírus repercutiu em um importante impacto psicossoci= al na vida dos adolescentes. Com a mudança de hábitos ocorre uma perturbação no estilo de vida normal podendo promover fatores como monotonia, angústia, impaciência, e manifestações neuropsiquiátricas. Para tanto, é necessário q= ue os profissionais de saúde desempenhem seus papéis tendo em vista garantir as amenidades básicas, minimizando as desigualdades educacionais e mitigando os efeitos nocivos psicossociais causados pelo COVID-19⁽¹³⁾.

Os adolescentes vivenciam o isolamento social não somente como um desafio, mas também como sendo um gatilho para estressores, que podem vir a agravar as dificuldades e os problemas pré-existentes, afetando assim a saúde mental e interferindo nas relações sociais. Faz-se necessário enfatizar o acompanham= ento psicológico de adolescentes em quarentena, planejando amenizar a inseguranç= a, o tédio, a preocupação e o medo⁽¹⁴⁾.

Alguns estudos indicam a existência de reações emocionais causadas pela pandemia presentes em uma parcela significativa de adolescentes. Evidências sugerem divergências entre grupos de distintas idades e em relação ao tipo e níveis= de saúde mental, onde tendências internacionais apontam que adolescentes do me= io e do final da vida dispõem de maior probabilidade de vivenciarem um alto níve= l de angústia em relação aos mais jovens. É de suma importância considerar as diferenças no desenvolvimento das respostas ao COVID-19 e buscar a compreen= são das frequências e intensidades negativas, diminuindo desse modo as complica= ções geradas⁽¹⁵⁾.

A adolescência é marcada por intensas transforma= ções biológicas e psicológicas, onde esse indivíduo adolescente busca construir a sua identidade pessoal, pertencer a um grupo e ser inserido na sociedade. P= ara o adolescente, os vínculos afetivos são fundamentais para o seu desenvolvim= ento emocional e social. Portanto, vivenciar o acolhimento institucional na adolescência torna-se substancialmente desafiador, visto que este potencial= iza as dificuldades encontradas nessa fase da vida⁽¹⁶⁾. <= /span>

Com a pandemia, a rotina de toda a população mun= dial precisou ser reorganizada, bem como a rotina institucional, frente as medid= as para a contenção da COVID-19 como o distanciamento social, o fechamento das escolas e outros espaços de convivência na comunidade. Restringir os espaço= s de socialização do adolescente pode impactar rigorosamente essa população, sen= do que a partir da convivência em grupos o adolescente descobre a sensação de identidade social. Sendo assim, a falta dessa socialização afetará a sua inserção na sociedade, e o processo de amadurecimento saudável, resultando ainda, em alguns casos, um maior afastamento da família biológica^(14-1=
6).

A ausência das relações presenciais culminou no aumento do uso das tecnologias para a manutenção das atividades escolares e= dos laços sociais. O uso exacerbado e inconsciente da internet pode trazer prejuízos para a saúde mental desses adolescentes, o que pode gerar um tipo= de dependência e também uma maior exposição por meio das mídias sociais abrindo caminhos para ações criminosas⁽¹⁶⁾.

Embora adotar o isolamento social traga esses prejuízos à saúde mental da população, ele é visivelmente essencial para o controle da transmissão do SARS – CoV-2. O isolamento possui o poder de exacerbar os aspectos emocionais das pessoas, porém, podem ser sentido de formas diferentes em cada indivíduo. Algumas pessoas o veem como uma restrição da liberdade pessoal e coletiva(17-18) enquanto outras, como os adolescentes dessa pesquisa, consideram como uma repercussão positiva em suas vidas.

Apesar dos adolescentes revelarem que existe uma conscientização sobre o uso de medidas de proteção, é primordial que a equi= pe multiprofissional trabalhe seus conhecimentos científicos, no sentido de emponderá-los, para que juntos possam discorrer sobre= higienização e o uso correto e racional de materiais como a máscara e o álcool em gel(19⁾.

A adoção das medidas preventivas como a lavagem de mãos, uso do álcool em gel, uso de máscara e distanciamento social, é crucial para o controle da disseminação da COVID-19. Para os adolescentes, compreender a relevância das medidas preventivas individuais auxilia para a sua adesão. Logo, percebe-se= a importância desses em contribuírem com o planejamento e desenvolvimento de ações de promoção à saúde, objetivando a aceitação de normas protetivas e de outros comportamentos em saúde independentemente do contexto em que estiver= em inseridos^(17-20-21).

Entre as limitações deste estudo destaca-se que o mesmo foi realizado em apenas u= ma casa de acolhimento, não permitindo comparações com outras realidades. Além disso, a pesquisa foi realizada durante a pandemia do coronavírus o que amp= liou o período da produção de dados para dois meses, a fim de que fosse prioriza= da a segurança dos participantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conhecer as mudanças decorrentes da pandemia de coronavírus no cotidiano de adolescentes que vivem em acolhimento, c= omo se propôs esta pesquisa, é importante para o desenvolvimento de estratégias= que minimizem os efeitos do distanciamento social e a mudança na rotina dos adolescentes, haja visto que eles estão em um contexto diferente e longe da família biológica.

Salvo algumas exceções, o vínculo com a família dos adolescentes deve ser mantido, mesmo que com uso de tecnologias digitais, para que esses tenham garantido o direito de aproximação dos familiares. Por fim, os adolescentes ressaltaram mudanças no contexto de cuidado a partir do distanciamento social e das medidas adotadas para a prevenção da contaminaç= ão por coronavírus.

Sugerem-se ações de educação em saúde em prol da promoção e prevenção da saúde de adolescentes que vivem em acolhimento institucional que englobem a conscientização sobre o cuidado individual e coletivo, como possibilidades = para colaborar com a saúde dos adolescentes.

O acolhimento institucional e o vínculo formado com os adolescentes podem beneficiar ações de extensão, em que a enfermagem tem a possibilidade de desenvolver atividades para a promoção da saúde do adolescente em acolhimento, a fim de que o cuidado em saúde possa = ser visto no âmbito dos indivíduos e também da coletividade.

REFERÊNCIAS

2= 020;73(suppl2). doi: http= s://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-0798

2. Paixão GLS, Freitas MI, Cardoso LCC, Carvalho= AR, Fonseca GG, Andrade AFSM, et al. Estratégias e desafios do cuidado de enfermagem diante da pandemia da covid-19. Braz. J. of Dev. 2021; 7(suppl2). Disponível em: https://doi.org/10.34117/bjdv= 7n2-521

3. Organização Pan‑americana da Saúde. Fol= ha informativa – COVID‑19 (doença causada pelo novo coronavírus). Centro Latino‑Americano e do Caribe Informação em Ciências da Saúde, 2020 [acesso em 07 jul 2021]. Disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=3Dcom_= content&view=3Darticle&id=3D6101:covid19&Itemid=3D875.

4. Valasques D, Sant= os H. Impactos do COVID-19: as visões e experiências de crianças e jovens portugu= eses em situação de acolhimento residencial. Revista Interinstitucional Artes de Educar. 2020; 6(esp,):58-80. doi: https://doi.org/10.12957/= riae.2020.52242

5. Araujo CS, Queiroz ACS. Covid-19 e o acolhime= nto institucional para crianças e adolescentes: uma breve análise. Revista Serv= iço Social em Debate. [Periódicos na Internet]. 2020 [acesso em 08 jul 2021]; 3= (1):21-40. Disponível em: https:= //revista.uemg.br/index.php/serv-soc-debate/article/view/4914/3381.

7. Zappe JG, Yunes M= AM, Dell'aglio DD. Imagens Sociais de Famílias com Crianças e Adolescentes: Imp= acto do Status Socioeconômico e da Institucionalização. Pensando famílias [Periódicos na Internet]. 2016. [acesso em 08 jul 2021]; 20(1). Disponível = em: http://pepsic.bvsalud.org/scie= lo.php?script=3Dsci_arttext&pid=3DS1679-494X2016000100007&lng=3Dpt&= amp;nrm=3Diso.

8. Brasil. Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providência= s. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 16 jul. 1990. <= o:p>

9. Fonseca PN. O impacto do acolhimento institucional na vida de adolescentes. Revista Psicopedagogia [Periódicos na Internet]. 2017 [acesso em 08 jul 2021]; 34(105). Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=3Dsc= i_arttext&pid=3DS0103-84862017000300006&lng=3Dpt&nrm=3Diso.

10. Malta DC, Gomes CS, Barros MBA, Lima MG, Silva AG, Cardoso= LSM, et al. A pandemia de COVID-19 e mudanças nos estilos de vida dos adolescent= es brasileiros. Rev. Bras. Epidemiol. 2021; 24: e210012= . doi:https://doi.org/10.1590/1980-549720= 210012.

11. Góes FGB, Silva ACSS, Santos AST, Pereira-Áv= ila FMV, Silva LJ, Silva LF, et al. Challenges faced by pediatric nursing workers in the face of the COVI= D-19 pandemic. Revista Latino-Americana de Enfermagem. 2020; 28:e3367. doi:http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.4550.3367.

12. Bardin, L. Análise= de conteúdo. São Paulo: Edições 70.= 2011.

13.Ghosh R, Dubey MJ, Chatterjee = S, Dubey S. Impact of COVID -19 on children: special focus on the psychosocial= aspect. Minerva pediátrica. 2020;72(3):226-35. doi= :https://doi.org/10.23736/S0026-4946.20.05887-9. = =

14. Figueiredo CS, Sandre PC, Portugal LCL, Mázala-de-Oliveira T, Chagas = LC, Raony I, et al. COVID-19 pandemic impact= on children and adolescents' mental health: Biological, environmental, and soc= ial factors. Prog Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry. 2021; 106:110171. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.p= npbp.2020.110171.

15. Nearchou= F, Flinn C, Niland R, Subramaniam SS, Hennessy E. Exploring the Impact of COVID-19 on Mental Health Outcomes in Children and Adolescents: A Systematic Review. Int J Environ Res Public Health.= 2020; 16. Costa LCR, Gonçalves M, Sabino FHO, Oliveira= WA, Carlos DM. Adolescer em meio à pandemia de Covid-19: um olhar da teoria do amadurecimento de Winnicott. Interface (Botucat= u).2021; 25(Suppl1):e200801. doi: https://doi.org/10.1590/Interface.200801.=

17. Peixoto SV, Nascimento-Souza MA, Mambrini JVM, Andrade FB, Malta DC, Lima-Costa MF. Comportamentos em saúde e adoção de medidas de proteção individual durante a pandemia do novo coronavírus: iniciativa ELSI-COVID-19. Cadernos de Saúde P= ública. 2020; 36(Suppl 3):e00195420. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311X00195420.

18. Sturza JM, Tonel= R. Os desafios impostos pela pandemia covid-19: das medidas de proteção do direit= o à saúde aos impactos na saúde mental. Revista Opinião Jurídica. 2020; 18(29):1-27. doi: http://dx.doi.org/10.12662/2447-6641oj.v18i29.p1-27= .2020.

19. Christoffel MM, Gomes ALM, So= uza TV, Ciuffo LL. Children’s (in)visibility in soc= ial vulnerability and the impact of the novel coronavirus (COVID-19). Rev. bras. enferm. 2020; 73(Suppl.2): e20200302. doi: https://doi.org= /10.1590/0034-7167-2020-0302.

20. Oliveira WA, Silva JL, Andrade ALM, Micheli = DD, Carlos DM, Silva MAI. A saúde do adolescente em tempos da COVID-19: scoping= review. Cadernos de Saúde Pública. 2020; 36(8): e00150020. doi: https://doi.org/10.= 1590/0102-311X00150020.

21. Hermans L, Broucke SV, Gisle L, Demarest S, Charafeddine R. Mental health, comp= liance with measures and health prospects during the COVID-19 epidemic: the role of health literacy. BMC Public Health. 2021; 21:1365. doi: https://doi.org/10.1186/s12889-021-11437-w.

Submissão:= 2021-09-03

Aprovado:<= span style=3D'font-size:12.0pt;font-family:"Times New Roman",serif;background:wh= ite'> 2021-10-26