Mulheres codependentes em convivência com familiar alcoolista
DOI:
https://doi.org/10.31011/reaid-2020-v.94-n.32-art.906Palavras-chave:
Codependência Psicológica; Relações Familiares; Alcoolismo; Relações de GêneroResumo
O estudo teve como objetivo compreender as repercussões da codependência nas histórias de vida das mulheres (esposas/ex-esposa/filhas) em convivência com o familiar alcoolista, considerando as dimensões do sofrimento psicossocial das esposas/ex-esposa/filhas, os aspectos decorrentes das relações desiguais de gênero além do processo de resiliência das mulheres. O estudo fundamentou-se no método da História Oral de Vida, e foi realizado em um município do interior da Bahia, Brasil, no período de abril a outubro de 2019, tendo como participantes sete mulheres (esposas/ex-esposa/filhas) vinculadas a homens alcoolistas. Obtiveram-se as histórias de vida por meio de entrevistas semiestruturadas e os dados foram analisados pela Análise de Conteúdo Temática. Descreveram-se duas categorias: uma evidenciou os sofrimentos psicossociais das mulheres resultantes das relações de codependência e a segunda apresentou questões decorrentes das relações desiguais de gênero. O estudo apontou que o alcoolismo afetou a saúde das mulheres (esposas/ex-esposa/filhas) nas dimensões do sofrimento psicossocial (a exemplo de alguns sentimentos relatados pelas participantes, como o medo, raiva e a vergonha). Destaca-se ainda que a relação desigual de gênero entre os homens e as esposas/ex-esposa/filhas reflete a persistência de concepções patriarcais e de desigualdade nas relações, incluindo episódios de violência. São necessárias ações de saúde mental voltadas ao cuidado à mulher que vivencia a relação de codependência com familiares alcoolistas, com vistas a discutir a equidade de gênero, de modo a valorizar aspectos para a promoção da saúde, intervenção em situação de adoecimento além da melhoria da qualidade de vida das mulheres.