A importância da integração do farmacêutico na comissão de feridas crônicas
DOI:
https://doi.org/10.31011/reaid-2017-v.2017-n.0-art.544Resumo
As feridas crônicas são consideradas um grande problema de saúde em todo o mundo (Banerjee e Sen, 2015; Queiroz et al., 2015).
Além da alta prevalência, estas lesões, independente de sua etiologia ser diabética, venosa, arterial ou de pressão, geralmente são de
difícil tratamento, e geram forte impacto na qualidade de vida do paciente e nos custos de saúde pública (Pinto et al., 2014).
Quando a lesão já está estabelecida, a avaliação é fundamental para a correta tomada de decisão sobre as medidas e os recursos
terapêuticos a serem empregados. O essencial é que o diagnóstico seja estudado por uma equipe interdisciplinar, uma vez que o
tratamento da ferida é multifatorial (Baker et al., 2011).
Dificilmente se encontra um farmacêutico participando ativamente da comissão de curativos (Abrahamyan et al., 2015). Contudo, este
profissional tem papel crucial nesta abordagem, em função de seu conhecimento na área do medicamento e dispositivos médicos
(Porselvi et al., 2017). O entendimento farmacotécnico, farmacocinético e farmacodinâmico deste profissional, além da familiaridade
com os veículos, as diferentes funções dos polímeros e também de outras coberturas, são relevantes para a análise da forma de
liberação e biodisponibilidade dos ativos, as possibilidades de adaptação de formas farmacêuticas e as interações medicamentosas,
tanto locais quanto sistêmicas.
A inserção deste profissional na equipe interdisciplinar para o tratamento de lesões, por outro lado, permite que o mesmo possa
aprimorar seus conhecimentos em relação ao processo do curativo, entendendo as necessidades de cada tipo de lesão. Esta
compreensão é importante para o desenvolvimento de novas tecnologias farmacêuticas, visando a aperfeiçoar os curativos para
acelerar o processo de cicatrização, diminuir a dor do paciente e melhorar a qualidade de vida, com o menor impacto orçamentário
possível.
Não menos importante que o tratamento, a prevenção à lesão é alvo relevante para os profissionais responsáveis pelo cuidado do
paciente. A abordagem preventiva deve ser interdisciplinar e tem início na identificação precoce dos pacientes suscetíveis por meio de
escalas de risco, como a escala de Braden, para úlceras por pressão (UPP), por exemplo. No entanto, um parâmetro não considerado na
utilização deste instrumento é que alguns medicamentos podem interferir, mesmo que indiretamente, na pontuação das subescalas da
escala de Braden. Assim, visando à segurança e à prevenção de UPP, a intervenção farmacêutica torna-se importante para identificar
não só a ação e as interferências do medicamento na avaliação da prevenção, como também possíveis interações medicamentosas e
suas influências sobre o paciente. Cabe ao farmacêutico realizar o manejo farmacoterapêutico adequado para potencializar resultados
e evitar eventos adversos preveníveis.
Finalmente, o farmacêutico deve ainda desenvolver serviços farmacêuticos voltados a estes pacientes, como, por exemplo, revisão
contínua da prescrição, conciliação medicamentosa, avaliação de interações medicamentosas, falta de adesão e detecção de erros de
medicação. A implementação destes serviços tem como objetivos minimizar os erros de medicação, aumentar a efetividade do controle
das condições crônicas, reduzir eventos adversos a medicamentos, conciliar os medicamentos, promover o autocuidado apoiado no que
diz respeito à automedicação responsável, aumentar a adesão ao tratamento e a compreensão dos pacientes sobre os medicamentos,
diminuir discrepâncias não intencionais.