MIME-Version: 1.0 Content-Type: multipart/related; boundary="----=_NextPart_01D7FCB3.EB56F890" Este documento é uma Página da Web de Arquivo Único, também conhecido como Arquivo Web. Se você estiver lendo essa mensagem, o seu navegador ou editor não oferece suporte ao Arquivo Web. Baixe um navegador que ofereça suporte ao Arquivo Web. ------=_NextPart_01D7FCB3.EB56F890 Content-Location: file:///C:/AA7559EC/1227-TextodoartigoPTHTML.htm Content-Transfer-Encoding: quoted-printable Content-Type: text/html; charset="windows-1252"
COMPLICAÇÕES PÓS-CIRÚRGICAS EM PACIENT=
ES
INFECTADOS POR COVID-19: REVISÃO INTEGRATIVA
POST-SURGICAL
COMPLICATIONS IN PATIENTS INFECTED BY
COVID-19: INTEGRATIVE REVIEW
Aline
Sousa Falcão[1]
* Fábio França Silva[2]
RESUMO
=
Objetivo:
identificar as principais
evidências científicas disponíveis relativas às principais complicações
pós-operatórias em pacientes Pós-COVID-19. Método: revisão
integrativa, baseado em estudos publicados online nas seguintes bases de da=
dos:
PubMed/MEDLINE, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), SciELO,
=
Palavras-chave:
COVID-19; Infecções por Coronavírus; Procedimento Cirúrgico; Intervenções Cirúrgicas; Complicações Pó=
s-Operatórias.
=
ABSTRACT
Objective: identify the main available
scientific evidence regarding the main postoperative complications in
Post-COVID-19 patients. Method:
integrative review, based on studies published online in the following
databases: PubMed/MEDLINE, Virtual Health Library (BVS), SciELO, LILACS, wi=
th
the guiding question: “What is the current scientific evidence available in=
the
literature regarding complications post-surgery in patients after COVID-19
infection?” with inclusion criteria: studies that addressed surgical compli=
cations
in patients after infection by COVID-19, published in Portuguese and Englis=
h,
in the year 2020 to 202. The search strategy followed the PICOS strategy
according to PRISMA assumptions. R=
esults:
7 articles were selected. The following postoperative complications in pati=
ents
with COVID-19 were identified: pulmonary complications, infectious
(non-pulmonary) complications, acute kidney injury, thromboembolic
complications, septic shock, and increased mortality. Conclusion: Surgery can have a negative impact on COVID-19
patients, even those who are asymptomatic, increasing mortality and the
potential need for postoperative hospitalization in the Intensive Care Unit
(ICU), therefore, all non-urgent procedures should be delayed until the pat=
ient
has met criteria for isolation and transmission care and Covid-19 has enter=
ed
the recovery phase.
Keywords: COVID-19; Coronavirus Infections; Surgical Proced=
ure;
Surgical Interventions; Postoperative Complications.
INTRODUÇÃO
A COVID-1=
9,
infecção causada pelo coronavírus SARS-CoV=
-2,
foi identificado inicialmente em dezembro de 2019, em Wuhan, na Chin=
a, com
a ocorrência de casos de pneumonia em decorrência de um agente infeccioso, =
até
então desconhecido. Posteriormente, foi identificado o alto poder de contág=
io e
infecção, e casos mais graves da doença que resultaram na Síndrome Respirat=
ória
Aguda Grave (SRAG). No Brasil, o registro do primeiro caso ocorreu em fever=
eiro
de 2020 no estado de São Paulo. Atualmente configura-se como uma emergência=
em
saúde pública devido ao seu elevado grau de disseminação e de mortalidade <=
sup>(1).
A doença da COVID-19 é
uma doença grave, geralmente apresenta os sintomas de febre, tosse, dispnei=
a,
mialgia e/ou fadiga e pode infectar qualquer pessoa em qualquer idade e, em
alguns casos pode ser assintomática. Manifesta-se de forma mais grave nos
idosos e naqueles com uma doença subjacente, como hipertensão, doença
cardiovascular, diabetes mellitus, do Hospital Universitário da Doença renal, doença
pulmonar obstrutiva (DPOC). Pode resultar em insuficiência respiratória
progressiva contribuindo para o aumento da taxa de mortalidade (2).
No
contexto da pandemia, os sistemas de saúde precisaram se readequar a nova
necessidade de enfrentamento da COVID-19. Muitos serviços hospitalares
suspenderam os procedimentos cirúrgicos eletivos e mantiveram apenas priori=
dade
nos procedimentos de urgência e emergência, em virtude da necessidade de
disponibilizar mais leitos aos pacientes com COVID-19. No entanto, a suspen=
são
desses procedimentos eletivos, mas que apresentavam um caráter de urgência =
resultou
no aumento da mortalidade de pacientes que precisavam realizar alguma
modalidade cirúrgica (2).
Port=
anto,
no
atual contexto da pandemia por SARS-CoV-2 deve ser implementado um protocol=
o para
os pacientes que necessitam realizar um procedimento cirúrgico, definindo c=
omo
dever ser realizada a preparação pré-operatória, o gerenciamento do período=
intraoperatório
e a vigilância pós-operatória com a finalidade de evitar complicações e
garantir a segurança dos pacientes e da equipe de saúde (3).
O retorno das cirurgi=
as
eletivas na fase de estabilização da pandemia da COVID-19 demonstrou as dif=
iculdades
das instituições de saúde na determinação do tempo ideal para se realizar os
procedimentos cirúrgicos em pacientes que se recuperaram da COVID-19, já qu=
e a
doença pode complicar o andamento perioperatório e elevar a taxa de mortali=
dade
mesmo em cirurgias de pequeno porte (3).
Devido à escassez de
informações acerca das características clínicas e dos resultados de pacient=
es infectados
pela COVID-19 submetidos a cirurgias, tendo em vista que pacientes
assintomáticos com COVID-19 sofrem rápida deterioração do estado clínico ap=
ós a
realização de cirurgias e, por isso, a área cirúrgica, no contexto da pande=
mia,
enfrenta uma necessidade de diversas adaptações. =
Nesse
sentido, foi proposta esta revisão integrativa da literatura com o objetivo=
de
identificar, na literatura científica, as evidências disponíveis em relação=
às principais complicações pós-cirúrgicas em pac=
ientes
com COVID-19, ampliando o conhecimento e o embasamento científico pa=
ra a
prática assistencial ao indivíduo infectado pelo Coron=
avíruscom
necessidade de submeter-se a um procedimento cirúrgico.
MÉTODOS
Trata-se =
de
uma revisão integrativa realizada no mês de junho de 2021, seguindo as
seguintes etapas: identificação do problema; busca na literatura; avaliação=
dos
dados; análise dos dados e apresentação dos dados.
A estraté=
gia
de busca dos estudos primários e questão norteadora seguiram a estratégia P=
ICOS
(Population, Intervention, Comparison Group, Ou=
tcomes
and Study Design) (4).
A população (P) de interesse consistiu em pacientes submetidos=
a
procedimento cirúrgico após infecção por COVID-19; Nesse estudo, a interven=
ção
(I) foi substituída por exposição (E) por se tratar de um evento prejudicia=
l à
saúde, portanto, não passível de randomização. A infecção pelo COVID-19 foi
considerada a exposição (E). Não houve grupo comparação ou controle (C). O
desfecho (outcome – O) foi às complicações
pós-operatória após COVID-19. E o tipo de estudo (S) foi de estudos origina=
is
com síntese qualitativa.
Para a realização da pesquisa foram
seguidas seis etapas para condução da presente revisão de literatura: 1ª fa=
se –
Elaboração da pergunta norteadora; 2ª fase – Busca ou amostragem na literat=
ura;
3ª fase – Coleta de dados; 4ª fase – Análise crítica dos estudos incluídos;=
5ª
fase – Discussão dos resultados; 6ª fase – Apresentação da revisão integrat=
iva.
A 1ª fase “elaboração da pergunta
norteadora” pode ser definida como a fase de maior importância na elaboraçã=
o da
revisão sendo: Quais as atuais evidências científicas
disponíveis na literatura a respeito das complicações pós-cirurgia em pacie=
ntes
após infecção por COVID-19? =
A 2ª fase “Busca ou
amostragem na literatura”. Para este estudo foram elegidas as seguintes bas=
es
de dados eletrônicas, para serem feitas as pesquisas: Medical Literature Analysis=
and
Retrieval System Online (MedLine/PubMed), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Eletronic Library Online (SciELO), <=
span
style=3D'font-size:12.0pt;line-height:150%;font-family:"Times New Roman",se=
rif;
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";color:black;mso-fareast-language:
PT-BR'>Literatura Latino-Americana (LILACS).
Para conduzir as estratégias de busca com foco em resgatar o m=
aior
número de estudos que respondessem à questão norteadora, utilizou-se um
vocabulário estruturado de Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), combinadas
com os operadores booleanos AND e OR. A seguinte estratégia de busca foi us=
ada
para elencar os estudos primários: “Novo coronavírus” OR “Novel Coronavirus” OR “=
span>SARS-CoV-2” OR “COVID-19” AND “Trauma” OR “Emergency trauma care” OR
“Atendimento de Emergência ao trauma” AND “Emergency s=
urgery”
OR “Cirurgia de emergência” AND
“Infection prevention” OR “prevenção de infecção”.
Os critérios de elegibilidade foram norteados
pela questão da pesquisa. Foram incluídos estudos que abordavam complicações
cirúrgicas em pacientes após infecção por COVID-19, publicados em português
e inglês, no
período de 2019 =
a
2021, que tivesse os descritores pesquisados. Os
estudos excluídos foram estudos secundários, cartas de resposta, editoriais=
e
artigos duplicados. =
Seguindo
os critérios de pesquisa, elaborou-se um diagrama de fluxo (conforme o PRIS=
MA)
na pesquisa do banco de dados (5).
A 3ª fase foi realizada=
a
coleta de dados extraindo os dados de identificação dos artigos (título, ano de publicação e =
país) e as características metodológicas do estudo (tipo de es=
tudo,
sujeito da pesquisa e principais resultados e conclusões) a partir de uma
tabela elaborada pelos autores.
A 4ª fase logo em seguida, após o
instrumento ter sido preenchido, foi realizada a análise dos resultados,
descrevendo e classificando os dados. Depois, os artigos foram agrupados, de
acordo com os principais assuntos abordados.
A 5ª fase, “Discussão dos resultado=
s”,
na qual foram efetuadas análises dos dados obtidos e apresentados em forma =
de
tabela, possibilitando identificar a temática desta pesquisa. A 6ª fase “Fo=
i a
Apresentação da revisão integrativa”, que se relaciona a uma
apresentação de todas as informações pertinentes de forma detalhada e objet=
iva,
com descrição clara e completa para a viabilidade da avaliação crítica dos
resultados.
RESULTADOS
A busca inicial resultou em 767 estudos na base de dados do MedLine/PubMed, 12 na Bibliot=
eca
Virtual em Saúde (BVS), 02 na SciELO e 88 na LILAC, totalizando 869 publicações. A seguir executou-se a seleçã=
o,
considerando-se os estudos potencialmente elegíveis, nesta etapa 849 public=
ações
foram eleitas. Desse total, 804 pu=
blicações
foram excluídas por não se entrar nos critérios de inclusão. Restaram, entã=
o,
65 estudos para leitura dos títulos e resumos, após leitura
minuciosa foram excluídos 58 estudos por não responderam à questão de pesquis=
a, foram
selecionados sete estudos ao final para a síntese das evidências, de
acordo com o modelo PRISMA (Figura 1).
Figura 1=
b>- Fluxograma de seleção dos artigos incluídos.
Identificação de estudos por meio de bancos de dados e
registros Registros
identificados de: MedLine/PubMed
(n=3D767) Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (n=3D12) SciELO (n=3D02) LILACS (n=3D88) Registros
removidos antes da triagem: Registros duplicados removidos (n =3D20) Registros
selecionados (n=3D
849) Registros excluídos ap=
ós a
leitura do título e resumo (n =3D 804) Estudos excluídos por =
não
apresentar relação com os objetivos (n =3D 58) Leitura do texto compl=
eto
avaliados para elegibilidade (n =3D 65) Estudos incluídos na
revisão (n=3D7)
Fonte: =
b>http://prisma-statement.org/prismastatement/flowdiagram.a=
spx.
A aná=
lise
dos sete artigos que compuseram a amostra evidenciou que todos foram oriund=
os
de periódicos internacionais e publicados na língua inglesa.
Os se=
te
artigos foram realizados de 2020 a 2021, na China/Cingapura (n=3D=
3), nos E=
stados
Unidos (n=3D1), Espanha (n=3D1), Canadá (n=3D1) e um estudo não informou o =
país de
realização do estudo.
A
caracterização dos artigos incluídos na revisão foi apresentada no Quadro 1=
.
Quadro
1 - Distribuição
das referências incluídas na revisão integrativa, de acordo com ano de
publicação, país, autores, tipo de estudo, principais resultados e conclusõ=
es.
=
Nº |
=
=
TÍTULO |
=
ANO E
PAÍS |
=
TIPO
DE ESTUDO |
=
SUJEITO
DA PESQUISA |
=
PRINCIPAIS
RESULTADOS/ =
CONCLUSÔES |
01 |
Eme= rgency trauma care during the outbreak of corona virus disease 2019 (COVID-19) in China (Yang Li)(6).<= o:p> |
2020, Wuhan, China. |
Observacional descritivo. |
Pacientes com COVID-19 que necessitaram realiz=
ar
procedimento cirúrgico de emergência. |
Lesão pulmonar aguda causada por COVID-19 pode
existir no pré-operatório ou piorar no pós-operatório; Ocorrência de insuficiên=
cia
respiratória e choque séptico no pós-operatório. |
02 |
Per=
ioperative
Considerations in Urgent Surgical Care of Suspected and Confirmed Coronav=
irus
Disease 2019 Orthopaedic Patients: Operating =
Room
Protocols and Recommendations in the Current Coronavirus Disease 2019
Pandemic (Mohamed) (7). |
2020, Estados Unidos. |
Descritivo
transversal. |
Pacientes ortopédicos urgentes COVID-19 confirmados. |
Um subgrupo de COVID-19 grave pode causar uma "síndrome de
tempestade de citocinas", que é uma síndrome hi=
perinflamatória
sub-reconhecida caracterizada por um hiperfulminante e fatal com falência de múltiplos ó=
rgãos. |
03 |
Emergency Surgery and Trauma Care During COVID-19 Pandemic.
Recommendations of the Spanish Association of Surgeons (Aranda-Narváez)
|
2020, Espanha |
Descritivo retrospective. |
Cirurgia de emergência e cuidados ao paciente politraumatizado. |
A própria lesão cirúrgica poderia ser um gatilho para uma resposta
inflamatória imediata desproporcional que em pacientes infectados por
COVID-19 pode ser deletéria. |
04 |
The manageme=
nt
of surgical patients in the emergency setting during COVID-19 pandemic: t=
he
WSES position paper (9).
|
2021, Não informado. |
Descritivo
retrospectivo. |
Cirurgias de emergência para pacientes cirúrgicos |
A cirurgia pode=
ter
um impacto negativo em pacientes COVID-19, mesmo se são assintomáticos, c=
om
mortalidade de 20,5% e a necessidade potencial de UTI pós-operatória cuid=
ado. |
05 |
Cli=
nical
characteristics and outcomes of patients undergoing surgeries during the
incubation period of COVID-19 infection (10). |
2020, Wuhan, China. |
Descritivo retrospectivo. |
Pacientes submetidos a cirurgias seletivas durante o período de inc=
ubação
do COVID-19. |
A COVID-19 está
associada a mau prognóstico para pacientes submetidos à cirurgia,
especialmente para aqueles com doenças crônicas. |
06 |
Mortality and pulmonary complication=
s in
patients undergoing surgery with perioperative SARS-CoV-2 infection: an
international cohort study (11). |
2020, China e Cingapura. |
Descritivo transversal. |
Pacientes submetidos à cirurgia que tiveram infecção por SARS-CoV-2
confirmada 7 dias antes ou 30 dias após a cirurgia. |
O desfecho prim=
ário
foi mortalidade, seguido de complicações pulmonares. |
07 |
Pos=
toperative
outcomes in surgical COVID19 patients: a multicenter cohort study (1=
2).
|
2021, Canadá |
Descritivo longitudinal. |
Pacientes COVID-19 submetidos à cirurgia. |
Complicações pulmonares Complicações infecciosas (não pulmonares) Lesão renal aguda Complicações tromboembólicas |
Fonte: =
b>Os autores
Pela análise do Quadro 1, os sujeitos da pesquisa foram definidos como p=
acientes
com COVID-19 que necessitaram realizar procedimentos cirúrgicos de emergênc=
ia (6,
9, 12) , pacientes ortopédic=
os
urgentes COVID-19 confirmados(7), cirurgia de emergência e cuidados ao paciente
politraumatizado(8), pacientes submetidos a ciru=
rgias
seletivas durante o período de incubação do COVID-19 (10)=
, pacientes submetidos à cirur=
gia
que tiveram infecção por SARS-CoV-2 confirmada 7 dias antes ou 30 dias após=
a
cirurgia (11).
O procedimento cirúrgico teve um impac=
to
negativo no quadro clínico desses pacientes, mesmo os que estavam
assintomáticos no período pré-operatório tiveram um significativo aumento da
mortalidade pós-cirúrgica (9). Como principais complicações
identificadas no período pós-operatórios desses pacientes citados nos estud=
os que
apresentaram infecção por COVID-19 ativa ou recente foram: lesão pulmonar aguda causada por COVID-=
19, insuficiência respiratória, choque séptico, “síndrome de tempestade de
citocinas", que é uma síndrome hiperinflamatória<=
/span>
sub-reconhecida caracterizada por um hiperfulminante e fatal com falência de múltiplos órg=
ãos, a
própria lesão cirúrgica como um fator para desencadear uma resposta
inflamatória imediata desproporcional, lesão renal aguda, complicações
tromboembólicas e o aumento da necessidade de internação em Unidade de Tera=
pia
Intensiva (UTI).
DISCUSSÃO
A pandemia causada pe=
lo
COVID-19 tem preocupado as autoridades e os profissionais da saúde por se
tratar de um dos maiores desafios enfrentado atualmente nos serviços de saú=
de,
pois pouco se sabe sobre a doença, motivo pelo qual muitas das condutas que=
já
foram realizadas desde o início da doença estavam baseadas no empirismo
Os pacientes cirúrgic=
os, tanto
os que tiveram contato com a COVID-19 antes de submeter-se a um procedimento
cirúrgico como os que estão expostos a um risco elevado de contraírem a doe=
nça
no pós-operatório apresentam um risco elevado de morbimortalidade e uma cha=
nce
maior de necessitarem de internação em Unidade de Terapia Intensiva (1=
3).
A partir da análise d=
os
resultados verificou-se que a maior parte dos pacientes envolvidos nos estu=
dos apresentava
história de exposição prévia ao COVID-19 antes da admissão hospitalar, algu=
ns possuíam
sintomas e outros não apresentavam qualquer sinal ou sintoma de COVID-19 an=
tes
da cirurgia, no entanto, foram submetidos a procedimento cirúrgico devido a=
serem
situações de emergência (14).
Pacientes com COVID-19
apresentam maior taxa de mortalidade no período pós-operatório, e Os pacien=
tes
em pós-operatório com COVID-19 necessitaram de cuidados em Unidades de Tera=
pia
Intensiva em uma proporção muito maior do que em pacientes COVID-19 hospita=
lizados
sem cirurgia, sendo que a maioria dos pacientes era mais velha, tinham mais
comorbidades subjacentes e tempo cirúrgico mais longo e foi submetido a
cirurgias mais difíceis. Isso sugere que a idade avançada associada à
comorbidades, tempo cirúrgico e dificuldades cirúrgicas podem ser fatores de
risco para resultados desfavoráveis (15).
O trauma =
e a
cirurgia podem prejudicar a função imunológica do paciente. Clinicamente,
alguns pacientes assintomáticos com COVID-19 sofrem rápida deterioração apó=
s a
cirurgia. Cirurgiões e anestesiologistas devem estar cientes de que lesão
pulmonar aguda causada por COVID-19 pode existir no pré-operatório ou piora=
r no
pós-operatório (16).
É oportuno destacar q=
ue os pacientes submetidos a
procedimentos cirúrgicos com infecção prévia por COVID-19 foram identificad=
os complicações pulmonares pós-operatórias em metade dos
pacientes com infecção prévia por COVID-19 (17).
As
complicações pulmonares foram definidas como pneumonia, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA) o=
u ventilação pós-operatória inesperada.
Estas são as complicações pulmonares mais frequentes relacionadas ao COVID-=
19
em pacientes cirúrgicos. Desfechos secundários adicionais incluíram embolia pulmonar, internação em UTI, reoperação, mortalidade em 7 dias e tempo de
internação(18).
Portanto, a
caracterização e diferenciação de sintomas podem ajudar a equipe de saúde a
identificar pacientes com potenciais desfechos não favoráveis. Assim, a
avaliação pós-operatória objetiva identificar possíveis complicações
decorrentes do quadro clínico do paciente (19).
Cada instituição de s=
aúde
e equipe cirúrgica deve revisar cuidadosamente todos os procedimentos eleti=
vos
com o objetivo avaliar o custo benefício do procedimento em meio ao risco de
prováveis complicações em decorrência da COVID-19, prevenindo os eventos
adversos nesses pacientes de baixa morbimortalidade, mas que podem cursar c=
omo procedimentos
fatais em infectados pelo COVID-19 (20).
Portanto, em virtude =
do
contexto atual, deve-se adiar ou cancelar cirurgias eletivas não essenciais=
e
avaliar criteriosamente o momento da execução e os riscos e benefícios na
realização desses procedimentos cirúrgicos eletivos essenciais que possam t=
er repercussões
clínicas importantes pela não realização cirúrgica (21).
Salienta-se que a
avaliação epidemiológica local e regional é um fator determinante e fundame=
ntal
de ser avaliado antes de considerar a retomada da realização de cirurgias
eletivas, recomenda-se como momento quando ocorrer à redução sustentada de
novos casos da COVID-19 no mínimo de 14 dias consecutivos na área geográfic=
a (15).
As instituições de sa=
úde
devem formular estratégias e diretrizes de qualidade e segurança cirúrgica
voltada para o atendimento desses pacientes, além da avaliação das condiçõe=
s estruturais
do serviço de saúde, disponibilidade de um quantitativo de leitos hospitala=
res para
atender aos pacientes pós-cirúrgicos além da demanda dos casos de COVID-19 =
(21).
Para auxiliar os serv=
iços
de saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) lançou uma no=
ta
técnica com orientações para a prevenção e o controle das infecções pelo no=
vo
coronavírus (SARS-CoV-2) em procedimentos cirúrgicos a fim de garantir a
retomada segura dos procedimentos cirúrgicos eletivos, definindo como deve =
ser
feita a programação cirúrgica, a composição da equipe cirúrgica e as medida=
s de
segurança adotadas no ambiente cirúrgico (15).
CONCLUSÃO
A cirurgia tem um impacto negativo em
pacientes com COVID-19, mesmo os que são assintomáticos, elevando o risco de
mortalidade e a necessidade potencial de internação pós-operatória em Unida=
de
de Terapia Intensiva (UTI).
As pesquisas que integraram a presente revisão revelam que as principais complicações pós-operatórias em pacientes infect=
ados
por COVID-19 ou que estavam recuperados de uma infecção recente da doença s=
ão:
as complicações pulmonares,
complicações infecciosas (não pulmonares), lesão renal aguda, complicações
tromboembólicas, choque séptico e a síndrome de tempestade de citocinas, ca=
racterizada
como uma síndrome hiperinflamatória sub-reconhecida resultando em falência de múltiplos ó=
rgãos
por seu estado hiperfulminante.
Diante dos resultados encontrados, const=
ata-se
que
todos os procedimentos não urgentes devem ser adiados até que o paciente te=
nha
cumprido com os critérios de isolamento e cuidados de transmissão e a doenç=
a tenha
entrado na fase de recuperação.
Acredita-se que o presente es=
tudo
seja capaz de incentivar novas<=
span
style=3D'mso-spacerun:yes'> produções científicas relacionadas ao
tema, tendo em vista que é um problema atual e de grande impacto para a saú=
de
pública, representando um potencial agente de complicações para os pacientes
cirúrgicos.
Como limitação na realização =
do
estudo, destacamos o número reduzido, tanto em literaturas nacionais quanto
internacionais sobre a temática. Portanto, verifica-se a necessidade de
pesquisas futuras sobre o tema, a fim de contribuir para o esclarecimento s=
obre
as complicações ainda desconhecidas da COVID-19 em pacientes submetidos à c=
irurgia.
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Aline Sousa Falcão, Rua Z, qu=
adra
01, casa 07 Planalto Anil III, CEP: 65050879. Telefone: +55(98) 98784-5286,
e-mail: alinesousafalcao19@gmail.com / alinefalcao.rims@huufma.br
Submissão:=
2021-09-06
Aprovado: 2021-10-28
[1]=
Hospital
Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), São Luís, Bras=
il.
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1769-0012
[2]= Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), São Luís, Bras= il, ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8700-1783
ARTIGO DE REVISÃO